De tempos em
tempos surge um produto financeiro que entra na “moda”. Todo mundo começa a
elogiar, dizer que está ganhando dinheiro, etc. Essa situação faz com que as
pessoas comprem, mais e mais, o produto, o levando uma grande ascensão. O caso
é que depois de um tempo, outro produto surge, e o mesmo se repete, de novo e
de novo.
Isso já
ocorreu com o mercado de imóveis, bolsa de valores (ações), com o LCI/LCA e
agora, o produto da moda dos brasileiros é o Tesouro Direto. Trata-se de um
excelente produto financeiro, garantido pelo governo federal, e que tem trazido
uma boa rentabilidade para os investidores. Em algumas modalidades, paga-se
algo como 6% ao ano mais IPCA. Quando se compara isso com os juros reais quase
inexistentes dos países desenvolvidos, dá pra se perceber que o produto é muito
bom e seguro.
Mas o que
chamo à atenção nesses produtos financeiros “da moda” é que deve se ter muito
cuidado para não ficar girando o patrimônio e acabar perdendo dinheiro nessas
mudanças de local onde o dinheiro está aplicado.
Cada vez que
você tira o seu dinheiro de um lugar e o movimenta, ele gera o pagamento de
taxas (na maioria das vezes, caríssimas), despesas com cartórios, pagamentos de
impostos sobre o lucro, IOF (Imposto Sobre Operações Financeiras), etc. Quanto
menos você gira o seu patrimônio, menos dinheiro você dá para o sistema
financeiro.
Quem tem
dinheiro aplicado em uma corretora de valores sabe que os seus representantes
ficam sempre atentos e sugerindo “ofertas fantásticas”, que sempre geram taxas
de corretagem e despesas, e acabam comendo, com o tempo, uma parte relevante do
patrimônio do investidor. O gerente do banco pressionado a bater metas
(sob pena de perder o cargo) sai ligando para a sua lista de clientes e
tentando vender vários produtos, que no fim são sempre melhores para o banco do
que para o consumidor.
Então, fique
atento e não fique girando o seu patrimônio. Estude bem a movimentação de seu
dinheiro antes de fazê-lo e verifique sempre o que você pode ganhar e os custos
de se tirar a aplicação de um setor e levar para o outro. Peça por email sempre
o valor das despesas, pois isso quase nunca é passado pelos corretores. E não
se esqueça nunca, você é o único e exclusivo gerente de sua conta.
Por fim, fique
de olho, evite girar patrimônio e dar dinheiro fácil para o sistema financeiro
e concentre-se nas alternativas que realmente são boas pra vocês. Cuidado com
produtos financeiros “da moda”!
Lélio Braga Calhau - Promotor de Justiça
de defesa do consumidor do Ministério Público de Minas Gerais. Graduado em
Psicologia pela UNIVALE, é Mestre em Direito do Estado e Cidadania pela UFG-RJ,
palestrante e Coordenador do site e do Podcast "Educação Financeira para Todos".
www.educacaofinanceiraparatodos.com
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