Os
médicos-veterinários do CRMV-SP orientam sobre cuidados fundamentais que o
consumidor deve ter na hora de comprar a proteína
O período da Semana Santa, principalmente a
sexta-feira que antecede o domingo de Páscoa, é tradicionalmente o de maior
consumo de peixe em todo o País. Há uma grande preferência por bacalhau, mas o
consumo passa por diversas outras variedades, como tilápia, linguado e salmão.
Por isso, é muito importante orientar a população sobre os cuidados na hora de
comprar e conservar o peixe ou outros tipos de frutos-do-mar, para evitar
intoxicações e demais problemas de saúde.
O processo de conservação do peixe inicia muito
antes de chegar ao consumidor final nos supermercados e peixarias. Para maior
durabilidade, a carne de peixe fresco exige temperatura próxima de 0°C e a
congelada de 18°C. Se for comprado fresco, a aparência geral do peixe deve ser
de pele brilhante, tonalidade viva e ausência de muco espesso, orienta o
médico-veterinário Wander Dias, da Comissão Técnica de Alimentos (CTA) do
Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP).
"As escamas devem estar firmes, com brilho e
bem aderidas ao pescado, os olhos devem ocupar toda a órbita, estarem
brilhantes e salientes. As brânquias devem estar úmidas e avermelhadas. A carne
deve ser firme e elástica, não deixando impressão duradoura à pressão dos
dedos, e o odor deve apresentar-se suave e característico", afirma Dias.
Caso esteja congelado, o consumidor deve observar
os dados e a integridade da embalagem, sugere o médico-veterinário Ricardo
Calil, presidente da CTA do CRMV-SP. Dessa forma, segundo o profissional, o
comprador identifica a origem do produto, a faixa de temperatura para manter o
alimento seguro e, claro, o prazo de validade. Casos, por exemplo, com presença
de gelo no interior de embalagens podem ser indício de ter ocorrido processo de
descongelamento e recongelamento do produto, indicando deficiência da
temperatura de conservação.
“É importante, ainda, saber se o produto passou
pela inspeção oficial, para garantir a segurança do pescado", ressalta
Calil. A orientação é que o pescado seja o último produto a ir para o carrinho
de compras e, no caso, de compras on-line, é preciso atenção a conservação
geral do produto.
Bacalhau e moluscos
O bacalhau é o mais tradicional dos peixes
consumidos na Páscoa. De acordo com o médico-veterinário Wander Dias, a
proteína tem características particulares de conservação, que merecem a atenção
do consumidor na hora da compra. "O bacalhau deve apresentar a superfície
devidamente seca, não pode estar pegajoso ou apresentar limosidade e bolor.”
Já o médico-veterinário Ricardo Calil enfatiza que
o cuidado com a procedência é outro fator muito importante. O bacalhau
verdadeiro, como explica, é o gadus morhua (Cod), também denominado
de Porto. “Alguns estabelecimentos comercializam o gadus macrocephalus,
que é semelhante com o verdadeiro. A diferença, porém, é que este outro não se
desfaz em lascas e tem uma carne fibrosa, por isso, deve ter um preço abaixo do
gadus
morhua,
que é o verdadeiro”, alerta Calil.
As demais espécies comercializadas, como ling,
zarbo ou saithe, não são consideradas como bacalhau, mas sim peixes salgados
secos. “Portanto, fique atento, pois eles devem ser comercializados a preços
bem menores", orienta.
Observar a procedência é uma regra que vale para os
moluscos também. Ela atesta se o pescado é ou não oriundo de áreas impróprias
para pesca. Por serem filtradores da água, têm mais chances de abrigar
bactérias ou substâncias danosas à saúde da população. "Moluscos como
ostras, mariscos, mexilhões, siris e caranguejos, precisam estar vivos na hora
da compra, para garantir que estejam frescos e em condições ideais para
consumo.”, finaliza o presidente da Comissão Técnica de Alimentos do CRMV-SP.
Sobre o CRMV-SP
O CRMV-SP tem como missão promover a Medicina
Veterinária e a Zootecnia, por meio da orientação, normatização e fiscalização
do exercício profissional em prol da saúde pública, animal e ambiental, zelando
pela ética. É o órgão de fiscalização do exercício profissional dos
médicos-veterinários e zootecnistas do estado de São Paulo, com mais de 39 mil
profissionais ativos. Além disso, assessora os governos da União, estados e
municípios nos assuntos relacionados com as profissões por ele representadas.