Muitos investidores, mesmo aqueles acostumados com
uma certa volatilidade do mercado diante fatores internacionais que impactam
diretamente o Brasil, devem acordar todo dia tentando entender o impacto do
COVID-19 e como tudo isso vai terminar. Mas é preciso ter calma.
Antes de mais nada, vamos contextualizar: podemos
fazer uma breve introdução de onde tudo começou, a China. Alguns especialistas
estimam que a perda no PIB chinês deve ser em torno de $ 2,7 trilhões, menor em
questão de valor comparada ao PIB anual do Reino Unido.
Em termos percentuais significa uma retração
econômica de 30%, sendo 80% da indústria e 24% nos investimentos em ativos
fixos. Seguindo com mais suposições analíticas, esperamos uma redução de 2 a 4%
no trimestre chinês. Tudo isso tem uma relação direta com os investimentos
feitos ao longo do ano.
A China representa 30% do crescimento mundial e
nada melhor que ela, que após 58 dias de quarentena, vem retomando as
atividades e com números que podem ajudar a entender o que será o futuro
mundial. Há estimativas que o PIB Global não deve apresentar nenhum crescimento
para este ano, com direito a retrações dos EUA e Brasil. Li recentemente em um
artigo de um especialista em investimentos, e assim vamos começar: “Aperte o
cinto e respire fundo”.
Aqui coloco cinco dicas para você repensar a forma
de investir e sair melhor dessa crise:
Reserva de emergência: agora você entende porque é necessário. Os 20% por mês que você deve
guardar e ter pelo menos seis meses dos seus custos fixos alocados em
investimentos de fácil resgate. Provavelmente, é momento de utilizar o valor,
irão sobreviver aqueles que foram disciplinados. Em uma semana o governo editou
uma MP dando poder às empresas de suspender salários por até quatro meses de
seus funcionários. A justificativa foi: não teremos demissão em massa. Ainda
bem que foi revogada um dia depois, mas como você sobreviveria com as contas
que teria nesses meses? Justamente por ser um momento preocupante é importante
ter uma reserva de emergências disponível. Se eu fosse você, depois que o
furacão passar, colocaria esta primeira dica como nota de cabeceira.
Rebalanceie seus
investimentos: agora está na hora de encontrar oportunidades, e
não problemas com as perdas. Se você já é um investidor, pense em uma nova
estratégia. Faça uma análise de onde foram suas maiores perdas e exposições. O
padrão moderado é 25% de renda fixa, 25% de renda variável, 25% de fundos imobiliários
e 25% em dólar. Verifique cada percentual de alocação e respectivamente a perda
neste período. Faça um balanço inteligente do seu dinheiro.
Para quem aceita um pouco de
risco, chegou a hora da “promoção”: para alocar em
renda variável ou em dólar, vai exigir estômago. Mas pode ter certeza que os
preços, até três meses atrás estratosféricos, estão bem mais atrativos. Em um
momento de crise o mercado fica mais balanceado. O que estava totalmente fora
de mercado cai mais, aquele que possui caixa e se adequou ou superou a crise,
em poucos meses sairá dessa numa melhor. Analise criteriosamente as estratégias
das empresas e não perca a oportunidade de poder ser sócio de uma empresa bem
estruturada que possui expectativa de crescimento.
Rentabilidade passada não
garante desempenho futuro: é sempre bom
verificar o histórico, mas utilizar isso como especulação de ganhos futuros
pode ser o maior mito já escutado no mercado financeiro. O histórico serve para
analisarmos os picos de queda e ganhos, que alinhados às tomadas de decisões do
fundo, ou ação, podem esclarecer o que esperar do futuro. Por exemplo, quais
foram os picos de uma empresa como a Apple, em suas quedas o que ela fez para
mudar, crescer novamente e, ainda mais, como ela está trabalhando para se manter
e crescer no futuro? Pense que empresas que não se adaptam à realidade atual
podem ficar para trás. Vimos grandes como a Oi, Gol e a Macy´s sofrendo com o
mercado competitivo e ainda avessas à grandes mudanças e melhorias. Por mais
que elas demonstraram em certas épocas que poderiam ser a melhor dentro dos
seus mercados, não é isso que analisamos hoje.
Priorize 25% da sua carteira
em uma moeda forte, mesmo na alta: invista em
dólares. Ainda que o valor esteja alto hoje, é um bom investimento desde que
estava na casa dos R$ 3.50. O investimento em dólar precisa ser analisado como
uma forma de concentração do seus investimentos em uma moeda que não se
desvaloriza tão facilmente mediante qualquer impacto político, econômico,
social ou de saúde internacional. Mesmo com a queda do mercado americano, qual
foi a única moeda que se valorizou cada dia mais diante das outras? Imagine se
você tivesse uma previdência em dólar de 10 anos. Começou pagando R$ 2,50 de
conversão na anualidade e agora a R$ 5,00. Ao longo de 10 anos, vamos dizer que
a média foi de aproximadamente R$ 3,70.
Nunca deixe para depois o que você pode fazer hoje.
As oportunidades estão aí, mas é preciso apertar o cinto e pensar
cuidadosamente sobre as suas decisões.
Bruna
Allemann - economista e especialista em investimentos
internacionais. Com um currículo traçado nas áreas de finanças, crédito e
investimentos de bancos nacionais e empresas de comércio exterior, são mais de
10 anos auxiliando seus clientes nas melhores formas de investir e consumir as
linhas bancárias disponíveis no mercado internacional. Atualmente é diretora de
uma das maiores empresas de real estate e investimentos do mercado americano,
auxiliando os brasileiros a investir, imigrar e empreender em solo
internacional.