Assinatura
do termo garante expansão da transferência de tecnologia para países da
Comunidade de Língua Portuguesa (CPLP). Também será criado um grupo de trabalho
para implementação do Telessaúde
Para
incentivar a cooperação entre os países de língua portuguesa e a conciliação
política em diversos setores, incluindo a saúde, o Brasil sedia, nesta
quinta-feira (26), a IV Reunião de Ministros da Saúde da Comunidade dos Países
de Língua Portuguesa (CPLP), em Brasília (DF). Durante o evento foi assinado um
termo de cooperação entre os países membros para incentivar a criação de uma
Rede de Bancos de Leite Humano. O Brasil será responsável pela transferência da
tecnologia para Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, São Tomé e Príncipe e
Timor-Leste. O Brasil já possui uma cooperação com quatros países da CPLP, que
já adotam o modelo brasileiro de Banco de Leite: Angola, Cabo Verde, Moçambique
e Portugal. A partir de agora todos os países da CPLP poderão atuar de forma
integrada na criação de um banco de leite que atenda às necessidades da
população.
Para
o ministro da Saúde, Ricardo Barros, a medida visa uma troca de experiências
entre os países a fim de avançar na assistência ofertada à população. “Queremos
multiplicar os bancos de leites em todos os países da CPLP. Precisamos garantir
que nosso modelo seja adotado por outros serviços e é através da expansão da
nossa tecnologia de coleta, armazenamento e distribuição que poderemos
contribuir para essa ação. A criação da Rede de Bancos de Leite Humano e do
grupo de trabalho em Telemedicina e Telessaúde, por exemplo, poderão impactar
em aspectos como a redução da mortalidade infantil e a simplificação do acesso
aos serviços de saúde”, reforçou o ministro Ricardo Barros.
O
Brasil é referência e possui a maior e mais complexa rede de banco de leite
humano do mundo. O país possui 221 bancos de leite, em todos os estados e
Distrito Federal, com 190 postos de coleta, além da coleta domiciliar. O modelo
brasileiro é focado na promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno
exclusivo até os seis meses, e a continuidade da amamentação por pelo menos
dois anos. Em 2001, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu a Rede
Brasileira de Bancos de Leite Humano como uma das ações que mais contribuíram
para redução da mortalidade infantil no mundo, na década de 1990. De 1990 a
2012, a taxa de mortalidade infantil no Brasil teve redução de 70,5%.
Além
da criação de um Banco de Leite, os membros da CPLP aprovaram a criação de um
grupo de trabalho para implementação do Telessaúde. Outras oito resoluções
foram discutidas com base no tema “CPLP e Agenda 2030 para o Desenvolvimento
Sustentável”. Os participantes dos países membros visam a criação de uma agenda
estratégica para garantir uma troca de experiências exitosas na área da saúde.
Em 2016, o Brasil assumiu a presidência da CPLP, por um período de dois anos.
TECNOLOGIA ALIADA À SAÚDE – Outro tema debatido foi a criação de um Grupo de Trabalho (GT)
permanente da CPLP em Telemedicina e Telessaúde. O GT contará com pontos focais
de todos os países, que trabalharão para que o programa seja adotado e
fortalecido como política de saúde nacional, bem como a promoção do intercâmbio
de informações. Com isso, os países poderão compartilhar suas experiências,
visando estabelecer a Telemedicina/Telessaúde como um instrumento para
cobertura e acesso universal aos serviços de saúde, aproximando as populações
aos cuidados de saúde, incluindo a prevenção, o diagnóstico, o tratamento e a
reabilitação.
O
Telessaúde traz diversos benefícios, como a diminuição de riscos, agravos e
custos com deslocamentos e remoções de pacientes, valorização e qualificação
dos profissionais de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS), estímulo à fixação
de profissionais em áreas remotas ou de difícil acesso, melhoria da
resolubilidade nos serviços de atenção à saúde, e inclusão social e digital. Em
2017, foram realizados mais de 600 mil teleconsultorias e mais de quatro
milhões de telediagnósticos.
O
programa tem atuado no Programa Mais Médicos onde, de 2013 a 2017, foram
realizadas mais de 52 mil teleconsultorias e 80 mil telediagnósticos. O
Telessaúde é uma potente ferramenta para o fortalecimento da Atenção Primária
em Saúde como coordenadora da Rede de Atenção à Saúde, elevando a
resolutividade do atendimento e ampliando as ofertas de Educação Permanente em
Saúde, permitindo a qualificação adequada dos profissionais.
PAUTAS EM DISCUSSÃO –
Outros temas também foram abordados como avanços e desafios para a
implementação da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, o novo
ePORTUGUÊSe uma plataforma de apoio ao desenvolvimento de recursos humanos na
área da saúde dos países de língua portuguesa, fortalecendo a colaboração na
área da informação e capacitação.
A
cooperação técnica do Brasil no setor de saúde com os países de língua
portuguesa tem ganhado destaque nos últimos anos, contando com 18 projetos em
andamento em áreas como o combate ao HIV/AIDS, vigilância epidemiológica,
formação de recursos humanos e saúde materno-infantil. Entre as principais
iniciativas estão a implementação de Laboratório de Tuberculose em São Tomé e
Príncipe. o Fortalecimento do Combate ao HIV/Aids em Guiné-Bissau, o apoio à
redução da taxa de morbimortalidade por doença falciforme em Angola e o apoio
ao desenvolvimento da Política Nacional de Saúde Oral de Moçambique.
Camila Bogaz e
Fernanda Lima
Agência Saúde
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