Pesquisar no Blog

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

Carambola, fruto proibido para os doentes renais


Neurotoxina presente na fruta, muito consumida nas ceias de final de ano, pode provocar desde agitação e convulsões até ser fatal


A carambola, com seu formato de estrela e agradável sabor agridoce, está entre as frutas mais usadas em sobremesas, drinques, como acompanhamento e na decoração dos pratos típicos das ceias de Natal e Réveillon. Rica em vitaminas, sais minerais e antioxidantes, também é ingrediente para sucos, compotas e geleias. O que muitos ignoram é que ela possui uma toxina que pode ser fatal para doentes renais e trazer riscos, inclusive, para pessoas saudáveis.

O médico Bruno P. Biluca, do centro de nefrologia Fenix Alphaville, explica que o perigo da carambola está na caramboxina, uma neurotoxina que age no cérebro, podendo provocar desde agitação, confusão mental, fraqueza e falta de sensibilidade nos membros até convulsões e mesmo levar ao coma e à morte. “O consumo por pacientes com doença crônica nos rins é proibido. Não há quantidade segura. Quanto maior o nível de insuficiência renal, mais graves são as consequências, porém, seja qual for o grau, a recomendação é abolir a fruta da dieta”, alerta o nefrologista.

O perigo de intoxicação nessas pessoas é maior porque a caramboxina é eliminada pelos rins, órgãos responsáveis, entre outras funções, pela filtração de substâncias tóxicas do organismo. “Como os rins já têm uma deficiência nesse processo de limpeza, a toxina se acumula no sangue, causando danos ao cérebro”, afirma Biluca.

Embora, os doentes renais crônicos estejam no grupo de alto risco de apresentar problemas ao comer a carambola, há vários relatos de intoxicação em pessoas sem histórico de doenças nos rins. Em geral, esses casos estão associados a um consumo exagerado. Essas pessoas podem apresentar tanto sintomas neurotóxicos como insuficiência. Isso acontece porque a fruta contém grande quantidade de oxalato, um tipo de sal que pode provocar lesões renais agudas. No entanto, na literatura médica, já foi identificado pelo menos um paciente que passou mal ao tomar apenas 300ml de suco puro em jejum.

Um dos primeiros sintomas que podem aparecer são soluços que não passam. Também podem surgir dores lombares, estados alterados de consciência, agitação, formigamento nos braços e pernas, queda na pressão, vômitos, fraqueza nos músculos, dificuldade de respirar, insônia e convulsões.

Esses sinais podem levar de uma hora até um dia para aparecer após comer a fruta. Em geral, ocorrem entre três e oito horas. “Nem sempre, a intoxicação por carambola é identificada imediatamente, especialmente nas pessoas que não são doentes renais, por isso, é importante relatar que comeu a fruta ao buscar ajuda médica”, orienta Biluca.

Em geral, o tratamento é feito com hemodiálise, para restabelecer o funcionamento dos rins. O número de sessões pode variar em pacientes sem doença renal anterior. “Quanto mais rápido o problema for diagnosticado, maiores são as chances de evitar o agravamento”, afirma o médico. 


SAIBA MAIS

A carambola (Averrhoa carambola L.) chegou ao Brasil no século 19, vinda da Malásia. A fruta pertence à família das Oxalidaceae e é comum em países tropicais. De baixa caloria, é rica em antioxidantes, minerais e vitaminas – para se ter uma ideia, tem metade da quantidade diária recomendada de vitamina C. A fruta, no entanto, tem grandes quantidades de oxalato, um tipo de sal que pode provocar desde pedras nos rins até a obstrução e lesões renais. Pacientes renais crônicos não podem comer carambola em hipótese alguma, pois ela contém uma toxina que afeta o cérebro e pode ser fatal.


O risco do consumo da carambola levou a cidade de Jaú a colocar em vigor uma lei que alerta a população. Sancionada em 2008, a Lei 4.152, conhecida como “Lei da Carambola”, determina que hospitais, postos de saúde, ambulatórios, bares, restaurantes, padarias, lanchonetes, sorveterias, supermercados e quitandas coloquem cartazes alertando sobre o perigo de intoxicação para os doentes renais. Quem desrespeita a legislação municipal, está sujeito a advertência e, no caso de reincidência, a pagar uma multa de 35 unidades fiscais do Estado (Ufesp), R$ 928,55 em valores de 2019.








Fênix Alphaville

Confira algumas dicas para reduzir danos dos excessos cometidos durante as festas de fim de ano


Nós sempre costumamos associar comida a comemorações, e as festas de final de ano talvez sejam o exemplo mais emblemático disso. Em todo caso, o melhor caminho é buscar o equilíbrio e a moderação.


- Quais são os excessos mais comuns cometidos no final do ano e suas principais consequências? 

Gorduras: consumidas em excesso, sobretudo as de origem animal, sobrecarregam o sistema digestivo, tendo impacto importante no fígado e nas vias biliares, bem como no sistema cardiocirculatório.


Álcool: o consumo de álcool acarreta uma grande sobrecarga no fígado, que consegue metabolizar em torno de 10 ml/hora da substância. Ou seja, o consumo acima de 240 ml de álcool pode demorar um dia inteiro para ser metabolizado. Além disso, os efeitos no sistema nervoso central são evidentes: euforia, disforia (a pessoa fica agitada e ansiosa, podendo evoluir para a agressividade) e depressão do estado de alerta, podendo levar ao coma alcoólico (quando o indivíduo fica inconsciente). Existe também o risco de o abuso de álcool evoluir para pancreatite aguda alcoólica, uma inflamação do pâncreas que pode ser muito grave, com risco de morte.


Açúcar: mesmo em indivíduos sem problemas relacionados à insulina, o consumo exagerado de açúcar pode, sim, elevar as taxas de glicemia e, com isso, causar danos nos tecidos, sobretudo no fígado e pâncreas. Outro fator importante relacionado ao abuso do consumo de açúcar se faz notar no aumento de peso, da chamada “massa gorda”, podendo induzir também outras situações, como aumento das taxas de triglicérides.


- Que doenças podem ser causadas ou agravadas por esses excessos?

O abuso no consumo de bebidas alcoólicas e de alimentos ricos em açúcar e gorduras pode acarretar diversos distúrbios, principalmente porque na maioria das vezes essas três substâncias são consumidas em grandes quantidades na mesma refeição. Entre as doenças mais comuns, podem ser citadas como exemplos:

      • Gastrite e esofagite aguda
      • Pancreatite
      • Diarreia provocada pelo excesso de gordura e álcool
      • Infiltração gordurosa no fígado
      • Alterações no comportamento e psiquismo
      • Sobrecarga do sistema cardiovascular

- Quem deve tomar mais cuidado? 

De um modo geral, ao abusar dessas substâncias, todos estão se expondo a riscos. Entretanto, são mais vulneráveis crianças, idosos e pessoas diabéticas, hipertensas ou portadoras de doenças cardiocirculatórias.


- Como se prevenir?

Vivemos em um país tropical e nossas comemorações ocorrem em pleno verão.  Meu conselho é que se priorize o consumo de frutas frescas (sempre há uma linda mesa delas nas decorações das festas), água (as saborizadas são deliciosas e saudáveis) e que se reduza o consumo de alimentos ricos em gordura e açúcar. Quanto ao álcool, é importante não misturar bebidas – destilados e fermentados – e limitar-se a 3 doses por dia.

A melhor prevenção é evitar o consumo de gorduras, açúcar e álcool entre 3 e 4 dias antes da data da festa.  Também podem ser utilizados protetores hepáticos, que têm função de “amortecer” os impactos, assim como os protetores gástricos, como o Pantoprazol, que também atuam como auxiliadores no controle dos danos.




Dra. Maria Bernadette Zambotto Vianna - coloproctologista, colonoscopista e prestadora de serviços no Hospital América de Mauá |Cremesp 83319


Álcool e medicamento: uma mistura que requer cuidados nas festas de fim de ano


Vagner Miguel, farmacêutico da Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais, tira as principais dúvidas sobre o assunto

 Bridgesward por Pixabay


Dezembro já chegou e, com ele, as confraternizações de fim de ano, os happy hours com os amigos, o Natal e o ano novo. Com muita frequência, essas comemorações envolvem o consumo de bebida alcoólica. A principal dúvida que surge para quem está tomando medicação é: será que posso beber? E o anticoncepcional, será que perde o efeito? Quais serão as consequências da interação da bebida com o antidepressivo? 

Para sanar essas e outras questões, Vagner Miguel, farmacêutico da Anfarmag – Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais –, explica que as consequências da interação entre álcool e medicamentos dependem de vários fatores. Entre eles está a composição do medicamento, o organismo do paciente e a quantidade de álcool ingerida. Por isso, de forma geral, a recomendação é evitar misturar álcool com medicamento. O principal órgão prejudicado é o fígado, que metaboliza, por meio das enzimas que produz, o álcool e grande parte dos medicamentos, ficando sobrecarregado. O álcool também afeta especialmente o sistema nervoso central, que comanda nossas ações, alterando substancialmente as capacidades cognitivas estruturais e comportamentais.

Como a bebida altera o metabolismo, o tempo de eliminação do medicamento será alterado, podendo ocorrer antes ou depois do previsto, com possibilidade de prejudicar o tratamento. Aumenta a gravidade quando são utilizadas drogas para tratar problemas neurológicos e psiquiátricos, pois o álcool em geral potencializa o efeito dessas substâncias. “Antidepressivos agem diretamente no sistema nervoso central. Inicialmente, as bebidas alcoólicas aumentam o efeito do antidepressivo, deixando a pessoa mais estimulada; porém, após passar o efeito da bebida, os sintomas da depressão podem aumentar. Já quando os ansiolíticos são misturados ao álcool aumenta o efeito sedativo, deixando a pessoa inabilitada para conduzir um veículo por exemplo, além de uma maior probabilidade de efeitos adversos graves, a exemplo de coma e insuficiência respiratória”, explica o farmacêutico. 

As mulheres que tomam anticoncepcional devem conversar com o médico para usar um método contraceptivo complementar, já que, com a bebida, o efeito pode cair até pela metade. Vagner alerta: “Os anticoncepcionais podem ter tempos variados de permanência no organismo antes de serem eliminados, com duração que varia entre 12 a 24 horas ou mais, dependendo da substância, e isso gera riscos, já que a mulher pode achar que está protegida e ter atividade sexual sem preservativo.”

A mistura de antibióticos e álcool, por sua vez, pode causar desde vômitos, palpitação, cefaleia, hipotensão, dificuldade respiratória até a morte. “Esse tipo de reação seria mais comum com as substâncias metronidazol; trimetoprima-sulfametoxazol, tinidazole e griseofulvin. Já outros antibióticos – como cetoconazol, nitrofurantoína, eritromicina, rifampicina e isoniazida – tampouco devem ser tomados com cerveja e afins pelo risco de inibição do efeito e potencialização de toxicidade hepática”, diz o especialista. 

Vagner completa explicando o efeito com analgésicos e antitérmicos. “O efeito do álcool pode ser potencializado e a velocidade de eliminação do medicamento do organismo será maior, diminuindo seu efeito. Nos casos mais graves, o uso do álcool com paracetamol pode danificar o fígado, uma vez que ambos são metabolizados nesse órgão. Já a mistura com ácido acetilsalicílico pode causar, em casos extremos, hemorragia estomacal, pois ambos irritam a mucosa estomacal”

“Portanto, na dúvida, a regra é: não misturar álcool com nenhum tipo de medicamento”, finaliza o farmacêutico.  A medicação não pode ser desculpa para faltar a reunião de amigos, afinal, o mais importante nestas festas é o carinho, a atenção e a comemoração por terem passado mais um ano juntos e felizes. 

Vagner Miguel - Gerente Técnico e de Assuntos Regulatórios da Anfarmag (Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais), farmacêutico, palestrante e docente. Formado pela Unesp como farmacêutico em 1985, o profissional pós graduou-se em Gestão pela Trevisan e em Engenharia Farmacêutica Cosmética pelo Instituto Racine. 



Anfarmag - Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais


Posts mais acessados