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Da toxina botulínica aos anticorpos monoclonais. Com
novos tratamentos disponíveis, podemos falar que estamos perto da cura para
enxaqueca?
Chegou ao Brasil, recentemente, o
primeiro medicamento desenvolvido exclusivamente para o tratamento da
Enxaqueca. A notícia é muito
positiva, já que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, 30 milhões de
brasileiros sofrem desse tipo de dor de cabeça. Além disso, é considerada a
décima doença mais incapacitante e acomete cerca de 15% da população
mundial.
O médico neurologista Dr. Gustavo Franklin afirma que o
momento atual é promissor para pacientes que sofrem dessa doença. “Com certeza
estamos presenciando um momento único no tratamento de enxaqueca, que podemos
chamar até de revolução”.
O
chamado revolucionário medicamento é Erenumab, do laboratório Novartis. Esse
medicamento é o primeiro a ser comercializado no mundo para enxaqueca, da classe
dos anticorpos monoclonais. “Eles agem combatendo diretamente as substâncias
que causam a enxaqueca, ou seja, atuam na origem da dor”, explica o
especialista. Segundo ele, além desse, outras medicações com mecanismos de ação
semelhantes, mas de outros laboratórios, também estão para chegar no futuro e
os resultados dos estudos até então são promissores.
Aqui no Brasil, o remédio recebeu o nome comercial de
Pasurta e o tratamento com ele consiste na aplicação de injeções subcutâneas
mensais. Os estudos realizados mostraram que pacientes com enxaqueca
refratária, tiveram uma redução média de 50% nos dias de crise de cefaleia.
“Inicialmente, o medicamento será indicado para pacientes resistentes a
tratamentos anteriores. Mas, talvez, no futuro, posse ser usado em qualquer
paciente com enxaqueca e como primeira escolha”, comenta o neurologista.
E, embora não possam ser considerados uma cura, o
surgimento cada vez de novos medicamentos e tratamentos nos dão a confiança – e
a esperança- de que estamos na direção certa.
Outras alternativas
O novo medicamento é promissor, mas ainda não é a opção
mais acessível. Mas é importante saber que existem outras alternativas para
tratar a enxaqueca reduzindo a intensidade e a frequência dos episódios para
melhorar a qualidade de vida do paciente. “Além de medicamentos de baixo custo
e de uso via oral, que ajudam a controlar a cefaleia, a toxina botulínica é um
dos tratamentos mais recomendados atualmente”, comenta Franklin.
“A toxina botulínica, cuja marca mais popular é o Botox®,
é uma substância que age inibindo a liberação de neurotransmissores envolvidos
na dor, o que diminui ou interrompe completamente as dores”. O especialista
comenta que esse tratamento pode ser realizado em qualquer paciente que sofra
de enxaqueca, independente de já ter tentado outras alternativas. “No entanto,
a eficácia é variável e pode ser necessário reaplicar a toxina com doses
maiores para obter o efeito desejado”.
Também é importante ressaltar que esse não é um
tratamento definitivo. “A toxina botulínica começa a fazer efeito entre 5 e 15
dias após a aplicação e tem duração média de 3 a 4 meses. Por isso, deve ser
reaplicada após esse período, a partir de uma reavaliação da sua eficácia e
ajuste da dose caso seja necessário”.
Quando a dor de cabeça pode ser mais do
que uma enxaqueca?
Em alguns casos, a dor de cabeça pode indicar outras doenças
além da enxaqueca. “É importante que o paciente fique atento àquela dor que o
acorda de madrugada, quando é seguida por desmaio, quando aparece associada à
fraqueza em um braço ou perna; dores súbitas, que atingem o máximo da intensidade rapidamente - tipicamente em menos de um minuto - dores
intensas consideradas ‘a pior dor da vida’; acompanhadas defebre, vômitos e enrijecimento da nuca”. Em todas essas situações, é necessário
investigar mais profundamente as causas por trás da dor.
Independentemente das características da dor, sempre é
indispensável passar pela avaliação de um neurologista para receber o
tratamento adequado.