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O mundo está envelhecendo. No Brasil, a realidade
não é diferente. Dados divulgados recentemente pelo IBGE indicam que em 2060
haverá mais idosos do que jovens no nosso país. Até lá, de acordo com o
levantamento, o percentual de pessoas com mais de 65 anos passará dos atuais
9,2% para 25,5%. Ou seja, 1 em cada 4 brasileiros será idoso. Diante disso,
nós, profissionais de saúde, nos perguntamos: a população está preparada para
envelhecer?
Ter consciência de que se envelhece todos os dias
desde que nascemos, é fundamental para um projeto de vida de qualidade. Precisamos
discutir o envelhecimento e a velhice por várias razões. Uma velhice ativa
depende de um envelhecimento programado para tal, onde a saúde física e mental
devem ser cuidadas. Quando o investimento no envelhecimento não for bem
planejado e executado, veremos idosos dependentes de cuidados e com
perspectivas diminuídas em relação a uma vida com qualidade, atividade e
realização.
Novas necessidades surgem a partir dessas
constatações. Acompanhando a transição demográfica, verifica-se a transição
epidemiológica, ou seja, atualmente as doenças degenerativas, o envelhecimento
saudável, a manutenção da habilidade funcional, a vida social, a sexualidade e
a atividade cultural, a autonomia e independência para aqueles que envelhecem
ou já são idosos passam a ser foco das atenções. E precisam ser.
Apesar de constituir um processo natural, o
envelhecimento não ocorre de forma homogênea: é influenciado por eventos de
natureza fisiológica, patológica, psicológica, social, cultural e econômica,
que podem atuar sobre a qualidade de vida na velhice. E o cuidado para quem
apresenta alguma incapacidade, também. É necessária uma profunda reflexão,
sobretudo dos profissionais de saúde, para este cenário. Quando somos crianças
estamos acostumados a ouvir a pergunta: “O que você vai querer ser quando
crescer?” No entanto, o questionamento que devemos fazer hoje para nossos
jovens é: “O que você quer ser quando envelhecer?” É fundamental pensarmos em
como vamos incluir a saúde nos nossos projetos de vida e começar, desde cedo, a
nos preocupar em vivenciar o envelhecimento de forma saudável.
Flávia Del Valle - Diretora executiva da EME Doctors