Comemorada
em 5 de fevereiro, data reforça a importância do procedimento, capaz de
identificar nódulos a partir de 2 milímetros de diâmetro
Apesar
da importância do exame na detecção de nódulos e tumores nas mamas, a
mamografia ainda não faz parte da agenda anual de exames de muitas das mulheres
brasileiras com mais de 40 anos. Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia,
em 2013 o número de brasileiras entre 50 e 60 anos que realizaram o
procedimento foi três vezes menor que o recomendado pela Organização Mundial da
Saúde (OMS).
Dados
do Instituto Nacional do Câncer ainda apontam que os tumores de mama estão
entre as principais causas de óbitos por câncer no mundo, principalmente nas
mulheres entre 39 e 58 anos. O diagnóstico precoce pode ser decisivo no sucesso
do tratamento. A radiologista e especialista em exames por imagem das mamas do Lavoisier Medicina Diagnóstica, Dra. Maria Helena
Siqueira Mendonça, aponta alguns mitos e verdades sobre o procedimento:
1 – A mamografia costuma ser sempre muito dolorida?
Mito.
“A dor durante o exame é muito relativa, pois ela depende de vários fatores,
como a compressão no momento de obtenção da radiografia, o uso ou não de
técnicas adequadas na hora do exame, e até mesmo a fase do ciclo menstrual da
paciente, que pode ou não deixar as mamas mais sensíveis”, afirma a médica.
Muitas mulheres deixam de fazer o exame com medo de sentir dor. Entretanto,
esse desconforto não ocorre em todos os casos. Há mulheres que não sentem dor
alguma, e outras que sentem mais incômodo ao realizar o procedimento. Para a
especialista, “é preciso lembrar que mesmo com certo desconforto, o exame é
rápido e pode ser importantíssimo na detecção precoce de um tumor”.
2 – A radiação do exame é perigosa, por isso é melhor não
fazê-lo.
Mito.
Embora o aparelho de Raios-X utilizado na mamografia emita radiação, ela não é
perigosa se realizada conforme as orientações médicas e com controle de
qualidade adequado. A recomendação é que o exame seja feito anualmente, a
partir dos 40 anos. A radiação dificilmente implicará em prejuízos à saúde,
mesmo nos casos em que a mulher precisa realizar o exame antes dessa idade.
3 – Algumas pessoas na família, como minha mãe e minha
tia, desenvolveram câncer de mama. Por isso eu também o terei?
Mito.
Pessoas com histórico de câncer de mama na família não implicam necessariamente
no surgimento da doença em todas as mulheres da família. Ocorre que este grupo
de mulheres têm um risco maior para serem acometidas pela doença e assim, se na
sua família vários parentes apresentaram a doença, é importante redobrar a
atenção. O seu médico adequará os períodos e os tipos de exames por imagem das
mamas de acordo com seu histórico, idade e avaliação do risco pessoal. Para a
médica, manter bons hábitos de vida, com uma rotina mais tranquila e
equilibrada, exercícios e boa alimentação, podem ajudar. “De fato, a maioria
dos diagnósticos de câncer de mama ocorrem em mulheres cujas famílias não
possuem casos deste tipo de câncer. Por isso é importante que as mulheres
sempre estejam atentas aos sinais do corpo”, lembra a especialista.
4 – É preciso começar a fazer a mamografia antes dos 40
quando alguém próximo da família, como minha mãe ou avó, teve câncer de mama
ainda jovem?
Verdade.
Quando há um histórico de câncer na família, principalmente em pessoas com
parentesco de primeiro grau, como mãe e irmã, é recomendado antecipar a
realização anual do procedimento. Segundo a Dra. Maria Helena, “se a mãe da
paciente teve um histórico de câncer nas mamas ainda jovem, com 40 anos, por
exemplo, recomenda-se que ela comece a fazer a mamografia 10 anos antes da
idade que sua mãe tinha quando desenvolveu o quadro. Ou seja, se a mãe teve aos
40 anos, a paciente pode começar a fazer o exame aos 30”, explica. “O que não recomendamos
é que a mamografia de rastreamento, (em mulheres assintomáticas), seja feita
antes dos 25 anos, inclusive para evitar excesso de radiação em jovens".
Entretanto, quando há suspeita alta de câncer, o exame poderá ser realizado em
mulheres mais jovens, mesmo com menos de 25 anos, complementa.
5 – A mamografia detecta nódulos com poucos milímetros?
Verdade.
O exame é capaz de detectar nódulos a partir de 2 a 3 mm. De acordo com a
médica, isso decorre do grande avanço na melhoria da qualidade do exame,
afinal, há alguns anos o tamanho mínimo para identificação era em torno de 1
cm. “Essa diferença na detecção e no diagnóstico é essencial para um tratamento
efetivo”, enfatiza a especialista.
6 – Embora seja importante realizar a mamografia com frequência,
o exame de toque não substitui o procedimento.
Verdade.
O autoexame deve fazer parte da rotina das mulheres, independentemente da sua
faixa etária. Entretanto, ele não substitui o exame de mamografia.
“Normalmente, o autoexame detecta nódulos quando eles já estão em tamanhos
maiores, o que pode dificultar ou atrasar o tratamento. Porém, ele é
imprescindível, até mesmo para as mulheres mais velhas que já realizam a
mamografia anualmente, pois pode detectar mudanças nas mamas que nem sempre
podem aguardar até a data do próximo exame para serem percebidas”, finaliza a
especialista.
Sobre
a mamografia
A
mamografia é um exame de Raios-X das mamas, que detecta alterações sugestivas
de câncer, em particular em seu estágio precoce, antes de se tornar palpável. A
detecção e o diagnóstico precoce de um câncer de mama pode diminuir as chances
de morte da paciente em 30% a 70%. As mulheres devem realizar este exame pela
primeira vez aos 40 anos de idade e se submeter a controles anuais mesmo acima
dos 70 anos, dependendo das condições físicas e eventual doenças concomitantes.
Mulheres abaixo dos 40 podem precisar realizar a mamografia em algumas
situações, como presença de alto risco familiar ou alterações palpáveis. Após
os 70 anos, recomenda-se continuar o rastreamento mamográfico nas mulheres que
tenham boas condições de saúde. Já a ultrassonografia não é um método de
rastreamento do tumor mamário, mas é um importante adjunto em determinadas
condições. A ultrassonografia pode ser o primeiro exame mamário por imagem em
mulheres abaixo dos 30 anos que percebem um nódulo palpável, ou nas mulheres
grávidas. Também é importante na orientação de punções biópsias de nódulos, que
podem ser cistos ou sólidos.