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domingo, 27 de março de 2022

PRECONCEITOS

Podemos estar livres de preconceitos? Não creio, ainda que tenhamos horror a nos identificar como preconceituosos. Afinal, como nos admitir com tais modos? Mas, antes de formular recusa ao argumento, pensemos com a ajuda do dicionário. Conforme o Houaiss, preconceito é “qualquer opinião ou sentimento concebido sem exame crítico; sentimento hostil, assumido em consequência da generalização apressada de uma experiência pessoal ou imposta pelo meio”.

O Aurélio reitera: “Preconceito: Conceito ou opinião formados antecipadamente, sem maior ponderação ou conhecimento dos fatos; ideia preconcebida. Julgamento ou opinião formada sem se levar em conta o fato que os conteste. Superstição, crendice”. Quer dizer: avalio um acontecimento com posições valorativas prévias, tendo meus valores como métrica. No correr da História pessoas mataram e morreram por crenças, religiosas, sobretudo, sem controvertê-las.


Como está visto, então, se formamos sentimento ou opinião sobre algo sem o devido exame crítico, sentiremos ou opinaremos com preconceito. Exato? E se uniformizamos nossos sentimentos e opiniões, se os recebemos acriticamente do meio social em que vivemos, estaremos, igualmente, sendo preconceituosos, não é verdade? E mais: se, sem análise percuciente de posição, sentirmos e opinarmos com hostilidade, já estaremos machucando pessoas, de acordo?


O mais danoso do preconceito, contudo, não está no intolerante que ostenta com violência suas concepções ou insulta quem pensa diversamente. Quando a atitude preconceituosa é assumida pelo agente, posso identificá-la, desprezá-la ou respondê-la. O que tenho por difícil de combater é o jeito não hostil de formar, divulgar, perpetuar preconceitos. Os aparelhos ideológicos de formatação e reprodução de preconceitos são a forma sutil, sorrateira e não percebida desse mal.


Louis Althusser é o formulador da concepção de aparelhos ideológicos como meio de produzir e reproduzir modos de pensar, ou seja, de perpetuar concepções previamente estabelecidas sobre o mundo. Althusser explica que o Estado detém meios repressivos para manter determinado status quo, mas que igualmente instituições da sociedade civil cumprem esse papel na manutenção de um determinado estado de coisas, incluindo os valores que fundamentam as nossas opiniões.


Essas instituições de “fazer cabeças” são o aparelho religioso, o escolar, o familiar, o jurídico, o político, o cultural, o de informação. No correr da vida, somos expostos a esses sistemas, que nos selecionam, premiando-nos por comportamento adequado, excluindo-nos se não seguimos a maioria. E nós nem suspeitamos disso, empenhando-nos voluntariamente a reproduzir um sistema de produção de preconceitos que nos acabam parecendo, e até sendo, tão indispensáveis.


Estamos, pois, todos nós, submetidos a uma máquina ideológica de uniformizar. Essa máquina dominadora opera formando uma unidade hegemônica que nos alcança generalizadamente; é difícil pensar criticamente sobre ela ou sobre seus efeitos, exatamente porque seus efeitos somos nós e o que nós pensamos. Seja, nós pensamos sobre o sistema social em que estamos inseridos a partir da formatação recebida do sistema social em que estamos inseridos.


Que fazer? Não há receita de salvação contra o sistema. Eu, pelo menos, não sei formulá-la. Todavia há coisas já sabidas que nos podem ser úteis. Dois pensadores iluministas colaboram. Diderot: “A ignorância não fica tão distante da verdade quanto o preconceito”; Rousseau: “Prefiro mais ser um homem de paradoxos do que um homem de preconceitos”. O ignorante e o paradoxal estariam, pois, melhormente posicionados contra “verdades” que o “médio” esclarecido?


Essa é a questão: o pensamento “senso comum” lavrado nas instituições ideológicas listadas por Althusser; em regra, são uma ampla coletânea de explicações simplificadoras. Para Diderot o ignorante não sabe, já o “senso comum” sabe preconceitos, e preconceitos não são facilmente removíveis. Diderot não propõe que nos deseduquemos, está claro, mas que discutamos as origens de nossas crenças, que suspeitemos de nossos valores (Genealogia da Moral, Nietzsche).
 

Rousseau não nos almeja desbussolados, apenas sem tantas certezas: que não fixemos compromisso com o que pensamos; que desconfiemos, que troquemos nosso pensar, se não conseguirmos fundamentá-lo racionalmente. Preconceito é, mesmo, uma soberba e uma falta de posição (auto)crítica. Não sejamos, pois, hostis para com as variadas concepções de mundo. Ideias têm sido efêmeras invenções da humanidade, que sempre as vem mudando pelos tempos, logo... Né?

 

Léo Rosa de Andrade

Doutor em Direito pela UFSC.

Psicanalista e Jornalista.


Gestão de tempo: Como otimizar a sua vida para evitar a procrastinação

Divulgação
Administrar bem o seu tempo também pode evitar problemas, como a síndrome de burnout

 

Quando falamos em gestão de tempo, a primeira coisa que pode surgir na cabeça talvez seja produtividade, trabalho. Mas a verdade é que quando lidamos com este tópico, o intuito é ao contrário: é ter mais tempo para o descanso, para o autocuidado e para uma vida mais leve e organizada. 

Portanto, a rotina do trabalho pode ser aprimorada e modificada com isso. Mas não só a profissional, como também a pessoal.

A recompensa disso, portanto, pode ser não só aumento na produtividade, mas benefícios para a saúde mental.

Para isso, podemos listar alguns pontos para que você esteja atento na hora de planejar o seu tempo. 


Ouça o seu corpo e a sua mente

Talvez a primeira coisa que você precisa fazer para gerenciar bem o seu dia seja escutar bem o seu corpo e a sua mente. O que isso significa? Bem, você precisa saber, por exemplo, quantas horas de sono por noite é preciso para ser produtivo. Qual sua capacidade em se focar em uma tarefa, por quanto tempo. Quantos minutos você precisa para desfrutar de refeições, se preparar para uma reunião, desempenhar tarefas, lidar com relatórios? Isso tudo conta.

“É importante saber em quais horários do dia você é mais eficaz em cada uma de suas atividades. Por exemplo, se você sente que seu raciocínio é mais lento pela manhã, é melhor programar para esse período tarefas mais ‘automáticas’, evitando um mau aproveitamento do seu tempo. Autoconhecimento é imprescindível para termos uma assertividade em nossa gestão do tempo”, comenta Daniel Alves, consultor empresarial e especialista em gestão organizacional.


As tarefas do dia e o planejamento são muito importantes

Planejar nunca é algo ruim. Muito pelo contrário. É um passo importante para otimizar cada vez mais o seu dia (e também a noite). Basta fazer uma lista de tarefas que você precisa realizar, seja digitalmente, seja em um caderno, lousa, post-it. Fica da maneira que seja mais fácil: com cores, destaques, classificações, quadrinhos de checagem.

Sempre priorize o que é mais importante, e procure adicionar prazos. Isso ajuda a inibir distrações. E por falar em distrações, se você participa de reuniões, procure torná-las o mais produtivo possível. Quem nunca passou por inúmeras reuniões que consomem muito do seu tempo e no final pouco tinham a acrescentar para o trabalho?

O especialista em gestão organizacional Daniel Alves dá dicas de como você pode se organizar em relação ao planejamento:

“Coloque seus afazeres no papel — o primeiro passo é visualizar todas as atividades que devem ser encaixadas em sua rotina; tenha metas e prazos — mesmo que não haja prazos externos, defina metas pessoais para concluir cada atividade. Planeje sua rotina com base na sua lista de afazeres e nas suas metas, distribua as atividades ao longo do dia, sendo realista e contando com imprevistos. Planeje pausas — falando em ser realista, é importante planejar pequenas pausas entre suas atividades para manter a disposição. Favoreça seu foco — ter um ambiente de estudo ou de trabalho organizado e longe de distrações é excelente para ter mais concentração. Evite o acúmulo de tarefas — mantenha-se fiel ao seu planejamento e não deixe para fazer nada na última hora. Use recursos de organização — agendas físicas ou virtuais, planners, softwares de gestão de projetos, aplicativos etc. Veja com qual recurso você se adapta melhor; revise sua rotina semanalmente — nos finais de semana, dedique alguns minutos para ver o que você concluiu e o que precisa ser encaixado novamente em seu planejamento. Faça da gestão um hábito — por fim, mantenha a constância e a gestão do tempo se tornará um hábito em sua rotina.”


Lidar com o trabalho remoto

De acordo com a Agência Brasil, 46% das empresas adotaram o modelo home office durante o período de pandemia de COVID19 em território brasileiro. Mesmo com essa transição, 67% dessas empresas relataram ter dificuldades no início, sendo que 34% apontaram problemas nas ferramentas de comunicação e 34% no comportamento dos funcionários ao acessarem os ambientes virtuais.

Ou seja, não só você precisa gerenciar o seu tempo no ambiente de casa, como também se organizar para ter um comportamento apropriado para realizar o seu trabalho.

Muita gente não é acostumada a trabalhar em casa, e essa mudança de rotina pode ser um desafio. Conciliar trabalho com o ambiente de casa, com a família e até com as crianças exige disciplina e planejamento. 

“Para gerir seu tempo home office, separe o pessoal do profissional. Se você cadastrar suas atividades no Todoist, as atividades do dia irão aparecer na aba ‘hoje’. Se usar um aplicativo que filtre, use-o para apresentar somente atividades de trabalho durante o expediente; Utilize ferramentas de gestão de atividades”, comenta Daniel Alves.

Mais algumas dicas que você pode pensar para manter o seu trabalho em casa saudável: vista-se como se fosse trabalhar fora, isso pode ajudar a sua mente. Tenha um ambiente específico reservado para trabalhar, assim você pode treinar o seu cérebro de quando é hora de lazer, e quando de trabalho. Tenha também interrupções programadas. Procure fazer pausas ao longo do dia, seja para um café, relaxar, jogar alguma coisa, cuidar das plantas, o que for. 


Procrastinação, um grande vilão

Quando você deixa de fazer algo e fica em outras atividades que não tem a ver com o trabalho, ou subestima o tempo que você tem para realizar as suas tarefas, são alguns erros cometidos no dia a dia que levam à procrastinação. Uma maneira de lidar com isso é dividir a tarefa em diversas etapas.

“Uma das principais dicas para evitar esse hábito é justamente encará-lo, mas de uma forma  bastante curiosa. A chamada procrastinação estruturada é basicamente uma maneira de enganar o próprio cérebro, de forma que a tarefa principal passe a parecer ser a distração. Confuso? Explicamos: procrastinadores sempre encontrarão passatempos que os afastarão de sua atividade mais importante. Nesse método, a ideia é não evitar o afastamento temporário da tarefa, mas, em vez de ficar perdendo tempo descompromissadamente quando isso ocorre, o ideal é  começar imediatamente outra tarefa. Dessa forma, o objetivo inicial se tornará menos importante, e, quando você menos esperar, estará retornando a ele, para evitar concluir a nova missão. Parece brincadeira, mas esse método existe e funciona para muitas pessoas que têm dificuldade em manter a produtividade”, afirma Daniel.


Distrações e mais distrações

Não muito diferente da procrastinação, as distrações também podem exercer um papel negativo no dia a dia. Hoje temos milhares de mensagens, redes sociais, inúmeras distrações que tiram nosso foco. Isso pode atrapalhar a maneira que lidamos com as demandas, e especialmente causar ansiedade durante o dia. A ideia, portanto, é definir o que é mais importante.

Neste ponto, Daniel é enfático e objetivo: “Tente realizar um pouco de cada vez. Não deixe tudo para a última hora. Equeça a motivação.” 

A técnica Pomodoro pode ser uma aliada

Idealizada por Francesco Cirillo no final dos anos 1980, esta técnica pode servir para realizar tarefas importantes no dia que precisam de foco. Ela é bem simples. Você usa um cronômetro para dividir períodos de 25 minutos, separados por pausas de 5 minutos. E assim vai por duas horas. Fica assim:

25 minutos de foco > 5 minutos de descanso > 25 minutos de foco > 5 minutos de desconto > 25 minutos de foco > 5 minutos de descanso > 25 minutos de foco.


Cuide da sua mente

Por fim, com todas essas informações sobre como se organizar e gerenciar o seu dia, é muito importante que você cuide do seu estado mental. Sem a sua cabeça funcionando bem, nada funciona. Nem mesmo o seu trabalho.


Sete dicas para melhorar a sua vida

O consultor empresarial e especialista em gestão organizacional deixa sete dicas para que as pessoas possam alcançar um bom desempenho acima de tudo em sua vida. Seja no âmbito corporativo, pessoal ou acadêmico:

1 – Pratique exercícios regularmente

2 – Preze pela qualidade do sono

3 – Alimente-se de forma equilibrada

4 – Cultive os relacionamentos

5 – Tire um tempo para você

6 – Cuide da mente tanto quanto cuida do corpo

7 – Tire férias e se desligue totalmente do trabalho

 

A busca incessante da sociedade pelo bem-estar e pela felicidade

O terapeuta Beto Colombo, acredita que as pessoas cada vez mais se tornam especialistas em tecnologias e robôs, mas conhecem cada vez menos em relação a eles mesmos.


 
O Dia Mundial da Felicidade, que aconteceu em 20 de março, foi criado pela Organização das Nações Unidas - ONU em 2012, com o objetivo de promover a felicidade e alegria entre os povos do mundo, evitando os conflitos e guerras sociais, étnicas ou qualquer outro tipo de comportamento que ponha em risco a paz e o bem-estar das sociedades. Embora estejamos enfrentando uma pandemia que perdura por mais de dois anos e agora estamos vivenciando a guerra entre a Rússia e Ucrânia, a determinação da data, é uma forma de ressaltar a importância da felicidade na vida das pessoas em todo o mundo. 

Beto Colombo, terapeuta especializado em filosofia clínica explica que cada um direciona o modo como quer levar a vida, a partir das suas escolhas. Segundo ele, durante a jornada da vida podemos encontrar flores ou pedras, lugares calmos, barulhentos, com sombras, chuvas ou sol, a felicidade está em apreciar o caminho. 

O terapeuta relata que uns buscam ter e outros ser, por isso é fundamental entender o que te traz felicidade e bem-estar emocional. Colombo afirma, que a população entende de tudo, mas não compreende a si mesma. “Muita gente sabe muito sobre quase todos os assuntos, são profundos entendedores de como as tecnológicas funcionam, mas são analfabetos existenciais em relação a eles mesmos. Se, existencialmente, você não se sente bem no seu lugar, possivelmente aquele não é o seu lugar”.

 

1- Conecte seu corpo a mente para desacelerar o pensamento

Saia um pouco do mundo das ideias. Com o isolamento social, desenvolvemos a tendência de ficar idealizando muito as coisas, pensando mais e agindo menos.
 

2- Viva o presente e respeite o tempo das coisas

A ansiedade, na grande maioria das vezes, é gerada por pessoas que vivem no futuro. Essas pessoas costumam acelerar a mente para chegar naquela busca que está elaborando.
 

3- Confie no seu caminho

Há quem diga que ainda não encontrou um caminho na vida. Porém, essas são pessoas que se perderam de si, querendo dar uma resposta à sociedade. Elas vivem pautadas na opinião alheia, e acabam pagando um preço muito alto, já que a sociedade exige sempre mais e mais.
 

4- Não seja um escravo da razão

No meu novo livro, ‘Todo Caminho é Sagrado’, eu falo muito sobre respeitar a nossa intuição, e não se deixar guiar tão somente pela razão, pelo que é lógico. Nós vivemos em uma sociedade que dá muito valor as coisas e se esquece da humanidade, preferindo dar ouvidos somente à razão. Então em ‘Todo Caminho é Sagrado’, eu falo de respeitar aquilo que nós somos, e não ser um escravo da razão. O livro trata disso, do desapego de cargos, de coisas, de pessoas, de pensamentos, da ditadura da razão. 

“Há uma grande diferença entre conhecer o caminho e percorrer o caminho. Não existe caminho errado, todo caminho leva a algum lugar, a felicidade não está na chegada, a felicidade está na jornada”, assegura Beto.

Vamos aproveitar o dia da felicidade para lembrar que apesar de todas as dificuldades, sempre haverá novas possibilidades de viver momentos de muita alegria.


Queda de máscaras aumenta "Síndrome da Cabana"

O esperado fim da obrigatoriedade do uso de máscaras, tão comemorado por muitos, tem sido também o gatilho de medo para outros. O professor de psicanálise Ronaldo Coelho revela que a experiência clínica mostra que algumas pessoas vêm apresentando um medo excessivo de sair do modo em que viveram nos últimos dois anos, ainda que agora o momento seja assegurado pelas autoridades de saúde.  

Esse receio mais extremo de ressocialização é conhecido como “Síndrome da Cabana”. O termo remete à dificuldade de socialização após longos períodos em isolamento, sem contato com pessoas. “Trata-se de uma ansiedade ou angústia que neste momento aparece associada ao fato de encontrar com outras pessoas sem o uso da proteção e segurança que as máscaras representavam”, explica o psicanalista. 

O psicanalista adverte que certo receio ou desconforto neste momento onde a socialização passa a ser novamente demandada, sobretudo para aqueles que estavam contentes por não ter que se haver com a obrigação de estar em contato com outras pessoas e que viam a pandemia como providencial, é bastante esperado. A grande questão, contudo, é quando esses sentimentos ganham o caráter de fobia, passando a desencadear crises e deixar a pessoa rendida, com medo de si mesma, sentindo-se incapaz de retornar à vida social.  

Neste sentido, a atitude mais importante é reconhecer o grau de sofrimento que este momento está produzindo e o quanto está verdadeiramente limitando a vida. “O ‘termômetro’ sobre o momento em que é preciso buscar a ajuda de um psicólogo ou de um psicanalista está em perceber o quanto esta angústia ou receio limita as ações na vida de uma pessoa. Se essa postura tira coisas importantes da vida, acabará por tirar tanto que uma hora a própria vida pode começar a perder o sentido. É fundamental que a pessoa não deixe chegar a este ponto. Em qualquer nível de dificuldade de socialização, a terapia pode ajudar, mas, quando se percebe que a vida está muito limitada, aí temos um indicador importante para sabermos que é preciso buscar ajuda profissional”, afirma.

 

Ronaldo Coelho - idealizador e professor do curso Análise do Discurso na Clínica Psicanalítica, que tem por objetivo formar psicólogos e psicanalistas para realizarem uma análise consistente de seus pacientes desde a primeira sessão. Atua como psicanalista em seu consultório particular e mantém o canal Conversa Psi no YouTube.  Graduado em Psicologia (USP) e Mestre em Psicologia Institucional (USP). @ronaldocoelhopsi


O QUE PRECISAMOS PARA SER FELIZ?

O relatório "World Happiness Report" 2021, Relatório de Felicidade Mundial divulgado anualmente pela ONU, mostra que o Brasil cai pelo 7º ano consecutivo no ranking de países mais felizes. Em 2015, ele estava na 16ª posição e agora se encontra em 39º lugar.

O que está acontecendo com o Brasil não é exclusividade do nosso país, uma série de fatores influenciam para que a felicidade esteja cada vez mais longe da realidade.

A psicóloga e pós-graduada em neurociência Shana Wajntraub, analisa essa posição hoje do Brasil relacionando com o momento que vive o mundo. Nem saímos de uma pandemia e já estamos em uma guerra. "A lição a ser tirada do Relatório Mundial da Felicidade ao longo destes dez anos é que o apoio social, a generosidade mútua e a honestidade dos governos são cruciais para o bem-estar" explica Shana.


SOBRE O RELATÓRIO

Recentemente, foi divulgado o "World Happiness Report" 2021, para medir o grau de felicidade entre os países do mundo. O Brasil ficou na 39ª posição, o terceiro país latino-americano melhor colocado, atrás da Costa Rica (23ª) e do Uruguai (30º). A Venezuela (108º) é o país latino-americano de pior posição, ficando atrás inclusive do Iraque. Para este ranking, é emitida uma nota que vai de 0 a 10 e o país que atingiu a maior nota foi a Finlândia, com 7,82, sendo o país mais feliz do mundo.

Para chegar a esta avaliação, a ONU leva em consideração, além do PIB, um grau de medição específico chamado Felicidade Interna Bruta (FIB), que auxilia na medição do grau de desenvolvimento dos países. Para isso, são levadas em consideração nove dimensões: Bem-Estar Psicológico; Saúde; Educação; Cultura; Gestão do Tempo; Vitalidade Comunitária; Governança; Padrão de Vida e Meio Ambiente.


Neste estudo, o Brasil cai pelo 7º ano consecutivo no ranking de países mais felizes. Em 2015, ele estava na 16ª posição e agora se encontra em 39º lugar.

Segundo Shana Wajntraub "O bem-estar psicológico tem a ver com segurança, com qualidade de vida, com um governo que também passa segurança. Essas pessoas que chegam ao Brasil precisam de muito apoio e ajuda psicológica para seguir em frente.” analisa Shana CEO da Eleve Consulting.

“A pandemia trouxe um grau de ansiedade muito alto, essa ansiedade não diminuiu nos países onde a vacinação ainda não é total. A pandemia deixou o mundo inseguro, e agora essa guerra na Ucrânia novamente deixa o mundo todo inseguro. Não é uma questão só de Russos e Ucranianos afeta o mundo todo. E nesse quesito poder ajudar de alguma forma é um fator que mantém o equilíbrio das pessoas, faz bem pra quem recebe, não só pra quem é ajudado.” explica Shana Wajntraub da Eleve Consulting.
 

“Segundo a Organização Mundial da Saúde cerca de meio milhão de refugiados que fugiram da Ucrânia para a Polônia precisam de apoio para problemas de saúde mental, e estima-se que 30.000 tenham graves problemas. “O relatório indica bem que saber formatar políticas públicas para conseguir obter um crescimento de felicidade social entre a população de cada país é muito importante.” Finaliza Shana. 

 

Shana Wajntraub - psicóloga com MBA em Gestão de Pessoas pela Universidade Federal Fluminense, pós- graduada em neurociências pelo Mackenzie. Mestranda em comunicação e análise de comportamento pela Manchester Metropolitan University- UK (Paul Ekman). Tedx speaker, speaker coach e curadora dos palestrantes do TEDx Campo Grande, professora da HSM. Palestrou no CBTD em 2020e 2021e já impactou mais de 230 mil pessoas em treinamentos na América Latina para Nestlé, Galderma, Sanofi, GPA, Hypera, Locaweb, Seara, AstraZeneca, Dasa, Boehringer, Met Life, Grupo Boticário, vivo, Amil, Magazine luiza, Camil..

@shana.eleve


Desenvolvimento psicomotor e controle emocional: a importância das atividades físicas na educação infantil

Atividades físicas ajudam no desenvolvimento de habilidades
Especialista diz que crianças da educação infantil, de 0 a 5 anos, estão na fase ideal para o desenvolvimento de habilidades motoras. Prática também auxilia no controle emocional

 

O conceito de psicomotricidade é muito importante para o desenvolvimento da criança em seus primeiros anos de vida, porém poucas pessoas sabem o que é. Segundo a Associação Brasileira de Psicomotricidade, essa é a ciência que estuda o ser humano através do movimento, relacionando também suas ações com o mundo interior e exterior. Trata-se da capacidade da pessoa em determinar e executar mentalmente seus movimentos corporais. O conceito está intimamente relacionado ao processo de maturação, no qual o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas.

Na educação, por exemplo, sobretudo na etapa infantil, tal conceito contribui ativamente com a formação dos esquemas corporais, estimulando a prática dos movimentos ao longo das fases. Tais estímulos são propostos através de atividades lúdicas e divertidas. Enquanto brincam, as crianças aprendem na prática como se relacionar com o mundo e o espaço nos quais vivem. 

Ou seja, a questão vai muito além de brincar. É o que reforça o professor de educação física da Escola Canadense Maple Bear, Filipe Ribeiro. “As crianças da educação infantil estão em um momento muito importante para o desenvolvimento das habilidades motoras. Todo o projeto de ensino da instituição é bastante lúdico e colabora de forma geral com brincadeiras, desafios, jogos, coisas que tragam esse desenvolvimento por meio de atividades interativas, algo que elas possam se divertir”, afirma ele.

Segundo Filipe, o momento em que vivemos atualmente, com o retorno das atividades escolares de forma presencial, ressalta de forma mais evidente a importância das atividades de educação física para esse público específico.  

“Em razão da pandemia da Covid-19, as crianças ficaram muito tempo dentro de casa. Nesse ambiente também é possível praticar algumas coisas, mas não é como na escola, em que temos espaço, materiais adequados, o convívio com os colegas. O retorno dos alunos para a escola tem sido muito positivo, pois durante o período de aulas remotas, as aulas de educação física tiveram uma dinâmica muito diferente do que eles estão acostumados. Os encontros eram virtuais, com materiais adaptados, o espaço muitas vezes reduzido, por muitas vezes não tinham com quem realizar as atividades e faziam sozinhos. Eles voltaram com mais vontade de participação”, ressalta o professor. 

 

Aspectos da psicomotricidade

Conforme o professor, durante as aulas de Educação Física, para trabalhar e estimular esse desenvolvimento de habilidades, são utilizadas diversas estratégias. “É importante compreender que nem tudo é lúdico. Existe muita intencionalidade nesse  processo de estímulo”, diz Filipe Ribeiro. “Utilizamos de muitas brincadeiras, muitos jogos, mas o trabalho cognitivo é feito por meio das interações, para que a criança sinta as atribuições, pense e se desenvolva por meio dessas atividades. Quando elaboramos algum jogo ou brincadeira, o objetivo sempre vai além. A ideia é que a criança consiga se organizar, compreender as regras, pensar e criar soluções para os problemas que ela vai encontrar ao longo desse percurso”, destaca o professor.

“Quando penso em uma aula, já tenho que pensar também no aspecto a ser trabalhado. Por exemplo, posso trabalhar a lateralidade, movimentos com as mãos esquerda e direita em crianças na faixa etária de 7 e 8 anos. Nesse caso, poderia colocar um alvo e cada criança faria um arremesso com cada mão. Essa seria uma atividade simples, no entanto, pouco atrativa. Agora, colocando esse mesmo objetivo dentro de uma brincadeira, a dinâmica muda. Posso usar da mesma estratégia em um jogo de queimada, ir alterando as regras, para estimular o uso das duas mãos. Dessa forma, eu atingiria o mesmo objetivo, mas de uma forma mais divertida para eles e que traria outros benefícios, gerando interatividade com os colegas, trabalho em grupo, entre outras questões”, completa Filipe. 

É importante esclarecer ainda que o desenvolvimento mal estruturado da criança pode trazer problemas na escrita e na leitura, entre outros relacionados ao mau desempenho. Cabe aos profissionais e às instituições auxiliarem de maneira favorável, dando recursos, além de apoio e suporte para os estudantes, pois a má formação é muito grave para a formação da criança, gerando atrasos na formação organizacional do indivíduo. 

 

Controlando emoções

Com o retorno para a escola, mais espaço, contato direto com o professor, com os colegas, os alunos ficaram muito animados e empolgados para a aula de Educação Física. Eles esperam muito pelas dinâmicas da aula, por poder correr. Sabemos que eles se divertem de forma geral na instituição, mas agora depois da pandemia, isso está ainda mais forte”, afirma o professor Filipe Ribeiro. 

De acordo com ele, a disciplina também trabalha diversos aspectos emocionais. Filipe destaca que as atividades físicas propostas são gastos de energia importantes para os alunos. “No momento da aula as crianças podem correr, brincar, isso é muito atrativo para eles, mas além disso, gera diversos sentimentos”, afirma. 

“Com a prática das atividades físicas, os alunos gastam energia, conseguem extravasar, conseguem vivenciar o sentimento de perdas, vitórias, superação de desafios. São diversas emoções que auxiliam no desenvolvimento do aluno de forma geral, inclusive nas atividades extracurriculares ou no convívio familiar e social”, completa o profissional.

 

Curando e acolhendo, emocionalmente: a rede de apoio do autista

Psicanalista lembra que autismo não é uma doença, mas sim um transtorno mental que pode ser trabalhado e tratado

 

 

O material científico relacionado ao Transtorno do Aspecto Autista é muito vasto e disponível para todos que querem se informar sobre causas, sintomas, características e tratamento sobre o tema.

 

Um Transtorno que afeta muitas pessoas em todo mundo e que certamente, exige muito das famílias e pessoas que convivem com o autista.

 

Neste sentido, como fica o responsável, amigos, e as pessoas mais próximas, ao portador do transtorno? Como saber lidar com esse cuidado e acolhimento do indivíduo, de forma natural e assertiva?

 

A promoção do respeito e do cuidado para com quem sofre com esse transtorno é uma necessidade real. Visto que, uma das maiores dificuldades é identificar o espectro, entender seus níveis e se adaptar ao aparato acolhedor que é exigido dentro do universo autista.

 

Cada paciente exige um tipo de acompanhamento específico e individualizado, que engloba a participação da família e de seus cuidadores, juntamente com uma equipe profissional multidisciplinar visando à reabilitação global do paciente. Este cuidado e acompanhamento neurológico e/ou psiquiátrico pode sim, ser necessário acompanhar o paciente por toda sua história de vida, com alterações de intensidade e frequência, conforme o nível do espectro.

 

Além disso, se faz extremamente necessária a presença e acompanhamento de uma equipe multidisciplinar designada para atendimento de autistas ou portadores do Espectro, que é formada por um psiquiatra, psicólogo, psicopedagogo, fonoaudiólogo, fisioterapeuta e terapeuta ocupacional.

 

Essa rede de apoio, somada aos familiares e responsáveis, fará intervenções terapêuticas com o objetivo de melhorar a qualidade de vida, saúde e bem-estar do paciente. Profissionais que juntos irão avaliar as capacidades e necessidades do indivíduo, de forma a discriminar as melhores técnicas que podem propiciar cientificamente, maiores chances de melhoras.

 

E quem cuida de quem cuida? E quem acolhe esse familiar que sofre por querer melhores condições para esse paciente? Em primeiro lugar o que precisa ser feito é se municiar do máximo de informações sobre o Transtorno. A ignorância aumenta o preconceito.

 

Pois, quanto mais se entende, se conhece, menos insegurança será instaurada na família. Ao saber identificar as etapas, os níveis e os processos vivenciados pelo portador do transtorno, mais fácil será auxiliar e cuidar. Além disso, quem convive com um autista também precisa estar bem emocionalmente. Se eu não estou bem comigo mesmo, como posso cuidar do outro. Se eu não estou equilibrado como posso oferecer ajuda e acolher quem vive para se equilibrar a cada segundo da vida?

 

 É necessário reforçar o respeito, o amor e a tolerância para que esse indivíduo desfrute de uma vida, com saúde e maior autonomia, uma vez que ainda não temos a cura para esse transtorno. Mas quem cuida também merece e precisa se alimentar de sentimentos bons, positivos e otimistas para acreditar que a cada dia é uma batalha a ser vencida. Para o autista é um dia de cada vez.

 

Enfim, o autismo não é uma doença, mas sim um transtorno mental que pode ser trabalhado, reabilitado, modificado e tratado para que o convívio social seja o mais tranquilo e menos traumático possível. Não é uma sentença. Ele não se cura, mas se compreende e a aceitação e o autocuidado de quem protege e cuida fará muita diferença.

 



Dra. Andrea Ladislau  - Psicanalista (SPM); Doutora em Psicanálise, membro da Academia Fluminense de Letras –cadeira de número 15 de Ciências Sociais; administradora hospitalar e gestão em saúde (AIEC/Estácio); pós-graduada em Psicopedagogia e Inclusão Social (Facei); professora na graduação em Psicanálise; embaixadora e diplomata In The World Academy of Human Sciences US Ambassador In Niterói; membro do Conselho de Comissão de Ética e Acompanhamento Profissional do Instituto Miesperanza; professora associada no Instituto Universitário de Pesquisa em Psicanálise da Universidade Católica de Sanctae Mariae do Congo; professora associada do Departamento de Psicanálise du Saint Peter and Saint Paul Lutheran Institute au Canada, situado em souhaites; graduada em Letras - Português e Inglês pela PUC de Belo Horizonte

 

Conflito Rússia e Ucrânia: como o medo pode impactar nossa saúde mental e física

                                                     

Existem três fatores que são considerados os níveis mais elevados de estresse: perda de um ente querido, perda de um trabalho ou mudança de uma cidade. Estamos enfrentando uma situação em que esses três fatores ocorreram simultaneamente, então dá para se ter uma ideia do patamar de estresse que esse momento está causando. 

 

Em uma guerra, os principais pilares de suas vidas estão sendo destruídos simultaneamente. O limite entre a estabilidade e o pânico é rompido de uma forma abrupta, levando ao que chamamos de transtornos. 

 

O primeiro pode ser considerado um transtorno de pânico, a mente trabalha em um limite máximo buscando sobreviver. Nossas reservas, tanto físicas quanto emocionais, estão sendo drenadas de uma maneira muito rápida.

 

A saúde, como é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é o equilíbrio entre as partes do corpo. A ruptura desse equilíbrio é o que se chama doença, ou seja, as pessoas adoecem e podem desenvolver o que chamamos de transtornos - síndrome do pânico, ansiedade generalizada, depressão etc. 

 

Uma situação de guerra atinge o instinto mais forte do ser humano, que é o instinto de sobrevivência. Isso dispara o alarme máximo de uma forma coletiva. Quando esse instinto é ameaçado, isso é tão forte que atinge o que chamamos de inconsciente coletivo, afetando a todos nós. 

 

Lembrando que, quando falamos de inconsciente coletivo, temos registros de um passado onde tivemos guerra - provavelmente tivemos antepassados que foram atingidos por essas situações. Vivemos em um mesmo planeta, com uma história coletiva em comum. 

 

Podemos também considerar que o pensamento, como sendo uma onda, ele se propaga além da distância física. Ainda mais em tempos de redes sociais onde tudo é muito próximo e todos somos impactados de forma imediata. 

 

O medo é um sentimento normal e necessário, tendo a função de nos proteger em várias situações. Cada pessoa tem uma forma de lidar com o medo. Em uma situação atípica como, por exemplo, uma situação de guerra, parece mais sensato não falarmos em dias, e sim na magnitude da situação. 

 

Com certeza, os níveis altíssimos de adrenalina alteram totalmente o nosso equilíbrio, fazendo com que esse equilíbrio entre as partes fique muito comprometido. Quanto maior o tempo de exposição a situações como essas, maior o comprometimento, causando o que chamamos de transtornos ou o desequilíbrio entre as partes, também chamado como doença. 

 

São vários os transtornos, sendo eles o mais comum é o transtorno de ansiedade generalizada - ou seja, qualquer situação, mesmo que seja pequena, pode desencadear um ciclo muito grande de ansiedade na pessoa, podendo comprometer o sono, alimentação e diversas áreas. 

 

O medo atua fazendo com que as pessoas ponderem riscos e ameaças, tanto físicas quanto emocionais, buscando um bem-estar de uma maneira geral e qualidade de vida também. Imagina uma pessoa não ter medo de saltar de um edifício de trinta andares? O fim seria trágico. O medo é um moderador. Quando ele é exagerado e inapropriado, ele impede a pessoa de viver inúmeras situações. 

 

Sabemos hoje que a depressão, por exemplo, pode desencadear problemas cardíacos, potencializando situações ou pré-disposições, e funcionando como verdadeiros gatilhos. As doenças psicossomáticas, onde o indivíduo descarrega no corpo dores de suas emoções que ele não consegue elaborar. 

 

Um exemplo disso é quando uma pessoa passa por um grande choque ou uma grande perda em um espaço de tempo relativamente pequeno, ela desenvolve doenças consideradas graves. O equilíbrio foi rompido e, com isso, as portas para as doenças se abrem. 

 

Quando é possível, um grande aliado é a mudança de foco, forçando a atenção se voltar para algo leve e saudável. Podendo ser coisas simples como, por exemplo, escutar uma música do seu agrado, ler um livro ou fazer uma caminhada.

 

O objetivo é que se tire a energia de uma situação desagradável e, naturalmente, aconteça um relaxamento. Mas isso deve ser um hábito, e não algo pontual. Essas são maneiras mais simples e eficazes de se lidar com o estresse baixo ou até médio-baixo, sem comprometimento físico, ou seja, aquele onde o corpo ainda não está “falando”.

 

Por exemplo, em situações de pânico, as pessoas podem ter taquicardia, insônia, tremores etc. São situações tão reais que ela acredita realmente que algo grave irá lhe acontecer. Quando a pessoa chega a um pronto socorro, os seus sinais estão completamente normais. 

 

É importante saber diferenciar um do outro, pois quando os sintomas já estão em um nível físico, é de essencial importância que um auxílio médico seja feito muito rapidamente para evitar comprometimentos maiores.

 

Um pilar de fundamental importância em momentos de grande stress é um alinhamento espiritual, a sintonia com algo maior que nós mesmos. Comprovadamente a Fé e a espiritualidade trazem imenso benéfico. Concluímos assim os quatro pilares do ser humano: físico, mental, emocional e espiritual. 

 

Mara Leme Martins -  PhD em psicologia, medicina do comportamento e VP BNI Brasil - Business Network International, a maior e mais bem-sucedida organização de networking de negócios do mundo.


5 dicas para recuperar a autoestima no trabalho

Pandemia, Síndrome de Burnout, desmotivação, infelicidade no ambiente de trabalho, alto índice de depressão, esses foram temas em alta no ano de 2021, mas, com a chegada de um novo ano novo, é possível reverter esse cenário com algumas medidas; confira o passo a passo para começar 2022 renovado e motivado 


 

O ano de 2021 foi marcado por muitos debates sobre a infelicidade no mercado de trabalho. Um dos temas recorrentes foi a crescente nos casos de Síndrome de Burnout, em pessoas que extrapolavam as horas de trabalho em home office. O transtorno que é causado pelo esgotamento físico e mental, devido a rotina de trabalho exaustiva, é um exemplo de como as empresas precisam se reinventar para não prejudicar os colaboradores e até sua presença no mercado. Outros temas debatidos também foram o aumento do turnover nas empresas, além do estresse e problemas com sono/concentração devido a pandemia. 

 

Em meio às mudanças na vida profissional e pessoal, se adaptar pode se tornar um processo difícil e doloroso e que também pode trazer danos para a autoestima. Para se ter ideia, de acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo (USP), em onze países, o Brasil lidera os casos de depressão e ansiedade durante a pandemia. De acordo com o estudo, o país é o que mais tem casos de ansiedade (63%) e depressão (59%). Números como esses mostram como a saúde mental dos brasileiros foi afetada durante a pandemia.

 

De acordo com Tomás Camargos, sócio-fundador da VIK - startup que nasceu para ajudar as empresas a melhorarem a saúde de seus colaboradores, implementando um programa que visa transformar a vida das pessoas e o resultado das corporações -, as empresas devem enxergar a saúde como um investimento e não como uma linha de custo para a empresa. “As boas organizações precisam investir no bem-estar dos membros da equipe para evitarem, futuramente, gastarem com doenças causadas pelo sedentarismo e estresse, por exemplo. Isso também permite com que elas diminuam consideravelmente os custos das organizações com plano de saúde, absenteísmo e baixa produtividade. No Brasil. esse movimento vem acontecendo, em que a preocupação com a saúde está cada vez mais consciente e estratégica para as corporações”, revela. 

 

Para a psicóloga Vanessa Gebrim, especialista em Psicologia Clínica pela PUC de SP, sentir-se bem tem sido um desafio para muitas pessoas e colaboradores nessa fase de pandemia. “As frustrações comprometeram até mesmo a autoestima, já que muitas pessoas não conseguiram realizar os projetos que tinham planejado. Esse aumento nos casos de depressão e ansiedade se deram também por conta das mudanças drásticas na rotina, além de todo o medo e incerteza que vieram junto. Às pessoas ficaram com as emoções à flor da pele, o que prejudica o equilíbrio e contribui para a baixa autoestima”, explica.

 

 

Abaixo, os especialistas listam cinco dicas para recuperar a autoestima no trabalho. Confira:

 

1 - Faça amigos no trabalho: ter uma amizade no trabalho torna os colaboradores mais engajados e felizes. Isso é o que diz uma pesquisa realizada pelo Instituto Gallup que revela a importância de ter um melhor amigo no ambiente profissional. “Muitas vezes, com a correria do dia a dia, as empresas deixam de lado o incentivo para que as equipes se conheçam, uma das formas de mudar esse cenário é optar por programas de gamificação que levem engajamento, saúde e socialização entre os colaboradores”, indica Camargos. 

 

Para ele, é possível incentivar essa relação de amizade por meio de atividades físicas. “Durante o programa corporativo de saúde e integração desenvolvido pela VIK, por exemplo, os colaboradores de uma determinada empresa participam de uma competição virtual de atividade física, por meio de um sistema gamificado e suas atividades físicas aparecem em um ranking que funciona como uma rede social saudável. O programa gera um movimento interessante, as pessoas começam a conversar em torno de um assunto prazeroso e, naturalmente, as relações são suavizadas ao longo do período”, explica.

 

2 - Cuidados com sua saúde física e mental: o Brasil é um dos países mais sedentários da América Latina. Segundo uma pesquisa divulgada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), quase metade dos brasileiros - 47% - não praticam exercícios suficientes para manter o corpo saudável. Outro dado alarmante é sobre a saúde mental da população, já que o país tem o maior índice de prevalência da doença na América Latina. As empresas podem ajudar a transformar os hábitos e a rotina dos funcionários. “É fundamental que os líderes pensem no impacto da saúde no potencial humano e a importância da implementação de programas de saúde/qualidade de vida para os colaboradores. Por isso, devem disponibilizar momentos de lazer, atividades físicas em grupo, meditação e confraternização”, aconselha Camargos.

 

Além da mudança na prática de atividade física e no sedentarismo, a implementação de programas de humanização afeta outros setores da vida dos colaboradores. “Percebemos as transformações de hábitos nos participantes mais conscientes quando se trata de nutrição, álcool, cigarro, diminuição do estresse e melhora no sono/concentração”, conta Tomás.

 

3 - Faça terapia: a falta de autoestima pode ser uma ponte para quadros de ansiedade, medos, fobias e até para depressão. “Procurar um profissional pode ser necessário e ajuda no sentido de fazer com que o paciente entre no processo de autoconhecimento, trazendo mais segurança e autonomia para sua vida. Além disso, contribui no controle das emoções, fortalecendo a autoconfiança e autoaceitação. Existem abordagens e técnicas bastante eficazes que podem ser a chave para a melhora do bem-estar emocional da pessoa”, explica Vanessa Gebrim.

 

4 - Esteja alinhado com o propósito da empresa em que trabalha: de acordo com uma pesquisa realizada pela Sodexo Benefícios e Incentivos, 53,8% dos brasileiros acreditam que seu propósito de vida está conectado com seu trabalho atual. “Mais do que um salário alto e benefícios, os colaboradores querem se sentir uma parte fundamental da empresa. Hoje, vida pessoal e profissional estão interligadas, somos uma mesma pessoa”, acrescenta Camargos. 

 

As corporações que não se adaptarem vão ser ultrapassadas. “As startups são a prova de como esse cenário mudou, ninguém quer mais passar horas sentado no escritório, sem um momento de interação ou com roupas sociais desconfortáveis. As pessoas procuram qualidade de vida, horários flexíveis e experiências novas”, finaliza Camargos. 

 

 

5. Se olhe e se entenda: é importante entender que tudo o que a pessoa fizer que, de alguma forma, contribua para que ela se orgulhe de si, a ajudará a fortalecer sua autoestima. “Quando a pessoa está focada em seus aspectos negativos, a insegurança certamente estará presente em sua rotina e relacionamentos. Dentro do processo de autoconhecimento, a pessoa aprende a gerenciar suas emoções e desenvolve sentimentos positivos sobre si e sobre o mundo”, conclui a psicóloga Vanessa Gebrim.

 

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Vanessa Gebrim - Pós-Graduada e especialista em Psicologia pela PUC-SP. Teve em seu desenvolvimento profissional a experiência na psicologia hospitalar e terapia de apoio na área de oncologia infantil na Casa Hope e é autora de monografias que orientam psicólogos em diversos hospitais de São Paulo, sobre tratamento de pacientes com câncer (mulheres mastectomizadas e oncologia infantil). É precursora em Alphaville dos tratamentos em trauma emocional, EMDR, Brainspotting, Play Of Life, Barras de Access, HQI, que são ferramentas modernas que otimizam o tempo de terapia e provocam mudanças no âmbito cerebral. Atua também como Consteladora Familiar, com abordagem sistêmica que promove o equilíbrio e melhora relações interpessoais. Tem amplo conhecimento clínico, humanista, positivista e sistêmico e trabalha para provocar mudanças profundas que contribuam para a evolução e o equilíbrio das pessoas. Mais de 20 anos de atendimento a crianças, adolescentes, adultos, casais e idosos, trata transtornos alimentares, depressão, bullying, síndrome do pânico, TOC, ansiedade, transtorno de estresse pós traumático, orientação de pais, distúrbios de aprendizagem, avaliação psicológica, conflitos familiares, luto, entre outros.


Programa incentiva a inclusão social através do esporte e educação, e contribui para o descobrimento de novos talentos esportivos

DNA do Brasil – Talentos foi idealizado pelo Instituto IDECACE e está presente em três estados e no Distrito Federal beneficiando estudantes da rede pública de ensino

 

A inclusão social por meio do esporte, e da educação, é o fundamento norteador do programa DNA do Brasil desenvolvido pelo Instituto para o Desenvolvimento da Criança e do Adolescente pela Cultura, Educação e Esporte (IDECACE). Hoje, o projeto que tem apoio do Governo Federal está presente nos estados do Tocantins, Pará, Amazonas e no Distrito Federal. O objetivo do Instituto IDECACE é tornar o DNA do Brasil referência no país nas questões que envolvem sustentabilidade social instrumentando pessoas, empresas e organizações não-governamentais.

“Nosso desafio é muito maior que criar um programa de inclusão social através do esporte. Envolvemos professores, gestores, família e criamos uma cadeia produtiva do esporte profissionalizante. O DNA do Brasil envolve um protocolo completo, e único no mundo, onde são analisados aspectos físico-motores, psicológicos, ambientais e vocacionais de cada um dos membros participantes”, afirma o presidente do IDECACE, Wilson Cardoso.

Ainda segundo o presidente, “o esporte é um instrumento para fazer análises complexas das crianças e dos adolescentes para o desenvolvimento humano, além de ensinar a língua portuguesa, matemática e ciências naturais através da prática esportiva”.

No último dia 22 de março, o programa foi lançado no Tocantins onde atenderá 46.017 mil estudantes matriculados em 230 escolas da rede pública de ensino. A cerimônia contou com a participação do presidente Jair Bolsonaro e da ministra Damares Alves, titular do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, que contribuiu para o projeto chegar ao estado da Região Norte do Brasil.

Agora, o Instituto IDECACE trabalha na expansão do programa no Pará, onde serão assistidos 1.061 alunos; no Amazonas (2 mil alunos) e no Distrito Federal (5.032 alunos). “Pretendemos revolucionar a educação do Brasil com o nosso programa”, pondera Wilson Cardoso.


O programa

O processo de implantação do programa DNA do Brasil começa pela capacitação dos gestores, docentes, colaboradores e demais membros da comunidade educacional em escolas selecionadas. Uma vez implementado, o corpo técnico do Instituto IDECACE passa a assumir a coordenação e mediação dos processos de ensino e aprendizagem, com a disponibilização dos cursos de capacitação e especialização.

“Os professores são a base do programa e eles são devidamente capacitados pela metodologia de ensino que disponibilizamos por meio de plataformas digitais oferecidos, também, para as famílias dos estudantes e gestores da educação. Com isso, o DNA do Brasil se torna o maior programa de métricas de desenvolvimento humano em nosso país”, explica o presidente do IDECACE, Wilson Cardoso.

O programa contribui para a inclusão social, formação de atletas, detecção de talentos esportivos, orientação vocacional, publicação de materiais de apoio para professores e alunos da rede pública de ensino e criação de uma campanha social para envolvimento da população.

O Instituto Idecace tem como missão transformar vidas de crianças e jovens por intermédio do esporte e da educação. Já são 17 anos fazendo a diferença no dia a dia de várias pessoas através de um programa bastante diversificado e abrangente desempenhado com muita dedicação e comprometimento com o social.

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