O governo federal está desenvolvendo um pacote de
ações para reverter a queda das taxas de vacinação, situação que ocorre desde
2003. Campanha mobilizará três estados em alerta
Em comunicado oficial enviado nesta terça-feira
(19) à Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), o Ministério da Saúde
confirmou um caso de sarampo endêmico ocorrido no Pará em 23 de fevereiro deste
ano. Com isso, o Brasil perderá a certificação de país livre da doença e
iniciará o plano para retomar o título dentro dos próximos 12 meses.
“Iniciamos a gestão, no atual governo, com taxas de
imunização muito baixas. Elas atingiram um pico em 2003, mas, no geral, de lá
para cá caíram ano a ano até chegarem perto de 80% no ano passado. Não é o
patamar ideal. Temos que elevá-la acima a 95%”, afirma o ministro da Saúde,
Luiz Henrique Mandetta.
“Nosso plano consiste em encaminhar medidas importantes
ao Congresso Nacional, como a exigência do certificado de vacinação, não
impeditiva, de ingresso na escola e no serviço militar. Reforçaremos, ainda, o
monitoramento da vacinação, por meio dos programas de integração de renda e
como norma para os trabalhadores de saúde”, complementou.
As ações fazem parte de um conjunto de medidas que
estão sendo desenvolvidas para os primeiros 100 dias de governo. As medidas
ainda incluem a melhora nos sistemas de informação e monitoramento para medidas
de prevenção e controle; a ampliação das estratégias a adesão da população à
imunização; o acerto com estados e municípios estratégia para fomentar a oferta
local de salas de vacinação em horário diferenciado; a instituição de uma
“força tarefa” para apoiar os Estados e Municípios na investigação e manejo de
casos de doenças imunopreveníveis e a realização de uma ampla campanha de
multivacinação, entre outra ações.
O ministro também explicou que a falta de uma rede
de atenção básica forte torna pouco efetivos os esforços nacionais para a
promoção da saúde e prevenção de doenças. “Neste mês, iniciaremos o
fortalecimento da atenção básica, com a criação de uma secretaria própria no
organograma do Ministério da Saúde. Esse nível de atenção será prioritário para
garantir a retomada dos índices de vacinação adequados no país e acompanhamento
da saúde dos brasileiros”, disse.
Nos últimos anos, casos de sarampo têm sido
reportados em várias partes do mundo e segundo a OMS (Organização Mundial de
Saúde), os países dos continentes europeu e africano registraram o maior número
de casos da doença.
Apenas nos primeiros meses de 2019, diversos países vêm
reportando um aumento significativo nos números de casos dentre eles podemos
citar Benin (147), Ethiopia (1351), Libéria (1902) e Europa (881). Nas
Américas, o Brasil apresenta 48 casos e os Estados Unidos da América 206, além
de 283 na Venezuela, surto responsável pela reintrodução da doença no país.
Para o ministro, o cenário demonstra a necessidade de um esforço intranacional
para a contenção do sarampo.
O Ministério da Saúde prepara uma campanha publicitária
para estimular a vacinação contra o sarampo no Amazonas, Roraima e Pará. Os
três estados registram, desde o ano passado, transmissão ativa do vírus. A
campanha será veiculada em abril e chamará para a vacinação contra o sarampo
crianças de seis meses a menores de cinco anos, público com baixa cobertura
vacinal nos três estados e mais vulnerável para a doença. Esta ação será
realizada de forma seletiva, mediante avaliação e atualização da situação
vacinal dessas crianças para obtenção da meta preconizada pelo Ministério da
Saúde de 95% de cobertura vacinal contra o sarampo. A vacina contra o sarampo
está disponível gratuitamente nos postos de saúde de todo o Brasil.
As complicações mais comuns do sarampo são
infecções respiratórias, otites, doenças diarreicas e doenças neurológicas. As
complicações do sarampo podem deixar sequelas, tais como: diminuição da
capacidade mental, cegueira, surdez e retardo do crescimento. O agravamento da
doença pode levar à morte de crianças e adultos.
CASOS DE
SARAMPO
Desde que identificou os primeiros casos em
fevereiro de 2018 e entendendo a gravidade da situação, o Brasil intensificou o
bloqueio vacinal, com a realização de campanhas em Roraima em março e abril e
em Manaus de abril a agosto, com 489 mil doses aplicadas. Nos demais estados
foi realizada a campanha nacional em agosto para as crianças de 1 a menores de
5 anos.
Um exemplo de ação rápida e recente do novo governo,
foi a vacinação de mais de 15 mil pessoas contra o sarampo diante de um surto
registrado no navio MSC Seaview, que visita a costa brasileira e trazia pessoas
de vários continentes, inclusive da Europa, região que mantém curva endêmica
crescente de casos da doença. A ação foi realizada em conjunto com as
secretarias de Saúde de São Paulo e Santos (SP).
Até 19 de março de 2019, foram confirmados
laboratorialmente 48 casos de sarampo no Brasil. Destes, 20 (42%) estão
relacionados a casos importados e 28 (58%) relacionados a casos endêmicos da
cadeia de transmissão iniciada em 19 de fevereiro de 2018, sendo 23 casos no
Pará e cinco casos no Amazonas, todos na região norte do país. A situação
demonstra uma importante redução no número total de casos notificados quando
comparados ao ano de 2018. Durante todo o ano de 2018, foram confirmados 10.326
casos. O pico foi atingido em julho de 2018, quando foram registrados 3.950
casos da doença.
Figura 1. Distribuição de casos endêmicos confirmados de sarampo por mês de início do exantema. Brasil, 2018 e 2019.
Figura 2.
Distribuição da incidência de casos de sarampo por 100.000 habitantes e
cobertura vacinal em percentual, por ano. Brasil, 1968 a 2018
Fonte: Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde - Dados atualizados até 07/03/2019
Fonte: Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde - Dados atualizados até 07/03/2019
Amanda Mendes
Agência Saúde