Psicóloga e orientadora educacional
do Colégio Humboldt dá algumas orientações sobre a eficácia dos castigos e de
como impor limites às crianças
Educar um filho não é tarefa fácil, principalmente quando
começam a surgir as primeiras birras e malcriações. Por isso, muitos pais recorrem
aos castigos que, quando mal aplicados, produzem um resultado de curta duração
e, em geral, por opressão e medo.
Para a psicóloga e orientadora educacional do Colégio
Humboldt, Karin Kenzler, o comportamento obtido por pressão, ameaça e barganha,
mesmo que imediato, é de curta duração. Para ela, punições mal aplicadas geram
“obediência cega” e não desenvolvem a autonomia da criança por integração de
valores e ganho de responsabilidade. “O castigo mal aplicado ou injusto não
educa e nem sana o problema, mas gera revolta e um círculo vicioso negativo de
pais cada vez mais rígidos e filhos mais revoltados, insolentes e mentirosos”,
afirma Karin.
Entretanto, é preciso lembrar a importância de impor limites
para que a criança entenda que seus atos têm consequências e de também dar a
oportunidade para ela corrigir os erros e aprender com eles. “O limite não deve
ser confundido com castigo. Limite é amor. Castigo quase sempre vem com raiva.
Os pais são apenas os veiculadores dos limites”, ressalta a orientadora.
“Diante de um comportamento inadequado, os pais devem mostrar ao filho os prós
e contras de sua ação, enfatizando as possíveis consequências. O intuito é que
criança desenvolva a capacidade de avaliação e tomada de decisão em prol de uma
autonomia e responsabilidade futura”, completa.
Lidando com a birra
Chorar para comprar algo ou gritar para chamar atenção dos
pais são atitudes comuns entre os pequenos, principalmente durante a primeira
infância. Para contornar estas situações, o primeiro passo é escutar o que a
criança deseja. “Em primeiro lugar é necessário promover a escuta, desta forma
a criança percebe que há interesse pelo que ela está tentando expressar.
Depois, fazer perguntas para deixar que a criança expresse sua vontade, assim
irá acalmá-la, ainda que não tenha seu pedido atendido”, pondera Karin. “Após a
compreensão do desejo da criança e a demonstração de empatia, os pais devem
explicar os limites para sua realização e buscar soluções conjuntamente”,
conclui.
Para a orientadora, ao realizar esse processo, a criança
aprende a lidar com a frustração e postergar a realização do desejo. Ela ainda
completa: “esse aprendizado é lento, pois envolve um amadurecimento que precisa
ser cuidadosamente cultivado ao longo do desenvolvimento das crianças”.
Cuidados ao educar
Quando a criança toma alguma atitude inadequada, é preciso
ficar atento ao ensinar o que é certo. Segundo Karin, a dica é combinar com o
filho a punição que será aplicada caso o mau comportamento se repita, sempre
priorizando o diálogo. “A conversa deve estar presente desde a primeira
infância para que a sua cultura e hábito sejam cultivados desde sempre, mesmo
que a punição e a autoridade nesta idade ainda sejam eficazes”, afirma.
Se a repressão for necessária, a orientação é dialogar e
advertir inicialmente e, caso a situação se repita, os pais podem dar a bronca
e aplicar o castigo combinado. Para a orientadora, tomar alguns cuidados ao
educar é essencial para desenvolver a autoestima da criança e um bom
relacionamento familiar.
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