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segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Para 61% das empresas, o pós-impeachment significará retomada dos investimentos já no curto prazo, aponta pesquisa Amcham



Plano de concessões
Sobre o plano de concessões, de acordo com 64%, o sucesso do programa dependerá da velocidade na recuperação da imagem e credibilidade do país no cenário interno e externo. O ritmo da aprovação de financiamento (13%), licenciamento ambiental (13%) e realização de road show com investidores (9%) também são pontos cruciais da boa aceitação no mercado do principal programa do Governo Temer.  

Para a realização de ‘road show’ com bancos, investidores e construtoras, os empresários apontaram prioridades da agenda internacional. Os mercados alvos devem ser: Estados Unidos (47%), China (28%), outros países asiáticos (12%), América Latina (7%), União Europeia (4%) e África (2%).  

Sobre a agenda do programa de concessões, os executivos brasileiros enxergam quase todas obras de infraestrutura como prioritárias. Quando questionados sobre “qual deve a prioridade levando em conta o maior impacto na retomada na economia?”, os executivos listaram nesta ordem: Portos (27%), Ferrovias (24%), geração e transmissão de energia (24%), estradas (19%)  e aeroportos (5%).


Abertura da economia é chave da produtividade   
A pesquisa Amcham levantou ainda a visão empresarial sobre qual deve o aspecto trabalhado pelo novo governo para melhorar a produtividade da economia e diminuir o “Custo Brasil”. 

Neste sentido, 58% enxergam a abertura da economia como prioridade política máxima, com busca de maior número de acordos comerciais e de convergência regulatória. Outros avanços são em qualificação de mão de obra (16%), em inovação (15%) e de fortalecimento das agências reguladoras (10%).  

A pesquisa Amcham ouviu 160 executivos, em São Paulo, durante “Seminário Produtividade Brasileira” promovido pela entidade. Responderam à pesquisa Amcham lideranças de empresas de variados portes e segmentos da economia.




Inoportunidade do projeto sobre abuso de autoridade




Áreas influentes do Judiciário e do Ministério Público têm manifestado preocupação com o avanço no Congresso da discussão do projeto de lei 280/16 que trata de tema realmente preocupante e totalmente fora de propósito. A proposta foi rotulada de “lei do abuso de autoridade”, e se percebe claramente que o objetivo é tentar inibir a atuação do Judiciário, especialmente juízes federais de primeira instância.

A justificativa é de que estaria existindo abuso por parte de integrantes do Judiciário. Todavia, o que deixa transparecer é a crescente preocupação de parlamentares e outros políticos quanto à firme atuação do Ministério Público e de magistrados no combate à corrupção, com o advento da Operação Lava Jato, extraordinário trabalho da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e da Justiça Federal que trouxe a público o maior esquema de corrupção, lavagem de dinheiro, enriquecimento ilícito e ilegal financiamento de campanhas, envolvendo empresários, executivos do setor privado, diretores de estatais e, sobretudo, membros do governo, de partidos aliados e de parlamentares.

A iniciativa do projeto de lei é do presidente do Senado, Renan Calheiros (ele próprio investigado pela Lava Jato) e conta com expressivo número de apoiadores dentro e fora do Congresso. Ao que se informa, tão logo acabe o processo de impeachment a matéria será reapreciada no âmbito parlamentar.

Não se trata de questionar o mérito do projeto, mas a intempestividade, que poderá gerar interpretações negativas devido ao momento nacional; pode entender-se, equivocadamente ou não, que tem objetivo de atrapalhar as operações em curso contra a corrupção no país. Ainda que a discussão do tema e o aprofundamento de investigação para apurar a veracidade de atos de abusos sejam cabíveis, devem ficar para mais tarde, dentro de um clima mais oportuno para a análise e evitar o enfraquecimento do judiciário.

Além do mais, presentemente o projeto vai contra o sentimento do povo brasileiro que vive momento especial na certeza que a era da impunidade está ficando para trás e que o país está sendo passado a limpo. Esse povo, que vive e apoia as ações para aniquilar a corrupção pública, não pode sofrer frustração desse nível. Na atualidade, melhor serviço prestará o Congresso se concentrar esforços em apoiar as ações de moralização pública e não jogar sobre elas dúvidas e incertezas, deixando bem claro de que lado estão os congressistas, contribuindo para restabelecer-lhes a credibilidade, efetivamente bastante arranhada.

Essa positiva contribuição pode também ser dada pelo Parlamento apoiando e acelerando a discussão e votação do projeto de iniciativa popular que obteve mais de 2 milhões de assinaturas de brasileiros interessados em passar o país a limpo. Esse projeto popular inspirado pelo Ministério Público Federal é conhecido como “dez medidas de combate à corrupção” e, se transformado em lei, será um avanço extraordinário no restabelecimento da moralidade pública no Brasil.



Luiz Carlos Borges da Silveira - empresário, médico e professor. Foi Ministro da Saúde e Deputado Federal


Queda menor do PIB não reduz desemprego



A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) reduziu de 4,3% para 3,3% a previsão de queda do PIB do Brasil em 2016, em sintonia, aliás, com o Boletim Focus, que indicou recuo de 3,15%. Porém, essa estimativa menos ruim do organismo do qual são signatárias as nações mais ricas não serve de alívio ao grande contingente de desempregados de nosso país. No final do ano, serão 12,5 milhões de pessoas sem carteira assinada.

De todo modo, a projeção menos pessimista sinaliza novas perspectivas para uma melhora de nossa economia em 2017. No entanto, cabe alertar que os avanços somente irão efetivar-se se o novo governo cumprir suas metas de redução do déficit público e enxugar a máquina administrativa, principalmente reduzindo o número de cargos comissionados.

O quarto trimestre costuma apresentar uma sensível melhora no comércio, com um pequeno aquecimento da indústria, um dos segmentos que normalmente empregam mais pessoas, mesmo que por período temporário. Esse aquecimento sazonal pode propiciar um aumento do consumo e pelo menos estancar a escalada do desemprego, que hoje assola um número de brasileiros equivalente à população do município de São Paulo.

Para que haja aquecimento, a redução dos juros precisa ser considerada, pois a fórmula de combater inflação com recessão está esgotada e não pode mais ser uma ferramenta única para equilíbrio entre produção e consumo. É inadmissível uma taxa de juros de 14,25% ao ano, com uma inflação que resiste no patamar hoje projetado no IPCA-15, de 0,23% em setembro/2016. A inflação, até setembro, está em 5,9% e em 12 meses, 8,78%, ou seja, ainda muito distante do centro da meta, que é de 4,5%.

A preocupação agora é com a gestão dos preços administrados, que poderá ser uma das alternativas para o reequilíbrio da economia, desde que o governo seja prudente e trabalhe com inteligência. A simples promessa de redução nos preços do combustível, num momento em que a Petrobras agoniza e reduz os seus investimentos, não parece ser algo capaz de impactar de modo expressivo todos os preços dos itens que dependam de transporte ou produção. O preço internacional do barril de petróleo não esta favorável a isso e já atinge o patamar médio de US$ 47,62 o barril (valor de 22 de setembro).

A redução do PIB pelo segundo ano consecutivo, mesmo com viés de recuperação a partir de 2017, não é suficiente para que os brasileiros desempregados possam voltar a trabalhar no ao novo. O pleno emprego ainda vai demorar e não depende somente da iniciativa do governo, mas também da recuperação da confiança dos empresários brasileiros, companhias multinacionais e dos investidores internos e externos. Um detalhe importante é que a indústria da construção civil, geradora de mão de obra intensiva e empregadora de trabalhadores com baixa qualificação, segue andando a passos de tartaruga, em virtude da falta de investimentos em infraestrutura por parte do governo e da retração do mercado imobiliário. Estamos ainda distantes da situação de alguns anos atrás, quando o principal problema na área de RH, num amargo e irônico contraste com o cenário atual, era a falta de profissionais com alta qualificação para cargos estratégicos nas empresas...  



Reginaldo Gonçalves - coordenador do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina (FASM).


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