Falta
de demandas está entre as causas de ansiedade e frustração nos profissionais,
apontam especialistas
O excesso de trabalho
pode levar os profissionais a um estado de extrema exaustão, estresse e
esgotamento físico, fatores capazes de desencadear a conhecida Síndrome de
Burnout. Em um cenário oposto, a falta de demandas pode levar a uma condição de
tédio no trabalho, a chamada Síndrome de Boreout .
A expressão vem da
palavra inglesa "boring", que significa monótono, entediante. Nas
empresas, pode ser aplicada a uma situação de baixo volume de tarefas
cotidianas. Também é relacionada a funções que exigem do colaborador alguns
dias de atuação intensa, fazendo com que no restante do tempo ele fique ocioso.
Essa combinação perigosa pode afetar a saúde mental de um profissional.
Para Ricardo Basaglia,
diretor geral da Michael Page, referência mundial em recrutamento especializado
de executivos para posições de alta e média gerência, a prática do home office
durante a pandemia pode ter contribuído para gerar apatia em alguns
profissionais.
"Com as pessoas
trabalhando de casa, sem o convívio social com os demais colegas e com o
ambiente da empresa, é possível que surjam reflexões e, até mesmo,
questionamentos sobre a produtividade e relevância de sua função dentro da
organização. Ter dias menos demandados é normal. O perigo está na sensação de
tédio constante", comenta.
Muitos associam essa
condição de tédio à preguiça ou má vontade, mas, para o especialista em
recrutamento, há muito mais a que se observar: "Nem sempre a falta de
demandas é uma questão natural, do dia a dia daquela função. Podemos nos
deparar com situações de superiores centralizadores ou que praticam microgerenciamento.
A falta de planejamento e de organização das tarefas da equipe também pode
contribuir para esse cenário", diz.
Na visão de Basaglia,
é necessário que haja uma comunicação clara e direta entre os líderes e seus
subordinados para que casos de ociosidade no trabalho sejam reduzidos.
"Especialmente nesse momento de trabalho remoto, os gestores devem estar
ainda mais atentos a seus colaboradores e procurarem formas de ampliar seus
espaços de comunicação. Reuniões de feedback podem ajudar nesse processo
de escuta sobre as dúvidas, anseios e questionamentos dos profissionais",
afirma.
Para Basaglia, mais do
que apenas pensar nos resultados da empresa, é importante que empresas e
lideranças se preocupem também com o desenvolvimento de seus colaboradores.
"Uma condição de tédio pode levar o profissional à frustração, fazendo com
que ele desista de seu emprego e da carreira que tanto se dedicou a exercer.
Como líderes, precisamos olhar para essas situações com empatia, a fim de
ajudar quem está ao nosso redor", conclui.
Impactos na saúde mental
De acordo com o Dr.
Lúcio Costa, superintendente médico da It’sSeg, terceira maior corretora de
seguros do país especializada em gestão de benefícios, além do sentimento de
frustração, o tédio pode causar transtornos mentais, como a ansiedade.
"Acredito que
quando a pessoa enfrenta o tédio no trabalho, ela de fato perde comprometimento
e motivação. E isso pode gerar esgotamento mental, ocasionando aumento de
estresse e transtornos como a ansiedade e a depressão, por exemplo.
Consequências físicas também podem surgir como fadiga, dor de cabeça e insônia,
formando um grande ciclo danoso ao profissional", explica.
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