Hospital
Santa Paula dá dicas sobre como conviver com a doença, que afeta cerca de 2% da
população mundial, e lidar com as crises. A data foi criada para promover a
conscientização e diminuir o preconceito.
Na próxima
segunda-feira (26/03) será comemorado o Dia Mundial de Conscientização da
Epilepsia – Purple Day. É estimado, segundo o Ministério da Saúde, que 2%
da população mundial sofra da doença e, apesar de 70% do casos serem facilmente
controlados, ainda existe muito preconceito e falta de informação sobre o
assunto.
A
epilepsia é uma doença neurológica que se origina no cérebro, produzindo
descargas elétricas anormais que ocorrem de maneira excessiva e causam as
crises epilépticas ou convulsões. A origem pode ser congênita, isto é, presente
desde o nascimento, ou adquirida como, por exemplo, por meio de traumatismos
cranianos, infecções ou pelo uso excessivo de álcool e drogas.
“As
crises são variadas, podendo ser motoras, sensitivas, sensoriais ou psíquicas.
Cada tipo irá depender da região do cérebro atingida”, explica a neurologista
do Hospital Santa Paula especializada em epilepsia, Luciana Rodrigues.
O
tratamento do transtorno não deve visar apenas o controle dos sintomas, como
também a melhora da qualidade de vida do paciente. “Infelizmente, ainda existe
preconceito social e familiar quando uma pessoa é diagnosticada com epilepsia.
Na maioria dos casos, o indivíduo é capaz de trabalhar e levar uma vida normal.
A doença, quando estigmatizada, pode causar um conflito crônico e o indivíduo
começa a duvidar de suas verdadeiras capacidades, sintoma que pode passar
despercebido no ambulatório ou consultório”, continua a especialista.
Por
essa razão, é importante alertar a população sobre o que é a epilepsia e o que
ela representa socialmente, como propõe o Dia Mundial de Conscientização da
Epilepsia.
Veja
a seguir algumas recomendações da neurologista:
Durante a convulsão:
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Coloque a pessoa deitada e retire de perto objetos que possam lhe machucar. A
área ao redor deve ficar livre.
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Deixe a pessoa se debater. Não a segure, não dê tapas, não jogue água nem
qualquer outra substância líquida.
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Evite que a cabeça bata no assoalho com os movimentos ou abalos. Basta colocar
um objeto macio embaixo da cabeça do indivíduo para impedir que ele se
machuque.
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Não insira nenhum objeto na boca do paciente. Em geral, a mordedura da língua
ocorre logo no início da crise, por isso, torna-se desnecessária uma
interferência. Inserir objetos na cavidade oral aumenta o risco de aspiração
pelas vias aéreas superiores.
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Levante o queixo para facilitar a passagem de ar e vire a pessoa para o lado.
Limpe toda a saliva ou sangue que sai pela boca. Essa região deve permanecer
seca para facilitar a entrada de ar e evitar a aspiração de sangue ou saliva
pelas vias aéreas. Ao contrário do que muita gente acredita, a epilepsia não é
uma doença transmissível, portanto, não há problema em limpar a região oral.
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Afrouxe as roupas.
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Crises com duração maior que cinco minutos devem ser tratadas como emergência
médica, assim como as que se repetem em um intervalo de cinco minutos sem que o
paciente recupere a consciência. Nesses casos, chame uma ambulância. As crises
podem acontecer na primeira manifestação da doença, quando o paciente abandona
o tratamento ou mesmo em uso regular das medicações, quando há alguma outra
doença associada, como uma infecção, por exemplo.
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É normal ocorrer sonolência após a crise.
Para quem sofre do problema:
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Casa com carpete é mais segura porque diminui o impacto em caso de queda. Caso
more com mais gente, não tranque a porta do banheiro nem do quarto para
facilitar os primeiros socorros na possibilidade de uma crise.
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Leve uma vida normal: interaja de forma plena em todas as atividades escolares
ou do trabalho.
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Pratique esportes e atividades de lazer com os amigos. Evite apenas entrar no
mar ou na piscina sozinho porque, em caso de crise, existe o risco de
afogamento. Entretanto, nada o impede de estar na praia junto de pessoas que
possam socorrê-lo e ajudá-lo quando necessário.
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Não permaneça em grandes alturas sem grade ou proteção.
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Não manuseie máquinas que possam feri-lo no caso de perda da consciência.
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Use sempre o bom senso e tenha em mente que a crise, na maioria das vezes, é
inofensiva. É a alteração da consciência ou a queda que podem levar a acidentes
com consequências graves.
Formas de tratamento
De
acordo com a neurologista, houve um avanço importante nas últimas duas décadas
com relação ao tratamento medicamentoso e cirúrgico. Os novos medicamentos
apresentam menos efeitos colaterais e melhor biodisponibilidade, ou seja, no
que diz respeito à interferência da droga no organismo do paciente. Isso leva à
maior tolerância e adesão ao tratamento.
Em
relação aos aspectos cirúrgicos, há critérios rigorosos para sua indicação que
incluem exames especializados como avaliação neurofisiológica
(eletroencefalograma etc.), exames de imagens e avaliação neuropsicológica. “Um
desses exames é a monitorização por vídeo-eletroencefalograma. Neste exame, o
paciente é internado em uma unidade hospitalar e monitorizado continuamente
para detectar e caracterizar o início e o tipo de crise. É com essa
investigação minuciosa que a equipe multidisciplinar, formada pelo
neurologista, neurofisiologista, neurocirurgião, psicólogo, radiologista e
assistente social, decidirá a conduta cirúrgica”, afirma.
Sobre o Purple Day
Com o objetivo de
orientar e melhorar a qualidade de vida desses pacientes, a jovem canadense
Cassidy Megan, uma criança que na época tinha nove anos, criou em 2008 o Purple
Day. A iniciativa, apoiada pela Associação de Epilepsia da Nova Scotia, no
Canadá, é representada pela cor roxa e é associada à solidão e aos sentimentos
de isolamento vivenciados por indivíduos com epilepsia. Na data, as pessoas
estão convidadas a se vestir de roxo nos eventos em prol da consciência da
epilepsia para desmistificar a doença e mostrar que é possível ter uma vida
normal.
Informações:
http://www.purpleday.org
Av. Santo Amaro, nº 2468 - Vila Olímpia - (11) 3040-8000