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quarta-feira, 25 de abril de 2018

Como podemos combater o discurso de ódio dos haters da Internet


Criada inicialmente para conectar laboratórios de pesquisa (em 1969), a Internet cresceu e se transformou em uma ferramenta fantástica, com milhões de páginas de informações relevantes, capacidade para conectar bilhões de pessoas todos os dias e recursos para potencializar a democracia, ao oferecer espaço para que qualquer um possa manifestar e compartilhar sua opinião.

Porém, essa vocação democrática da rede também tem sido utilizada por muitos para promover uma postura extremista. Apelidados de haters (odiadores, em português) muitos internautas usam as páginas da web, principalmente as redes sociais, para divulgarem um discurso de ódio, com propagação de fake news (como visto no caso da vereadora Marielle Franco), ataques racistas e incitação à violência.

Em seu alvo, qualquer um que tenha ideias contrárias às suas ou simplesmente pertença a um grupo que não é aceito por eles: negros, mulheres, homossexuais, refugiados, defensores dos direitos humanos, adversários políticos, seguidores de outras religiões, imprensa... Praticamente qualquer um pode ser vítima dos ataques raivosos desse grupo, que encara a internet como se ela fosse uma terra sem lei, na qual eles poderiam agir de maneira covarde e sem punição.

E como a imprensa e a sociedade de maneira geral podem lidar com essa explosão de ódio que se espalha pela rede mundial? Em primeiro lugar, deixando claro que esse não é um crime sem punição (para quem não sabe, racismo pode gerar uma pena de até quatro anos de prisão), que a internet não é uma terra de ninguém, na qual covardes podem agir de forma preconceituosa e não são identificados, desrespeitando pessoas e leis.

Em 2016, por exemplo, agentes da delegacia de repressão aos crimes de informática prenderam sete pessoas suspeitas de serem responsáveis por ataques racistas na internet direcionados à atriz Taís Araújo. No final do ano passado, em uma operação que levou o nome de “hate less” (menos ódio, em português) a Polícia Civil cumpriu cinco mandados de busca e apreensão e cinco de condução coercitiva (quando a pessoa é levada para depor) em cidades de Santa Catarina. Sabendo que seus passos podem ser rastreados muitos haters vão pensar duas vezes antes de cometerem seus crimes.

Outro passo importante é incentivar as vítimas de intolerância ou racismo a não ficarem caladas, buscarem seus direitos e não deixar um crime ficar impune. Há várias formas de fazer uma denúncia, como prestar queixa em uma delegacia (algumas cidades têm delegacias especializadas em crimes raciais) fazer a comunicação por telefone (como no Disque 100 do Ministério dos Direitos Humanos) ou mesmo comunicar o caso por meio da internet, em páginas como a da SaferNet ou do MPF.

E também é importante reunir provas. Nos casos de ataques por meio da internet, vale seguir alguns passos como copiar o link do site onde foi registrada a ofensa, dar um print (imprimir ou copiar para o computador) da página onde o crime foi realizado e enviar esse material para os órgãos responsáveis.

A intolerância, disseminada em larga escala por meio das redes online, é uma ameaça grave à sociedade democrática e que precisa ser combatida de forma consistente. E a internet também pode ser uma aliada em seu combate.





Fabiana Macedo - CEO da Punto Comunicação 


Violência x paz. Depressão x saúde. O que a escola tem a ver com isso?


Como a escola deve abortar a crise da segurança pública no Brasil, onde mais de 60 mil pessoas são assassinadas? Qual a estratégia dos colégios para falar sobre saúde e depressão, doença que atinge 11,5 milhões de brasileiros, informa a   Organização Mundial da Saúde (OMS)?

Na última terça-feira o Senado aprovou o projetode lei ( PLC 171/2017) que inclui entre as atribuições das escolas a promoção da cultura de paz e medidas de conscientização, prevenção e combate à violência. A Organização das Nações Unidas (ONU) define a cultura da paz como um conjunto de valores, atitudes, tradições, comportamentos e estilos de vida baseados no respeito à vida, no fim da violência e na promoção e prática da não-violência por meio da educação, do diálogo e da cooperação.

Além do bom desempenho acadêmico e da formação integral, algumas escolas do ensino privado em São Paulo têm como eixo central a formação de alunos felizes, respeitosos e cidadãos.

“A saúde do aluno está explícita em seu sorriso, no tamanho da janela do seu quarto, no número de árvores na rua, na quantidade de praças no bairro”, diz Ausônia Donato, especialista em Saúde Pública e diretora do Colégio Equipe, em Higienópolis. Segundo ela, é importante trazer em todas as situações de ensino aprendizagem uma reflexão sobre a questão da saúde. “ Temos de socializar a ideia de que saúde é um direito”, diz. No Colégio Equipe, a disciplina Saúde Pública faz parte do currículo.

A Escola Lourenço Castanho, na zona sul de São Paulo, é outra instituição que investe muito na promoção da paz e da saúde de seus alunos. “Para trabalharmos uma cultura de paz, de fato, sem jargão e utopias, temos de investir muito nos adultos dentro da escola para que sirvam de referências para os alunos”, conta a psicóloga e orientadora educacional, Karyn Bulbarelli.

A escola desenvolve ciclos de reuniões com todos os docentes para discutir determinadas temáticas. “Recentemente tivemos a semana de discussão e reflexão sobre a Declaração dos Direitos Humanos. Os professores trazem para nossos encontros questões que aparecem no dia-a-dia da sala de aula. Conflitos explícitos e não explícitos, a questão de exposições dos alunos, a falta de responsabilidade com o espaço coletivo e muitos outros. E todas essas questões provocam os debates e novas ressignificações  junto aos professores”, conta Karyn. O currículo da escola traz o acadêmico e a formação de alunos cidadãos em sintonia. Os projetos norteadores de cada ciclo, partem de uma problemática do cotidiano que não tem resposta pronta.

A escola bilíngue Stance Dual, na Bela Vista, ganhou este ano título de Embaixadora da Paz concedido pela ODAEE – Organização das Américas pela Educação de Excelência. O currículo da escola foi reconhecido internacionalmente por promover a cultura da paz, o senso de responsabilidade e compromisso nos jovens.

“Existe uma crença nossa, e isso está escrito na missão da Stance, que a escola desenvolve os aspectos afetivos, cognitivos e social de forma integrada, que denominamos “desenvolvimento socioafetivo intelectual”, diz a psicóloga e orientadora educacional, Ana Cláudia Correia.

Ela explica que não é uma aula de ética, ou uma palestra sobre bullying que formarão os alunos cidadãos e incutirão a cultura da paz. Para Ana Claudia, ações pontuais são acessórios. O importante é ter atividades e propostas incorporadas no dia-a-dia da escola, como a “equipe de ajuda”, quando alunos são treinados e formam turmas para resolver conflitos entre os colegas e trabalham a prevenção do bullying e da violência.





    
                 Cecilia Galvão - Jornalista/diretora

SPC Brasil esclarece vantagens e mitos do novo Cadastro Positivo


Mudanças nas regras devem estimular análise justa e individualizada na concessão de crédito, o que favorece redução do spread bancário. Sigilo de informações sensíveis está garantido

O Cadastro Positivo, ainda pouco conhecido entre os consumidores brasileiros, entrou em evidência nos últimos meses após um Projeto de Lei Parlamentar (PLP 441/2017) propor a inclusão de todos os consumidores que possuem CPF nesse banco de dados.

Para esclarecer os consumidores sobre as vantagens do novo modelo e evitar a propagação de informações desencontradas, o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) tira oito dúvidas sobre o assunto:


1 – Todos os consumidores são obrigados a participar e permanecer no Cadastro Positivo?

Não. Embora todos os cidadãos titulares de CPF passem a fazer parte do Cadastro Positivo, os consumidores que quiserem retirar suas informações poderão fazê-lo a qualquer momento, de forma gratuita, e até mesmo por telefone. A principal mudança das novas regras é que o Cadastro Positivo deixa de vigorar sob o modelo opt-in, em que para participar é preciso solicitar adesão voluntária, e passa a funcionar sob o modelo opt-out, pelo qual todos os que têm CPF entram no banco de dados, mas podem solicitar a própria exclusão.


2 – O histórico de pagamento dos consumidores sempre estará visível para as empresas credoras?

Não. Apenas a ‘nota de crédito’ (pontuação que indica o perfil do consumidor baseado em seu histórico de pagamentos) é visualizada no momento da análise de crédito. O detalhamento desse histórico de pagamentos só será acessado pela empresa credora após um pedido expresso de autorização no momento da análise de crédito.


3 – Todas as informações de compras dos consumidores constarão no Cadastro Positivo?

Não. As informações que vão compor a ‘nota de crédito’ são basicamente as informações de pagamento como: quitação das faturas do cartão de crédito, parcelas de empréstimos, financiamentos, compras a prazo e despesas com fornecimento de água, luz, gás, telefone fixo e TV por assinatura. Uma das vantagens desse modelo é que alguém que nunca pegou empréstimo no banco ou não possui cartão de crédito poderá ter seu perfil financeiro identificado pelo mercado, já que outros tipos de contas também são avaliados. Os dados financeiros que aparecerão na consulta do histórico são: valor total das compras realizadas, valor das parcelas, data dos vencimentos, data dos pagamentos e dados cadastrais do consumidor, como nome, CPF, data de nascimento e endereço. Informações sobre o que foi adquirido pelo consumidor e onde ele comprou não são considerados para o Cadastro. Tampouco constarão informações relacionadas à origem social, étnica, política, religiosa e sobre a saúde do consumidor, pois excedem a atuação do sistema financeiro, sendo pouco relevantes para uma análise de crédito.


4 – O Cadastro Positivo prejudica os consumidores?

Não. Com o novo Cadastro Positivo, a avaliação de crédito será mais individualizada e assertiva por parte das empresas, fazendo com que os consumidores sejam avaliados pelo seu histórico de pagamentos, ou seja, pelas contas pagas, e não apenas pelos compromissos que estão atrasados (inadimplentes). Com mais informações sobre o histórico de pagamentos realizados pelos consumidores, o risco das operações de crédito vai diminuir, o que tende a favorecer a queda do spread bancário, que é a diferença entre os juros que as instituições financeiras pagam para captar recursos e o que elas cobram efetivamente de quem emprestam. Como atualmente há escassez de informação, o bom pagador é penalizado pelo consumidor inadimplente, fazendo com que os juros sejam elevados para todos, independentemente do seu comportamento financeiro.


5– O Cadastro Positivo deixa os dados dos consumidores desprotegidos?

Não. A privacidade e o sigilo bancário dos consumidores são mantidos com o Cadastro Positivo. Informações como as movimentações da conta corrente, investimentos e depósito em poupança não serão utilizadas. As empresas nem mesmo terão acesso a essas informações.
Qualquer infração, como vazamento de informações ou uso indevido dos dados para finalidades que não sejam a análise de crédito, estão sujeitas às sanções previstas no Código de Defesa do Consumidor e na Lei de Sigilo Bancário.


6– Bancos e empresas vão consultar o histórico de pagamentos do consumidor sem o seu consentimento?

- Não. Somente as informações sobre a ‘nota de crédito’ serão acessadas pelas empresas nas quais o consumidor busca crédito, e não de forma aleatória por qualquer empresa. A abertura do histórico de pagamentos ainda necessita da autorização expressa do cliente e também só será acessada pela empresa em que o consumidor tenta obter crédito.


7– Dados de redes sociais serão armazenados e compartilhados no Cadastro Positivo?

- Não. O Cadastro Positivo contempla e consolida apenas as informações sobre pagamentos dos consumidores e não informações de teor comportamental colhidas em redes sociais.


8– O Cadastro Positivo vai beneficiar os grandes bancos?

Não. O Cadastro Positivo será uma medida pró-concorrencial, pois vai descentralizar as informações de crédito dos grandes bancos. Atualmente, essas instituições financeiras já possuem informações sobre o perfil de pagamento dos clientes com os quais mantêm relacionamento, mas esses dados ficam restritos a essas empresas. Com o Cadastro Positivo, outros players, como fintechs, instituições financeiras de menor porte, cooperativas de crédito e empresas do varejo terão condições de conhecer seus clientes além dos apontamentos de inadimplência, fato que aumenta a competição na oferta de crédito no mercado e, consequentemente, favorece a redução das taxas de juros.

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