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segunda-feira, 4 de maio de 2020

OBESIDADE, umas das preocupações da pandemia do COVID-19


Da gripe "espanhola" (H1N1) de 1918 à influenza H1N1 em 2009, passando pelas gripes asiáticas (H2N2) de 1957-1960, e as de Hong Kong (H3N2) de 1968, e agora o COVID19, todas tem um agravante em comum, a obesidade

O aumento da prevalência da obesidade representa um fenômeno mundial que está associado a várias doenças. As causas exatas da obesidade ainda são desconhecidas. No entanto, parece haver uma relação complexa entre fatores biológicos, psicossociais e comportamentais, que incluem composição genética e epigenéticos, status socioeconômico, influências culturais, padrões de consumo alimentar, desenvolvimento urbano, hábitos de vida, aumento da idade materna, privação do sono, desreguladores endócrinos, medicamentos e estresse crônico.

Nos últimos 100 anos, devido aos avanços tecnológicos no processamento de alimentos, nossa ingestão alimentar mudou. Alimentos com menos fibras, porém com mais gordura, açúcar refinado, sal, aditivos químicos, conservantes e principalmente calorias, estão prontamente disponíveis e geralmente são mais baratos e menos trabalhosos que as alternativas mais saudáveis. Com tantas facilidades houve um aumento concomitante no consumo de alimentos hipercalóricos e com menos nutrientes, em detrimento ao consumo de frutas, verduras, legumes, cereais integrais e sementes.

Nos países industrializados, cerca de 50% da população está com sobrepeso ou obesidade, com prevalência aumentando anualmente. Nos EUA, o último relatório NHANES/2018, indicou que cerca de 39,8% dos adultos americanos com 20 anos ou mais têm obesidade, sendo 7,6% obesidade grave. Globalmente, são mais de 1,9 bilhão de adultos acima do peso e 650 milhões são obesos, com consequências adversas graves como diabetes (DM), hipertensão arterial (HAS), doenças cardíacas entre outras. No momento o impacto da obesidade está se refletindo também em pacientes contaminados com COVID-19.

A epidemia do novo coronavírus é causada por uma cepa do vírus tipo influenza (SARS-CoV-2). Desde a pandemia da gripe "espanhola" de 1918, sabe-se que a desnutrição, o sobre peso e obesidade estão ligadas a um pior prognóstico da infecção viral. As gripes asiáticas de 1957-1960 e as de Hong Kong de 1968 confirmaram que a obesidade e o diabetes levavam a uma mortalidade mais alta e a uma duração mais prolongada da doença, mesmo que os indivíduos estivessem sem outras condições crônicas que aumentassem o risco. Durante a pandemia do vírus influenza a H1N1 em 2009, a obesidade também foi associada ao aumento da gravidade da doença, e a um fator de risco aumentado para hospitalização e morte.

Entre abril de 2009 e janeiro de 2010, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças estimaram que 41 a 84 milhões de pessoas foram infectadas pelo vírus da influenza H1N1, e que entre 180 e 370 mil pacientes infectados foram hospitalizados, com 8 a 17 mil mortes. Vários relatos de todo o mundo identificaram obesidade e obesidade grave como fatores de risco para hospitalização e ventilação mecânica. Por exemplo, na Califórnia, entre abril e agosto de 2009, 1.088 pacientes com influenza H1N1 foram hospitalizados ou morreram. Dos 268 pacientes com idade ≥ 20 anos, nos quais o IMC foi calculado, 58% apresentavam obesidade (IMC ≥ 30) e 67% desses apresentavam obesidade grave (IMC ≥ 40). 66% das pessoas com obesidade também tinham doenças pré-existentes, como doença pulmonar crônica, incluindo asma, problemas cardíacos ou diabetes. Entre os doentes hospitalizados no Novo México em 2009, 46% eram obesos, e 56% das pessoas com necessidade de ventilação mecânica apresentavam obesidade grave.

O impacto desproporcional da gripe H1N1 e agora COVID
19 em pacientes com obesidade e obesidade grave não é surpreendente, dado o impacto desta doença na função pulmonar. Segundo a nutricionista Adriana Stavro, a obesidade está associada à diminuição do volume de reserva expiratório, capacidade funcional e complacência do sistema respiratório. Em pacientes com gordura abdominal aumentada, a função pulmonar é ainda mais comprometida.

Para a nutricionista, embora os efeitos do novocorona vírus em pacientes com obesidade ainda não tenham sido bem descritos, a experiência com a gripe H1N1 deve servir como cautela no cuidado com estes pacientes, especialmente obesos graves. A prevalência de obesidade e obesidade grave em 2017 aumentou em relação 2010. Essas observações sugerem que a proporção de indivíduos nestas condições, e infecções por COVID-19 aumentará em comparação com a H1N1, e a doença provavelmente terá um curso mais grave nesses pacientes. Essas observações enfatizam a necessidade de maior vigilância, prioridade na detecção do vírus e terapia agressiva para os obesos contaminados por COVID-19.

Adriana Stavro explica que "Outro agravante para obesos e obesos-diabéticos é em relação a imunidade." Estes apresentam alteração em diferentes etapas da resposta imune inata e adaptativa, caracterizada por um estado de inflamação crônica e de baixo grau. Além disso os obesos apresentam concentrações cronicamente mais altas de leptina (uma adipocina pró-inflamatória) e mais baixa de adiponectina (uma adipocina anti-inflamatória).


Esse ambiente hormonal desfavorável também leva a uma desregulação da resposta imune e pode contribuir para complicações relacionadas à obesidade. Estes pacientes também têm maior concentração de várias citocinas pró-inflamatórias como TNF-alpha (fator de necrose tumoral Alfa), MCP-I (macrophage chemoattractant protein I) e IL-6 (Interleucina 6), produzidas principalmente pelo tecido adiposo visceral e subcutâneo, levando a um defeito na imunidade inata. Além disso, o acréscimo de citocinas inflamatórias associadas ao excesso de peso pode contribuir para o aumento da morbidade associada à obesidade nas infecções por COVID-19. Uma resposta pró-inflamatória desregulada também contribui para as graves lesões pulmonares.
Outra questão importante entre os obesos é o sedentarismo. A inatividade física prejudica a resposta imune contra agentes microbianos em várias etapas da resposta imune, incluindo a ativação de macrófagos e a inibição de citocinas pró-inflamatórias.

A atividade física regular e a alimentação equilibrada e balanceada estão associadas positivamente a resultados favoráveis
​​na saúde metabólica (diabetes, obesidade entre outras) e imunológica (níveis de ativação imune). Intervenções com exercícios físicos e mudanças de hábitos alimentares demonstraram ser benéfico para reduzir o risco de complicações, modulando a inflamação e aumentando a imunidade.

O tratamento é complexo e multiprofissional, pois os indivíduos obesos não enfrentam apenas um risco aumentado de complicações de saúde graves, mas também uma forma generalizada de estigma social. Frequentemente eles são entendidos (sem evidência) como preguiçoso, guloso, sem força de vontade e autodisciplina. Indivíduos com sobrepeso ou obesidade são vulneráveis
​​a discriminação no local de trabalho, educação, instituições de saúde e sociedade em geral. Desafiar e mudar crenças difundidas e profundas, preconceitos de longa data, e mentalidades predominantes, exige esforços conjuntos de todas as partes interessadas, paciente, profissionais de saúde, pesquisadores e familiares.

"Como vimos, são muitos os problemas causados pela obesidade e são muitos os fatores que podem causar a obesidade. Por isso um emagrecimento saudável e sustentável é difícil e vai muito além de dietas milagrosas. O fato é que o que comemos é um dos principais determinantes de nossa saúde, expectativa e qualidade de vida, que quando bem administrada é uma ferramenta poderosa na prevenção e na melhora dos sintomas de muitas doenças." Finaliza a nutricionista Adriana Stavro.







Adriana Stavro - Formada em Nutrição pelo Centro Universitário São Camilo. Pós-graduada em Doenças Crônicas não Transmissíveis pelo Hospital Albert Einstein. Pós graduanda em Nutrição Clinica Funcional pela VP consultoria, pós graduanda em Fitoterapia pela Course4U.


Dia da Asma: Doença que afeta mais de 6 milhões de pessoas no país pode ser responsável por piores quadros da COVID-19


Fatores ambientais apontados como agrave da asma e gatilho de crises incluem infecções virais

Organizado pela Iniciativa Global Contra a Asma, a GINA - Global Initiative for Asthma, em inglês -, a primeira terça-feira de maio é responsável por destacar uma doença que afeta mais de 6 milhões de brasileiros e leva a óbito cerca de 3 a 5 pessoas diariamente no país e, neste ano, durante a pandemia da COVID-19, se faz ainda mais importante.

Segundo o Ministério da Saúde e análises dos quadros clínicos chineses e italianos, quando não controlada, a asma pode levar a complicações decorrentes do novo coronavírus. Além disso, a exposição à poeira, ácaros e fungos, variações climáticas e infecções virais, como a COVID-19, são apontadas como aspectos ambientais responsáveis por levar a crise.

Segundo o Dr. Mauro Gomes, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, a orientação é seguir o tratamento da asma normalmente para reduzir o risco de expor o trato respiratório a uma infecção grave. Essa medida serve, também, para tempos menos preocupantes: mesmo fora da pandemia, a asma tem grande impacto nos sistemas de saúde no Brasil. Segundo dados do DATASUS, a asma é a terceira ou quarta causa de hospitalizações, conforme o grupo etário considerado. E, de acordo com a pesquisa "Asma na vida e na visão dos brasileiros", realizada pela Abril Inteligência sob encomenda da AstraZeneca, 1 em cada 5 pacientes foram internados por conta de crises asmáticas em um ano².
 
Como diferenciar os sintomas?

"O sintoma mais grave do coronavírus é a falta de ar, indicativo de necessidade de ajuda médica. Por ser também um sintoma da asma, pode gerar confusão no paciente. Nesses casos, é necessário observar outros sinais, tais como como febre, cefaleia e dores pelo corpo, que não costumam ocorrer na crise de asma, e tentar lembrar se as crises anteriores foram semelhantes", explica Dr. Mauro. "Se não for o caso ou o paciente estiver em dúvida, procure por um médico. Uma forma válida é a telemedicina, que diminui a exposição do paciente à infecção pelo coronavírus", conta.
 
Sobre a asma

A asma é uma das doenças respiratórias crônicas mais comuns no brasileiro, caracterizada pela inflamação e o estreitamento dos brônquios, que impede a passagem de ar tornando a respiração difícil. As principais características são dificuldade de respirar e respiração curta e rápida4. Os sintomas pioram à noite e nas primeiras horas da manhã ou em resposta à prática de exercícios físicos, à exposição a alérgenos, à poluição ambiental e a mudanças climáticas4.

Segundo o especialista, a asma tem diferentes tipos que, com frequência, são diagnosticados erroneamente. Uma pesquisa mostrou que 82% dos asmáticos demoram cerca de 5 anos para obter o diagnóstico correto e que 74% foi diagnosticado com algum tipo de bronquite, o que acaba minimizando o tratamento².

Se não tratada corretamente, as complicações decorrentes da asma podem ser fatais. Segundo o Dr. Mauro, "O tratamento personalizado é uma realidade. Embora não exista cura para a asma, existem tratamentos que controlam a doença, proporcionando mais conforto e bem-estar para que o paciente, assim ele não precisa deixar de realizar suas atividades diárias".


 
Referências
[1] Gina no Brasil: http://www.ginanobrasil.org.br/mortes-por-asma-2016/
[2] Pesquisa quantitativa: "A asma na visão e na vida dos brasileiros" realizada pela Abril Inteligência com apoio da AstraZeneca entre outubro e novembro de 2018. Coleta de dados via web com 1810 respondentes, 1.600 não asmáticos e 210 asmáticos
[3] Ministério da Saúde http://www.saude.gov.br/images/pdf/2020/marco/20/20200318-ProtocoloManejo-ver002.pdf
[4] Ministério da Saúde: http://saude.gov.br/saude-de-a-z/asma
[5] Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. Disponível em: http://sbpt.org.br/portal/espaco-saude-respiratoria-asma/
[6] http://saude.gov.br/saude-de-a-z/asma


Dia Mundial da Higienização das Mãos: saiba como o hábito evita o contágio de doenças



A pandemia do Novo coronavírus chamou atenção para a importância da higienização das mãos, um hábito simples do cotidiano de todos,  mas que muitas vezes não é feito de maneira correta. Com o intuito de conscientização foi criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Dia Mundial da Higienização das Mãos, em 2016

Mas por que higienizar as mãos? De acordo com o infectologista do Hospital Anchieta, Dr. Manuel Palácios, o hábito é uma das maneiras mais eficazes de evitar a transmissão de doenças por contato. “Higienizar as mãos, seja pela lavagem com água e sabão ou pela fricção com álcool gel a 70%, é a melhor forma de evitar a transmissão de bactérias, fungos, vírus, entre outros micro-organismos por contato entre pessoas, assim como evitar contaminação por superfícies contaminadas e consequente infecção”, explica.

O especialista explica que doenças a higienização das mãos pode ajudar a prevenir, as regras para os profissionais de saúde e dá dicas de como realiza-la de maneira correta.


1-Que doenças é possível prevenir com a higienização das mãos?

É possível prevenir doenças que se transmitem pelo contato, como: Infecções bacterianas por micro-organismos multirresistentes, infecções virais transmitidas por secreções, Infecções priônicas, entre outras que envolvam agentes causadores de doenças infectocontagiosas.


2-Quando lavar as mãos?

A higienização das mãos deve ser feita em diversos momentos do dia.

No início e fim de um expediente, após utilizar o banheiro, após tocar em superfícies sujas ou contaminadas, após cocar ou assoar o nariz, pentear o cabelo, manusear dinheiro, cobrir a boca para espirrar, antes de comer, beber e manusear qualquer alimento.

No caso dos profissionais da saúde, devem-se seguir as regras dos 5 momentos para higienizar as mãos. São eles: Antes de entrar em contato com o paciente, antes da realização de procedimento asséptico, após risco de exposição a fluídos corporais, após contato com o paciente e após contato com áreas próximas ao paciente.


3-Qual a importância do hábito para profissionais?

A Higienização das mãos é uma regra que faz parte da precaução padrão, que rege a atuação dos profissionais de saúde nos serviços e unidades de saúde. A importância está na prevenção da transmissão cruzada de micro-organismos, especialmente aqueles com potencial patogênico.


4-Como deve ser feita a higiene das mãos?

De acordo com as regras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA),a higiene das mãos deve ser feita seguindo os seguintes passos:
Primeiro: Molhe as mãos, evitando encostar na pia;

Segundo: aplique na palma da mão quantidade suficiente de sabonete líquido para cobrir todas as superfícies das mãos;

Terceiro: Ensaboe as palmas das mãos, friccionando-as entre si;

Quarto: Esfregue a palma de uma mão contra o dorso da mão oposta, entrelaçando os dedos;

Quinto: Entrelace os dedos e friccione os espaços interdigitais;

Sexto: Esfregue o dorso dos dedos de uma mão com a palma da mão oposta, segurando os dedos, com movimento de vai-e-vem;

Sétimo: Esfregue o polegar de uma das mãos, com o auxílio da palma da outra, utilizando movimento circular;

Oitavo: Friccione as polpas digitais e unhas de uma das mãos contra a palma da mão oposta, fechada em concha, fazendo movimento circular;

Nono: Esfregue um dos punhos, com o auxílio da palma da mão oposta, utilizando movimento circular.

Décimo: Enxágue as mãos, retirando os resíduos de sabonete. Evite contato direto das mãos ensaboadas com a torneira

Décimo-primeiro: Seque as mãos com papel-toalha descartável, iniciando pelas mãos e seguindo pelos punhos.


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