Segundo o Ministério da Saúde, mais de cem mil
brasileiros morrem todo ano em decorrência de acidente vascular cerebral
90% dos casos podem ser prevenidos através de
hábitos saudáveis
Em 2006, a Organização Mundial da Saúde e a
Federação Mundial de Neurologia instituíram a data de 29 de outubro como o Dia
Mundial do AVC com o objetivo de engajar os profissionais de saúde e o público
em geral na luta pela melhora das condições de tratamento e prevenção do
acidente vascular cerebral.
O Hospital Santa Paula, referência em neurologia em
São Paulo, acaba de inaugurar o Instituto de Neurologia Santa Paula com foco em
atendimento de alta complexidade, entre eles o tratamento pós-AVC. O hospital
conta com uma unidade de terapia intensiva (UTI) neurológica, equipe
multidisciplinar especializada para assistência em todas as fases do tratamento
e um ambulatório pós-alta que avalia o paciente com 30 dias, seis meses e um
ano.
O Santa Paula possui ainda a certificação da Joint
Commission International (JCI) para seu programa de cuidados aos
pacientes acometidos por acidente vascular cerebral isquêmico (AVCi). O
hospital foi o terceiro na América Latina a receber esta importante
certificação.
De acordo com a coordenadora do Instituto de
Neurologia do Hospital Santa Paula, Renata Simm, o AVC é uma das principais
causas de sequelas no Brasil. “A identificação precoce dos sintomas e o início
das medidas terapêuticas são fatores de extrema relevância para o sucesso do
tratamento e redução das consequências neurológicas”, afirma.
Para contribuir no aumento da conscientização e
acesso às melhores práticas de tratamento, a especialista listou abaixo as
dúvidas mais comuns sobre o AVC. Confira:
1 – Como identificar o AVC?
Os sintomas mais comuns são fraqueza ou
formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo;
confusão mental, alteração da fala, alteração na visão, desequilíbrio, falta de
coordenação, tontura e/ou dor de cabeça súbita e intensa.
2 - O que fazer em caso de suspeita de AVC?
É muito importante que o atendimento seja realizado
dentro de um período de no máximo três a seis horas após o início dos sintomas.
A eficiência do tratamento depende diretamente da agilidade dos serviços de
emergência, incluindo o transporte imediato para o hospital e os serviços de atendimento
pré-hospitalar.
3 - Como é feito o diagnóstico?
O primeiro diagnóstico é feito por meio de suspeita
clínica, logo na chegada ao hospital, no serviço de emergência. Em seguida são
realizados exames de neuroimagem, como tomografia de crânio ou ressonância
magnética.
4 – Qual a diferença entre AVC isquêmico e AVC
hemorrágico?
O AVC isquêmico ocorre quando há obstrução ou
redução brusca do fluxo sanguíneo em uma artéria cerebral. Já o AVC hemorrágico
é causado pela ruptura de um vaso, o que leva à hemorragia, e pode ocorrer
dentro do cérebro, ou nas meninges. O AVC isquêmico é o mais comum (87% dos
casos).
5 – Quem pode sofrer um AVC?
Existem alguns grupos de risco e sua incidência
cresce à medida que a idade avança. Quem tem predisposição a problemas
cardiovasculares está no grupo de risco, entre eles hipertensos e diabéticos.
Fumantes, sedentários, pessoas com dieta rica em gordura e/ou que fazem uso
regular de bebidas alcoólicas também têm chances de sofrer um acidente vascular
cerebral. O uso de pílulas anticoncepcionais também pode favorecer o surgimento
de AVC, principalmente em mulheres fumantes.
6 - AVC deixa sequelas?
Se o paciente demorar mais de quatro horas para
receber os primeiros socorros, ele pode ficar com sequelas. As mais comuns são
paralisação de um lado do corpo, com espasticidade (contrações involuntárias
dos músculos), dificuldade na fala e alteração de memória. O fator fundamental
para um bom resultado é o tempo. Quanto menor o tempo entre os sintomas e o tratamento,
maiores as chances de recuperação.
7 – É possível prevenir o AVC?
Sim, 90% dos casos de AVC podem ser prevenidos
através de hábitos saudáveis, cuidados com a saúde e informação sobre a doença.
Fazer exercícios regularmente, alimentar-se de maneira saudável, controlar a
pressão arterial e o colesterol, assim como evitar o consumo de cigarros e
bebidas alcoólicas são as melhores maneiras de evitar o AVC.
8 – Como tratar o AVC?
O tratamento do AVC isquêmico pode ser realizado
com medicamento trombolítico, que possui a capacidade de dissolver o coágulo
sanguíneo que está entupindo a artéria cerebral. O medicamento deve ser
administrado por via venosa ou cateterismo nas primeiras quatro horas do início
dos sintomas. No caso de AVC hemorrágico, o tratamento pode ser cirúrgico ou
clínico, depende do volume da lesão, da localização cerebral e da condição
clínica do paciente. Um bom programa de reabilitação pós-AVC conta com uma
equipe de fonoaudiologia, fisioterapia, enfermagem e terapia ocupacional, que
deverá traçar um plano terapêutico individualizado, baseado nas sequelas
neurológicas, para garantir a qualidade de vida do paciente.
9 - Por que as mulheres são mais suscetíveis ao
AVC?
Seis em cada dez mortes por AVC ocorrem em mulheres
porque há diferenças em relação à imunidade, à coagulação, aos fatores
reprodutivos, à fibrilação atrial e aos fatores psicológicos. Entre os fatores
de risco estão a pré-eclâmpsia, que pode levar ao AVC durante a gravidez ou
após o parto, o uso de anticoncepcionais, depressão, enxaqueca com aura e idade
avançada.
10 – Jovens podem ter AVC?
Sim, inclusive crianças e recém-nascidos, porém é
mais raro. Quanto mais
idade tem uma pessoa, maior a chance de ela ter um AVC.
Reabilitação
A World Stroke Organization, referência
global em AVC, escolheu como tema do Dia Mundial do AVC deste ano a campanha:
"Encare os fatos. AVC é tratável. Vidas podem melhorar com ação,
consciência e acesso".
O Instituto de Neurologia do Hospital Santa Paula
realiza o tratamento pós-AVC isquêmico tão logo o paciente tenha condições, já
na UTI hospitalar, e envolve uma equipe multidisciplinar. As opções
terapêuticas variam entre medicações orais, órteses, tratamento postural e
aplicação da toxina botulínica A. O objetivo primordial é que o paciente retome
suas atividades diárias da forma mais independente possível.
“Em torno de 20% a 30% dos pacientes que sofreram
AVC isquêmico têm como sequela a rigidez dos músculos. O tratamento feito com
toxina botulínica A apresenta resultados nos primeiros cinco dias e pode evitar
procedimentos cirúrgicos e os efeitos colaterais dos medicamentos”, explica
Alexandre Bossoni, neurologista do Instituto de Neurologia Santa Paula.
A toxina botulínica A é um agente biológico que
trabalha pontualmente sobre a capacidade do nervo motor do músculo,
proporcionando o relaxamento muscular e melhora no movimento das articulações.
A aplicação é feita em segundos com a utilização de
uma seringa. Os primeiros efeitos ocorrem na primeira semana e tem maior
potencial entre 15 e 30 dias após a aplicação. A validade da toxina botulínica
é de seis meses no organismo. Se necessário, é possível fazer a reaplicação
após este período.
Para fazer a reabilitação, o paciente passa por uma
avaliação fisioneurológica, onde o médico examina a força e o movimento de cada
grupo muscular e identifica possíveis necessidades da aplicação da toxina
botulínica. A espasticidade é uma sequela comum em pacientes pós-AVC
determinada pela rigidez nos músculos. Se não for tratada, pode resultar em as
articulações paralisadas e o paciente corre o risco de não conseguir mexer o
membro lesionado.
Além do acompanhamento neurológico, o paciente
também conta com a atenção de terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas, que
trabalham em conjunto para garantir que o paciente volte a ter o movimento
perdido.
“Pessoas de qualquer idade podem receber a
aplicação da toxina botulínica. É o tratamento mais indicado e pode ser feito
várias vezes sem causar efeitos colaterais. A exceção serve apenas para
grávidas e pessoas que apresentaram alergias ou infecções após a aplicação. O
resultado é garantido quando se tem o acompanhamento de outros profissionais
como fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais”, afirma Bossoni.
Hospital
Santa Paula
Av. Santo Amaro, 2468 – Vila Olímpia - (11)
3040-8000