Dezembro e janeiro são os meses preferidos das crianças por várias razões. Para
algumas porque estão de férias e para outras porque podem ficar mais perto dos
pais, avós e familiares. No entanto, também é o período no qual contraem com
mais frequência algumas doenças sazonais e até comuns na infância. No texto de
hoje vou falar sobre alguns cuidados importantes que devemos adotar para evitar
mal-estar e enfermidades no dia-a-dia. Entre algumas doenças mais comuns
estão:
Doenças
gastrointestinais:
Nas férias e no calor não dá muita vontade de se
alimentar com comidas “pesadas” e, sim, optar por saladas, frutas, salgadinhos
e gostosuras. Vale lembrar que com a alta temperatura é comum os alimentos
terem menor tempo de vida útil e provocarem intoxicação e até alergias em quem
os ingere. Além disso, há risco de contrair hepatite A por meio de ingestão de
água e alimentos contaminados, assim como pela falta de higiene adequada nas
mãos. Para evitar problemas como diarreia e vômito é importante lavar sempre as
mãos, lavar brinquedos e utensílios assim que as crianças brincas, evitar
locais com aparência suja e ou sem manutenção de limpeza e nunca permitir a
troca de mamadeiras, chupetas e alimentos entre as crianças.
Entre as principais doenças do trato digestivo no
verão estão: infecções intestinais, geralmente causadas por alimentos
contaminados e ou que provocam alergias e síndrome do intestino irritável
(colite nervosa ou doença funcional do intestino). A salmonela é uma das
principais causas de infecção no verão e está presente em alimentos como
maionese, ovo, frango e peixe, causando vomito e diarreia aguda.
Outra doença comum é a
dispepsia, caracterizada com a dificuldade de digestão, mal-estar, dores no
abdômen e sensação de saciedade precoce, seguida de sensação de enfartamento. A
azia também é comum em crianças, ainda mais quando se ingere muito
refrigerante, gorduras, industrializado e alimentos ou bebidas com má
conservação. Como dica, é importante comprar os produtos (bebidas e comidas) de
locais que garantam o mínimo de higiene e procedência dos mesmos, além de
higienizá-los adequadamente com água potável e preparo correto, sobretudo
saladas, frutas e alimentos crus.
Rotavírus:
O Rotavírus é uma das principais causas de diarreia
grave em bebês (lactantes), crianças e jovens. Conhecido também como
gastroenterite, possui sete tipos diferentes, mas apenas três são possíveis de
infectar o ser humano. Temido pelos pais é uma das enfermidades que requerem,
de fato, cuidados especiais e imediatos por ser de fácil contágio e provocar
desidratação rápida. Crianças menores de dois anos são mais suscetíveis a
doença e apresentarem episódios mais intensos, requerendo, em alguns casos
acompanhamento hospitalar. Maiores de dois anos costumam ter menores
desconfortos, mas também precisam de diagnóstico feito pelo médico pediatra. No
Brasil já existe a vacina, que inclusive é aplicada na rede pública de
saúde.
Entre
os principais sintomas estão: vômito seguido de desinteresse em comer e beber
água; diarreia aguda, geralmente aquosa, com cheiro forte e ruim, sem sinais de
muco e ou sangue; mal-estar e febre; dores no corpo e náusea; em casos severos,
desidratação considerados mais graves e que precisam de cuidados imediatos e
até hospitalares. Duram em média entre três a oito dias e tendem a sumir. Vale
dizer, ainda, que existem ocorrências em que a infecção não apresenta sinais e
passa desapercebida – principalmente em adultos. Também, nos quadros moderados,
dura alguns dias e regride.
O diagnóstico se dá por meio
de consulta presencial e quando necessário com exames laboratoriais devido
apresentar sintomas semelhantes ao de outras doenças. Antes de qualquer
medicação é importante manter a criança hidratada para repor o liquido perdido
nos episódios de diarreia e vômito. Ofereça água, soro (caseiro ou indicado
pelo pediatra), suco natural e, no caso de lactantes, amamentação livre. O
médico (a) que irá indicar medicação, caso seja necessário.
Desidratação:
A desidratação acontece quando o corpo perde mais
líquido do que deveria e pode ocorrer por conta de doenças, sudorese e até
mesmo pela falta de ingestão de água e líquidos saudáveis como sucos naturais,
leite materno e água de coco, por exemplo. Episódios de diarreia e vômito
merecem atenção para evitar a desidratação, assim como a exposição da criança à
locais muito quentes e ou abafados que promovam suor e mal-estar.
Fiquem atentos aos sintomas que podem
variar entre olhos fundos (olheira e abatimento), boca e língua secas (pouca saliva),
falta de vontade de fazer xixi por longos períodos, choro seco (ausência de
lágrimas), pele enrugada com aspecto opaco e sem vida (medido na região do
umbigo), moleza, irritabilidade e procrastinação (vontade de não fazer nada).
Nos bebês a moleira tende a ficar mais funda. Em casos mais severos a criança
pode apresentar respiração acelerada e curtinha no qual indica a necessidade de
atendimento médico presencial imediato.
Para evitá-la é importante sempre oferecer líquidos
para as crianças mesmo que recusem ou digam que não estão com sede. Em períodos
mais quentes do ano, quando desfrutamos das delícias que a piscina e mar
oferecem, temos a falsa sensação de não sentir sede e ou de não precisar tomar
água. Engano, é nestas situações que se deve redobrar os cuidados e hidratar
mais as crianças. Uma dica boa é oferecer suco/água com gelinhos em formato de
personagens ou picolés de frutas à base de água para hidratar e equilibrar a
temperatura do corpo.
Otite
por excesso de água nos ouvidos:
Mergulhos e banhos de mar são comuns nesta época e
com eles a dor de ouvido. Grande parte dos atendimentos ambulatoriais nas
férias se dá por conta de casos de otite, que se trata da inflamação do ouvido
médio, interno ou externo, geralmente com infecção. Para alguns casos é
necessário o uso de antibióticos, além de remédios com aplicação local. Quando
uma criança reclamar de dores na região do ouvido acreditem pois é um incomodo
que provoca muito sofrimento e até desespero.
Para identificar os sintomas fiquem atentos quando o bebê ou a criança
ficar puxando a orelha ou levando a mão constantemente na região. Também, febre
repentina, dores de cabeça, zumbido ou surdez momentânea, vazamento de liquido
do ouvido, assim como mal-estar, falta de apetite e problemas para dormir.
Procure o médico pediatra em consulta presencial para exame clínico e, se
necessário, exames laboratoriais ou indicação para especialistas
otorrinos.
Se for entrar na
piscina e no mar recomende para as crianças e para quem cuida delas evitar
mergulhos ou a cabeça submersa sobre a água, o que favorece a penetração de
água e consequentemente pode provocar otite por excesso de água nos ouvidos.
Para evitar, é aconselhável o uso de tocas tipo de natação, que contribuem para
minimizar a entrada de líquidos na região.
Problemas de pele:
O filtro solar não basta para evitar problemas de pele no calor. Doenças
como dermatites, alergias e reações químicas de produtos são comuns no verão e
merecem atenção. Entre as principais em crianças estão: brotoejas e bolinhas
com ou sem pus, coceiras, vermelhidão por excesso de sol e também por infecção
de bactérias oriundas de diversos mecanismos (animais, alimentos, água
contaminada, etc.), além de reações alérgicas de produtos como filtro solar,
repelentes e hidratantes.
Para todos os sintomas é importante a avaliação
presencial do pediatra que recomendará o melhor tratamento possível. Tenha
cuidados com alguns alimentos, especialmente os cítricos que provocam
queimaduras com a exposição solar. O maracujá também está nesta lista pois,
embora muitas pessoas não saibam, ele em contato com a pele e sol é perigoso e
causa queimaduras graves. Lembre-se de não usar perfumes e produtos que não são
recomendados para a exposição solar, na piscina e na praia.
O filtro
solar deve ser comprado (de preferência) sob recomendação do pediatra e nunca
deve ser passado em crianças menores de seis meses de idade – para esta faixa
etária é proibido a exposição solar fora dos horários recomendados das 8h às 9h
e das 17h às 18h, no horário de verão. Para locais compartilhados com animais
como gatos e cachorros, por exemplo, é importante usar chinelos e calçados
apropriados para evitar micoses, bicho geográfico (infecção por bactérias de
larvas expelidas nas fezes dos animais), além de doenças infectocontagiosas
como leptospirose.
Em
dias quentes, procure usar roupas leves, calçados confortáveis e bonés ou
chapéus que protejam os olhos e o rosto. Evite a exposição nos horários de pico
de temperatura, assim como locais sem procedência e higiene garantidos por
órgãos de saneamento básico. Use filtro solar mesmo nos dias nublados e sempre
reaplique a cada duas horas, mesmo quando a recomendação na embalagem for maior
do que este período. Com o suor, idas e vindas na água do mar, piscina e
enxugadas nas toalhas, o produto tende a sair com maior facilidade. Não custa
prevenir, é mais fácil do que remediar depois com dor e choros! Boas férias, passeios
e curtição em família ou com os amigos!
Dra. Priscila Zanotti
Stagliorio - É médica
pediatra há mais de dez anos, atua na zona norte de São Paulo, em consultório
particular, no Pronto Socorro do Hospital São Camilo – unidade Santana, e na
rede Dr. Consulta – unidades Tucuruvi e Santana. Em seu currículo possui
diversas participações em congressos, cursos de especialização e atuações em
prontos socorros, clinicas e ambulatórios médicos da grande São Paulo –
Capital. Oferece curso personalizado para gestantes e mamães com
recém-nascidos, com o objetivo de ajudá-las na mais importante missão de suas
vidas: ser mãe. Para solicitar informações sobre os cursos escreva para: priscilazs@yahoo.com.br
/ dicasdepediatraemae@gmail.com
/ contato@jcgcomunicacao.com
- coloque no assunto a informação que deseja saber e ou solicitar. O
consultório está localizado na Av. Leôncio de Magalhães, 395, Santana- SP / 11-
2977-8697.