Vez ou outra aparecem na mídia fórmulas
caseiras que caem nas graças de determinada fatia da população, mas que não se
sustentam no longo prazo.
Com relação à saúde bucal, tiveram seus momentos de
fama o bicarbonato de sódio, a cúrcuma e, mais recentemente, a argila. De
acordo com a odontopediatra Helenice Biancalana, diretora do
Departamento de Prevenção da Associação Paulista
de Cirurgiões-Dentistas (APCD),
a divulgação dessas soluções pseudomilagrosas mais atrapalha do que ajuda – e
ainda pode colocar em risco a saúde bucal das pessoas, principalmente das
crianças. “Mais de 90% dos problemas bucais poderiam ser evitados se as
crianças fossem acostumadas, desde cedo, a usar escova e pasta de dente com
regularidade. Fazer uso desses modismos – sendo que a maioria não tem respaldo
de estudos científicos – pode inclusive desgastar o esmalte, enfraquecer o
dente e aumentar a sensibilidade a alimentos quentes e frios”.
Na opinião da especialista, assim que nasce o
primeiro dente é recomendável acostumar a criança com sua escovinha de dentes.
“Ela deve ter cabeça pequena, cerdas ultramacias e arredondadas. Já o creme
dental deve ser fluoretado, com no mínimo 1.100 ppm de flúor. A quantidade
ideal de creme na escova corresponde ao volume de um grão de arroz cru. Ou
seja, a quantidade utilizada é pequena, porque a criança ainda não sabe cuspir
e não deve engolir a pasta. Nessa proporção, mesmo que fique um pouco na boca
não irá trazer nenhum prejuízo aos dentes em formação. Depois dos sete ou oito
anos, o creme dental pode ser colocado no sentido transversal da escova, nunca
do comprimento – o que seria um exagero e um desperdício”.
Helenice recomenda que até a
criança completar três anos, os pais tenham total responsabilidade por seus
hábitos de escovação. Aos poucos, devem ir deixando a criança à vontade para
adquirir iniciativa e independência – contando sempre com a supervisão dos
adultos até que ela realmente dê conta de praticar esse hábito de forma
adequada. Isso geralmente ocorre por volta dos sete anos.
“Fazer uso de produtos
naturais é fundamental, mas não na higienização bucal. Por outro lado, os pais
contribuem para que seus filhos tenham dentes mais fortes se desde cedo os
acostumarem a ingerir bastante água, frutas, legumes e verduras – sem se
esquecer de controlar a ingestão de açúcar, este sim um grande vilão dos
dentes. Neste sentido, também os carboidratos encontrados em salgadinhos e
bolachas devem ser consumidos com parcimônia, já que eles se transformam em
ácidos e também contribuem para o enfraquecimento dos dentes e o surgimento de
cárie. Também não podemos prescindir do cálcio, que normalmente é encontrado nos
derivados do leite. Mas isso não quer dizer que crianças com intolerância à
lactose terão dentes mais fracos. Afinal, o cálcio também pode ser encontrado
nos vegetais de cor verde-escuro (couve, brócolis, espinafre) e também em
alimentos como linhaça, aveia e chia. Além da escovação diária, um prato
colorido pode conter tudo o que é necessário para uma dentição saudável”,
ensina a especialista.
Fonte: Dra.
Helenice Biancalana - especialista em Odontopediatria, diretora do
Departamento de Prevenção da APCD – Associação Paulista de
Cirurgiões-Dentistas. www.apcd.org.br
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