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quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Nutricionista alerta para consumo dos chamados “alimentos emocionais”



 Chocolates e salgadinhos não têm valor nutricional relevante
e servem como fonte de prazer momentâneo


Um chocolatinho para aliviar aquele dia pesado. Uma travessa inteira de brigadeiro pra curar as dores do amor ou até amenizar aquela TPM. Quem nunca? A nutricionista Ana Ceregatti, de Campinas, explica que os alimentos emocionais, como os doces e salgadinhos, são consumidos na tentativa de preencher um vazio emocional. Sem qualquer valor nutricional significativo, eles concentram grandes quantidades de calorias e são apenas rotas de fuga, formas nada saudáveis de tampar o sol com a peneira, podendo inclusive desencadear sérios problemas de saúde como obesidade e diabetes.

“Alimentos emocionais, como o chocolate, não são escolhidos pela necessidade fisiológica do alimento, mas por impulso, pois trazem algum conforto no momento de gerenciar alguma emoção. Em geral, eles são preferidos quando a pessoa está experimentando sentimentos de ansiedade, tristeza, raiva, medo ou frustração. A fome nessas situações não é considerada. Ao ingeri-lo, transitoriamente, o cérebro fica banhado de neurotransmissores, como a serotonina, e o corpo todo passa a experimentar sensações de bem-estar. Mas são sensações fugazes, que desaparecem logo, dando lugar para o arrependimento e a culpa”, alerta a profissional especializada em vegetarianismo e veganismo há mais de 15 anos.

A questão que envolve os alimentos emocionais vai além da química. Ela revela a falta de recursos para canalizar as emoções e lidar com os sentimentos que são inerentes ao ser humano, mas que podem ser administrados por meio da consciência. “No consultório, recebo muitas pessoas que precisam beliscar um docinho em algum momento do dia, principalmente à noite, em casa. É uma forma de recompensa, de relaxar, de lidar com a solidão ou de descarregar o cansaço e as preocupações. Mas todos esses beliscos, que também passam pelas bolachinhas, queijos e álcool, podem levar a problemas como hipertensão, diabetes, obesidade e até doenças mais graves, como câncer. Quando o impulso de comer coisas desse tipo aparecer, é hora de respirar fundo e rever a rotina diária, buscando incluir alguma atividade que ofereça um prazer mais edificante, como ir ao cinema, caminhar, dançar, ler, namorar. É também muito importante dificultar o acesso aos alimentos emocionais: não tê-los em casa é uma ótima estratégia”, completa Ana. 

Como alternativa saudável e positiva para o corpo e para o gerenciamento das diversas emoções, a nutricionista recomenda que a pessoa faça refeições em intervalos regulares de no máximo três horas, para evitar a fome exacerbada e a consequente falta de discernimento na escolha dos alimentos quando chega em casa, e que evite práticas alimentares restritivas, como cortar carboidratos. Ana recomenda também que pratique atividades voltadas ao bem-estar da mente, como yoga, meditação e relaxamento, e que tenha uma rotina adequada de sono.







Ana Ceregatti - Nutricionista formada pela Universidade São Camilo. Tem pós-graduação em Nutrição Clínica,  Nutrição Materno-Infantil e se especializou no atendimento de vegetarianos, veganos e pessoas em transição para esse tipo de alimentação. É docente do primeiro curso de pós-graduação em Nutrição Vegetariana, pela Faculdade Santa Helena, em Recife, e colunista da Revista dos Vegetarianos. Atualmente, atende em consultórios de Campinas e de São Paulo. Também tem formação em yoga, pelo Instituto Ísvara, e em ayurveda, pela Clínica Dhanvantari, em São Paulo.


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