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quarta-feira, 7 de junho de 2017

A compulsão por jogo



Em muitos aspectos, a compulsão por jogo lembra o vício em álcool e em drogas. É comum ouvir relatos de jogadores que passaram a apostar no bingo ou tentar a sorte no caça-níquel para fugir de problemas pessoais, como uma crise na família ou frustrações no trabalho. Apesar de perceber que as apostas estão prejudicando sua vida, o jogador não consegue parar. Exemplo esse mostrado na novela A Força do Querer com a personagem, Silvana feita pela atriz Lilian Cabral. Silvana é uma mulher bem-sucedida. Vitoriosa nesse sentido. Ela só não é vitoriosa no jogo. Mas não é porque ela não saiba jogar, porque ansiedade em querer ganhar e ser uma coisa, assim, escondida, faz com que ela não registre, e não tenha uma inteligência na hora de sair do jogo.

“Não raro a pessoa deixa de fazer outros programas para jogar e tem de apostar cada vez mais para sentir o mesmo prazer de antes. Pior: pensa no jogo o tempo todo e comete pequenos crimes, como furtos, para financiar o vício. Quando fica muito tempo afastado do vício sofre graves crises de abstinência”, conta a psiquiatra e diretora da clínica Neurohealth, Julieta Guevara.


Fichas, não

Assim como o alcoolismo, o vício em jogo não tem cura definitiva e o tratamento promove a abstinência. Ou seja, o jogador compulsivo não pode participar nem de bolão da Copa do Mundo se quiser se ver livre das apostas. A recuperação da doença pode se dar de algumas formas. Uma é através dos Jogadores Anônimos (JA). Surgido nos Estados Unidos em 1957, chegou ao Brasil há 24 anos através de um carioca que sofria com compulsão em jogos. O JA segue o mesmo princípio dos Alcoólicos Anônimos (AA): os frequentadores dividem suas histórias em sessões que reúnem entre 12 e 15 jogadores e devem seguir 12 passos de recuperação, como admitir que são impotentes perante sua compulsão. Apesar das semelhanças há também diferenças. A principal delas é que, conforme ficam um período afastados das apostas, os jogadores recebem chaveiros - e não fichas, que seriam uma forte referência aos jogos, como os frequentadores do AA.

Outra forma de tratar a doença é através de tratamentos psicoterapêutico ou psiquiátrico. Eles envolvem uma série de conversas para determinar as causas do vício e mostrar o que deixam de lado enquanto estão entregues ao jogo. Em média, o tratamento leva um ano – mas em casos extremos pode durar para sempre. A notícia boa? Dos jogadores que procuram ajuda, cerca de 60% deixam de jogar no final.

“Depois do tratamento eles percebem que jogar é muito gostoso, mas pode ser muito custoso”, diz a psiquiatra Julieta Guevara.





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