O consumo elevado de álcool pode encolher
algumas regiões do cérebro. Estudo realizado pelo neurocientista Peter Thanos,
dos Estados Unidos, se apoiou em imagens de ressonância magnética de
camundongos para melhor entender o papel da genética nos danos cerebrais
provocados pelo consumo excessivo de álcool e apontar caminhos e estratégias
mais eficazes de prevenção e tratamento do alcoolismo.
De acordo com a radiologista Flavia
Cevasco, do CDB Medicina Diagnóstica, em São Paulo, a ressonância
magnética tem condições de diagnosticar vários tipos de lesões causadas pelo
álcool no cérebro dos indivíduos, sendo algumas reversíveis e outras
permanentes. “O consumo crônico de álcool resulta na redução e atrofia de
partes específicas do cérebro que podem levar à alteração do equilíbrio e marcha,
dificuldade de raciocínio, cálculo e memória, danos muitas vezes progressivos e
irreversíveis, além de quadros graves que evoluem para coma e morte se não
forem tratados com rapidez e eficiência”.
De acordo com a médica, alguns desses
sintomas são encontrados na Síndrome de Wernicke-Korsakoff (neuropatia
relacionada à carência de vitamina B1), com achados específicos na ressonância
magnética que permitem o diagnóstico e tratamento rápido e eficaz. As regiões
do cérebro mais afetadas pelo consumo excessivo de álcool são responsáveis por
alterações na memória e no comportamento, deficiência cognitiva, dificuldade
para articular palavras e movimentos.
As imagens de ressonância magnética obtidas
no estudo do médico norte-americano mostram que os camundongos submetidos ao
consumo diário de uma solução com 20% de álcool durante seis meses sofreram
atrofia do cérebro, de modo geral, e um encolhimento específico do córtex
cerebral naqueles indivíduos com falta de receptor de dopamina D2.
De acordo com a Organização Mundial da
Saúde, o consumo anual per capita de álcool aumentou 43,5% no Brasil nos
últimos dez anos, superando a média internacional – que é de 6,4 litros. Entre
2006 e 2016, o consumo médio de álcool ingerido por brasileiros a partir de 15
anos de idade saltou de 6,2 para 8,9 litros ao ano. A entidade também revelou
que 3,3 milhões de pessoas morrem todos os anos como consequência do consumo
excessivo de álcool (5,9% de todas as mortes no mundo). No grupo das pessoas
entre 20 e 39 anos, 25% das mortes têm uma relação estreita com o álcool – que
também é responsável, direta ou indiretamente, por mais de 200 tipos de
doenças.
Fonte: Dra. Flavia Cevasco - médica radiologista do CDB Medicina Diagnóstica -
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