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quarta-feira, 7 de março de 2018

Assédio e violência são as principais preocupações das mulheres no Brasil e no mundo, revela pesquisa Ipsos



Igualdade salarial aparece em quinto lugar e lidera preocupação em países desenvolvidos, como Grã-Bretanha, Alemanha, Suécia e Bélgica


“Qual o problema mais importante que as mulheres enfrentam?” Para responder a essa questão, a Ipsos ouviu quase 20 mil pessoas em 27 países, incluindo o Brasil. Assédio sexual apareceu em primeiro lugar com 32%; violência sexual, em segundo, com 28%, e violência física, em terceiro, com 21%. Os entrevistados puderam indicar até três itens. Quando se considera as respostas apenas dos brasileiros, os maiores problemas listados são os mesmos apresentados no resultado global, mas a ordem é diferente. Violência sexual lidera o ranking (47%), seguida por assédio sexual (38%) e violência física (28%).

“Infelizmente, assédio e violência sexual e física contra a mulher são problemas reais que enfrentamos no Brasil e no mundo. Os números de estupros e casos de violência física são altíssimos e ainda sabemos que grande parte deles não é reportado. Além disso, dados da nossa pesquisa apontam para uma sensação de impunidade por parte das mulheres, o que intensifica o medo – 61% das mulheres acredita que os relatos de assédio sexual são ignorados. Campanhas e manifestações crescentes na internet e na mídia, como #metoo, também tem contribuído para que o tema ganhe visibilidade.”, analisa Narayana Andraus, gerente da Ipsos.

O quarto tema globalmente mais citado, também relacionado a violência, é o abuso doméstico. O assunto também aparece em quarto lugar no Brasil. A questão da igualdade salarial aparece em quinto lugar no ranking mundial e lidera em países desenvolvidos como Grã-Bretanha, Alemanha, Suécia e Bélgica. Entre os brasileiros, a igualdade salarial é o sexto problema mais importante que as mulheres enfrentam, fica atrás de sexualização da mulher na mídia.



Percepção e realidade

Para entender o quanto a percepção sobre o problema reflete a realidade, a Ipsos comparou resultados da pesquisa com números oficiais. As entrevistadas do Brasil acham que 59% das mulheres do país já foram vítimas de violência física ou sexual por um companheiro ou ex-companheiro em algum momento de suas vidas. Os entrevistados (homens) acham que esse número é de 50%. Mas os dados oficiais indicam que o número é de 31%. “Há uma superestimativa desse dado. Por um lado, existe a extrema preocupação com o tema, o que contribui com uma percepção mais negativa. Mas por outro, sabemos que nem sempre os casos são denunciados, o que pode levar também a um número oficial abaixo da realidade”, comenta Narayana.

No ritmo atual, a igualdade econômica entre homens e mulheres será alcançada daqui a 217 anos. Mas todos os países pesquisados acham que isso vai acontecer muito antes. A Grã-Bretanha é onde os entrevistados acreditam que vai levar mais tempo – 100 anos. Os brasileiros acreditam que a igualdade será alcançada em 30 anos. Os entrevistados da Arábia Saudita são os mais otimistas, responderam que esse quadro estará resolvido em 10 anos.

As mulheres presidem apenas 3% das 500 maiores empresas do mundo. No entanto, os entrevistados da Malasia, México e Peru são os que mais se distanciaram da resposta correta. Acham que elas lideram 29% das companhias. Os brasileiros aparecem logo depois nesse ranking, os respondentes locais acreditam que 24% dessas grandes corporações tenham CEOs mulheres.

A Suécia é o país com mais mulheres em cargos políticos (44%), mas os entrevistados suecos achavam que esse número fosse menor. Os homens achavam que seria 37% e as mulheres, 34%.

O dado também é subestimado pelo México, segundo país com mais mulheres no poder (43%), e pela África do Sul, terceiro, (40%). As mexicanas achavam que o número correto fosse 33%, enquanto os mexicanos, 29%. As sul-africanas pensavam que fosse 26%, os sul-africanos, 29%. No Brasil, a situação é inversa. O número oficial é 11%, mas os dois sexos acreditavam que o número fosse maior – 19% para as mulheres e 18% para os homens.

A igualdade entre homens e mulheres é algo pessoalmente importante para 70% dos entrevistados no mundo todo. Peru (83%), Turquia (82%), África do Sul (82%) e China (82%) são os países que mais concordam com essa afirmação. No Brasil, o índice de concordância é 68%, ou seja, está em linha com o resultado global. O Japão é o país com o menor índice de concordância (39%) e o maior de discordância (37%).

Seis em cada dez entrevistados (57%) no mundo se definem como feminista, uma pessoa que reivindica igualdade de oportunidade para homens e mulheres. Novamente, o Brasil está em linha com o mundo – a média local é de 56%. Os menores índices de concordância com essa frase estão no Japão (35%), Rússia (38%) e Alemanha (41%).

A pesquisa foi realizada de 26 de janeiro a 9 de fevereiro em 27 países: África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Bélgica, Brasil, Canadá, Chile, China, Coreia do Sul, Grã-Bretanha, Espanha, EUA, França, Hungria, Índia, Itália, Japão, Malásia, México, Peru, Polônia, Rússia, Sérvia, Suécia e Turquia. A margem de erro para o Brasil é 3,2 pontos percentuais. 






Ipsos


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