Revisão
de 16 estudos mostra que a menopausa precoce facilita o crescimento de
proteínas no cristalino que induzem à catarata.
Os
hormônios sexuais femininos estão relacionados a muitas funções no organismo da
mulher, inclusive à visão. A síndrome do olho seco na pós-menopausa é o
problema ocular mais conhecido, mas não é o único. Doenças do sistema
reprodutor também podem interferir
na saúde dos olhos quando provocam menopausa precoce.
É
o que mostra a revisão de 16 estudos internacionais realizada pelo oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do
Instituto Penido Burnier de Campinas sobre os efeitos da TRH (Terapia de
Reposição Hormonal) na saúde ocular. Isso porque, a menopausa precoce,
interrupção da menstruação antes dos 45 anos, aumenta o risco de catarata,
doença que torna o cristalino turvo e responde por 47% dos casos de cegueira no
mundo, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde).
O
especialista explica que isso acontece porque o epitélio, camada externa do cristalino
tem receptores de estrogênio capazes de inibir proteínas chamadas de fatores de
crescimento, como o TGF-beta, que induzem à doença. Não quer dizer, ressalta,
que toda mulher deva fazer reposição hormonal para proteger a saúde dos olhos.
Isso porque, é necessário diagnosticar a causa da queda de hormônios que em
muitos casos requer outras terapias.
O
especialista ressalta que as rotinas estressantes, fumar ou ingerir
bebidas alcoólicas, ou ainda doenças sistêmicas como o diabetes e disfunções da
tireóide também alteram as funções oculares e ovarianas.
Mudança repentina de peso sinaliza
perigo
O
oftalmologista também alerta para o risco da perda ou ganho de peso repentino, um
dos sinais de disfunções da tireóide que podem interferir na saúde ocular e na
produção dos hormônios sexuais femininos. Nem sempre estas alterações ocorrem
simultaneamente, mas a disfunção da tireóide, sem qualquer outra alteração
conjunta, representa maior risco para a visão da mulher, comenta Queiroz
Neto. A estimativa é de que 3% da população feminina tenham menopausa
precoce, enquanto dados do SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) apontam que
10% das mulheres de até 40 anos têm disfunções da tireóide que na
maioria dos casos são provocadas pelo consumo de sal acima das 6 gramas diárias
recomendadas pela OMS (Organização Mundial da Saúde). O médico explica que o
excesso de sal eleva a concentração de sódio no organismo e isso aumenta em 53%
o risco de catarata por dificultar a manutenção osmótica das células do cristalino. As
dicas de prevenção são:
· Retirar
o saleiro da mesa.
· Substituir
embutidos por carnes frescas.
· Evitar
sopas e temperos industrializados que contenham sal.
· Reduzir
o consumo de sal para 5 gramas/dia após os 50 anos.
Quando a disfunção da tireóide já está instalada, além da mudança de
hábito alimentar é necessário acompanhamento de um endocrinologista para evitar
sérios danos à saúde. A disfunção só é temporária entre mulheres que acabaram
de ter um filho.
Cirurgia de catarata pode eliminar óculos
Um estudo realizado por uma empresa do setor óptico
mostra que a mulher brasileira não gosta de usar óculos. A boa notícia é que
a cirurgia de catarata pode eliminar os
óculos através de duas técnicas: implante de lente intraocular multifocal ou
monovisão.
O especialista afirma que o melhor tipo de lente
multifocal depende da avaliação prévia das condições ópticas e refrativas de
cada pessoa. A vantagem da técnica é a maior facilidade de adaptação. A
desvantagem é o valor mais alto da lente, mas ainda assim pode custar menos que
a troca periódica de óculos.
“A monovisão consiste em maximizar a visão à
distância no olho dominante e calibrar a visão do outro olho para perto”,
explica. O problema é que quando a diferença de grau entre os dois olhos é
muito grande pode induzir à visão dupla ou turva. Outra dificuldade é que nem
todos se adaptam a este método, mas a técnica pode ser testada antes da
cirurgia com o uso de lentes de contato. Quem não se adapta pode optar pela
lente intraocular multifocal. Hoje só usa óculos quem quer, conclui.
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