Segundo o Banco Central, só em 2016, dos quase R$
20 bilhões gastos por brasileiros em imóveis no exterior, R$ 7,5 bilhões foram
destinados a compra de residência nos Estados Unidos
O Comitê de Datação dos ciclos econômicos (Codace),
criado em 2008, que tem a finalidade de determinar uma cronologia de referência
para os ciclos econômicos brasileiros, apontou recentemente que um dos maiores
períodos de retração da economia brasileira começou no segundo trimestre de
2014, e terminou no último semestre de 2016, provocando queda acumulada de 8,6
% no PIB.
Devido a este panorama, muitas pessoas perderam
seus postos de trabalho, salários foram cortados e os empresários pisaram no
freio quando o assunto é investir. Por isso, muitas pessoas decidiram sair do
país em busca de crescimento profissional e estabilidade econômica, aliada a
uma vida mais segura, sem tantos sobressaltos financeiros.
"Definitivamente, o Brasil está perdendo além
de investimentos, profissionais qualificados que se dedicaram anos a profissão
e carreira, além de empreendedores, que podem movimentar a econômica com
geração de emprego e renda", explica Daniel Toledo, advogado especialista
em direito de imigração, negócios e diretor da Loyalty consultoria.
E o movimento vem crescendo a cada ano. De acordo
com os últimos dados apurados pela Receita Federal, de 2011 até 2017, o número
de brasileiros que deixaram seus lares cresceu em 160%. E segundo o banco
central, só em 2016, dos quase R$ 20 bilhões gastos por brasileiros em imóveis
no exterior R$ 7,5 bilhões foram destinados a compra de residência nos Estados
Unidos. "Mais de 60% dos investimentos vêm do Brasil, sendo que ano
passado este número praticamente dobrou, principalmente os que são destinados a
setor de imobiliário", aponta o especialista.
Na última palestra promovida pela consultoria no
início de novembro, sobre o EB-5, modalidade de visto que possui um custo de
500 mil dólares, houveram 600 inscritos." Trata-se de um número inédito
até mesmo em relação a outras consultorias. Desde, 32 entraram em contato
interessadas pelo processo. Um número bastante expressivo se pensarmos, que
juntos, eles representam um investimento de mais de 16 milhões de dólares.
Essas pessoas encontram no solo americano mais chance do seu sonho
prosperar", explica Daniel.
Até 150 mil dólares
O visto L-1 (categoria não-imigrante) permite que
uma empresa estrangeira transfira um executivo para seu escritório nos EUA.
"É importante que o gestor exerça uma função administrativa. Além disso, é
preciso demonstrar capacidade de administrar um negócio e também apresentar um
faturamento de 150 mil dólares. O visto tem validade de um ano, após a
aprovação. Após esse período, é necessário fazer a prestação de contas. Caso
tudo seja cumprido, a permissão é renovada por mais dois anos", destaca o
advogado.
O E-2, categoria de visto que contempla brasileiros
que também tenham cidadania em países com tratado de comércio ou de navegação
com os Estados Unidos, como é o caso da Alemanha, Espanha, França, Itália,
podem ser aplicado para quem deseja investir e morar de forma permanente na
América do Norte, além de apresentar um investimento de pelo menos 120 mil
dólares em um negócio de risco. O cônjuge do investidor recebe automaticamente
uma autorização de trabalho sem restrições e as crianças menores de 21 anos
estão incluídas.
Carlos Eduardo Ghiraldi atua no segmento contábil e
jurídico há 10 anos. Devido ao tempo dedicado a atividade, ele considera que
hoje já alcançou uma certa estabilidade financeira, mas a incerteza política e
a violência são dois fatores que levaram o empresário a se planejar para mudar,
de forma definitiva, para os Estados Unidos. "A nossa imigração ocorrerá
até o fim de 2018. A princípio, vou seguir com prestação de serviço no ramo
imobiliário e morar na região de Miami", destaca.
Como possui cidadania italiana, Carlos vai
solicitar o E2. "Desta forma, a minha esposa recebe também autorização
para trabalhar. Quero que os meus filhos tenham acesso a boas escolas,
segurança e qualidade de vida", conclui.
Daniel Toledo - advogado e
sócio fundador da Loyalty Miami. A consultoria que atua há 11 anos no segmento de
obtenção de vistos e transferências de executivos realiza, em média, cinco
atendimentos por dia. Em 2016, foram mais de 150 processos.