Hábito de ranger os dentes durante o sono pode
causar diversos problemas se não for diagnosticado e tratado cedo
A descoberta nem
sempre é fácil e, muitas vezes, vem associada a fratura de dentes,
sensibilidade dentária e até dores de cabeça. O apertamento, mais conhecido
como bruxismo, consiste no hábito involuntário de ranger os dentes. O distúrbio
pode aparecer ainda na infância e acomete meninas e meninos, a partir dos 2
anos de idade. Estudos mostram que o bruxismo está cada vez mais presente entre
as crianças entre 2 e 10 anos de idade.
De acordo
com Sílvia
Reis, doutora em Ortodontia pela Universidade de São Paulo
(USP), existem dois tipos de apertamento. O mais comum é conhecido como
bruxismo noturno, quando a criança range os dentes à noite. Crianças menores
estão mais propensas a ele. Já o bruxismo de vigília pode ocorrer durante todo
o dia. “Quem sofre com esse tipo mantém os dentes apertados, forçando-os
como se estivessem em situações de ansiedade e estresse. Crianças maiores e
adolescentes são os mais atingidos”. Além disso, o bruxismo infantil pode estar
diretamente relacionado à problemas respiratórios nas crianças, pois a
dificuldade de respirar decorrente das sinusites, rinites e outras doenças
respiratórias diminui a taxa de oxigênio no sangue, o que estimula a liberação
de substâncias neurotransmissores que estimulam a atividade cerebral, a
frequência cardíaca e desencadeiam o ranger de dentes. No inverno aumenta a
ocorrência de bruxismo devido à maior prevalência de problemas
respiratórios.
Silvia
destaca ainda que o monitoramento dos pais durante esse processo de
desenvolvimento é fundamental. “O ato de ranger os dentes, principalmente na
infância, pode afetar seriamente a saúde bucal, já que desgasta e fratura os
dentes”, frisa. Ainda de acordo com a ortodontista, o apertamento tem causas
multifatoriais. “Ele pode estar ligado a questões hereditárias, mas não se deve
descartar a hipótese de que, uma criança que vive uma rotina de ansiedade e
estresse, pode desencadear esse problema de forma ainda mais intensa e
preocupante”, salienta.
De olho nos sintomas
Os pais devem estar atentos se criança reclama
frequentemente de dores de
cabeça e até mesmo de sensibilidade nos dentes, já
que podem ser os primeiros sinais de que algo não vai bem.
Existem diversas opções de tratamento, porém cada caso deve ser avaliado e tratado
individualmente. Sílvia destaca que as crianças com dentes de leite não devem
usar as placas. Se essa criança apresentar sensibilidade, deve-se restaurar os
dentes desgastados. Depois da troca dos dentes de leite pelos permanentes, as
placas específicas, que não comprometem o crescimento dos ossos, podem ser
usadas para evitar a fratura e o desgaste dos dentes. “Deve-se, entretanto,
identificar a causa do bruxismo, pois o paciente pode necessitar de um
tratamento com otorrinolaringologista para melhorar a respiração, ou ainda
reduzir o nível de stress ao qual está exposto, a fim de resolver
definitivamente esse problema."
Para prevenir
- Mantenha o seu filho com um padrão de
respiração nasal. Trate as obstruções nasais, pois 60% das crianças com
alergias respiratórias apresentam o bruxismo.
- Procure propiciar um ambiente tranquilo
que anteceda o sono. Evite deixar luzes acesas, assistir televisão ou usar o
computador ou videogame antes de ir para a cama.
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Sílvia Reis - Graduada em Odontologia pela Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG), titulou-se mestre em Ortodontia pela Universidade Metodista de São
Paulo (Umesp) e doutora em Ortodontia pela
Universidade de São Paulo (USP). Atua em Belo Horizonte desde 1994 e, em Ouro
Branco/MG, desde 1998. É, ainda, coordenadora do curso Ortoadultos - Tratamento Ortodôntico em Adultos
(SP e BH) e da especialização em Ortodontia do Instituto de Estudos da Saúde
Sérgio Feitosa (IES) e palestrante nos principais eventos nacionais de
Ortodontia.
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