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quarta-feira, 20 de março de 2019

Ansiedade Infantil: como identificar?


Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que cerca de 9,3% dos brasileiros apresentam os sintomas de ansiedade, transtorno que atinge de crianças, adolescentes, adultos e idosos. Uma pesquisa conduzida pelo professor de psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, Fernando R. Asbahr, mostra que aproximadamente 10% de todas as crianças e adolescentes sofrerão algum tipo de transtorno de ansiedade.

Lidar com o problema não é uma tarefa fácil em nenhuma fase da vida. Imagine, então, quando o transtorno atinge crianças. A partir dos estudos do psicanalista Sigmund Freud (1836-1939), a psicóloga Beatriz Moura destaca os três os tipos de ansiedade mais comuns em crianças e como os pais podem identificar essas alterações nos filhos.

Um deles, o Transtorno de Ansiedade de Separação é uma ansiedade excessiva por conta do afastamento dos pais por um determinado período. Para diagnosticar esse tipo de transtorno, alguns fatores devem ser levados em consideração. O primeiro critério diagnóstico é a presença de, pelo menos, três sintomas relacionados com reações emocionais inadequadas ao grau de desenvolvimento da criança ou do adolescente, com relação ao afastamento de casa ou dos pais. Dentre os sintomas possíveis, estão:

·         sofrimento excessivo e recorrente frente à ocorrência ou previsão de afastamento;

·         preocupação persistente e excessiva acerca de perigos envolvendo os pais ou a si próprio;

·         recusa ou relutância a ir para a escola, ou para outros lugares, desacompanhado;

·         temor excessivo de ficar sozinho em casa;

·         dificuldades para adormecer sem uma figura de vinculação ou para dormir fora de casa;

·         pesadelos frequentes envolvendo o tema separação e queixas somáticas persistentes.


Esses sintomas são comuns em qualquer idade antes dos 18 anos e aparecem com mais frequência entre os sete e nove anos de idade. Em alguns casos, as crianças podem apresentar dores na cabeça, no estômago e náuseas.

Já o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) indica a presença de preocupações excessivas e incontroláveis sobre diferentes aspectos da vida. Os sintomas que devem ser avaliados, incluem:

·         ansiedade e preocupação excessiva e de difícil controle com diversos eventos, na maioria dos dias e com duração mínima de seis meses, causando prejuízos no funcionamento da vida diária.


O quadro deve ser acompanhado ainda de pelo menos três de seis sintomas físicos, tais como:

·         inquietação;

·         fatigabilidade;

·         dificuldade de concentração;

·         irritabilidade;

·         tensão muscular ou perturbações do sono, necessidade constante de reasseguramento e excesso de autoconsciência e preocupação com comportamento no passado;

·         rigidez com relação ao cumprimento de regras ou evitação de situações nas quais poderia haver a exposição ao julgamento dos outros são as principais consequências destes comportamentos.

Para que o diagnóstico seja confirmado em crianças, basta identificar apenas um sintoma. Os sinais aumentam com a idade e a incidência da TAG ocorre em crianças de até 12 anos.

Por fim, o Transtorno de Ansiedade Social (TAS) ou Fobia Social é a ansiedade exagerada por conta da convivência com pessoas não familiares. É muito comum em crianças com até dois anos e meio não se sentirem à vontade perto de pessoas não familiares. Esse comportamento é esperado para a idade e deve ser entendido como parte do desenvolvimento infantil normal. Entretanto, após este período, se o estranhamento persistir e interferir na construção de uma vida social, é possível que este desconforto tenha se tornado patológico.
Os critérios para diagnosticar o TAS, incluem:

·         medo acentuado e persistente, excessivo ou irracional, em uma ou mais situações sociais ou de desempenho que envolvam a exposição a pessoas estranhas ou a possível gozação de terceiros;

·         presença de resposta imediata de ansiedade, caracterizada muitas vezes como um ataque de pânico, resultante da antecipação ou do contato com a situação social temida;

·         reconhecimento de que o medo é irracional ou desproporcional;

·         As situações sociais e de desempenho temidas são constantemente evitadas, ou suportadas com intenso sofrimento, resultando em prejuízo funcional significativo.

Para cada um dos casos, a psicóloga Beatriz Moura aconselha que os pais fiquem de olho em qualquer mudança emocional ou no comportamento dos filhos. É importante procurar orientação de um profissional especializado, para que a ansiedade infantil seja tratada e não traga nenhum prejuízo no desenvolvimento da criança.





Beatriz Moura - formada em Psicologia pelo Instituto Brasileiro de Medicina e Reabilitação (IBMR) e especialista em Transtorno de Personalidade Borderline


Tempo de tela: um desafio para pais, pediatras e governos

Precisamos ir além da definição de limite de tempo. Os pais merecem um mergulho mais profundo na questão. Querem orientações sobre como lidar com o problema de maneira prática dentro de casa

O “tempo de tela” tornou-se um dos desafios parentais nos dias de hoje. Desde outubro de 2016, a Academia Americana de Pediatria recomenda que as crianças com menos de 18 meses participem apenas de conversas por vídeo, que crianças entre 18 e 24 meses devem assistir somente à programação de alta qualidade na presença dos pais e que crianças de 2 a 5 anos tenham acesso limitado a uma hora dessa programação por dia. Para as crianças mais velhas, a organização sugere “limites consistentes no tempo gasto com mídia” e incentiva os pais a experimentarem a tecnologia (shows, jogos, etc.) junto com seus filhos, a fim de abrir uma discussão sobre o que eles veem.

O chefe da área de saúde do Reino Unido, Dame Sally Davies, emitiu, neste ano, diretrizes sobre a regulamentação do tempo de tela para crianças. As diretrizes vieram depois de um relatório recente sobre como a quantidade de tempo gasto em uma tela, que inclui jogar videogames, estar em um computador, usar um celular, afeta as crianças. Embora o uso dos dispositivos em si ainda esteja sendo revisado, as autoridades de saúde estão se reunindo com os gigantes da mídia social, como o Instagram, para discutir conteúdos prejudiciais como os pró-anorexia e os relativos a suicídio em suas plataformas.

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou um Documento Científico, em outubro de 2016, sobre “Saúde de Crianças e Adolescentes na Era Digital”, com recomendações sobre o tema para pediatras, para educadores e escolas, para os pais e para as crianças e os adolescentes. Em julho de 2017, a SBP, através do Grupo de Trabalho em Atividade Física, publicou um Manual de Orientação para Promoção da Atividade Física na Infância e Adolescência, em que até os dois anos de vida recomenda-se que o tempo de tela (TV, tablet, celular, jogos eletrônicos) seja ZERO.



Mas como fazer tudo isso funcionar na prática?

“Talvez precisemos ir além da definição de limites de tempo. Muitos pais querem um mergulho mais profundo na questão, com orientações sobre como lidar com o problema de maneira prática dentro de casa”, afirma o pediatra e homeopata Moises Chencinski.

E esse movimento é mundial. Nos Estados Unidos, dois acionistas da Apple escreveram uma carta aberta solicitando que a empresa investigasse e abordasse o impacto da tecnologia nas crianças. No último ano, ex-funcionários do Google e do Facebook compartilharam campanha, em conjunto com a Common Sense Media, para ensinar às crianças como a tecnologia e a mídia social podem afetá-las.

“Estamos produzindo estudos sobre como o tempo de tela afeta as crianças durante o seu desenvolvimento. Por enquanto, o conhecimento científico acumulado nos indica que é preciso cautela e moderação no uso das múltiplas telas”, destaca o médico.

Estudo, publicado recentemente no JAMA Pediatrics, revelou que níveis mais altos de tempo de tela aos 24 e 36 meses foram significativamente associados a pior desempenho em testes de desenvolvimento aos 36 meses. As recomendações dos autores incluem o incentivo aos planos de mídia da família, bem como o gerenciamento do tempo de tela, para compensar as possíveis consequências do uso excessivo.

Outro estudo mostra que o uso noturno das telas é associado a um sono ruim - tanto a dificuldade em adormecer quanto acordar cedo demais. Telefones celulares e televisores foram associados a 60% mais chances de acordar tarde. Crianças que usaram telas na hora de dormir consistentemente pontuaram menos nos testes de qualidade de vida. Usar telas em um quarto escuro foi associado a piores resultados do sono do que usá-los com as luzes acesas.

Pesquisas australianas recentes, publicadas no Obesity Research & Clinical Practice, demonstraram que sentar e assistir televisão pode aumentar o risco de obesidade de uma criança mais do que outros comportamentos sedentários, como jogar jogos de computador. Estes dados confirmam que a limitação do tempo de televisão é um alvo importante para intervenções na obesidade infantil.

Mesmo assim, todos esses estudos e a comprovação de suas consequências danosas, aparentemente, ainda não sensibilizaram a população dos pais, como foi relatado nesse estudo, realizado entre 1997 e 2014, que demostrou que o tempo de tela para crianças menores de 2 anos mais do que dobrou, nesse período. Os dados mostraram que para crianças menores de 2 anos, o tempo de tela diário passou de 1,32 horas em 1997 para 3,05 horas em 2014, com a televisão respondendo por mais de duas horas e meia de tempo de tela em 2014, comparado a meia hora em 1997. Para crianças de 3 a 5 anos, o tempo de tela não mudou nesse período, mas a TV também passou a representar a maior parte do tempo na tela, passando de pouco mais de uma hora em 1997 para mais de duas horas em 2014.

Os autores explicaram que, em 1997, o tempo de tela foi definido como tempo de TV, videogames e computadores. Em 2014, no entanto, o tempo de tela também incluiu telefones celulares, tablets, leitores eletrônicos e dispositivos de aprendizagem. Esse tempo excessivo de tela, no início da vida, tem sido associado a atrasos cognitivos, de linguagem, sociais e emocionais, provavelmente porque o tempo de tela diminui o tempo que as crianças passam interagindo com os pais.



Como lidar?

“Além de definirem limites de tempo para a tecnologia, é vital que os pais também sigam essas regras. Para encorajar os filhos a ler por uma hora e se exercitar todos os dias, eles devem fazer exatamente isso. Seus filhos veem como você age. Sua melhor ferramenta de ensino é ser modelo com seu próprio comportamento”, observa o médico.


Também como um contraponto ao tempo excessivo de tela, em 2015, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal e a Fundação Itaú Social lançaram uma campanha para os pediatras com um livro:


Receite um livro: Fortalecendo o desenvolvimento e o vínculo

A importância de recomendar a leitura para crianças de 0 a 6 anos


“A iniciativa, como o próprio título aponta, busca fortalecer o vínculo familiar através da leitura desde a gestação, promovendo, assim, maior chance de contato dos pais e cuidadores com a criança, propiciando condições de um melhor desenvolvimento físico, diminuindo riscos de obesidade infantil, e cognitivo-afetivo, favorecendo a saúde bio-psico-físico-social na infância, gerando adolescentes e adultos mais saudáveis em todos os aspectos de suas vidas”, destaca o pediatra Moises Chencinski.











Moises Chencinski

Site: http://www.drmoises.com.br

Fanpage: https://www.facebook.com/doutormoises.chencinski/


3 exercícios de Mindfulness para praticar com as crianças


Há muitas maneiras de ajudar seu filho a desenvolver foco e atenção. A prática de Mindfulness, por exemplo, é um recurso suave e fácil para aumentar a concentração, podendo ser inserido na rotina das crianças e trazendo benefícios duradouros de desenvolvimento, quando praticado regularmente.

A atividade deve ser feita de forma lúdica, com uso de brinquedos, objetos simples, alimentos, movimentos leves e música. Veja 3 exercícios para introduzir Mindfulness aos pequenos. Antes de começar, certifique-se de desligar ou silenciar qualquer distração, como televisão, videogame e celulares.


Amigos da respiração

Essa atividade serve para desenvolver a atenção plena através da consciência do corpo e dos movimentos da respiração. Peça para seu filho deitar e colocar um bichinho de pelúcia em cima de seu estômago. Diga para ele respirar profundamente, enchendo e esvaziando a barriga, prestando atenção no sobe e desce do bichinho durante os movimentos de inspiração e expiração. Após a percepção do movimento, diga a ele que fique assim por 1 ou 2 minutos, respirando normalmente, apenas notando o sobe e desce do brinquedo. 


Como um sapinho na lagoa

Essa atividade serve para desenvolver calma e relaxamento corporal. Sente com seu filho com as pernas cruzadas, em posição de meditação, e vá guiando o exercício por alguns minutos, usando a sua imaginação. Diga: vamos brincar de ser um sapo sentado muito, muito quietinho em uma folha bem grande no lago. Enquanto você se senta na folha, Sr. Sapo, respire. Mas tenha cuidado. Se você se mexer demais, sua folha tombará, e você acabará na água. Então, apenas observe enquanto sua barriga de sapo incha e desincha. Veja como você consegue ficar parado, como uma estátua, prestando atenção no que está acontecendo ao seu redor. Você está tranquilo e respirando, armazenando sua energia. Observe como sua barriga aumenta e diminui, Sr. Sapo.
Tente fazer 5 ou 6 ciclos completos de respiração. O exercício foi adaptado do livro Quietinho feito um sapo, de Eline Snel.


Ondas no mar

Essa atividade serve para aumentar a consciência e o foco na respiração. Peça para seu filho desenhar várias ondas bem altas em um papel, daquelas contínuas, que treinam o grafismo infantil. Depois, peça para ele traçar o desenho com o dedinho, inspirando quando estiver no pico da onda e expirando quando estiver descendo a onda. Faça em todas as ondas do papel e, se quiser, repita.


Dicas extras 

Quanto mais curtas as sessões de Mindfulness (4 a 5 minutos), melhor a resposta das crianças, principalmente no começo. Comece devagar e avalie. Algumas crianças são capazes de fazer sessões mais longas, dependendo da idade e do temperamento.

Se as crianças estiverem inquietas no início, ou se sentirem desconfortáveis em ficar sentadas em silêncio, incentive-as gentilmente a continuar tentando e elogiando seus esforços. Continue introduzindo e praticando de forma bem curta, até que a criança vá se acostumando. Para incentivar sua cooperação, é importante que a experiência seja agradável.

Com a prática regular, você descobrirá que as crianças não apenas aprimoram as técnicas, mas também as usam por conta própria.   





Vivian Wolff - Coach de Vida e Carreira pelo Integrated Coaching Institute (ICI); formada em Mindfulness pela Georgetown University Institute for Transformational Leadership, Washington DC; com MBA em Marketing Estratégico pela University de Catalunya, Barcelona


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