Calma, não é o que você está
pensando... É melhor que isso! Imagine trabalhar em um lugar que você ama, com
pessoas que você ama e fazendo algo que você ama. Nada mal, afinal o local de trabalho
é onde passamos boa parte de nossos dias e da nossa vida. Então um trabalho
onde há amor seria algo maravilhoso. Isso não quer dizer que você precisa amar
seu colega de trabalho da mesma forma que ama sua família, nem que você precisa
amar seu local de trabalho ou a atividade profissional que você desempenha da
mesma forma que talvez ame estar em casa ou na praia. Digamos que são
manifestações de amores diferentes.
Para Humberto Maturana, “o
amor é a emoção que constitui as ações de aceitar o outro como um legítimo
outro na convivência. “Ou seja, amar o meu colega de trabalho ou meu líder ou
liderado significa abrir um espaço de interações no qual eu legitimo a presença
dele, aceito como válido e importante seu papel e sua existência nessa relação.
Portanto, não é uma questão de estabelecer relação passional dentro do ambiente
de trabalho e sim ser responsável por um clima de amorosidade. Neste sentido,
exercer o amor significa aceitar e respeitar a cada um dentro de seus
respectivos papeis, considerando todos relevantes e importantes para o
resultado geral, coletivo.
Até aí tudo bem. Mas dizer que
o amor passa a ser tendência no ambiente de trabalho é exagero, não é mesmo?
Ainda mais em um mundo onde somos, cada vez mais, orientados para resultados ou
focados em indicadores de negócio, retorno financeiro e inovações tecnológicas,
é utópico acreditar que existe uma tendência na qual empresários e gestores
foquem energia para falar de amor, certo? Errado! Ao aprofundar a visão de
cenários futuros, chegamos à conclusão que, mais do que tecnologia e recursos
de inovação, o principal diferencial das organizações do futuro são
características relacionadas às emoções, às relações de confiança entre pessoas
e à capacidade de amar. Em evento de inovação recentemente realizado pelo Grupo
Bridge (IBEX – Innovation Bridge Experience), especialistas como Sebastián
Gaggero, CEO da Escuela Matríztica de Santiago, Traian Bruma, fundador da
Universidade Alternativa da Romênia e Celso Braga, Diretor do Grupo Bridge, apontaram
as habilidades relacionais, colaborativas e humanizadas como principais
aspectos para sustentação do futuro, tanto das organizações, quanto do cenário
educacional e social como um todo. O amor e a empatia passam a entrar na pauta
das organizações.
E por que isso é tendência?
Nos últimos anos, a tecnologia tem substituído boa parte das habilidades, até
então, exercida pelos profissionais nas empresas. Em um primeiro momento,
recursos tecnológicos substituíram trabalhos operacionais como, por exemplo, trocar
atendentes de caixa por uma máquina de autoatendimento. O ser humano passou a
se diferenciar então por sua capacidade de conhecimento e inteligência, visto
que não era mais tão imprescindível em trabalhos operacionais. No entanto, em
um segundo momento, a tecnologia saiu da escala operacional e subiu para o
nível da inteligência artificial. Hoje, pesquisas, diagnósticos, produção de
conteúdos e diversos outros serviços de inteligência podem facilmente ser
feitos por robôs.
Ou seja, se até um tempo atrás a inteligência e conhecimento
eram os principais diferenciais do ser humano em relação aos robôs que faziam
trabalhos puramente operacionais, hoje isso já não é mais verdade, uma vez que
até mesmo a inteligência e conhecimento humano podem ser substituídos por
inteligência artificial. Então o que vai diferenciar o ser humano no futuro?
Para quê e seremos úteis no trabalho? Que competência temos que não é possível
ser substituída por um robô? A capacidade de amar, de sentir e se emocionar, em
breve, podem ser os poucos diferenciais do ser humano no ambiente de trabalho.
A possibilidade de demonstrar interesse genuíno no outro e estabelecer relações
de profunda confiança é algo que continua nas mãos do Homem. É por este motivo
que a humanização, mais do que nunca, tem entrado no foco das organizações que
querem se preparar e se sustentar para este futuro.
Não é impossível que, daqui um
tempo surja um terceiro momento tecnológico, no qual o produto de sua inovação
- que já substitui braço e ingeligência humanos - tente substituir também nossa
sensibilidade. Alguns robôs possuem mecanismos sensoriais brilhantes. No
entanto, o ser humano, naturalmente, já é uma super potência sensorial e
sensitiva capaz de alcançar feitos inimagináveis. Contudo, subutilizamos essa
nossa aptidão, talvez justamente por conta do grande foco que sempre fomos
ensinados a ter no braçal ou no intelectual. É provável que, no futuro, sejamos
estimulados a buscar autoconhecimento mais profundo e explorar mais nossos
sentidos, a sensibilidade inerente ao ser humano e até mesmo a intuição.
Por este motivo, há uma
tendência de mudança no foco de desenvolvimento humano. A educação tradicional
passa a ficar insuficiente para estas novas demandas que devem priorizar também
o autoconhecimento e o desenvolvimento emocional. Alguns sistemas educacionais
mais antenados no futuro, já inseriram competências como Empatia em sua grade.
Este efeito passa a impactar também às organizações, que devem investir mais
tempo e energia em prol de desenvolver, não apenas o conhecimento, mas as
emoções dos colaboradores. Isto é mais do que trabalhar inteligência emocional
da forma como é mais popularmente conhecida, no sentido de ter controle sobre
os sentimentos, autoconfiança e estabilidade emocional. Em algumas situações, a
grande vantagem competitiva do ser humano em relação ao robô poderá ser
justamente o contrário: seu descontrole, sua emoção aflorada, sua paixão, sua
garra diante de um objetivo, seu ‘brilho nos olhos’ diante de um propósito, ou
até seu ‘sangue nos olhos’ diante de um desafio. Coisas que um robô jamais
terá.
Jorge Barros - Gerente de
Marketing do Grupo Bridge. Admnistrador e artista gráfico, é formado em Gestão
de Negócios em TI pela UNESP e pós-graduado em Administração de Serviços pela
USP. Atua há 17 anos com marketing e inovação. É autor de artigos para o Portal
do Marketing. Foi gerente de marketing e eventos corporativos em instituições
como Associação de Tecnologia, consultorias empresariais e veículos de
comunicação voltados ao desenvolvimento profissional. Está há 07 anos no Grupo
Bridge, onde, atualmente, é gerente de marketing.