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segunda-feira, 15 de maio de 2017

PIB se mantém em queda pelo décimo primeiro trimestre consecutivo



A expectativa do mercado para crescimento do PIB é de 0,43% em 2017 e de 2,5% em 2018


O PIB (Produto Interno Bruto) da economia brasileira vem apresentando queda desde o segundo trimestre de 2014. Levando-se em consideração os últimos 11 trimestres, o PIB real brasileiro registrou variação negativa de 7,64%. No quarto trimestre de 2016, a variação foi de -2,46% em relação ao mesmo trimestre de 2015. Por setor, indústria e serviços apresentaram variação negativa similar, -2,45% e -2,36% respectivamente, enquanto a agropecuária apresentou a maior queda, de 4,97%.

Acumulando as variações trimestrais, verifica-se uma queda de 3,59% para o PIB em 2016. Agropecuária, indústria e serviços tiveram variação anual de -6,36%, -3,83% e -2,70%, respectivamente. Em valores correntes, o PIB chegou a R$ 6,267 trilhões no ano passado e o PIB per capita ficou em 30.407 reais, o que significa uma redução real de 4,4% em relação a 2015.

O setor agropecuário, com 4,71% de participação no PIB em 2016 – que até o último trimestre de 2015 era o único segmento cujo produto variou positivamente –, passou a apresentar forte retração a partir do primeiro trimestre de 2016. “Tal fenômeno ocorreu, principalmente, pela perda de produtividade da produção de soja e a queda na produção de algumas culturas como milho e fumo, visto que soja e milho são produtos de grande importância na produção agrícola brasileira”, analisa o pesquisador do Ceper e coordenador do Boletim Conjuntura Econômica, Luciano Nakabashi.

O resultado negativo da indústria, que representou 18,35% de participação no PIB em 2016, foi decorrente, em grande medida, da variação da indústria de transformação e da construção civil. A primeira foi marcada pela redução do volume de fabricação de máquinas, equipamentos, veículos, entre outros itens. Na construção civil, destaca-se o impacto da redução do investimento público.

Dentre os itens que compõem o segmento de serviços, que em 2016 representou 63,34% do PIB brasileiro, destacam-se as variações de -7,1% de transporte, armazenagem e correio, -6,3% do comércio, -3,0%, dos serviços de informação e -2,8% da intermediação financeira e seguros.

Analisando os componentes de demanda do PIB (consumo das famílias e do governo, investimento, exportações e importações), a variação percentual acumulada nos anos 2015 e 2016 mostra que houve forte retração da formação de capital fixo (investimentos público e privado): -13,9% e -10,2%, respectivamente, refletindo a aguda crise econômica brasileira. A queda da importação de bens de capital (-14,1%) foi um dos principais motivos para a forte retração das importações brasileiras (-10,3%,).

As exportações foi o único componente de demanda que apresentou expansão em 2015 e 2016 – de 6,3% e 1,9%, respectivamente – devido, principalmente, ao aumento das exportações de petróleo, gás natural, açúcar e automóveis. O consumo das famílias, impactado negativamente pelos altos juros, alto desemprego, restrição ao crédito e queda da renda, caiu 4,2% em 2016. Já o consumo do governo registrou retração de 0,6%. 


Taxa de desemprego permanece alta – A taxa de desemprego no Brasil, que vem aumentando desde janeiro de 2015, atingiu 13,2% em fevereiro deste ano, o que reflete a baixa atividade econômica do País. O rendimento médio real do brasileiro caiu quase R$ 100,00 entre janeiro de 2015 e junho de 2016.  A partir de então, mesmo com o desemprego aumentando, voltou a subir e fechou fevereiro de 2017 em R$ 2068,00, R$ 46,00 acima do valor de junho, o que, segundo Nakabashi, pode visto como reflexo de uma retração maior nos empregos de menor qualificação. 


Baixa atividade na indústria –  Analisando a evolução nos últimos quatro anos da utilização da capacidade instalada da indústria, calculada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE/FGV), do início de 2013 ao início de 2016, ocorreu uma tendência negativa, com uma redução de 6,3 pontos percentuais entre abril de 2013 e fevereiro de 2016. A partir de então, a utilização da capacidade oscilou entre 82% e 83%, fechando março deste ano em 82,2%.

“Com o aumento do desemprego, era esperada uma diminuição da utilização da capacidade industrial instalada. Entretanto, verifica-se que a utilização da capacidade instalada cai mesmo antes do início da forte alta do desemprego, o que evidencia que a atividade econômica já estava baixa ao longo de 2014 e que o desemprego demorou mais para responder”, explica o pesquisador.


Inflação próxima da meta–A inflação geral, de itens comercializáveis, não comercializáveis e com preços monitorados ou administrados por contrato, que chegou a  10,71%, em janeiro de 2016, vem cedendo desde meados do ano passado e em março deste ano já se encontrava próxima ao centro da meta de inflação (4,5%). “Uma vez que a inflação geral se encontra em um patamar mais baixo (4,57%), é alta a possibilidade da manutenção da trajetória de rápida redução da Selic nas próximas reuniões do COPOM”, prevê Nakabashi.

Quanto à inflação medida pelo IPCA, a expectativa é de 4,04% em 2017 e 4,32% em 2018. “Portanto, neste momento as expectativas de inflação futura estão ancoradas no centro da meta de inflação”, ressalta o pesquisador do Ceper.


Expectativas de mercado: crescimento modesto do PIB em 2017 e retomada em 2018 – A expectativa do mercado para crescimento do PIB é de 0,43% em 2017 e de 2,5% para 2018. Essas expectativas indicam leve melhora da economia brasileira após o biênio de maior retração do PIB desde o fim da década de 1940.

As possibilidade de aprovação das reformas propostas pelo Governo Federal, a queda da inflação e a consequente trajetória de redução da taxa de juros, além dos saques das contas inativas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) são alguns dos fatores que explicam a melhora nas expectativas, de acordo do o pesquisador do Ceper.

As expectativas do mercado quanto ao resultado primário, de acordo com Nakabashi, é que o Brasil continuará apresentando déficit em 2017 (-2,2% do PIB) e em 2018 (-1,8% do PIB). “Mas o processo de queda dos juros acaba tendo um efeito importante na redução do déficit nominal, mesmo com a manutenção do déficit primário até 2018, o que dá uma margem maior para que ocorram os ajustes fiscais que são necessários para melhorar os fundamentos da economia brasileira e, dessa forma, pavimentar o caminho para uma trajetória de crescimento moderado, mas sustentável”, admite.


Reforma na Previdência – A queda dos juros, explica Nakabashi, é outro elemento crucial para a melhora da demanda interna e, desse modo, para a recuperação da economia brasileira a partir de 2017 e ao longo de 2018. “No entanto, sem a manutenção da agenda de reformas e, sobretudo, de uma ampla reforma na previdência que coloque a dívida pública em trajetória sustentável, a economia brasileira voltará a uma trajetória de estagnação a partir de 2019 ou 2020”, alerta o pesquisador.

Ele explica que as reformas são importantes ao impactar positivamente nas expectativas dos investidores e ajudar na retomada já a partir deste ano, sobretudo para criar as condições para que o crescimento possa ser sustentável para além de 2019, melhorando a vida dos empresários e dos trabalhadores.

Com o aumento da expectativa de vida e a mudança da estrutura etária da população brasileira decorrente do fenômeno da transição demográfica (menos filhos por mulheres com aumento da expectativa de vida das pessoas), ele vê como natural que ocorra uma elevação na idade de aposentadoria. “Apesar da forte resistência dos trabalhadores, é necessário que haja reformas na Previdência. Caso contrário, será necessário desviar recursos de outras áreas e elevar os impostos para o pagamento de aposentadorias e pensões, prejudicando o crescimento futuro, sem mencionar a possibilidade da volta inflacionária decorrente das dificuldades fiscais”, conclui o pesquisador do Ceper.





Ceper – O Centro de Pesquisa em Economia Regional foi criado em 2012 e tem como objetivo desenvolver análises regionais sobre o desempenho econômico e administrativo regional do País. Sua criação reúne a experiência de diversos pesquisadores da FEA-RP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto) da Universidade de São Paulo em pesquisas relacionadas ao Desenvolvimento Econômico e Social em nível regional, a análise de Conjuntura Econômica, Financeira e Administrativa de municípios e Gestão de Organizações municipais, entre outros. A iniciativa de criação do Centro foi dos pesquisadores Rudinei Toneto Junior, Sérgio Sakurai, Luciano Nakabashi e André Lucirton Costa, todos da FEA-RP/USP. Os Boletins Ceper têm o apoio do Banco Ribeirão Preto, Stéfani Nogueira Incorporação e Construção, São Francisco Clínicas, Citröen Independance e CM Agropecuária e Participações.


Fundace – A Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia (Fundace) é uma instituição privada sem fins lucrativos criada em 1995 para facilitar o processo de integração entre a FEA-RP e a comunidade. Oferece cursos de pós-graduação (MBA) e extensão em diversas áreas. Também realiza projetos de pesquisa in company além do levantamento de indicadores econômicos e sociais nacionais regionais.





Brasil está entre os 5 países que mais sofrem ataques cibernéticos no mundo



Especialista da FGV, Andre Miceli destaca que sequestro de servidores e ameaças direcionadas a meios de pagamento, arquivos em nuvem e dispositivos móveis estão entre os alvos dos hackers

A informação sobre a importância da segurança online é cada vez mais difundida na sociedade mas as pessoas continuam pouco atentas a seu comportamento em relação ao uso da internet e seus aplicativos. Isso somado ao crescente número de ataques cibernéticos, resulta em um ambiente vulnerável a sérios tipos de crimes.

Além dessa vulnerabilidade das pessoas físicas, as empresas também são fortes alvos dos hackers. De acordo com o relatório anual Norton Cyber Security Insights, 2016 foi um ano próspero para os hackers em todo o mundo, quando os ataques cibernéticos registraram uma alta de 10% em relação ao ano anterior. Apenas no Brasil, 42,4 milhões de pessoas foram afetadas, e o prejuízo total no país por conta desses ataques chegou a US$ 10,3 bilhões (R$ 32,1 bilhões).

Uma modalidade cada vez mais comum de crime é o sequestro de servidores. Hackers invadem computadores, principalmente de pequenas e médias empresas, deixam todos os dados indisponíveis e exigem um pagamento, feito em Bitcoin para devolver o controle das máquinas. 

Segundo, André Miceli, Professor do MBA de Marketing Digital da Fundação Getúlio Vargas (FGV) “as grandes empresas já dedicam uma parcela de seus orçamentos de tecnologia para segurança. Isso ainda não acontece nas pequenas e médias. Assim como no mundo ‘físico’, os criminosos procuram facilidade, então essas empresas acabam caindo nessa situação com mais frequência”. Miceli afirma que o Brasil foi o 4º país com a maior quantidade de casos no mundo em 2016 e que esse número deve aumentar.

Ainda segundo o especialista, uma questão que deve trazer muitos problemas nos próximos anos é a segurança de dispositivos conectados a carros, residências e até mesmo equipamentos de saúde. Miceli afirma que “nos próximos anos, certamente veremos a explosão do número de elementos conectados. Bombas de insulina, cardioversores, marca-passos estarão conectados. Aceleradores e pilotos-automáticos de automóveis, controles de casa como aparelhos de ar-condicionado e fogões também. Teremos mais oportunidades para invasões e certamente os criminosos irão aproveitá-las para fazer dinheiro”.

Para evitar esse tipo de problema, Miceli diz que as 3 principais ações são:
- Aprender sobre Engenharia Social - você recebe um e-mail pedindo recadastramento de senha do seu banco ou outras confirmações de dados e  preenche com seus dados , passando todas as informações para alguém mal intencionado. Para se prevenir desse tipo de ataque, evite abrir e-mails de remetentes desconhecidos, configure o link aberto pelo e-mail que receber e verifique se ele é realmente da empresa que diz ter enviado a mensagem e não instale nada que não saiba a procedência em seu celular, computador ou qualquer outro equipamento.

- Bloquear dispositivos e sites com senhas longas - todos devem colocar senhas e bloqueio automático em seus dispositivos. Isso diminui a possibilidade de uso por terceiros caso haja roubo ou esquecimento. As senhas longas também são úteis pois um técnica muito utilizada é o ataque por força bruta. Neste caso, um programa testa individualmente todas as alternativas possíveis de senha. Por isso, quanto mais longa e mais caracteres especiais, mais difícil será o acesso.
- Realizar backups frequentes - uma ação contingencial que pode poupar muito trabalho e dinheiro é a realização de backups frequentes. Desta maneira, se no pior caso você perder algo, será mais fácil recuperar arquivos é demais informações.

O cenário visto em 2016, infelizmente, deve se intensificar em 2017, com mais alguns pontos críticos: ameaças direcionadas a meios de pagamento, à Nuvem, à Internet das Coisas (IoT) e a dispositivos móveis.






André Lima-Cardoso Miceli - Mestre em Administração pelo Ibmec RJ, com MBA em Gestão de Negócios e Marketing pela mesma instituição. Coordenador do MBA e Pós-MBA em Marketing Digital da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e professor do International Master’s Program da EBAPE. Tem mais de vinte prêmios de internet e tecnologia, incluindo o melhor aplicativo móvel desenvolvido no Brasil. Certificado no programa Advanced Executive Certificate in Management, Innovation & Technology do Massachusetts Institute of Technology (MIT). Cursou o programa de Negociação da Harvard Law School. É Graduado em Tecnologia e Processamento de Dados pela PUC-Rio. Autor dos livros “Planejamento de Marketing Digital”, “Estratégia Digital: vantagens competitivas na internet” e “UML Aplicada: da teoria à implementação”. É fundador e Diretor Executivo da Infobase, uma das 50 maiores integradoras de TI do país, e da agência digital IInterativa, que atua com clientes de diversos segmentos.


 

Brasil fica em penúltimo lugar em ranking internacional de eficiência energética



Pelo segundo período consecutivo o Brasil fica em penúltimo lugar no ranking de eficiência energética, atrás somente da Arábia Saudita. Divulgado pelo Conselho Americano para uma Economia Eficiente de Energia (ACEEE, sigla em inglês), o Scorecard analisou as 23 maiores economias do mundo do ponto de vista de eficiência energética a partir de quatro tópicos principais: esforços nacionais, edificações, industrial e transporte. Para a Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (ABESCO) o resultado da pesquisa só ressalta a falta de investimentos e o grande potencial de economia do setor elétrico brasileiro.

Para o presidente da ABESCO, Alexandre Moana, a situação do Brasil fica ainda pior quando comparada com BRICS (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). “O fato de o Brasil ter ficado atrás, inclusive da África do Sul, no Scorecard (21º lugar) só revela o quanto nossa matriz energética é ineficiente. As ações governamentais nas últimas décadas visaram apenas   implementações relacionadas à geração de energia. Hoje temos uma das matrizes elétricas mais limpas do mundo, porém com altos níveis de desperdício”, explica.

Pesquisa realizada pela ABESCO sobre o potencial de eficiência energética no Brasil entre 2008 e 2016 revelou que nos últimos três anos o Brasil desperdiçou 143.647 GWh, ou seja, um potencial de economia de R$ 61,71 bilhões. E, segundo Moana, esse montante só não foi maior porque o País entrou em recessão e a produção industrial caiu drasticamente entre 2015 e 2016. “Competitividade e crescimento sustentado são apenas alguns dos resultados de uma
política nacional baseada no uso racional dos recursos”, finaliza.
 



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