Médicos de São Paulo apoiam
integralmente iniciativa do deputado Luiz Henrique Mandetta para instituir a
avaliação obrigatória dos cursos de Medicina
Em 9 de março, o deputado e médico Luiz
Henrique Mandetta apresentou relevante informação aos médicos presentes na
reunião de diretoria da Associação Paulista de Medicina. Ele conseguiu inserir
na Medida Provisória 785/2017 o seguinte texto:
“É instituída a avaliação específica para
curso de graduação em Medicina, com instrumentos e métodos que avaliem
conhecimentos, habilidades e atitudes, conforme ato do Ministério de Estado da
Educação.”
A MP, que trata do financiamento estudantil,
está em vigor e foi convertida na Lei 13.530, de 7 de dezembro de 2017. A
redação oriunda do trabalho de Mandetta, por sua vez, dá nova redação ao artigo
9º da Lei nº 12.871/2013, conhecida como “Lei dos Mais Médicos”.
Antes, o artigo instituía uma avaliação
bianual para a graduação, que seria implementada pelo Instituto Nacional de
Estudo e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), no âmbito do sistema
federal de ensino.
Para a nova normativa ser colocada em prática,
o Ministério da Educação (MEC) precisa estabelecer os termos, as regras, a
validade e a data de início, entre outros detalhes. Não há prazo estabelecido
na lei para esse procedimento, sendo então de prerrogativa do MEC o início das
avaliações. Ainda não há informação de quando essa regulamentação será feita.
“Todas essas faculdades que estão surgindo
terão, agora, de possuir certificações. Estamos trabalhando na expectativa de
que a resolução ministerial que trata dessa lei possa fazer uma certificação
internacional. E também para que esses países que possuem a mesma certificação
só recebam alunos intercambistas para cursos se forem oriundos de escolas
médicas certificadas”, relata Mandetta, que também é associado honorário da APM.
O parlamentar enxerga a medida como uma
pequena vitória em meio a tantos problemas no campo da formação médica. “Além
disso, deveremos aprovar em breve o Revalida como único instrumento de
revalidação de diploma no Brasil. Estamos caminhando devagar, mesmo tendo hoje
uma representação pequena no Congresso. O nosso recente movimento, com a Frente
Parlamentar de Medicina (FPMed), é o único caminho possível para transformarmos
o estado das coisas”, afirma.
"Devido à gravidade da situação, o Brasil
precisa de um sistema rigoroso de avaliação do médico, e que não se limite
apenas ao graduado, abrangendo também as faculdades. Isso precisa ser feito por
instituições independentes, e caso o resultado não seja satisfatório, as vagas
dessas escolas precisam ficar suspensas até que as deficiências sejam
corrigidas. No caso de isso não ocorrer em determinado período de tempo, as
faculdades de Medicina que não formam profissionais plenamente capacitados ao
atendimento da população devem ser fechadas", defende Florisval Meinão,
ex-presidente e atual diretor Administrativo da APM.
Articulação médica
A FPMed é uma iniciativa gestada pelo deputado
em parceria com a APM, suas Regionais, sociedades de especialidades e outras
entidades médicas. Após o recolhimento das assinaturas de 170 parlamentares, a
Frente foi formalizada e, para sua operação, as entidades criaram o Instituto
Brasil de Medicina (IBDM).
Esse órgão dará sustentação legal à FPMed,
presidida por Mandetta. A iniciativa visa organizar politicamente os médicos,
que hoje contam com pouca representação dentro do Congresso Nacional. Para José
Luiz Gomes do Amaral, presidente da APM, ela nasce para marcar a posição da
classe no Legislativo.
“Temos um campo imenso de atividades a serem
desenvolvidas e precisamos do apoio de todos os médicos. O grupo está aberto a
todas as sociedades médicas, para que façamos valer a nossa visão”.
Em fevereiro último, ficou definido
em reunião entre os conselheiros e fundadores do IBDM, inclusive, que a Frente
passará logo a ter uma atuação mais incisiva. Foi decidido que o grupo irá
selecionar os projetos prioritários para a classe médica, buscando um norte
para o trabalho. “Também estimulamos, na ocasião, que todos os colegas convidem
seus pares a participar. Seria ótimo que as sociedades de especialidades
integrassem o grupo, com engajamento, fortalecendo a luta. Com união, seremos
respeitados”, complementa Marun David Cury, diretor de Defesa Profissional da
APM.
Para Mandetta, não é mais possível
que a classe permaneça fora do ambiente onde se tomam as decisões mais
importantes da saúde pública e suplementar. “Quando o Governo anterior percebeu
nossa desarticulação, soube que não precisava nos consultar para tomar nenhuma
decisão. Assim, criaram o programa Mais Médicos, demonizando o profissional
brasileiro. À época, me posicionei contra, com apenas mais dois colegas
médicos, dentre os mais de 40 que também são parlamentares”.
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