Precisamos ir além da definição de limite de tempo. Os pais merecem um mergulho mais profundo na questão. Querem orientações sobre como lidar com o problema de maneira prática dentro de casa
O “tempo de tela” tornou-se um dos desafios parentais nos dias de hoje. Desde outubro de 2016, a Academia Americana de Pediatria recomenda que as crianças com menos de 18 meses participem apenas de conversas por vídeo, que crianças entre 18 e 24 meses devem assistir somente à programação de alta qualidade na presença dos pais e que crianças de 2 a 5 anos tenham acesso limitado a uma hora dessa programação por dia. Para as crianças mais velhas, a organização sugere “limites consistentes no tempo gasto com mídia” e incentiva os pais a experimentarem a tecnologia (shows, jogos, etc.) junto com seus filhos, a fim de abrir uma discussão sobre o que eles veem.
O chefe da área de saúde do Reino Unido, Dame Sally Davies, emitiu, neste ano, diretrizes sobre a regulamentação do tempo de tela para crianças. As diretrizes vieram depois de um relatório recente sobre como a quantidade de tempo gasto em uma tela, que inclui jogar videogames, estar em um computador, usar um celular, afeta as crianças. Embora o uso dos dispositivos em si ainda esteja sendo revisado, as autoridades de saúde estão se reunindo com os gigantes da mídia social, como o Instagram, para discutir conteúdos prejudiciais como os pró-anorexia e os relativos a suicídio em suas plataformas.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou um Documento Científico, em outubro de 2016, sobre “Saúde de Crianças e Adolescentes na Era Digital”, com recomendações sobre o tema para pediatras, para educadores e escolas, para os pais e para as crianças e os adolescentes. Em julho de 2017, a SBP, através do Grupo de Trabalho em Atividade Física, publicou um Manual de Orientação para Promoção da Atividade Física na Infância e Adolescência, em que até os dois anos de vida recomenda-se que o tempo de tela (TV, tablet, celular, jogos eletrônicos) seja ZERO.
Mas como fazer tudo isso funcionar na prática?
“Talvez precisemos ir além da definição de limites de tempo. Muitos pais querem um mergulho mais profundo na questão, com orientações sobre como lidar com o problema de maneira prática dentro de casa”, afirma o pediatra e homeopata Moises Chencinski.
E esse movimento é mundial. Nos Estados Unidos, dois acionistas da Apple escreveram uma carta aberta solicitando que a empresa investigasse e abordasse o impacto da tecnologia nas crianças. No último ano, ex-funcionários do Google e do Facebook compartilharam campanha, em conjunto com a Common Sense Media, para ensinar às crianças como a tecnologia e a mídia social podem afetá-las.
“Estamos produzindo estudos sobre como o tempo de tela afeta as crianças durante o seu desenvolvimento. Por enquanto, o conhecimento científico acumulado nos indica que é preciso cautela e moderação no uso das múltiplas telas”, destaca o médico.
Estudo, publicado recentemente no JAMA Pediatrics, revelou que níveis mais altos de tempo de tela aos 24 e 36 meses foram significativamente associados a pior desempenho em testes de desenvolvimento aos 36 meses. As recomendações dos autores incluem o incentivo aos planos de mídia da família, bem como o gerenciamento do tempo de tela, para compensar as possíveis consequências do uso excessivo.
Outro estudo mostra que o uso noturno das telas é associado a um sono ruim - tanto a dificuldade em adormecer quanto acordar cedo demais. Telefones celulares e televisores foram associados a 60% mais chances de acordar tarde. Crianças que usaram telas na hora de dormir consistentemente pontuaram menos nos testes de qualidade de vida. Usar telas em um quarto escuro foi associado a piores resultados do sono do que usá-los com as luzes acesas.
Pesquisas australianas recentes, publicadas no Obesity Research & Clinical Practice, demonstraram que sentar e assistir televisão pode aumentar o risco de obesidade de uma criança mais do que outros comportamentos sedentários, como jogar jogos de computador. Estes dados confirmam que a limitação do tempo de televisão é um alvo importante para intervenções na obesidade infantil.
Mesmo assim, todos esses estudos e a comprovação de suas consequências danosas, aparentemente, ainda não sensibilizaram a população dos pais, como foi relatado nesse estudo, realizado entre 1997 e 2014, que demostrou que o tempo de tela para crianças menores de 2 anos mais do que dobrou, nesse período. Os dados mostraram que para crianças menores de 2 anos, o tempo de tela diário passou de 1,32 horas em 1997 para 3,05 horas em 2014, com a televisão respondendo por mais de duas horas e meia de tempo de tela em 2014, comparado a meia hora em 1997. Para crianças de 3 a 5 anos, o tempo de tela não mudou nesse período, mas a TV também passou a representar a maior parte do tempo na tela, passando de pouco mais de uma hora em 1997 para mais de duas horas em 2014.
Os autores explicaram que, em 1997, o tempo de tela foi definido como tempo de TV, videogames e computadores. Em 2014, no entanto, o tempo de tela também incluiu telefones celulares, tablets, leitores eletrônicos e dispositivos de aprendizagem. Esse tempo excessivo de tela, no início da vida, tem sido associado a atrasos cognitivos, de linguagem, sociais e emocionais, provavelmente porque o tempo de tela diminui o tempo que as crianças passam interagindo com os pais.
Como lidar?
“Além de definirem limites de tempo para a tecnologia, é vital que os pais também sigam essas regras. Para encorajar os filhos a ler por uma hora e se exercitar todos os dias, eles devem fazer exatamente isso. Seus filhos veem como você age. Sua melhor ferramenta de ensino é ser modelo com seu próprio comportamento”, observa o médico.
Também como um contraponto ao tempo excessivo de tela, em 2015, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal e a Fundação Itaú Social lançaram uma campanha para os pediatras com um livro:
Receite um livro: Fortalecendo o desenvolvimento e o vínculo
A importância de recomendar a leitura para crianças de 0 a 6 anos
“A iniciativa, como o próprio título aponta, busca fortalecer o vínculo familiar através da leitura desde a gestação, promovendo, assim, maior chance de contato dos pais e cuidadores com a criança, propiciando condições de um melhor desenvolvimento físico, diminuindo riscos de obesidade infantil, e cognitivo-afetivo, favorecendo a saúde bio-psico-físico-social na infância, gerando adolescentes e adultos mais saudáveis em todos os aspectos de suas vidas”, destaca o pediatra Moises Chencinski.
Moises Chencinski
Site: http://www.drmoises.com.br
Fanpage: https://www.facebook.com/doutormoises.chencinski/
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quarta-feira, 20 de março de 2019
3 exercícios de Mindfulness para praticar com as crianças
Há muitas maneiras de ajudar
seu filho a desenvolver foco e atenção. A prática de Mindfulness, por exemplo,
é um recurso suave e fácil para aumentar a concentração, podendo ser inserido
na rotina das crianças e trazendo benefícios duradouros de desenvolvimento,
quando praticado regularmente.
A atividade deve ser feita de
forma lúdica, com uso de brinquedos, objetos simples, alimentos, movimentos
leves e música. Veja 3 exercícios para introduzir Mindfulness aos pequenos.
Antes de começar, certifique-se de desligar ou silenciar qualquer distração,
como televisão, videogame e celulares.
Amigos da
respiração
Essa atividade serve para
desenvolver a atenção plena através da consciência do corpo e dos movimentos da
respiração. Peça para seu filho deitar e colocar um bichinho de pelúcia em cima
de seu estômago. Diga para ele respirar profundamente, enchendo e esvaziando a
barriga, prestando atenção no sobe e desce do bichinho durante os movimentos de
inspiração e expiração. Após a percepção do movimento, diga a ele que fique
assim por 1 ou 2 minutos, respirando normalmente, apenas notando o sobe e desce
do brinquedo.
Como um sapinho na
lagoa
Essa atividade serve para
desenvolver calma e relaxamento corporal. Sente com seu filho com as pernas
cruzadas, em posição de meditação, e vá guiando o exercício por alguns minutos,
usando a sua imaginação. Diga: vamos brincar de ser um sapo sentado muito,
muito quietinho em uma folha bem grande no lago. Enquanto você se senta na folha,
Sr. Sapo, respire. Mas tenha cuidado. Se você se mexer demais, sua folha
tombará, e você acabará na água. Então, apenas observe enquanto sua barriga de
sapo incha e desincha. Veja como você consegue ficar parado, como uma estátua,
prestando atenção no que está acontecendo ao seu redor. Você está tranquilo e
respirando, armazenando sua energia. Observe como sua barriga aumenta e
diminui, Sr. Sapo.
Tente fazer 5 ou 6 ciclos
completos de respiração. O exercício foi adaptado do livro Quietinho feito um sapo,
de Eline Snel.
Ondas no mar
Essa atividade serve para
aumentar a consciência e o foco na respiração. Peça para seu filho desenhar
várias ondas bem altas em um papel, daquelas contínuas, que treinam o grafismo
infantil. Depois, peça para ele traçar o desenho com o dedinho, inspirando
quando estiver no pico da onda e expirando quando estiver descendo a onda. Faça
em todas as ondas do papel e, se quiser, repita.
Dicas extras
Quanto mais curtas as sessões
de Mindfulness (4 a 5 minutos), melhor a resposta das crianças, principalmente
no começo. Comece devagar e avalie. Algumas crianças são capazes de fazer
sessões mais longas, dependendo da idade e do temperamento.
Se as crianças estiverem
inquietas no início, ou se sentirem desconfortáveis em ficar sentadas em
silêncio, incentive-as gentilmente a continuar tentando e elogiando seus
esforços. Continue introduzindo e praticando de forma bem curta, até que a
criança vá se acostumando. Para incentivar sua cooperação, é importante que a
experiência seja agradável.
Com a prática regular, você
descobrirá que as crianças não apenas aprimoram as técnicas, mas também as usam
por conta própria.
Vivian Wolff -
Coach de Vida e Carreira pelo Integrated Coaching Institute (ICI); formada em
Mindfulness pela Georgetown University Institute for Transformational
Leadership, Washington DC; com MBA em Marketing Estratégico pela University de
Catalunya, Barcelona
Qual é o impacto do uso da tecnologia em sala de aula na aprendizagem dos alunos?
A chegada dos nativos
digitais às escolas está transformando a forma com que os educadores ministram
suas aulas. O uso da tecnologia em sala de aula como modelo de aprendizagem
ainda gera muito debate entre especialistas da área, entretanto, o assunto
precisa ser explorado. Sobretudo, porque o tema está entre os destaques
da Base
Nacional Comum Curricular (BNCC), que deverá ser implementada
em todas as escolas do Brasil até 2022.
O uso da tecnologia em sala
de aula é importante, pois auxilia no processo de aprendizagem e pode servir
como ferramenta para que o professor tenha acesso a aplicativos, sites e jogos
que contribuam para a dinâmica e contexto de aplicação das disciplinas.
Recursos como estes podem envolver e atrair mais ainda a atenção do aluno, que
poderá melhorar seu desempenho nas atividades, estimular sua autonomia,
despertar sua curiosidade, entre outros benefícios.
Contudo, ainda existem
diversos alunos que não são tão ligados a essas ferramentas, por isso é
fundamental mesclar o uso desses recursos com os materiais didáticos utilizados
em sala de aula. A melhor maneira de usar a tecnologia para o aprendizado é
entender que ela serve como aliada para a realização de atividades
colaborativas. Deste modo, o professor não deve depender exclusivamente dos
recursos digitais para planejar a sua aula, e sim buscar contemplar atividades
colaborativas e proporcionar a interação dos alunos por meio destas. A
tecnologia no ensino
bilíngue, por exemplo, já é uma realidade em muitas escolas e
auxilia o aluno na expansão de conhecimento de vocabulário, ou, até mesmo, na
hora de conferir pronúncias.
Desafio do uso da tecnologia
em sala de aula
Apesar dos pontos positivos,
o uso das ferramentas digitais em sala de aula ainda é um grande desafio para
as escolas no Brasil, seja por questões de infraestrutura das instituições ou
até mesmo pela formação de professores, que ainda não estão preparados para
utilizar estes recursos. Ou seja, Parte superior do formulárioainda
existem profissionais tradicionais que não fazem o uso da tecnologia em sala de
aula, ou, aqueles que têm uma visão moderna e a usam demasiado. Portanto, é
necessário considerar os objetivos e as situações em que a tecnologia se aplica
para que haja sempre um ponto de equilíbrio.
Esse papel cabe à escola, ou
seja, trabalhar cada vez mais na formação e aprimoramento desse profissional.
Incluir a tecnologia na formação é essencial para que ele saiba aplicar e dosar
seu uso em sala de aula. E o professor por sua vez, deve sempre estar em
constante formação e buscar aperfeiçoar e atualizar seus conhecimentos.
Portanto, a tecnologia não
deve ser uma ferramenta para distração e entretenimento do aluno, e sim um
recurso produtivo e uma consequência natural da aula. Hoje em dia, os alunos
encontram as informações muito rapidamente, por isso o professor deve se
aperfeiçoar e avançar junto com relação às ferramentas tecnológicas. O ponto
principal de atenção é cuidar para que a tecnologia não substitua o
precioso contato do professor com o aluno, a empatia sempre fundamental
para não substituir o convívio no processo de troca inerente à educação.
Rone Costa -
Gerente de Desenvolvimento e Relacionamento do Systemic Bilingual, programa pioneiro de educação bilíngue no Brasil
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