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segunda-feira, 28 de maio de 2018

Melanoma, o câncer de pele mais letal, é um desconhecido para 73% da população do Sudeste



 Maio é o mês de conscientização sobre a doença e a biofarmacêutica Bristol-Myers Squibb lança uma campanha com objetivo de informar como identificar e evitar esse tipo de câncer de pele 


O Instituto Nacional do Câncer (INCA) indica que 6.260 novos casos de melanoma serão diagnosticados entre 2018 e 2019 no Brasil.1 O melanoma é um tipo de câncer de pele que atinge os melanócitos, células produtoras de melanina, e pode levar à morte devido à grande possibilidade de metástase. Mesmo assim, os brasileiros têm pouca informação sobre a doença. É o que aponta uma pesquisa inédita encomendada pela Bristol-Myers Squibb para o Instituto Datafolha que revelou que 78% da população brasileira não sabe o que é melanoma. 


Entre os entrevistados na região Sudeste, que possui a terceira maior incidência do país, com cerca de 2,69/100 mil casos entre os homens e 2,58/100 mil na população femininam2, 73% disseram não conhecer esse tipo de câncer.

Além do desconhecimento sobre a doença, os dados revelam que a população residente na região não consegue identificar corretamente os fatores de risco, colocando apenas o sol como o grande vilão. Quando questionadas a respeito de quais são fatores de risco que aumentam as chances de desenvolver melanoma, exposição ao sol atingiu o índice de 88% das respostas, seguido de excesso de pintas no corpo (39%) e herança genética (38%). Mas, um importante indicativo, que é a etnia, obteve somente 23% das menções. “Embora a incidência solar excessiva tenha grande influência, outras características importantes devem ser levadas em conta, como cor da pele e estilo de vida”, explica Roger Miyake, diretor médico da Bristol-Myers Squibb. “O melanoma é mais comum em pessoas de pele clara, mas isso não significa que ele não atinja pessoas com tons de pele mais escuros. O surgimento repentino ou alterações de pintas precisam ser observados com muita atenção por todos”, conclui o executivo.

O desconhecimento contribui para o crescimento do percentual de casos aqui e em todo mundo. Dados da Agência Internacional de Pesquisa Sobre o Câncer (Iarc), da Organização Mundial de Saúde (OMS), indicam que a incidência do melanoma vem aumentando gradativamente nas últimas quatro décadas. De acordo com a Agência, cerca de 200 mil novos casos de melanoma são registrados por ano em todo o mundo.3

No Brasil, ainda segundo o INCA, a região Sul é a que lidera os casos da doença. Entre os homens, o risco de incidência na região é de 5,71/100 mil e entre as mulheres 4,74/100 mil.4 Em seguida figuram as regiões Centro-Oeste5, com 3,55/100 mil para homens e 2,15/100 mil para mulheres e Sudeste. As regiões Nordeste e Norte têm as menores taxas, registrando incidência de 1,47/100 mil para homens e 1,18/100 mil para mulheres no Nordeste7 e 1,23/100 mil para homens e 0,64/100 mil para mulheres na região Norte.7



Campanha #MostraTuaPele

A falta de conhecimento sobre o câncer melanoma é ainda mais expressiva nas populações de baixa escolaridade e menor poder aquisitivo, sendo que nesse recorte o índice chega a 91%. Para melhorar esses indicadores e ampliar o conhecimento sobre a doença, identificar os sinais de risco e como prevenir, a biofarmacêutica Bristol-Myers Squibb criou a campanha #MostraTuaPele, e tem a parceria dos Institutos Lado a Lado Pela Vida, Melanoma Brasil, Oncoguia e Vencer o Câncer.

Focada nos canais digitais, a campanha é uma proposta de democratizar o acesso à informação qualificada, chamando a atenção para os sinais que aparecem na pele e porque é importante ficar de olho neles. A campanha inicia em 7 de maio e, ao longo do mês, que é conhecido como o mês internacional de combate ao melanoma, os institutos parceiros postarão conteúdos com imagens e vídeos sobre o tema em suas fanpages nas redes sociais, sempre acompanhadas da hashtag #MostraTuaPele.






Metodologia da Pesquisa

O levantamento para revelar essa radiografia da percepção do câncer melanoma ouviu 2077 pessoas em todo país, distribuídas em 152 municípios, de forma a representar as regiões geográficas do país. As pessoas ouvidas têm idade a partir de 16 a anos e pertencentes a todas as classes econômicas. Os dados foram coletados por meio de pesquisa quantitativa com entrevistas pessoais e individuais. Mais da metade dos entrevistados reside em cidades localizadas no interior (58%) e os que vivem nas capitais, 42%.


A pesquisa também revelou que: 

         89% nunca falaram com o médico sobre a doença (na região sudeste o índice cai para 88%)
         Apenas 36% da população sabe que o melanoma é o tipo mais letal de câncer de pele, sendo que na região sudeste 27% afirmaram saber a gravidade da doença;
         25% sabem que o melanoma atinge quem tem histórico familiar da doença. Para os moradores do Sudeste, 23%;
         63% não se preocupam em ser diagnosticado com a doença em todo o Brasil. Apenas no Sudeste 65%;
         Menos da metade dos entrevistados (49%) estão conscientes que saber dos sintomas e fatores que causam o melanoma pode ajudar a salvar vidas. Na região Sudeste 51%.
         68% dos entrevistados procurariam atendimento para tratar a doença no SUS em todo o Brasil. Para o Sudeste os dados apontam 66%.




Fontes:

1.   http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/pele_melanoma/definicao
2.   http://www.inca.gov.br/estimativa/2018/casos-taxas-regiao-sudeste.asp
3.   http://globocan.iarc.fr/Pages/fact_sheets_population.aspx
4.   http://www.inca.gov.br/estimativa/2018/casos-taxas-regiao-sul.asp
5.   http://www.inca.gov.br/estimativa/2018/casos-taxas-regiao-centro-oeste.asp
6.   http://www.inca.gov.br/estimativa/2018/casos-taxas-regiao-nordeste.asp
7.   http://www.inca.gov.br/estimativa/2018/casos-taxas-regiao-norte.asp


Vitamina D: reais benefícios e necessidades de prescrição


Reposição de vitamina D é cada vez mais comum em diversas especialidades médicas e gera controvérsia em debates médicos sobre a real necessidade de suplementação

Até o final de 2017, o Google registrou cerca de 13 mil artigos escritos nos últimos cinco anos sobre vitamina D em humanos. Deste material, 2.700 trazem como tema a suplementação da vitamina. O que antes era tema restrito na endocrinologia às doenças ósseas, como raquitismo, osteomalácia e osteoporose, hoje traz discussões de benefícios relacionados ao diabetes, doenças cardiovasculares, transcendendo para outras doenças e especialidades com esclerose múltipla, câncer, entre outros.
Para a endocrinologista Suzana Vieira, o rastreamento da deficiência de vitamina D é realizado de forma pouco criteriosa, pois em 2011 a Sociedade Americana de Endocrinologia definiu uma diretriz que recomenda que seja realizado apenas em pessoas com fatores de risco para tal deficiência, sendo a reposição recomendada para evitar quedas e fraturas ósseas. Isso porque a diretriz orienta que os níveis normais de vitamina D estariam iguais ou superiores a 30ng/mL; entre 20 e 30ng/mL caracterizariam insuficiência e nos casos de 250HD < 20ng/mL seriam compatíveis com a deficiência.
“Se olharmos esses números de referência, entre 20% a 100% dos idosos nos EUA, no Canadá e na Europa seriam deficientes em vitamina D, ou seja, a normalidade estatística seria a exceção, já que apenas 5% da população deveria estar fora da faixa de normalidade”, explica a endocrinologista. Isso reforça a ideia de que a suplementação esteja sendo feita de forma exagerada para diversos tipos de pessoas.
No Brasil, por exemplo, estudos do Departamento de Metabolismo Ósseo e Mineral da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) para o Programa Diretrizes da Associação Médica Brasileira (AMB) mostram que em São Paulo cerca de 85% dos idosos estão com valores inadequados de vitamina D, e trazem os mesmos índices inadequados também em mais de 90% dos idosos institucionalizados e em cerca de 50% da população de jovens saudáveis.
Aprofundando ainda mais sobre o benefício da suplementação em uma população específica, os estudos começaram a ser publicados avaliando a suplementação de vitamina D no risco de queda em idosos. “Um dos estudos traz como resultado os grupos que receberam doses maiores de vitamina D ou associada ao calcifediol e que conseguiram atingir os valores preconizados de 30 ng/mL, mas não melhoram significativamente a performance física e ainda foram associadas a risco de quedas maior quando comparadas ao grupo de dose baixa (respectivamente – 66,9%, 66,1% e 47,9%)”, explica a médica. 
Sendo assim, é preciso ampliar o olhar para além do exame complementar, considerando que o risco de fraturas em idosos, por exemplo, está ligado a diversos outros fatores como a idade avançada. “Dentro desses estudos, os especialistas destacam o exercício físico como a intervenção mais efetiva para prevenir danos relacionados às quedas, fraturas e lesões de quadril em idosos abaixo dos 80 anos. Outras intervenções associadas também foram úteis em reduzir incidentes, tais como como tratamento da visão e da osteosporose, avaliação do ambiente em que o paciente vive e suplementação de cálcio e vitamina D”, reforça Dra. Suzana Vieira. 
Essa avaliação do paciente e de suas reais necessidades é englobada pelo conceito de Slow Medicine, do qual a Dra. Suzana Vieira é colaboradora. “A decisão deve ser compartilhada. A chave da questão são os valores, as expectativas e as preferências do paciente. Nela estão envolvidos o ambiente de cuidados do paciente, sua família, vizinhos, amigos e outras fontes de suporte ou apoio”, premissas essas que vão de acordo aos princípios do movimento.
Recentemente, os valores de referência foram revistos, com diminuição do valor de normalidade a partir de 20ng/mL na população abaixo de 60 anos. No caso da vitamina D, se por um lado a nova faixa para normalidade terapêutica possa favorecer uma redução na prescrição dessa vitamina, por outro lado, a publicação de benefícios da vitamina que estão além do metabolismo ósseo estimulam um maior número de prescrições  da vitamina D.
É um outro ponto comum na área médica e que o Slow Medicine busca esclarecer, que é a possível evitar a Mercantilização da Doença (Disease Mongering, em inglês) envolvidas nesses casos. Segundo o Wikipedia, esse é o cenário em que aumentam-se as fronteiras da doença e agressivamente promovem-se campanhas de sensibilização para expandir o mercado para tratamento, entre elas, definir uma doença da qual um grande número de pessoas tem.
“Acredito que dentro desses números e do alarmante excesso de prescrições e de experiências prévias de modismos de outras vitaminas no passado, devemos considerar a busca das vitaminas das fontes naturais, seguindo a recomendação de que vitamina se compra na feira e não na farmácia e no caso da Vitamina D, de preferência, tomando um pouco de sol”, finaliza Dra. Suzana Vieira.


Dra. Suzana Vieira - graduada pela Faculdade de Medicina da UFPE possui Residência Médica e Doutorado em Endocrinologia pela USP.  Atua como endocrinologista no SUS e na Clínica Holus, onde também é diretora médica. É membro ativa da Endocrine Societycolaboradora do  Slow Medicine Brasi, apoiadora da iniciatival Choosing Wisely. Para saber mais sobre o seu trabalho, acesse www.drasuzanavieira.med.br e a página da @drasuzanavieira no Facebook.



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