O período
de festas de fim de ano já está a todo vapor. E além da tradicional comilança e
distribuição de presentes, sempre tem muito barulho nas
comemorações. Confraternizações com grandes aglomerados de gente e música alta,
fogos de artifício, brinquedos barulhentos das crianças – tudo isso
pode causar danos à audição. Mas calma! Não precisa ser antissocial e não ir à
festa da firma, ou deixar de dar aquele presente que seu filho tanto quer.
Basta tomar alguns cuidados.
O barulho
das conversas em tom de voz elevado e a música alta que anima as
confraternizações que surgem aos montes em dezembro podem acarretar danos
graves à audição. Isso ocorre porque em ambientes fechados o som fica
concentrado, não se propaga e, acima de 85
decibéis, causa danos às células ciliadas do ouvido e aos nervos
internos da orelha ao longo da vida. “Após quatro horas de exposição a
ruídos acima de 90 decibéis, o indivíduo poderá ter sua acuidade auditiva
afetada”, diz a fonoaudióloga Isabela Papera, da Telex Soluções Auditivas.
A perda de
audição é cumulativa. Pode não se manifestar imediatamente, mas seus
efeitos serão sentidos mais tarde. Os principais sintomas de que a audição está
prejudicada é a sensação de pressão ou ouvido tampado, dores de cabeça, zumbido
ou dificuldades para escutar e entender o que as pessoas falam. Estudos mostram
que 95% da população já ouviram zumbido pelo menos uma vez na vida e até 17%
apresentam os sintomas.
Os
brinquedos musicais – que muitas vezes são pedidos ao Papai
Noel – também podem trazer riscos à audição, principalmente nas
crianças pequenas. No mercado o que não falta são
opções “barulhentas” para presentear a criançada, porém é preciso
ficar atento à intensidade do som. O que aparentemente é inofensivo
pode representar um grande perigo para a audição das crianças. Na
hora da compra, os adultos devem ficar atentos às condições de segurança. O
selo do Inmetro é um importante indicador de que o brinquedo é seguro e que
está dentro dos limites estabelecidos pela legislação. Brinquedos
sonoros do tipo “made in China”, vendidos em camelôs, por exemplo, são os
que trazem maiores riscos e chegam a emitir ruídos acima do limite recomendado.
Instrumentos musicais infantis, por exemplo, como guitarra elétrica,
bateria, tambor e trombeta, podem emitir sons de até 120 decibéis.
“O contato
frequente com um brinquedo que emite um som muito alto pode causar
danos auditivos, desde os primeiros anos de vida, afetando para sempre a
audição das crianças. Os menores, de até três anos de idade, são os mais
afetados. E a dificuldade de ouvir pode atrasar todo o seu desenvolvimento,
seja na área da fala e também no desempenho escolar”, pontua a fonoaudióloga,
que é especialista em audiologia.
Outro perigo
tradicional das festas de fim de ano são os fogos de artifício, que ajudam a
animar as comemorações. Eles podem trazer riscos irreversíveis à
audição – além dos riscos em manipulá-los de forma incorreta. O
barulho excessivo causado pelos rojões pode causar uma perda auditiva severa,
um trauma acústico com perda de audição uni ou bilateral, temporária
ou – nos casos mais graves – definitiva. Isso acontece
porque o estrondo dos fogos, principalmente dos rojões, é inesperado. O forte
ruído pode chegar a uma intensidade de 140 decibéis. Para se ter uma ideia do
quão forte é esse barulho, um avião durante a decolagem produz um som de 130dB.
“O som
entra pelo conduto auditivo até chegar à cóclea, onde ficam as células ciliadas
do ouvido, que são os receptores sensoriais do sistema auditivo. Com a
exposição intensa a altos volumes sonoros as células vão morrendo e, como
não são regeneradas pelo organismo, a audição vai diminuindo de forma lenta,
mas progressiva. É o que se denomina Perda Auditiva Induzida por Nível de
Pressão Sonora Elevada (PAINPSE). Ela é irreversível e pode se agravar ao longo
dos anos”, explica Isabela.
Para evitar
que o ouvido seja afetado, o ideal é manter-se distante do local da queima de
fogos. Em meio à festa, no entanto, se for inevitável ficar próximo
aos fogos, Isabela Carvalho, que é especialista em audiologia, aconselha o uso
de protetores de ouvido.
“Existem no
mercado vários tipos de protetores. Os da Telex, por exemplo, são leves e
moldados de acordo com a anatomia do ouvido de cada pessoa, diminuem o barulho
em aproximadamente 15 ou 25 decibéis, de acordo com o desejo do usuário e podem
proteger a capacidade auditiva em até 10 anos”, explica a especialista, que
complementa: “Em caso de exposição a um impacto sonoro muito forte, o mais
indicado é procurar um médico otorrinolaringologista, para avaliar se o dano
auditivo causado pelos fogos é temporário ou irreversível”, conclui a
fonoaudióloga da Telex.
Estima-se
que mais de 10 % da população mundial têm algum grau de perda auditiva, sendo
que grande parte danificou sua audição por exposição excessiva a sons que
poderiam ter sido evitados, como o de rojões.
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