Em muitos aspectos, a
compulsão por jogo lembra o vício em álcool e em drogas. É comum ouvir relatos
de jogadores que passaram a apostar no bingo ou tentar a sorte no caça-níquel
para fugir de problemas pessoais, como uma crise na família ou frustrações no
trabalho. Apesar de perceber que as apostas estão prejudicando sua vida, o
jogador não consegue parar. Exemplo esse mostrado na novela A Força do Querer
com a personagem, Silvana feita pela atriz Lilian Cabral. Silvana é uma mulher
bem-sucedida. Vitoriosa nesse sentido. Ela só não é vitoriosa no jogo. Mas não
é porque ela não saiba jogar, porque ansiedade em querer ganhar e ser uma
coisa, assim, escondida, faz com que ela não registre, e não tenha uma
inteligência na hora de sair do jogo.
“Não raro a pessoa deixa
de fazer outros programas para jogar e tem de apostar cada vez mais para sentir
o mesmo prazer de antes. Pior: pensa no jogo o tempo todo e comete pequenos
crimes, como furtos, para financiar o vício. Quando fica muito tempo afastado
do vício sofre graves crises de abstinência”, conta a psiquiatra e diretora da
clínica Neurohealth, Julieta Guevara.
Fichas, não
Assim como o alcoolismo, o
vício em jogo não tem cura definitiva e o tratamento promove a abstinência. Ou
seja, o jogador compulsivo não pode participar nem de bolão da Copa do Mundo se
quiser se ver livre das apostas. A recuperação da doença pode se dar de algumas
formas. Uma é através dos Jogadores Anônimos (JA). Surgido nos Estados Unidos
em 1957, chegou ao Brasil há 24 anos através de um carioca que sofria com compulsão
em jogos. O JA segue o mesmo princípio dos Alcoólicos Anônimos (AA): os
frequentadores dividem suas histórias em sessões que reúnem entre 12 e 15
jogadores e devem seguir 12 passos de recuperação, como admitir que são
impotentes perante sua compulsão. Apesar das semelhanças há também diferenças.
A principal delas é que, conforme ficam um período afastados das apostas, os
jogadores recebem chaveiros - e não fichas, que seriam uma forte referência aos
jogos, como os frequentadores do AA.
Outra forma de tratar a
doença é através de tratamentos psicoterapêutico ou psiquiátrico. Eles envolvem
uma série de conversas para determinar as causas do vício e mostrar o que
deixam de lado enquanto estão entregues ao jogo. Em média, o tratamento leva um
ano – mas em casos extremos pode durar para sempre. A notícia boa? Dos
jogadores que procuram ajuda, cerca de 60% deixam de jogar no final.
“Depois do
tratamento eles percebem que jogar é muito gostoso, mas pode ser muito
custoso”, diz a psiquiatra Julieta Guevara.
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