Nesta fase, jovens têm muitas
dúvidas sobre o tema; a indicação é que pais e responsáveis abordem o assunto
na adolescência, estejam interessados na curiosidade do filho e controlem
reações e expressões de reprovação ao escutá-lo, para só então orientar e
expressar suas opiniões e valores.
A sexualidade na adolescência é uma característica do ser
humano nesta etapa do desenvolvimento. Sua manifestação é sinal de um
desenvolvimento saudável e desejado e não deve ser negada, nem omitida, mas
orientada e acompanhada pelos pais e responsáveis. Muitos se perguntam qual a melhor
hora para falar sobre sexo com os filhos, sobre “como”, “quando” e o “que”
falar.
“O momento certo para abordar o assunto, a princípio, é na
adolescência, que tem seu início com a puberdade. Mas é preciso usar de toda
sensibilidade e percepção para cada caso de acordo com as diferenças no
desenvolvimento que varia de pessoa para pessoa”, explica Karin Kenzler,
orientadora educacional do Ensino Médio do Colégio Humboldt - instituição
bilíngue e multicultural (português/alemão), localizada em Interlagos (SP).
A orientadora afirma que os jovens de hoje são expostos ao
tema muito cedo e de maneira desordenada por diversos meios da mídia, como a
televisão e a internet, e que vivemos numa cultura na qual a sexualidade é
muito exposta e, de certa forma, banalizada. Também ocorre uma erotização
precoce dos jovens e de suas relações. Por outro lado, as dúvidas sobre o tema
ainda permanecem para os filhos. “Isso tudo dificulta determinar o momento
certo de iniciar o diálogo sobre o tema, pois este não segue mais apenas o
curso natural do amadurecimento biológico. É necessário estar atento à
curiosidade dos filhos, mudanças de comportamento e interesses para dar
abertura a uma conversa. Atender sempre à demanda das perguntas dos filhos é a
melhor maneira de acompanhar esta fase”, pondera.
Outra boa forma de abordar o assunto minimizando a vergonha e
o constrangimento tanto do pai como do filho é falar de fatos relacionados ao
tema veiculados na mídia.
“O comportamento sexual dos jovens hoje é muito diferente do de
50 anos atrás e um possível choque cultural na hora de falar do assunto pode
ser inevitável. Os jovens estão muito mais familiarizados com o tema pela
constante exposição por meio das mídias, e se vão procurar os pais para
conversar a respeito vai depender principalmente da postura e atitude dos
mesmos diante do assunto. Os pais precisam controlar suas reações ao escutar os
filhos e conter expressões de reprovação e censura num primeiro momento,
priorizando uma postura curiosa e interessada para manter a abertura do canal
de comunicação. Uma vez estabelecida essa relação de confiança e intimidade, os
pais poderão e deverão orientar e expressar suas opiniões e valores”.
A orientadora também alerta que muitos pais temem abordar o
assunto com medo de precipitar a curiosidade e iniciação sexual. “Mas o acesso
a informações não precipita a iniciação sexual, pelo contrário, torna o jovem
mais apto a tomar suas próprias decisões e precauções e a fazer frente às
pressões do grupo e da sociedade”, diz Karin. “Os pais precisam se preparar
para esta fase e buscar as informações que precisam, assim como se inteirar do
universo e cultura jovem para poder interagir, orientar e intervir”.
Perguntas relacionadas ao tema, como a origem dos bebês e da
diferença dos sexos, podem surgir já na primeira infância. Portanto, novamente,
os pais precisam estar preparados desde cedo e munidos de naturalidade e
simplicidade para responder. “Na hora de dar uma orientação ou responder a uma
pergunta é importante checar o grau de conhecimento do jovem ou criança,
devolvendo a pergunta ou questionando a origem da informação ou da dúvida, para
não cometer o erro de dar a resposta errada ou informações indevidas para
aquele momento”, continua a orientadora. “É importante lembrar que o filho só
vai expor-se na mesma medida que o pai o faz. A intimidade precisa ter certa
reciprocidade com as devidas adequações à faixa etária. Contar ou apenas
lembrar-se de sua própria adolescência, pode ser uma luz no caminho para o
diálogo”, conclui Karin.
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