Geriatra fala sobre principais
causas e explica que é importante tratar o casal
O
Dia dos Namorados, em 12 de junho, é uma data para se pensar em um tema muito
pertinente para a ocasião: a libido. Segundo especialistas, a perda da
libido (ou falta de desejo sexual) chega a atingir entre 15% e 50% dos adultos
– a maioria, mulheres. Diversos estudos mostram a relação entre perda precoce
da libido e problemas como ansiedade, depressão, uso excessivo de álcool e
drogas, além de maus hábitos relacionados à má alimentação, sono e
sedentarismo. Mas é nos consultórios que psicólogos e médicos de diferentes
especialidades vêm notando a queixa de baixa libido cada vez mais frequente em
jovens adultos.
De
acordo com a geriatra e especialista em modulação hormonal, Márcia Umbelino, a
diminuição precoce do desejo sexual é generalizada, tanto em homens quanto em
mulheres. Segundo ela, existem pessoas de 40 anos sem libido e homens com um
déficit de testosterona significativo, nessa mesma idade, o que não é normal.
“A diminuição da libido em homens e mulheres cada vez mais jovens está virando
um problema mundial, mas eu tenho percebido muito no Brasil. O tratamento desse
tipo de problema é feito com o casal. Não adianta deixar um animado e o outro
não”, destaca a médica.
Para
a ginecologista e especialista em sexualidade da mulher, a libido feminina é
complexa. No caso da mulher, é preciso avaliar diversos fatores físicos, como
ressecamento vaginal, menopausa precoce, candidíase recorrente, ou seja,
questões que podem influenciar diretamente no prazer, mas também é preciso
considerar fatores mais subjetivos como tabus, falta de autoconhecimento e até
mesmo problemas na relação. “Definitivamente, o que aumenta a libido é se
sentir valorizada e única, coisas que muitas vezes passam batidas em
relacionamentos longos”, comenta Nathalie.
Segundo
a especialista, todas querem um remédio, mas cada a eficácia de medicações para
a libido ainda é muito questionável. Ela ressalta que a reposição está indicada
para mulheres que estão na menopausa, sentindo calores ou, para aquelas que
apresentam sinais de atrofia vaginal, uma reposição de estrogênio local (na
vagina), pode ser indicada também. A menopausa ou mesmo a pré-menopausa pode
representar, sim, mudanças significativas em uma libido que antes funcionava
bem. “É importante destacar que a reposição não vai aumentar a libido de
mulheres que não têm essa questão como consequência da falta de hormônios, e
sim por conta de um relacionamento de baixa qualidade”, explica.
Para
a psicóloga Flávia Freitas, não adianta tratar o corpo se o problema for no
relacionamento. Especialmente para a mulher, sexo é um contexto. “Pela
antropologia, homens são mais visuais e se excitam quando olham para o objeto
de seu desejo. Portanto podemos dizer que a libido masculina começa na
visão.
Mulheres
precisam de uma combinação de fatores: estímulo visual, como demonstrações em
bilhetes, flores, etc, auditivo, ao ouvir palavras carinhosas de se sentirem
exclusivas, sensorial, com afeto ligado ao toque, como abraços, beijos e
carinhos, e da imaginação. Gostam de criar fantasias românticas relacionadas ao
homem, como por exemplo pensar no início do namoro como seria sua vida se fosse
casada com ele”, explica a terapauta, especialista em relacionamento de
casais.
Quando
o relacionamento está ok e o corpo não responde, é hora de procurar ajuda para
ver o que pode estar errado. O problema, de acordo com os especialistas, é que
as pessoas têm resistência a aceitar que estão com um problema. Entre os
homens, o tabu é ainda maior. “Normalmente, quem procura ajuda para o homem é a
parceira, principalmente entre os mais jovens”, destaca Márcia Umbelino. “O que
mais vejo, atualmente, no consultório é casal jovem em ambos sem libido. As
pessoas acham, erradamente, que baixa de testosterona é algo que só ocorre no
idoso. Mas, no homem, é comum já a partir dos 45 anos” .
Segundo
Márcia, a baixa da testosterona influencia não só na libido, mas também na
dificuldade em ganho de massa muscular, na disposição física, no sono, entre
outros fatores. “Regular a produção de testosterona, tanto no homem, quanto na
mulher, pode significar um grande ganho em qualidade de vida”
A
médica explica que o tratamento para melhorar a libido não necessariamente
envolve a reposição hormonal. “A reposição é indicada em alguns casos e, mas o
tratamento precisa ser global. Mudanças na alimentação, prática de atividades
físicas, melhora do sono, regular o estresse, precisam estar incluídos no
tratamento. Além disso, é preciso investigar doenças crônicas como diabetes,
pressão alta, além da influência de outros hormônios no organismo. Em alguns
casos, é possível estimular o aumento na produção da testosterona com
suplementos e vitaminas”, detalha Márcia.
“Saber
se a libido está normal é subjetivo. Em alguns países do mundo, ter relação
sexual uma vez por mês é considerado normal. No Brasil esta proporção é
diferente. O que é a frequência ideal de relação sexual vai depender de cada
país, de cada cultura. O que ajuda na libido é a mudança de rotina, é o casal
deixar os filhos e sair para fazer algo diferente, colocar fantasias sexuais em
atividade, conversar. Tem milhões de possibilidades”, completa Nathalie
Raibolt.
Dia
dos Namorados é ocasião para sair da rotina
Para a ginecologista e sexóloga, o Dia dos Namorados
pode ser um ótimo momento para se lembrar do que fez o casal ficar juntos. A
rotina pode colocá-los no “esquecimento” e é importante voltarem a ser
namorados. “E não precisa ser nada grandioso. Chegar mais cedo do trabalho,
dedicar um tempo maior para conversar, mandar mensagens lembrando o que se
gosta no outro… São as pequenas surpresas que fazem o prazer de estar junto.
Acredito na simplicidade. Palavras que demonstram o cuidado com o parceiro, memórias com fotos, um
hobby do casal”, sugere Nathalie.