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terça-feira, 23 de maio de 2023

Saúde mental na adolescência: é preciso estar atento aos sinais

Bagagens individuais, bullying e ambientes tóxicos podem contribuir diretamente para o desenvolvimento de conflitos emocionais e psicológicos em jovens, afirma especialista

 

A infância e adolescência são períodos importantíssimos para o desenvolvimento físico e psicológico dos indivíduos. Enquanto na infância as experiências são mais lúdicas e exploratórias, na adolescência ocorrem mudanças significativas na interação social e nas emoções e, com isso, as vivências e sentimentos são mais intensos.

"Durante a adolescência, as mudanças corporais são mais evidentes e há uma necessidade maior de interação social e de pertencimento a grupos. É um período em que os indivíduos estão procurando sua identidade. Logo, alguns sentimentos podem tomar grandes proporções", afirma o Dr. Rodrigo Lancelote Alberto, psiquiatra e diretor técnico no Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental (CAISM) Franco da Rocha, gerenciado pelo CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas "Dr. João Amorim" em parceria com a Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo.

Nesta fase da vida, diversos fatores podem afetar a saúde mental dos jovens e desencadear diferentes reações. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), metade de todas as condições de saúde mental começa aos 14 anos de idade e a maioria dos casos não é detectada ou tratada. Por isso, é importante ficar atento aos sinais.

Com a pandemia, muitas doenças psicológicas tomaram grandes proporções entre adolescentes. Não só isso, as bagagens individuais de cada um também acabaram por potencializar ainda mais alguns sentimentos.

“A exposição a situações de risco, violência e abusos nos diversos ambientes, como em casa ou na escola, deixam os adolescentes em situação de extrema vulnerabilidade, pois são locais que, em tese, deveriam prover segurança emocional. Um histórico com esses tipos de vivências pode, muitas vezes, trazer consequências negativas, como possíveis comportamentos agressivos por parte do jovem”, explica o médico.

Não só isso, é também nesta fase da vida que algumas práticas influenciam na forma como o jovem se vê na sociedade. O bullying, que tem sido um assunto bastante presente quando se trata deste público, é uma ação que, somada a outros fatores, pode afetar diretamente a saúde psicológica dos que ainda se encontram em fase de amadurecimento.

“Essa vivência também possui impactos e repercussões emocionais com consequências nocivas para a saúde mental, o que pode desencadear conflitos, dificuldades e transtornos mentais que afetarão o desenvolvimento pessoal. Isso inclui ações e reações violentas, excepcionais e extremas por parte daqueles que são vítimas de bullying”, complementa o psiquiatra.

Junto a isso, as redes sociais têm exercido um papel importante na saúde mental dos jovens. Embora ofereçam muitos benefícios, podem também ser um estímulo negativo para aqueles que já sofrem com questões emocionais e psicológicas e não contam com nenhum tipo de ajuda.

"A partir das redes sociais, os jovens podem ter acesso a conteúdos impróprios e violentos, além de grupos que, muitas vezes, não contribuem positivamente para o seu desenvolvimento. Quando utilizadas de forma inadequada, essas mídias podem afetar o bem-estar psicológico de diferentes formas", ressalta o especialista.

Pesquisa realizada em 2022 pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pela organização da sociedade civil Viração Educomunicação, com mais de 7,7 mil jovens e adolescentes de diferentes partes do Brasil, indica que metade dos entrevistados já sentiu necessidade de pedir ajuda sobre assuntos relacionados à saúde mental. Ainda de acordo com o levantamento, 50% dos participantes não conheciam os serviços ou profissionais que deveriam buscar para apoiá-los com seus problemas.


Por isso, prover condições para entender e dar suporte aos conflitos internos destes jovens é de extrema importância e uma forma de os acolher, evitando, em alguns casos, consequências mais drásticas.

“É importante que todos que estão em torno do adolescente estejam atentos e tenham um olhar cuidadoso a mudanças de comportamentos, que incluem isolamento e atos agressivos e violentos, que, muitas vezes, são inexplicáveis à primeira vista”, afirma Dr. Rodrigo.

Ainda de acordo com o psiquiatra, é ideal que os ambientes familiares, sociais e escolares permitam que os adolescentes se expressem livremente e exponham suas dificuldades e conflitos, sem julgamento. Ademais, é importante que haja um retorno que os ajude a desenvolver a resiliência e o autoconhecimento necessários para superar as dificuldades enfrentadas.

Entenda os sinais e mostre-se disponível a apoiá-lo:

Normalmente, adolescentes que enfrentam algum tipo de dificuldade psicológica e/ou emocional apresentam sintomas que podem ser observados em seu dia a dia. Se você conhece ou convive com algum jovem, confira abaixo algumas dicas para reconhecer os sinais e poder ajudá-lo:

- Observe as mudanças de comportamento: caso o adolescente comece a se afastar das pessoas ao seu redor, se mostrar mais irritado ou desinteressado em atividades que antes desfrutava, algo pode não estar bem.

- Preste atenção a sintomas físicos: sinais como dificuldade para dormir e alterações no apetite podem servir de alerta para problemas emocionais e precisam ser levados a sério.

- Converse com o adolescente: se tiver a oportunidade, pergunte como ele está se sentindo, como tem sido sua rotina e se está enfrentando alguma dificuldade. Esteja presente e interessado, pois este é um momento valioso em que o adolescente pode encontrar espaço para expressar seus sentimentos e pensamentos.

- Esteja presente: como já dito, é importante estar disponível para ouvir o adolescente, mas sem julgamentos ou pressão para que fale. Nesta troca, é importante que ele se sinta acolhido e compreendido.

- Busque ajuda especializada: caso perceba que o adolescente está passando por problemas emocionais mais sérios, ajude-o a encontrar um profissional, como psicólogo ou psiquiatra. Procure a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de sua casa e agende uma consulta de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS).



CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”


O que os pais precisam saber sobre TDAH

 

Especialista esclarece principais dúvidas sobre TDAH

 

Segundo Ministério da saúde 5 e 8% das pessoas no mundo apresentam Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade e De acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção - ABDA, o número de casos de TDAH variam entre 5% e 8% a nível mundial. Estima-se que 70% das crianças com o transtorno apresentam outra comorbidade e pelo menos 10% apresentam três ou mais comorbidades. 

Conversamos com o Neuropediatra Rafael Engel especialista em Neurociências Rafael Engel para esclarecer alguns questionamentos sobre o TDAH.

 

O que é o TDAH? 


R: O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento no qual vários sintomas de desatenção e hiperatividade/impulsividade, presentes antes dos 12 anos de idade e em dois ou mais ambientes, trazem evidentes prejuízos sociais e acadêmicos/profissionais. 

 

- Quais são os sintomas do TDAH?

 

R: Os sintomas centrais do TDAH são a desatenção e a hiperatividade/impulsividade. A desatenção é vista como divagação frequente, falta de persistência, dificuldade de manter o foco e desorganização, apesar do indivíduo ter uma boa compreensão do que está sendo solicitado, nem estar sendo desafiado. A hiperatividade refere-se a atividade motora excessiva quando não apropriado (ex., uma criança que corre em qualquer ambiente, ou um adulto extremamente inquieto, que chega a esgotar os outros com sua agitação). A impulsividade refere-se à intromissão social (p. ex., interromper os outros em excesso), ou a ações precipitadas que frequentemente colocam a pessoa em risco ( ex., atravessar uma rua sem olhar), ou a tomada de decisões importantes sem considerações acerca das consequências no longo prazo (p. ex., assumir um emprego sem informações adequadas).

 

- Quais são as causas do TDAH?

 

R: As causas e os fatores de risco para o TDAH são desconhecidos, mas vários estudos têm demonstrado a base neurobiológica (ou seja, fatores genéticos e bioquímicos) do transtorno. Acredita-se que a intensidade das manifestações seja uma combinação principalmente da genética com alguns fatores ambientais, como exposição a toxinas durante a gestação (sobretudo tabaco), prematuridade e baixo peso ao nascer (que, na verdade, são fatores de risco para qualquer transtorno do neurodesenvolvimento).

 

- Como o TDAH é diagnosticado?


R: O diagnóstico do TDAH é clínico, ou seja, não depende de qualquer exame, e é realizado apenas por médicos especializados (neuropediatras e psiquiatras). No Brasil, costumamos utilizar os critérios descritos no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), organizado pela Academia Americana de Psiquiatria, para uma padronização do diagnóstico.



- Existe cura para o TDAH?

 

R: Como em todo transtorno, o TDAH não é uma doença, então, não se trata de uma cura. Não se cura do transtorno. O tratamento visa ajudar o paciente a desenvolver ferramentas e estratégias para lidar com suas características de modo a não mais ser prejudicado por elas e, com isso, melhorar sua qualidade de vida.

 

- Quais são as opções de tratamento para o TDAH?


R: O tratamento a longo prazo é baseado, primordialmente, em intervenções terapêuticas e educacionais (p.ex., com Psicologia, Pedagogia, entre outras), direcionadas ao próprio indivíduo e aos seus familiares. Também é baseado em mudanças e adaptações sociais que atendem à legislação de inclusão vigente. A curto prazo, existem alguns medicamentos disponíveis que ajudam a amenizar os sintomas, mas que precisam ser avaliados e indicados caso a caso. Alguns estudos estão avaliando o benefício de outras intervenções, como práticas manipulativas de energia, mas ainda sem indicação científica precisa.

 

- Quais são os efeitos do TDAH na vida acadêmica?


R: Os critérios para que se pense no diagnóstico de TDAH envolvem um prejuízo acadêmico, que não se dá por um problema de inteligência, mas porque os sintomas de desatenção e hiperatividade/impulsividade dificultam a concentração nas aulas, o planejamento, a organização e a execução das tarefas e o cumprimento de prazos escolares (que é o que chamamos de função executiva). Em crianças escolares, adolescentes, e mesmo em adultos jovens, o prejuízo acadêmico pode estar encoberto por um esforço excessivo do ambiente (ou seja, dos cuidadores, dos professores, etc.) em controlar os sintomas e não deixar que os trabalhos e prazos sejam perdidos.

 


- O TDAH afeta apenas crianças ou também adultos?

 

R: O TDAH inicia na infância, mas os prejuízos podem ser notados ainda na vida adulta. Suspeita-se do diagnóstico, por exemplo, em indivíduos que trocam frequentemente de emprego, não conseguem permanecer em relacionamentos ou cometem pequenas infrações no trânsito por descuido ou desatenção.

 

- Quais são as possíveis complicações associadas ao TDAH?


R: Além dos prejuízos evidentes nas relações sociais e no desempenho acadêmico/profissional, notam-se complicações principalmente associadas à falta de diagnóstico e tratamento adequados. Além dos riscos de acidente e do abandono escolar, há uma maior propensão ao desenvolvimento de outros transtornos (como ansiedade, depressão e abuso de drogas e álcool) e um maior risco de suicídio. Por isso é tão importante o conhecimento sobre o transtorno e o encaminhamento, ainda na infância, para avaliação, mas também que os adultos procurem, ou sejam encaminhados por seus familiares, ajuda adequada.

 

Crédito fotos: Depositphotos - Stock Photos


“Precisamos de uma pílula para acordar, uma para nos mantermos bem durante o dia e outra para dormir. Onde estabelecemos a barreira?”, questiona endocrinologista

Especialista chama atenção para risco de efeitos negativos do uso indiscriminado de medicamentos e para o papel dos profissionais de saúde na contenção do problema

 

Recentemente, uma jovem publicitária acabou internada em uma UTI (unidade de terapia intensiva) com risco de insuficiência hepática após fazer o uso das cada vez mais populares canetas emagrecedoras sem orientação médica. Atualmente, seja pelo crescimento do uso dessa medicação na esteira de relatos de celebridades ou de alguma outra substância já comum no dia a dia do brasileiro, fica a impressão de que sempre ingerindo pílulas para cada uma das situações do dia sem qualquer orientação médica. 

No fim, agimos como se nosso organismo já não fosse capaz de realizar nenhum processo sem a ajuda de algum tipo de medicação. De fato, dados preocupantes do Conselho Federal de Farmácia (CFF) apontam que a automedicação é prática comum para 70% dos brasileiros. Diante disso, o endocrinologista Guilherme Borges, questiona a segurança desse hábito. “É importante reforçar que não podemos passar do limite. Hoje parece que precisamos de uma pílula para acordar, uma para nos mantermos bem durante o dia e uma para dormir. Se continuarmos assim logo mais teremos uma pílula que substitui a alimentação, um polivitamínico para usar no lugar da comida. E onde estabelecemos a barreira? Até que ponto é saudável ou benéfico fazer uso de qualquer medicação?”, reflete.

 

Riscos do uso indiscriminado 

Como o especialista explica, vários pontos devem ser levados em consideração ao iniciar o uso de qualquer medicação, mesmo quando há a prescrição médica. Dentre eles, a dependência está entre os mais importantes e também mais ignorados por quem se automedica. Ele ainda reforça que isso vale mesmo para substâncias que não têm venda controlada.

“Do ponto de vista médico, precisamos nos preocupar com a adição, ou seja, algumas dessas medicações geram dependência e nós nem sempre pensamos nisso quando vamos nos automedicar. O nome é 'drogaria' porque de fato são substâncias com finalidade terapêutica e que não devem ser utilizadas sem uma recomendação formal apenas por não precisarem de receita médica para serem adquiridas”, reforça. 

Além disso, o endocrinologista Guilherme Borges frisa o risco presente nos efeitos colaterais. Como ele esclarece, esse impacto nem sempre é percebido no início e pode ter consequências graves. “Se pensarmos, por exemplo, no anti-inflamatório, que é uma das medicações mais utilizadas em larga escala sem prescrição médica, podemos ter prejuízos para o estômago ou para os rins. O pior é que isso de imediato pode não ficar muito claro para o paciente, mas a longo prazo vai repercutir negativamente na saúde dele”, pontua.

Além dos anti-inflamatórios, os analgésicos - como dipirona e paracetamol -, antiácidos, relaxantes musculares e antibióticos estão entre os campeões de uso sem orientação médica no Brasil. Porém, o endocrinologista salienta que mais recentemente tem crescido o uso indiscriminado de hormônios com a promessa de resultados milagrosos como a perda de peso, ganho de massa muscular, melhora do sono e mais.

 

Desinformação e o papel dos profissionais de saúde 

A pandemia e o isolamento decorrente dela intensificaram o uso de medicamentos por conta própria e isso ajudou a esclarecer que as informações presentes na internet nem sempre se baseiam em evidências científicas. “Percebemos que circula muita informação sem real embasamento ou mesmo benefício para o indivíduo. O conteúdo que vai para a internet raramente é auditado e sempre que é publicado, sendo verdade ou mentira, vai encontrar alguém que se identifica com o que é colocado ali”, alerta Guilherme. 

Sendo assim, o especialista ressalta o papel do profissional de saúde na conscientização sobre o uso racional de medicamentos. “Daí a importância de profissionais de saúde sérios, amparados por evidências científicas para fazer qualquer prescrição e até mesmo de pacientes conscientes, abertos a ouvir o profissional, mesmo que a orientação dele seja um 'não'. Isso porque, às vezes, o paciente quer fazer uso de determinado medicamento para o qual ele não tem indicação, algo que talvez até seja mais prejudicial do que benéfico para ele”, completa.



De inchaço à depressão: confira os 5 subtipos da TPM

 Com mais de 150 sintomas, a TPM foi separada em 5 categorias diferentes, que podem estar associadas ou não

 

Segundo a FEBRASGO (Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia), cerca de 75 a 80% das brasileiras apresentam sintomas de TPM (Tensão Pré-Menstrual), que surgem na semana anterior à menstruação e costumam cessar ou diminuir com o início do fluxo menstrual. 

“Entretanto, estas manifestações são variáveis e cada mulher passa por experiências muito particulares e em diferentes níveis”, afirma Carlos Moraes, ginecologista e obstetra pela Santa Casa/SP, membro da FEBRASGO e médico nos hospitais Albert Einstein, São Luiz e Pro Matre. 

Por conta da complexidade dos mais de 150 sintomas da TPM, ela foi separada em 5 categorias diferentes, que podem estar associadas ou não. Confira:

 

TPM A

O tipo A tem como foco a ansiedade, um dos sintomas mais citados por mulheres que sofrem de TPM. Isso ocorre devido à queda do estrogênio, hormônio neurotransmissor que, entre inúmeras funções, regula o emocional da mulher. 

“Além disso, há uma maior liberação de adrenalina e cortisol, dois hormônios neurotransmissores que aumentam os níveis de estresse e ansiedade”, completa Claudia Chang, doutora e pós-doutora em Endocrinologia e Metabologia pela USP.

 

Principais sintomas: Angústia, tensão/estresse, insônia ou sono em excesso, dores musculares, fadiga, irritabilidade, alterações constantes de humor e desatenção.

 

O que pode ajudar: É recomendável praticar atividades que trabalhem mente e corpo, como yoga e meditação, além dos exercícios de respiração. 

“Se a ansiedade se tornar crônica e incapacitante em todos os ciclos menstruais, o ideal é buscar ajuda médica. É possível a indicação de terapia comportamental e até medicamentosa”, pontua Danielle H. Admoni, psiquiatra geral, preceptora na residência da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM).

 

TPM C

O tipo C, que vem de "craving" (desejo, em inglês), está diretamente relacionado à compulsão alimentar. Alguns alimentos, como os doces, ativam o sistema límbico no cérebro, região envolvida com o mecanismo de ganho e recompensa. Este efeito acaba sendo registrado pelo cérebro como uma solução para combater o desconforto. 

“Ou seja, na TPM, automaticamente haverá uma associação aos doces, como uma espécie de alívio e fuga do estado emocional, fazendo com que a mulher os consuma de forma descontrolada”, explica Monica Machado, psicóloga e fundadora da Clínica Ame.C, pós-graduada em Psicanálise e Saúde Mental pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein.

 

Principais sintomas: Compulsão por doces ou comidas gordurosas/calóricas, descontrole alimentar em um curto período de tempo, sentimento de culpa, arrependimento ou vergonha depois de comer.

 

O que pode ajudar: Pratique atividades aeróbicas moderadas, como bicicleta e caminhada. Além de auxiliar na estabilização da taxa glicêmica, aumenta a liberação de endorfina e dopamina, que proporcionam relaxamento e efeitos analgésicos. 

“Se o quadro for mais grave, o tratamento se faz com terapia e medicamentos que controlam a compulsão. O acompanhamento de nutricionista também é importante para a mudança dos hábitos alimentares”, diz Monica Machado.

 

TPM D

Aqui, a referência é a depressão. Segundo a psiquiatra Danielle Admoni, na fase pré-menstrual, há diminuição da serotonina, um hormônio neurotransmissor que regula humor, sono, apetite, frequência cardíaca, entre outros fatores. “Com os níveis mais baixos, a mulher tem maior suscetibilidade a transtornos depressivos, principalmente se ela já tiver pré-disposição”.

 

Principais sintomas: Labilidade emocional (variação frequente do humor), desinteresse pelas atividades do cotidiano, dificuldade de concentração, dificuldade para dormir ou sono excessivo, tristeza sem causa aparente, fraqueza generalizada e dores no corpo.

 

O que pode ajudar: Invista em atividades que lhe proporcionem prazer e aumente a ingestão da vitamina B6, que ajuda na síntese da serotonina. Ela está presente em ovos, banana, cereais integrais, feijão branco, soja, nozes, batata, aveia, pistache, tomate, entre outros. 

Assim como na ansiedade e na compulsão alimentar, é preciso avaliar com um médico os sintomas depressivos. “Em muitos casos, a depressão já está instalada na mulher, e a TPM pode ou ‘mascarar’ ou levantar a hipótese dessa possível depressão. Daí a importância de buscar ajuda o quanto antes”, alerta Danielle Admoni.

 

TPM H

Neste grupo, o H está relacionado à hidratação, ou seja, quando a mulher tem como principal sintoma a retenção de líquido. “Isso ocorre devido a maior produção da progesterona, que aumenta o volume plasmático (líquido do sangue) e a sensação de inchaço”, explica o ginecologista Carlos Moraes.

 

Principais sintomas: ganho de peso (por conta da retenção de líquido), inchaço abdominal, sensibilidade e inchaço nas mamas e inchaço nas extremidades do corpo, como mãos e pés.

 

O que pode ajudar: Evite produtos com muito sódio, como os ultraprocessados, que estimulam a retenção hídrica, e aposte em alimentos como frutas, verduras, legumes, grãos inteiros e proteínas magras. “Também aumente o consumo de água e evite bebidas alcoólicas e gasosas, que estimulam o inchaço”, aconselha Claudia Chang.

 

TPM O

Segundo Carlos Moraes, há também outros sintomas que podem estar relacionados a TPM. Estes foram agrupados e classificados como tipo O, referente a “outros” sintomas. 

Entre eles estão: alteração no funcionamento intestinal, aumento da frequência de urinar, calores repentinos ou sudorese fria, dores generalizadas, incluindo cólicas, náuseas, acne e pele oleosa, reações alérgicas e infecções do trato respiratório. 

“Vale lembrar que mudanças permanentes no estilo de vida, como alimentação saudável, prática de atividade física, check-ups regulares e boas noites de sono, ajudam muito não só a reduzir os sintomas da TPM, mas a ter uma melhor qualidade de vida. De qualquer forma, se a TPM for incapacitante, a ponto de afetar sua rotina, consulte-se com seu ginecologista. Nem sempre estes sintomas têm relação direta com o ciclo menstrual”, finaliza Carlos Moraes.

 

Casos de conjuntivite costumam disparar no inverno

Assim como as alergias, problemas nos olhos ocorrem devido a baixa temperatura e clima seco


A conjuntivite é uma é uma inflamação conjuntiva, a membrana transparente e fina que reveste a parte frontal do globo ocular (o branco dos olhos) e a superfície interna das pálpebras. Ela pode ser causada por várias razões, incluindo alergias, infecções bacterianas ou virais, irritação química, entre outras.

Embora a conjuntivite possa ocorrer em qualquer época do ano, é no inverno que os casos costumam ser mais evidentes. Devido as baixas temperaturas nesta época do ano, as pessoas ficam mais isoladas e com aquecimento, onde o ar é seco e circula menos. Além disso, o inverno também é um período em que várias infecções respiratórias são mais comuns, como gripes e resfriados, o que pode comprometer a região dos olhos.

Para prevenir a conjuntivite no inverno, é importante tomar algumas precauções:

  • Evitar tocar nos olhos com as mãos sujas
  • Lavar as mãos regularmente, especialmente, após o contato com pessoas doentes ou superfícies contaminadas.
  • Manter uma boa higiene ocular, lavando os olhos com água limpa ou usando soluções específicas recomendadas pelo médico
  • Evitar contato com direto com pessoas que tenham conjuntivite
  • - Manter os ambientes internos bem ventilados

 

Dr. André Borba - doutor em Ciências Médicas pela Universidade de São Paulo (USP), pós-doutorando pela Universidade Estadual “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP). Fellowship em Oculoplástica pela Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA/ EUA). Autor do livro Técnicas de Rejuvenescimento Facial com Toxina Botulínica e MD Codes TM, relator do livro Oculoplástica e Oncologia ocular, tema oficial do Conselho Brasileiro de Oftalmología 2021. Membro da Sociedade Brasileira e da Portuguesa de Medicina Estética, e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Ocular (SBCPO), da Sociedad Panamericana de Oculoplastía (SOPANOP), e das sociedades norte-americana e europeia de cirurgia plástica Ocular e reconstrutiva. (ASOPRS e ESOPRS, nas siglas em inglês).

 

IMUNIZAÇÃO MATERNA

Você sabia que é possível proteger seu filho ainda na barriga contra diversas doenças? 1

Especialista explica sobre a importância da imunização na gestação e quais são as principais vacinas recomendadas

 

Com a imunização durante a gravidez, as mães podem proteger seus bebês, ainda na barriga, contra diversas doenças infecciosas como a coqueluche, o tétano e a hepatite B. Outras vacinas são especialmente recomendadas nas gestantes para prevenir doenças que podem impactar mais severamente na saúde da grávida como são as vacinas para a gripe e a COVID-19. Os imunizantes estão disponíveis gratuitamente nos postos de saúde de todo o país, além das unidades privadas de vacinação. 1-4,6 

Segundo Dra. Lessandra Michelin (CRM 23494-RS), infectologista e gerente médica de vacinas da GSK, a imunização materna é um recurso importantíssimo para iniciar a proteção do filho ainda no útero. 1,3 “As vacinas recomendadas para as gestantes são seguras e visam exatamente a proteção das mães e bebês. Estes imunizantes são todos inativados, ou seja, são compostos por vírus ou bactérias mortos. Dessa forma, não apresentam riscos de causar infecção na gestante e no bebê. Com a vacinação, o corpo da mãe é estimulado a produzir anticorpos que são transferidos para o bebê através da placenta. Esses anticorpos que passam para o bebê, ainda em desenvolvimento, são fundamentais nos primeiros meses de vida, especialmente enquanto ele não tem ainda idade suficente para receber as doses de rotina”, destaca. 

No Brasil, o calendário habitual da gestante conta com quatro vacinas: a dTpa, que protege contra difteria, tétano e coqueluche; a dT que imuniza contra difteria e tétano; a vacina hepatite B; e a influenza (contra gripe). 2,4,6 Além dessas, atualmente a vacinação contra a COVID-19 também está recomendada. 6,13 Todas são oferecidas gratuitamente nos postos de saúde, pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde. 2,4

 

Gravidez planejada com as vacinas em dia

Além da vacinação durante a gravidez, as mulheres que planejam engravidar também devem se atentar para a atualização da caderneta vacinal, garantindo a imunidade contra doenças que são preveníveis através da vacinação, mas que são contraindicadas durante a gestação. 1,4,5,6,12 

Dra. Lessandra explica um pouco mais: “Vacinas contra catapora, sarampo, caxumba, rubéola e HPV, por exemplo, são geralmente contraindicadas às gestantes e, por isso, devem ser administradas antes da gravidez e/ou no puerpério, mesmo que a mãe esteja amamentando. Após o nascimento do bebê, a vacinação materna é fundamental para quem não se imunizou antes, tanto para a proteção individual da mãe quanto para evitar a transmissão de doenças dela para o bebê. Já o bebê deve seguir o calendário de vacinação de crianças para gerar a sua própria proteção”.

 

Engravidei de novo, e agora?!

Segundo a infectologista, a quantidade de anticorpos que você tem no corpo depois de ser vacinado diminui com o tempo, por isso algumas vacinas devem ser repetidas a cada nova gestação, para proteger aquele novo bebê que está sendo gerado. 3 

“Quando você recebe uma vacina durante uma gravidez, seus níveis de anticorpos podem não permanecer altos o bastante para fornecer proteção suficiente para futuras gestações, mesmo que seus bebês tenham idades próximas. Mas não é necessário realizar todas as vacinas de novo. As vacinas necessárias a cada gestação são dTpa, contra difteria, tétano e coqueluche, e da gripe. Uma dose da vacina dTpa é recomendada a partir da 20ª semana, já a vacina contra a gripe deve ser tomada anualmente”, esclarece Dra. Lessandra.

 

A importância da imunização contra a coqueluche

A coqueluche é uma doença altamente contagiosa, que afeta principalmente crianças menores de um ano, podendo ser fatal. 7,8 Ela é transmitida por gotículas contaminadas pela bactéria Bordetella pertussis ao tossir, espirrar ou até mesmo falar. Em adultos costuma manifestar sintomas como mal-estar geral, secreção nasal, tosse seca e febre baixa, podendo ser confundida com outros quadros respiratórios, e com frequência não é diagnosticada. 7,10 Nos lactentes e nas crianças pequenas, que são o grupo mais vulnerável, a tosse é o sintoma que mais se destaca, podendo avançar para um quadro grave comprometendo a respiração, e até provocar vômitos e cansaço extremo. 7,10 Além disso, mais de 90% das crianças menores de 2 meses com a doença são hospitalizadas devido a complicações. 9 

Dra. Lessandra alerta sobre os perigos da coqueluche em crianças menores de um ano de idade, especialmente nos primeiros seis meses de vida: 7Antes dos seis meses de vida, os bebês ainda não completaram a maioria dos esquemas primários de vacinação e, com isso, são mais suscetíveis a infecções. Seguindo as recomendações de vacinação da gestante, a mãe pode ajudar a proteger o recém-nascido através da transferência de anticorpos dela para o bebê durante a gravidez, através da placenta. Assim, quando o bebê nasce, ele já tem alguma proteção oferecida pela mãe enquanto produz seus próprios anticorpos”. 

O Ministério da Saúde, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO) e a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) recomendam a vacinação com dTpa a partir da 20ª semana de gestação, a cada gestação. 4,6,11 OMS também dispõe de recomendações para gestantes nunca vacinadas ou com o histórico vacinal desconhecido. Nesse caso, recomenda-se uma dose de dTpa e duas doses com a dT. 4,6,11 

A infectologista complementa ainda sobre a importância da vacinação contra a coqueluche das pessoas que irão conviver com o bebê de forma mais próxima, como pai, irmãos, avós e babá. 3,7 

“Como a mãe é, normalmente, a pessoa que fica mais próxima durante os primeiros meses de vida do bebê, geralmente ela é a principal transmissora da coqueluche em lactentes, sendo responsável por aproximadamente 39% dos casos, segundo um estudo. Mas as outras pessoas que irão conviver com o bebê de forma mais próxima também oferecem riscos e podem transmitir a doença”, afirma Dra. Lessandra. 

“Diferentemente da imunização materna, em que a mulher deve se vacinar contra a coqueluche a cada gravidez, para os familiares nunca vacinados ou com o histórico vacinal desconhecido, recomenda-se uma dose de dTpa e duas doses de dT, para garantir três doses do componente tetânico. Reforços a cada 10 anos com dTpa são recomendados após o esquema inicial”, explica a especialista. 

Material destinado ao público em geral. Por favor, consulte o seu médico.


Referências

1.    CENTERS FOR DESEASE CONTROL AND PREVENTION. Vaccines and Pregnancy Home. Vaccine Safety for Moms-To-Be. Disponível em: <link>. Acesso em: 13 abr. 2023.

2.    SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Vacinação de gestantes: confira mitos e verdades. Disponível em: <link>. Acesso em: 13 abr. 2023.

3.    CENTERS FOR DESEASE CONTROL AND PREVENTION. Vaccines and Pregnancy Home. Vaccines & Pregnancy: Top 7 Things You Need to Know. Disponível em: <link>. Acesso em: 13 abr. 2023.

4.    BRASIL. Ministério da Saúde. Calendário de Vacinação 2022. Disponível em: <link>. Acesso em: 13 abr. 2023.

5.    CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Vaccines and Pregnancy Home. Vaccines Before Pregnancy. Disponível em: <link>. Acesso em: 13 abr. 2023.

6.    SOCIEDADE BRASILEIRA DE IMUNIZAÇÕES. Calendário de vacinação da gestante (2022/2023). Disponível em: <link>. Acesso em: 13 abr. 2023.

7.    PORTAL FAMÍLIA SBIM. Doenças. Coqueluche (pertussis). Disponível em: <link>. Acesso em: 13 abr. 2023.

8.    MINISTÉRIO DA SAÚDE. Boletim epidemiológico da coqueluche no Brasil de 2010 a 2014. Disponível em: <link>. Acesso em: 13 abr. 2023.

9.    HONG, J. et al. Update on pertussis and pertussis immunization. Korean Journal of Pediatrics, 53(5): 629-633, 2010.

10. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Saúde de A a Z. Coqueluche: causas, sintomas, tratamento, diagnóstico e prevenção. Disponível em: <link>. Acesso em: 13 abr. 2023.

11. FEDERAÇÃO BRASILEIRA DAS ASSOCIAÇÕES DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA. Programa Vacinal para Mulheres. São Paulo: FEBRASGO, 2021. Disponível em: <link>. Acesso em: 13 abr. 2023.

12. SOCIEDADE BRASILEIRA DE IMUNIZAÇÕES. Calendário de vacinação do nascimento à terceira idade: recomendações da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) - 2022/2023 (atualizado 12/01/2023). Disponível em: <link>. Acesso em: 13 abr. 2023.

13. MINISTÉRIO DA SAÚDE. NOTA TÉCNICA Nº 2/2021-SECOVID/GAB/SECOVID/MS. Disponível em: <link>. Acesso em: 13 abr. 2023


Queda na safra de trigo argentino tem reflexo no Brasil

Segundo pesquisa realizada pela agtech SIMA, os danos causados pela estiagem resultaram em queda de 35% no rendimento do cereal. Com diminuição da oferta, consequentemente haverá aumento de preços, o que pode afetar negativamente o consumidor final brasileiro


As últimas safras não têm sido fáceis para os agricultores argentinos, e as notícias sobre a colheita não são muito animadoras. Segundo pesquisa realizada pela agtech SIMA - Sistema Integrado de Monitoramento Agrícola, o rendimento do cereal caiu 35% na última safra. Estes dados trazem uma perspectiva relevante sobre a vulnerabilidade da cultura frente às adversidades do clima, e como a safra e economia brasileira relacionada ao grão ficam à mercê da grande demanda nacional.

No contexto da forte seca que afetou o campo argentino, a agtech, que monitora mais de seis milhões de hectares em oito países latino-americanos, tirou uma radiografia do que restou da última safra de trigo com base nas informações coletadas de seus usuários. No entanto, é importante esclarecer que são dados médios de todos os utilizadores da SIMA na Argentina, independentemente das zonas agrícolas, datas de plantação ou variedades utilizadas. “É um relatório geral e serve como um guia para o que aconteceu e não como uma realidade absoluta de nossos usuários”, reforça Maurício Varela, cofundador da startup.

O cenário das últimas safras está intrinsecamente relacionado aos impactos do evento da La Niña no território. O fenômeno se caracteriza pelo resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico Equatorial, ocasionando alterações climáticas por todo o país, e afetando diretamente o regime de chuvas. Neste contexto, ao finalizar a colheita da safra 2022/23 na Argentina, os dados da SIMA mostraram que a produtividade média dos usuários foi de 2.800 kg/ha de trigo, ligeiramente superior à média nacional do país, que girou em torno de 2.200 kg/ha.

Em relação à safra anterior, a quebra de rendimentos apurada junto aos utilizadores da SIMA foi de cerca de 35% face ao período homólogo. “Neste sentido, importa esclarecer que nossos clientes, ao planejarem a colheita do trigo, manifestaram a expectativa de atingirem um rendimento de 3.800 kg/ha, o mesmo da safra de 2021/22”, pontua Varela.


Principais adversidades desta safra

De acordo com os registros da plataforma, plantas daninhas e doenças foram as categorias de adversidades mais detectadas. Em todo o monitoramento realizado no cereal, 55% dos casos foi marcado pela presença de invasoras. Enquanto 50% dos relatórios de campo registraram alguma doença. A planta daninha com maior presença foi a Conyza bonariensis, popularmente conhecida como buva, a qual foi detectada em mais de 20% dos monitoramentos realizados. Neste sentido, destaca-se que nas últimas três safras esta foi a invasora dominante.

Em relação às doenças, o fungo necrotrófico Pyrenophora tritici-repentis, causador da mancha amarela, foi o mais frequentemente detectado, em pouco mais de 30% dos controles de campo. “Em termos gerais, as doenças tiveram menor presença nas lavouras quando se observa o comportamento das últimas três safras. Este fato esteve diretamente relacionado à falta de chuva que ocorreu em grande parte do território argentino ao longo do ano”, destacou o profissional.


Perfil sanitário e variedades mais plantadas

A variedade mais plantada na última safra, segundo registros da SIMA, foi novamente a Baguette 620. Ao contrário das safras 2021/22 e 2020/21, em 2022/23 o perfil das cultivares selecionadas pelos produtores e usuários argentinos mudou. Das safras anteriores, apenas a Baguette 620 é a variedade que permanece, enquanto "Larch Pehuen" e "Nutria" estavam entre as mais escolhidas.

Como já analisado em outros relatórios, 60% da área plantada dentro da SIMA é composta por no máximo cinco variedades. Mas, diferentemente dos anos anteriores, para a safra 2022/23 houve uma nova composição das top cinco cultivares, o que também gerou um novo perfil de sanidade, que não foi visto nas safras 2020/21 e 2021/22.

Em relação à presença geral de doenças, detectou-se uma melhora no panorama de sanidade do país para a ferrugem linear (Puccinia striiformis), especialmente quando considerada as condições ocasionadas pela La Niña e desempenho das cultivares selecionadas. Na safra 2021/22 não houve variedade plantada com comportamento “bom” frente à ferrugem, e para a safra 2022/23 puderam ser observados materiais considerados “resistentes” e “moderadamente resistente” a esta adversidade, conforme avaliação de cultivares do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA).

Esta tendência de mercado responde claramente ao fato de que, em anos anteriores, esta doença vinha aumentando no território, causando grandes danos e perdas de produtividade nas lavouras.


Impactos nos Brasil

O Brasil é um dos maiores importadores de trigo argentino do mundo e essa dependência apresenta impactos significativos na economia. Em 2022, o Brasil desembarcou cerca de 5,7 milhões de toneladas do cereal, sendo que 71% desse volume foi ofertado pela Argentina. A importação deste produto da Argentina é estratégica para o Brasil, já que a cultura produzida no país vizinho tem um custo mais baixo devido à proximidade geográfica e à facilidade de transporte. “No entanto, a dependência torna o Brasil vulnerável a qualquer interrupção na oferta do produto, como tem se observado nas últimas safras afetadas pela La Niña”, ressalta Varela.

A quebra de safra na Argentina causa um impacto direto no suprimento da demanda brasileira. A diminuição da oferta de trigo no mercado nacional leva ao aumento de preços, afetando negativamente o consumidor final. Desta forma, estar atento aos indicadores de produção e adversidades em âmbito internacional é fundamental para a resiliência da cultura e economia atrelada à comercialização do grão.

O Brasil segue na missão de ampliar sua produção e consequentemente diminuir a dependência do mercado exterior. Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção de trigo no campo brasileiro foi estimada em 11 milhões de toneladas no ano comercial 2023/2024, ante 10,6 milhões no ano anterior. Alguns especialistas projetam que o Brasil pode ser autossuficiente em trigo em 10 anos, porém, o maior desafio é ultrapassar as quase 13 milhões de toneladas consumidas hoje no país.

 

SIMA
https://www.sima.ag/pt


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