No Dia Mundial de Combate ao Fumo (31/05),
especialistas de diferentes áreas
pontuam danos causados pelo vício
pontuam danos causados pelo vício
“Deixar de fumar é fácil, já tentei umas cem
vezes”, disse Mark Twain. O pensador, com certeza, não foi o único e, como 31
de maio é o Dia Mundial de Combate ao Fumo, reunimos médicos de diferentes
especialidades para falar dos males que esse hábito pode causar.
Dados do Instituto
nacional do Câncer (INCA) mostram que o câncer é a segunda doença que mais
mata no país, atrás apenas dos problemas cardiovasculares. Por isso, é
preciso redobrar a atenção aos fatores de risco, sejam eles genéticos, do
ambiente, ou relacionados ao estilo de vida. “Há dois fortes indícios de que os
casos de câncer irão aumentar significativamente. Um deles é o fato de que, por
gerações, a população não foi adepta a hábitos saudáveis. A outra é que, até
2050, o número de pessoas acima de 60 anos no Brasil deve triplicar”, pontua Miguel
Torres, radio-oncologista da Radiocare.
Segundo ele, o tabagismo é o pior dos vícios,
principal causa de morte evitável no mundo. Só no Brasil, o hábito é
responsável por 30% dos casos fatais da doença, segundo o Inca. Apesar de estar
diretamente relacionada ao câncer de pulmão, a droga também é responsável por
parte dos diagnósticos de câncer de boca, laringe, faringe, esôfago, estômago, pâncreas,
fígado, rim, bexiga e colo do útero, além de leucemias. “Além de prejudicar a
própria saúde, o indivíduo que fuma expõe outras pessoas à fumaça do cigarro e
as torna tabagistas passivos, triplicando a probabilidade de contrair a
doença”, afirma Torres.
Câncer bucal pode atingir mais de 60% de tabagistas
Muito associado ao câncer de pulmão, o tabagismo também pode ser
corresponsável por mais de 60% dos casos de câncer de boca. De acordo com a
Organização Mundial da Saúde, o fumo é um fator de risco para o surgimento de
tumores nos lábios, gengivas e outras regiões da cavidade bucal. Para a
cirurgiã-dentista Sílvia
Reis, os fumantes são mais suscetíveis a doenças periodontais, “além dessas
doenças, o tabaco também é extremamente prejudicial às células da mucosa da
boca. Na fumaça, mais de 4 mil substâncias tóxicas podem ser identificadas,
sendo 40 delas, no mínimo, cancerígenas”, enfatiza Sílvia. Outro aspecto alheio
ao câncer bucal também deve ser observado, como a retração gengival, decorrente
da doença na gengiva e no osso e da perda óssea, o que, quando ocasionada, pode
gerar sensibilidade dentinária, cáries e até mesmo a perda total de um dente.
A pele também sente!
A pele também sofre com os efeitos do cigarro. O
tabaco já é considerado um dos principais fatores de envelhecimento precoce. O dermatologista
Bruno Vargas explica que
seus componentes acabam por diminuir o diâmetro dos vasos sanguíneos, o que faz
com que a pele fique mal irrigada. A constante exposição à fumaça e ao calor
também deixa a pele mais ressecada. “O resultado desse conjunto de fatores é
que a pele torna-se amarelada e, em alguns casos, até cinzenta, devido à má circulação
sanguínea”, explica.
Outra consequência grave causada pelo cigarro é a
queda da produção de colágeno (fibra que dá sustentação à pele). “Com isso, a
pele fica mais fina, perde a elasticidade e torna-se muito mais propensa a
rugas profundas, já que o cigarro afeta a camada mais profunda”, explica
Vargas. O ato de fumar implica também na formação de rugas ao redor da boca,
devido aos movimentos repetitivos para puxar e soltar a fumaça e, também, ao
redor dos olhos, que são contraídos quando ela é inalada.