Pesquisar no Blog

sexta-feira, 27 de julho de 2018

Mudanças climáticas: nossos esforços são suficientes?


No dia 2 de agosto o Rio de Janeiro sediará a edição brasileira do Diálogo Talanoa, iniciativa global ligada à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) que busca discutir alternativas e pensar ações efetivas para a redução das emissões de gases de efeito estufa e combate à intensificação do aquecimento global por consequências antrópicas. A UNFCCC estimula a realização desses diálogos antes da  24ª Conferência das Partes (COP 24), que será realizada na cidade de Katowice, na Polônia, em dezembro. O principal objetivo é incentivar países e sociedade a incrementar esforços para que os objetivos do Acordo de Paris sejam atingidos.

Iniciativas como essa são importantes para relembrar o que temos feito para enfrentar a mudança global do clima. Mas, será que nossos esforços estão sendo suficientes? Pelo Acordo de Paris, ratificado por 179 países para conter as emissões de gases de efeito estufa e garantir o desenvolvimento sustentável, o governo brasileiro colocou como sua meta de contribuição a redução de 37% das emissões até 2025. Além disso, indicou uma contribuição indicativa subsequente de redução de 43% em 2030. No entanto, é importante relembrar que o País usou como referência 2005, ano em que foi registrado o recorde de emissões do País e de desmatamento na região Amazônica. Na época, a destruição da área chegava a 30 mil quilômetros quadrados por ano. Hoje, o desmatamento no local fica em torno de 7 mil quilômetros quadrados/ano. Números esses que praticamente garantiram a meta de redução de emissão de gases, quando a mesma foi estabelecida. 

Apesar do avanço da entrada em vigor do Acordo de Paris,  estamos longe de ter somente motivos para comemorar. O Observatório do Clima – rede que reúne mais de 40 instituições brasileiras atuantes na agenda climática – propõe um teto para emissão de gases de efeito estufa no Brasil. O valor máximo seria de 1 giga tonelada/ano em 2030. Em 2016, foi emitido 1.58 giga tonelada/ano (GtCO2e/ano). A distância da meta reflete que ainda é preciso somar muitos esforços. Além disso, o Brasil é o País que mais desmata florestas tropicais no mundo. Fator que, juntamente com as mudanças de uso do solo, é responsável por metade das emissões nacionais. É preciso enfrentar esse dilema e aproveitar melhor as áreas que já são utilizadas para a produção. Mais de cem milhões de hectares desmatados para a agropecuária estão abandonados no País e o investimento em tecnologias garantiria um melhor aproveitamento dessas áreas, possibilitando um aumento significativo da produção sem a necessidade de novos desmatamentos.

Apesar de praticamente cumprir as metas propostas no Acordo de Paris, o Brasil ainda carece de políticas claras de redução de emissão com a diminuição do desmatamento, fortalecimento de tecnologias e iniciativas que promovam o uso de energias limpas e reduzam o consumo de combustíveis fósseis. Não podemos esquecer também da importância de conservar as áreas naturais que ainda resistem à expansão urbana e da agropecuária. As Soluções baseadas na Natureza são a chave na busca pela melhoria da qualidade de vida. Quanto mais equilibrado estiver o ecossistema, menos impacto a sociedade vai sentir em relação às mudanças climáticas. 

É preciso pensar em soluções agora. As alterações climáticas não são consequências que deixaremos apenas para as futuras gerações. Em várias regiões, vemos problemas gerados por chuvas excessivas ou secas extremas. Em relação à biodiversidade, há o risco de que várias espécies sofram os impactos das alterações do clima. Assim como nós, que já sofremos com tantos eventos climáticos extremos como as fortes chuvas que assolaram a região serrana do Rio de janeiro, em 2011, ou a estiagem que secou torneiras no estado de São Paulo, em 2015. Pensar em ações de adaptação para enfrentar as mudanças que já ocorrem são essenciais, assim como políticas eficientes capazes de frear o aquecimento global. E a resposta para conseguir esse salto está na própria natureza. O uso de Soluções baseadas na Natureza para aumento da capacidade adaptativa de regiões vulneráveis pode também ser parte das ações de mitigação, uma vez que florestas absorvem carbono durante seu desenvolvimento, contribuindo para o atingimento das metas do Acordo de Paris de forma estratégica.






André Ferretti - gerente na Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza e coordenador geral do Observatório do Clima.


Juliana Ribeiro - bióloga especialista em Mudanças Climáticas e analista de projetos ambientais na Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza



Meditação pode ajudar crianças e jovens a manter o controle em situações extremas

Técnica que ajudou jovens tailandeses a manterem o equilíbrio é aplicada também em escolas no Brasil.


Fotos: Divulgação - MindKids / Máindi
Alunos meditam durante as aulas da professora Daniela Dagani da MindKids.


Nos últimos dias, o mundo dividiu sua atenção em duas. De um lado, em pró dos resultados da Copa do Mundo, do outro, torcendo juntos pelo resgate de 12 adolescentes e seu treinador, presos em uma caverna sem alimentação. O resultado desta energia rendeu uma grande vitória, o salvamento dos trezes tailandeses. A principal parte desta força foi dos próprios jovens que mantiveram o equilíbrio adotando uma técnica milenar: a meditação.

Durante 17 dias, o treinador de futebol Ekkapol Ake Chantawong viveu momentos difíceis. Juntamente com seus alunos de 11 a 16 anos de idade, o professor de 25 anos ficou preso na caverna Tham Luang, no norte da Tailândia. Mesmo diante da situação, o treinador teve a tranquilidade de ensinar os princípios da meditação para os alunos. Antes de se tornar treinador, Ake foi monge budista durante dez anos, seus conhecimentos no monastério foram colocados em campo, ao decorrer dos dias que ficaram presos, ajudando para que eles conseguissem manter o controle diante de uma situação extrema

A especialista em meditação para jovens e crianças, Daniela Degani destaca que a prática de mindfulness certamente contribuiu para que os jovens pudessem manter a calma numa situação tão extrema e estressante. Segundo a mentora, isso atesta o que ela acredita e ensina: a meditação pode (e deveria) ser adotada na vida escolar por professores e alunos. "Neste caso, os alunos não ocuparam suas mentes se deprimindo com o passado ou preocupados e ansiosos com o futuro. Eles sentiram o presente e isso foi fundamental", comenta.

Degani afirma que manter uma mente equilibrada, sã e consciente dos seus pensamentos é tão importante quanto ter um corpo saudável. "É preciso ter uma mente cheia de saúde também. E a meditação, principalmente na vida dos pequenos, pode ser um grande investimento para o futuro deles. Seja para relações profissionais, pessoais e até mesmo sob estados de risco, como vimos com os jovens tailandeses."

Consciente destes e de outros benefícios, Daniela é idealizadorado projeto MindKids - que leva a prática para crianças e adolescentes, pais e professores em em escolas do Brasil. A professora resume alguns dos benefícios trazidos pela meditação:

Melhora na atenção – Quem medita obtém melhora na atenção, o que também reflete em tarefas que exigem concentração, como a resolução de exercícios na escola ou de tarefas no dia a dia.

Maior compaixão – Quem pratica mindfulness também tende a ajudar mais o outro e ter mais compaixão não só com quem está ao redor, como também consigo mesmo.

Equilíbrio emocional – A prática da meditação ajuda a diminuir a impulsividade favorecendo respostas pensadas.

Mais calma – A meditação também reduz o sentimento de estresse e ajuda a lidar com a ansiedade e desconfortos causados por situações sociais estressantes, ocorram elas no ambiente escolar ou familiar.


MindKids
MindKids é um projeto liderado e idealizado por Daniela Degani, que tem como missão levar a prática da meditação para ambientes nos quais as crianças e jovens possam aprender e compreender a importância da prática milenar. De acordo com a Mindful Schools, mais de 750 mil crianças e adolescentes já aderiram a prática nos EUA e outros países do mundo.

A intenção da MindKids é que os pequenos brasileiros possam também desfrutar do método, juntamente com seus pais e professores. Com isso, permite desenvolver habilidades para a vida como: capacidade de foco, concentração, equilíbrio emocional, empatia e compaixão. O projeto de Degani já impactou mais de 900 crianças, pais e professores no País.





Daniela Degani é -idealizadora da MindKids. Formada em Administração de Empresas pela USP, pós-graduada em Comunicação pela ESPM, ela atuou muitos anos em empresas como Unilever, Microsoft e Mead Johnson Nutrition. Praticante de meditação desde 2012, medita com crianças há mais de 3 anos, sendo treinada em Mindfulness para Crianças e Adolescentes pela Mindful Schools (EUA). Degani também é colunista do portal bora.ai do Estadão, escrevendo sobre meditação. A buscar constantemente aprimoramento de sua prática, técnicas e conhecimento da área, a profissional já participou da conferência Bridging the Hearts & Minds of Youth de 2017 (San Diego, EUA) e é parte do programa de certificação da Mindful Schools Class of 2018. Daniela participa também do programa do Mindfulness Training Institute na Inglaterra, voltado ao estudo e aprofundamento do ensino de Mindfulness em ambientes seculares.



Mitos e Verdades sobre os sonhos

 Os sonhos podem te ajudar no caminho do autoconhecimento e revelam traços da nossa personalidade; a psicóloga junguiana Katyanne Segalla explica principais dúvidas


Os sonhos sempre foram motivos de dúvidas e mistérios. A ciência atualmente explica que eles se tratam de experiências de imaginação criadas pelo cérebro quando estamos principalmente na fase REM (rapid eye moviments) ou MOR (Movimento Ocular Rápido), período mais profundo do sono. As pessoas que foram acordadas após esse ciclo, que ocorrem a cada 90 minutos, geralmente relatam lembrar-se dos sonhos. Na visão da psicologia analítica, os sonhos são considerados uma ferramenta do inconsciente para passar uma mensagem.

“Na psicologia analítica, podemos dizer que os sonhos são representações do inconsciente a respeito da nossa situação psíquica”, explica a psicóloga junguiana Katyanne Segalla. Carl Gustav Jung era médico e psiquiatra suíço, ele fundou a psicologia analítica junguiana no início do século XX. Essa linha teórica estuda o consciente, inconsciente e leva em consideração a mitologia, simbologia dos atos e o passado de cada indivíduo.

Segundo a psicóloga, o sonho é um ótimo instrumento de autoconhecimento, mas que deve ser analisado com cuidado para evitar significados incorretos. Entre as dúvidas mais comuns, estão:


O mesmo significado vale para todo mundo?

MITO. Quem nunca buscou em sites ou em livros o significado de algum sonho específico? A psicóloga Katyanne afirma que não há problema em procurar uma interpretação comum, mas sempre com ressalvas. “Parte dos nossos sonhos podem até ter o mesmo significado, mas o que mais conta é o significado pessoal. Se uma pessoa sonha com uma cobra, na hora de analisar, é preciso considerar o que esse animal representa para ela”, afirma.


É possível não sonhar?

MITO. Apesar de muitas pessoas alegarem que não sonham, o que de fato acontece é que elas esquecem o conteúdo do sonho ao acordar. Isso ocorre porque ao despertar, a consciência volta a tomar conta e os sonhos retornam para o inconsciente. “Um bom exercício para lembrarmos do sonho é anotar assim que acordar, mesmo que apenas fragmentos. Dessa forma, o inconsciente percebe que você está olhando para ele e passa a produzir mais imagens”, sugere a especialista.


Pesadelos sempre representam coisas ruins?

MITO. Os pesadelos nem sempre representam coisas negativas. Segundo a teoria junguiana, eles surgem para colocar em evidência algo que está sendo negligenciado quando o indivíduo está acordado, como uma forma de dar um “susto” para que ele olhe para aquele aspecto.

Nesse caso, vale ressaltar a importância de contar com um especialista adequado para ajudar a interpretar corretamente os significados e auxiliar nesse processo de compreensão de quais aspectos que estão sendo deixados de lado. 





Katyanne Segalla - Psicóloga clínica, psicoterapeuta, pós-graduada em psicoterapia junguiana. Especialista em temas sobre comportamento, relacionamento e saúde emocional. Realiza atendimento de crianças, adolescentes, adultos e idosos. CRP:06/126673 (https://www.facebook.com/psievida)

Posts mais acessados