Bullying
e seus impactos
O que era "coisa de criança" é coisa de fundamental
importância que adultos entendam e previnam.
O bullying não é um termo novo. Embora esteja na "boca e nos dedos" - fala e teclados
- das crianças e adolescentes mais recentemente, o fenômeno é tão antigo quanto
a escola, pois encontramos relatos na literatura que
datam bem mais de cem anos.
Desde a década de 70 tem sido mais estudado a ponto de, em alguns países, tal
como os Estados Unidos, ser
considerado um caso de saúde pública. O que parecia brincadeira de criança,
passou a ser coisa séria para adultos estudarem e prevenirem.
Bullying* é um
anglicismo (verbo to bull que significa "tiranizar, oprimir,
ameaçar ou
amedrontar"; bully = valentão) utilizado para descrever práticas violentas entre pessoas, sejam por um indivíduo ou um grupo deles. Tal violência pode ser física ou psicológica, com intencionalidade e de forma repetida, causando sofrimento, dor, angústia. São atos intencionais e repetidos.
amedrontar"; bully = valentão) utilizado para descrever práticas violentas entre pessoas, sejam por um indivíduo ou um grupo deles. Tal violência pode ser física ou psicológica, com intencionalidade e de forma repetida, causando sofrimento, dor, angústia. São atos intencionais e repetidos.
O bullying é atualmente um problema mundial, pois
sabe-se que a agressão física, psíquica
ou moral repetitiva deixa diversas sequelas, impactando negativamente, as
emoções, a aprendizagem e o comportamento.
Esta prática tem um grande poder de comprometer a autoestima da
vítima bem como sua saúde emocional e mental, pois as humilhações diante os
colegas e o ?pavor? perante as situações, são bastante nocivos.
Em 20% dos casos, o praticante de bullying também
é vítima. Nas escolas, a maioria dos atos de bullying ocorre fora
da visão dos adultos e grande parte das vítimas não reage ou fala sobre a
agressão sofrida.
Tipos de bullying:
Pode ser distinguido, de modo didático, como: físico, verbal,
social e relacional. Com o avanço da internet, surgiu uma nova modalidade,
denominada cyberbullying.
Essa violência ?é um fenômeno mundial tão antigo quanto à própria
escola? e hoje ganha proporções fora da escola, tal como na prática do cyberbullying,
por exemplo.
O bullying se divide em duas categorias:
a) bullying direto, que é a forma mais comum entre
os agressores masculinos e
b) bullying indireto, sendo essa a forma mais comum
entre mulheres e crianças, tendo como característica o isolamento social da
vítima.
Em geral, a vítima teme o(a) agressor(a) em razão das ameaças ou
mesmo da realização da violência, física ou sexual.
O questionário criado por Dan Olweus foi
adaptado por diversos países, facilitando uma análise do bullying entre
culturas. No Brasil, houve adaptação pela Associação Brasileira Multiprofissional
de Proteção à Infância e a Adolescência ? ABRAPIA.
Entre os anos de 2000 a 2004, a ABRAPIA pesquisou e constatou que
40,5% dos alunos admitiram estar envolvidos em bullying, revelando também que
este fenômeno se faz presente com índices superiores aos países europeus. Nesta
pesquisa foram ouvidos 5.800 alunos de instituições cariocas, duas particulares
e nove públicas, de 5ª a 8ª série do antigo ensino fundamental. Desse total,
40,5% dos estudantes admitiram que estiveram diretamente envolvidos em atos de bullying
em 2002, sendo que 16,9% se identificaram como alvos 12,7% como autores e 10,9%
autores e alvos. Os outros 57,5% negaram ter participado de situações de bullying.
É preciso ter atenção e cuidado e principalmente escutar
sensivelmente os nossos alunos para poder diagnosticar melhor as situações
conflitantes no âmbito escolar. Observar atentamente se o comportamento excedeu
os limites do conflito normal.
Segundo o autor Alan Beane "O termo bullying descreve uma ampla variedade de comportamentos que podem ter impacto sobre a propriedade, o corpo, os sentimentos, os relacionamentos, a reputação e o status social de uma pessoa."
O fenômeno está presente em todas as classes sociais, culturas e escolas, em maior e/ou menor grau. É preciso diferenciar o bullying de uma agressão ocasional, atuando na especificidade de cada caso.
Hoje é muito comum a banalização do termo, onde qualquer atitude de enfrentamento é exageradamente considerada algo digno de punição. Lembro aqui que diferenças, posições contrárias, opiniões e ações naturais de agregações e desagregações são muitas vezes atos que fazem parte do desenvolvimento e comportamento próprio do amadurecimento e aprendizado sócio emocional. Portanto, se faz necessário muita prudência, informação e conhecimento por parte das escolas, especialistas e pais.
Os atos de bullying também são casos de
justiça quando ferem princípios constitucionais ? respeito à dignidade
da pessoa humana ? e ferem o Código Civil, que determina que todo ato ilícito
que cause dano ao indivíduo gera o dever de indenização. O responsável pelo ato
de bullying pode ser enquadrado no Código de Defesa do
Consumidor, tendo em vista que as escolas/empresas prestam serviço aos
consumidores e são responsáveis por atos de bullying que
ocorram dentro do estabelecimento de ensino/trabalho.
Além disso, outras leis têm sido usadas tais como o ECA e o Código
Penal. De acordo com este último, a pessoa que exerceu o bullying pode
ter de cumprir medidas socioeducativas e os responsáveis pelo infrator, podem
ser exigidos a pagar indenizações à vítima. E aos que forem considerados
negligentes à prática, também podem ser consideradas coautoras do delito, sendo
também responsabilizadas. Ainda não tem lei específica no Brasil, mas tudo
indica que está prestes a virar, pois já tramita no Congresso e muitos esforços
de projetos de lei estaduais e federais estão sendo trabalhados.
Vamos tratar este fenômeno com seriedade, mas também parcimônia e
principalmente vamos cultivar nas crianças e adolescentes a solidariedade, a
empatia e a compaixão.
*O termo com esta definição foi proposto após o Massacre de
Columbine, ocorrido nos Estados
Unidos no ano de 1999, pelo pesquisador sueco Dan Olweus
A agressão, em alguns países
Percentual de estudantes de 15 anos que disseram ter sofrido
bullying
País
|
Meninas
|
Meninos
|
O Bullying no Brasil
|
Estados
Unidos
|
7
|
14
|
1 em
cada 3 estudantes já sofreu bullying na escola
|
Canadá
|
5
|
13
|
70%
de alunos entre 11 e 14 anos testemunharam agressões
|
Reino
Unido
|
6
|
10
|
21%
dos casos acontecem dentro da sala de aula
|
Espanha
|
6
|
7
|
|
Áustria
|
11
|
26
|
|
Alemanha
|
9
|
21
|
|
Turquia
|
7
|
13
|
|
Fonte: OCDE (2009)
Fontes: IBGE e Plan Brasil (2009)
Adriana Fóz - neuropsicóloga e Diretora da Unidade Integrativa
Santa Mônica