Ato de quebrar o comprimido pode levar a alterações na dosagem
do mesmo, desde a superconcentração do remédio até uma subdose, sem o efeito
desejado
A prática de quebrar
um comprimido pela metade para alcançar a dose prescrita pelo médico faz
parte da rotina de milhares de brasileiros, mas o que muitos não sabem é que
essa prática pode prejudicar o tratamento ou expor o paciente a uma
superconcentração do remédio, deixando-o vulnerável a efeitos tóxicos.
Segundo
o farmacêutico e presidente do Conselho de Administração da Associação
Nacional dos Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag), entidade que representa o
segmento das farmácias de manipulação, Ademir Valério, estudos feitos em
laboratórios mostram que as metades obtidas na partição
do comprimido apresentam uma variação de conteúdo além dos limites
recomendados, resultando em “significativa diferença” de massa entre
as partes e perda de partículas.
Muitas
vezes, explica Valério, os comprimidos são de liberação
sustentada, ou seja, após a ingestão, são absorvidos pouco a pouco pelo
organismo.
Segundo o farmacêutico,
esse tipo de medicamento não deve ser partido em nenhuma condição. “A quebra é
desaconselhável em qualquer caso, mesmo quando o medicamento for fabricado com
um sulco para facilitar a partição. Vimos que a posologia (indicação de doses)
acaba comprometida no momento da quebra”, diz.
Quando quebrado, além
da falta de uniformidade, o medicamento pode sofrer alterações no teor ou se
degradar em substâncias que tenham toxicidade.
“A farmácia de
manipulação tem um papel importante nesse caso de evitar quebras
de comprimidos, pois abre o leque de opções para o médico prescritor que
irá adequar a dose para cada paciente” diz. “Além disso, o paciente levará para
casa o estritamente necessário para seu tratamento, sem ter que partir ou
interferir na integridade da fórmula e também sem sobras de medicamento,
gerando economia e segurança (evitando a automedicação no futuro)”.
Valério explica que a
quebra de comprimidos virou prática comum porque, em alguns casos,
uma caixa de comprimidos de 20 mg custa o mesmo que uma de 40 mg. O
paciente, então, "economiza" comprando o de 40mg e partindo em dois,
o que não acontece na manipulação, em que a dose é feita de acordo com a
necessidade do paciente.
Outro alerta que deve
ser observado e que tem acontecido com frequência são os casos de pacientes que
compraram comprimidos em concentrações inadequadas, tiveram de
parti-los e comprometeram o tratamento. Exemplo são aqueles pacientes que
sofrem de hipertensão (pressão alta) e, como partem o medicamento, não conseguem
o controle adequado da pressão.
Anfarmag - www.anfarmag.org.br
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