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quarta-feira, 18 de outubro de 2017

É preciso conversar com o bebê ainda no útero



 Psicóloga Lizandra Arita fala sobre o papel da psicoterapia durante e depois da gestação




Medos, inseguranças, incertezas... O período de gestação é marcado por diversas alterações no corpo da mulher, assim como em seu emocional. Desejada ou não, o fato é que, na maioria dos casos, a gravidez não é planejada e, deste modo, a maioria dos casais não está pronta pra lidar com a chegada de um novo integrante na família.



Segundo a psicóloga Lizandra Arita, durante a gravidez, o inconsciente feminino sintoniza uma frequência mais intensa e assim é possível que traumas vividos na infância venham à tona. “Sem que ninguém perceba, todas as pessoas guardam perturbações no inconsciente que foram vivenciados durante a gestação da própria mãe. Por conta das alterações hormonais, a mulher fica mais sensível e estes abalos chegam de uma forma mais radical e podem afetar diretamente o bebê.”, alerta a psicoterapeuta.

A criança dentro do útero não entende que estas sensações são de duas pessoas diferentes. Assim, passam a achar que os sintomas que a mãe transmite pertencem a eles também. “É importante que a mulher transmita ao seu filho a segurança de que as sensações negativas do dia a dia pertencem somente à ela. Conversar diariamente com o bebê explicando que ele não tem culpa nisso faz com que o bebê fique em paz dentro da barriga.”, aconselha. 

A partir do momento em que a criança nasce, as coisas mudam. Principalmente as mães de primeira viagem, a sensação de cobrança e de culpa é ainda mais acentuada e muitas acabam entrando em depressão pós parto. “Muitas mães se sentem culpadas ou inseguras pelo medo de não estarem fazendo o melhor papel ao seu filho. O principal conselho é deixar claro que ela está dando o melhor de si. Além disso, mesmo sendo difícil, o recomendável é que a mulher descanse bastante para que não desenvolva crises de ansiedade, o que pode afetar o bebê.”, concluiu. 





Lizandra Arita - Especializada em Programação Neurolinguística, Hipnose e Auto-Hipnose, Rebirthing (método de respiração consciente), Psicodinâmicas e Gerenciamento de Emoções e Conflitos.  Atua, em tratamentos de depressão, ansiedade, processos emocionais ou comportamentais, fobias, pânico e Transtornos Obsessivos Compulsivos (TOC). Graduada pela Universidade Bandeirantes de São Paulo, a psicoterapeuta Lizandra Arita tem experiência em Psicologia Clínica e Institucional pelo Hospital Vera Cruz.





Como tratar a enxaqueca ocular?



 Condição não muito comum, mas que compromete demais o bem-estar do paciente, a enxaqueca ocular costuma afetar um olho só, provocando perda parcial ou total da visão durante períodos curtos, de menos de uma hora. Geralmente, está associada à dor de cabeça, podendo surgir ao mesmo tempo ou logo depois. A enxaqueca ocular costuma afetar uma de cada 200 pessoas que sofrem de cefaleia enxaquecosa. De acordo com o oftalmologista Renato Neves, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos, em São Paulo, quem sofre de enxaqueca também pode experimentar formação de aura – que envolve flashes luminosos – ou pontos cegos na visão. Esses sintomas costumam surgir nos dois olhos.

De acordo com o especialista, é fundamental que o paciente consiga descrever em detalhes o que está sentindo, já que algumas outras doenças também podem apresentar sintomas semelhantes. “O fato de afetar somente um olho após episódios de enxaqueca já diferencia esse sintoma de outros. A duração também é bastante característica, já que não costuma passar de meia hora. Em geral, dores de cabeça que persistem de quatro a 72 horas tendem a afetar um lado particular da cabeça, pulsar e provocar dor de intensidade moderada – principalmente quando a pessoa se movimenta. Sensibilidade à luz, ao som, náusea e vômito também podem estar presentes”.

A ciência ainda não desvendou se os mesmos medicamentos utilizados no tratamento da enxaqueca também podem controlar a enxaqueca ocular. Sendo assim, mesmo que o paciente esteja tratando seus episódios de enxaqueca com um neurologista, vale a pena consultar um oftalmologista para evitar danos mais severos à saúde ocular. “O ideal é parar tudo o que está fazendo e descansar os olhos por alguns minutos, já que os sintomas não duram por muito tempo. Além disso, o paciente deve fazer uso dos medicamentos prescritos para tratar a doença principal, quer seja à base de aspirina, de medicamentos para tratar a epilepsia ou ainda de antidepressivos. O importante é que a pessoa não negligencie o problema e muito menos recorra à automedicação – que pode ter consequências impactantes”, alerta Neves.

O médico diz que episódios de enxaqueca ocular costumam ser desencadeados depois de um longo período em jejum ou, ao contrário, depois do consumo exagerado de frituras, chocolate, café e álcool. Estresse e insônia também costumam ser um gatilho para a dor de cabeça, assim como o bruxismo – problema na articulação temporomandibular que implica em apertar e ranger os dentes durante o sono.





Fonte: Dr. Renato Neves - diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhoswww.eyecare.com.br




 

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Os reflexos da judicialização da Saúde no Brasil



As relações humanas estão completamente judicializadas. São inaugurados por ano no Brasil, de acordo com o último senso “Justiça em Números”, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), mais de 27 milhões de processos judiciais. É como se 13% dos brasileiros recorressem ao judiciário todos os anos.

O ser humano perdeu a capacidade de dialogar e de resolver os seus conflitos e os submete ao crivo do Poder Judiciário. Deixamos que um juiz togado resolva praticamente todos os nossos dramas pessoais, nossas questões domésticas e relações interpessoais com fornecedores, prestadores de serviços, vizinhos, condôminos, sócios, empregadores e até mesmo os parentes mais próximos.

Ainda pela nossa latente incapacidade proposital de fazer uma simples conta de dividir, deixamos o juiz decidir o destino dos nossos bens, por ocasião do divórcio, de uma sucessão matrimonial ou da morte de um ente querido. Submetemos ao juiz a decisão sobre a guarda de filhos menores e quanto cada um necessita ou merece consumir de alimentos, como se nós não soubéssemos quais as necessidades e qual a nossa capacidade de pagamento.

Em 2016, cada juiz brasileiro julgou 1.873 processos, em média. São quase dez processos a cada dia útil. E o estoque de processos pré-existentes, pendentes de decisão, chega a quase 9 mil por juiz. Isso significa que, se o Judiciário fechasse as portas à recepção de novos processos até zerar o estoque, seriam necessários cinco anos de trabalho concentrado para dar cabo ao estoque atual. A taxa de congestionamento de todo o Poder Judiciário brasileiro beira os 70%.

Das 27 milhões de novas demandas inauguradas em 2016, mais de 600 mil se referem ao direito da saúde e vão desde o pleito de uma vaga na UTI, à importação de um medicamento de alto custo, realização de um procedimento cirúrgico (furando a fila), transplante de um órgão (também se antecipando ao ritmo normal), cobertura pela operadora de um procedimento não constante no rol dos procedimentos obrigatórios ou não contratado pelo usuário, o fornecimento de um medicamento não testado e não aprovado pela ANVISA, ainda na fase de testes (lembremos do recente caso da fostoetanolamina, ou “a pílula do câncer da USP”) até ações indenizatórias por danos materiais, morais, estéticos e existenciais provocados por um tratamento médico-hospitalar mal sucedido.

Essa última temática, que questiona a má prática ou a negligência médica, representa um dos temas que mais tem crescido a cada ano. E a tendência é que cresça ainda mais. No próximo ano, por exemplo, chegaremos a 310 escolas de Medicina no Brasil. Já temos, atualmente, 28.106 alunos matriculados no primeiro ano de curso. Alguns deles serão “falquejados a machado e à chavasca”, pois grande parte dessas novas escolas não tem docência e nem decência.

Em 2020, superaremos os 500 mil médicos em atividade no Brasil e, em 2025, teremos 1,2 milhão. Grande parte deles estará, certamente, dirigindo Uber, enquanto os outros trabalharão por honorários vis em condições profissionais sub-humanas.
Entre os países que optaram pelo acesso universal ao sistema público de saúde, o Brasil é o que menos investe. Enquanto o Reino Unido investe 3.600 libras por ano por habitante e a Austrália 4.500 dólares, nós investimos menos de US$ 450/ano por habitante em saúde (um dólar e vinte e três centavos por dia). Isso é menos da metade do que investe o nosso “vizinho pobre”, a Argentina, onde são gastos por ano 980 dólares por habitante em saúde.

De acordo com o Ministério da Saúde, anualmente 434 mil pessoas são vítimas de eventos adversos (o paciente chega ao hospital para tratar de uma moléstia e morre por outra causa, contraída ou desenvolvida no ambiente hospitalar ou em decorrência do tratamento). Dessas mortes, segundo a Federação Brasileira dos Hospitais, 110 mil ocorrem por infecção hospitalar, sendo que 70% delas seriam evitáveis. Segundo estudos da Anadem (Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética), há, por ano 67 mil mortes obstétricas no Brasil (morte fetal, neonatal ou da parturiente), sendo que 40% delas também seriam evitáveis, mediante a observação de simples protocolos.

Todos esses fatores tendem a provocar um aumento cada vez maior das demandas judiciais sobre essa temática. Já passou o tempo de o CNJ determinar a criação de varas especializadas em direito da saúde, não apenas na esfera da fazenda pública, mas também na área cível, pelo que a Anadem vem postulando há mais de uma década.





Raul Canal - advogado e presidente da Anadem (Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética)



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