Falta de correção
visual e prescrição errada aumentam a cegueira funcional.
Pesquisa mostra que
óculos melhoram o rendimento escolar, comportamento e a concentração das
crianças.
A última pesquisa sobre deficiência visual do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística) mostra que no país até a idade de 14 anos 66,4 mil crianças
são cegas e 297 mil têm grande
dificuldade de enxergar.
De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto,
presidente do Instituto Penido Burnier em Campinas, os problemas de visão são a
maior causa de baixo rendimento escolar. Prova disso, é o resultado de uma
pesquisa realizada com 36 mil crianças
que receberam consultas e óculos no hospital. Após um ano usando a correção
visual 51% melhoraram o rendimento
escolar e 57% o comportamento e a concentração.
Olho
Preguiçoso
O problema é que a dificuldade para enxergar não dói,
nem altera a aparência dos olhos e a criança não sabe relatar quando tem alguma
alteração na visão Por isso, muitas
vezes passa despercebida pelos pais e
professores. Isso explica porque 8 em
cada 10 pré-escolares nunca foram ao oftalmologista. O médico afirma que a
falta de acompanhamento oftalmológico faz a ambliopia ou olho preguiçoso ser a
maior causa de cegueira monocular na infância. Isso porque, explica, o
desenvolvimento da visão acontece até os oito anos de idade. “Qualquer bloqueio
neste período faz a criança usar mais o olho de melhor visão, comprometendo o
desenvolvimento do mais fraco” afirma. O resultado é a ambliopia. A terapia
para sanar o problema consiste em ocluir
o olho de melhor visão para estimular o desenvolvimento do outro. Caso o
tratamento não seja feito antes da idade de oito anos a deficiência no olho de
menor visão se torna permanente.
Sinais
O especialista afirma que não é só aproximar muito o
rosto da TV ou dos livros que sinaliza problema de visão em crianças a partir
de seis anos.. Uma pesquisa feita pelo médico mostra que 30% das que usam muito
o computador têm dor de cabeça. Á dor só está relacionada a vício de refração
em 1% das crianças. Mas pode também
sinalizar, destaca, risco de desenvolver miopia acomodativa. Trata-se da dificuldade temporária de enxergar de
longe por causa do esforço concentrado para perto que mantém os músculos
ciliares contraídos por muito tempo.
Até os dois anos, o oftalmologista diz que os país
devem estar atentos ao lacrimejamento excessivo, olhos
vermelhos ou com secreção, falta de interesse pelas pessoas e ambientes,
pupilas muito grandes, opacas ou de cor acinzentada.
Dos 3 aos 5 anos os sinais de algo errado
com a visão são tombar a cabeça para um lado, coçar muito os olhos, fechar um
dos olhos em ambientes ensolarados, desviar os olhos para dentro ou para fora.
Na
gaveta
Queiroz Neto conta que durante um mutirão realizado
este ano com 3,5 mil pessoas que receberam consultas e óculos gratuitos no
hospital foi constatado que 12% usavam óculos com prescrição errada feita
dentro de ópticas e outros 18% dos participantes por falta de condições
financeiras para comprar os óculos engavetaram as receitas, número bem maior
que os 10% estimados pelo CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia. A soma
desses índices revela o crescimento da cegueira funcional no país e uma
urgência da parceria entre o poder púbico e a indústria para que seja criado o
óculos social com preços acessíveis à maioria da população. É bem verdade,
ressalta, que a falta de óculos não piora a visão, mas uma pessoa com vício de
refração moderado que não tenha acesso à correção visual correta sofre
limitações importantes nas atividades.
Nenhum comentário:
Postar um comentário