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sábado, 9 de dezembro de 2017

Pesquisas eleitorais estão longe de prever cenário em 2018, avaliam especialistas




Faltando pouco menos de um ano para as eleições presidenciais de 2018, o assunto já toma conta do debate público brasileiro. Políticos conhecidos dos eleitores, como o ex-presidente Lula e o deputado federal Jair Bolsonaro, estão há, pelo menos, um ano viajando pelo Brasil para consolidar suas candidaturas. Não à toa, os dois seguem na dianteira da corrida ao Planalto, segundo levantamento divulgado no início deste mês pelo instituto Datafolha.

Dependendo da relação dos candidatos exibida aos entrevistados, o ex-presidente varia de 34% a 37% das citações. Bolsonaro, em geral, fica com 18%.

No entanto, os números que mais chamaram a atenção de especialistas não foram esses. De acordo com o Datafolha, 46% da população não demonstra preferência por nenhum candidato, ao menos quando o assunto é citação espontânea. O número já foi maior em pesquisas anteriores, mas, ainda assim é muito alto.


“Se você tem quase 50% dos eleitores que da sua própria cabeça não podem citar um candidato de sua preferência, isso é muito prejudicial ao próximo passo da simulação, que é de mostrar o cartão com os nomes dos candidatos. Uma coisa é muito destoante da outra”, analisa o cientista político e professor da Universidade de Brasília David Fleischer.

Na intenção de voto espontânea, quando o nome dos possíveis candidatos não é apresentado, Lula é citado por 17% (tinha 18% em setembro deste ano), e Bolsonaro, por 11% (tinha 9%). Com 1% cada aparecem Ciro, Marina, Alckmin, Álvaro Dias e Temer. Os demais não atingiram sequer 1%.


O especialista afirma que as pesquisas não servem de real parâmetro para o pleito do ano que vem, já que são apenas um retrato do atual momento. Nos próximos meses, segundo ele, novas candidaturas podem surgir e outras desaparecerem. Como no caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato pelo PT, que pode ser condenado em segunda instância e, assim, ser impedido de concorrer pela Lei da Ficha Limpa.

As ponderações de Fleischer também são observadas pelo escritor e cientista político Bruno Garschagen. A respeito da primeira pesquisa Ibope, divulgada no final de outubro, o escritor avaliou que o cenário está “basicamente sendo construído pelos institutos de pesquisas”. Segundo Garschagen, “o que a gente tem hoje, é mais um termômetro daquilo que os institutos de pesquisas acham e, depois, o que a população acha a respeito daqueles candidatos. É tudo muito prematuro”, declarou.

Historicamente, o brasileiro demora a escolher seus candidatos. Em julho de 2014, por exemplo, 55% dos eleitores ainda não sabiam dizer em quem votariam. Para Bruno Garschagen, um dado mais “robusto” e “fiel” da realidade só será alcançado em meados de março ou abril do ano que vem, uma vez que “o quadro de candidatos já estará mais claro, inclusive para a população”, finalizou.





João Paulo Machado

Fonte: Agência do Rádio Mais 





NA URBE: DESORIENTADOS, DESNORTEADOS E LARGADOS



Não há batatinha amarrada na fronte que resolva. Calmante que acalme. Protetor de ouvido que dê conta. Se a pessoa anda armada é um perigo sair dando tiros. Se achar uma granada o perigo será destravar a rolha e mandar bem no alvo, virando um terrorista urbano. Morar em São Paulo está ficando a cada dia mais impraticável. E não é só o barulho.




Você vai ficando louco, começa a pensar em tomar as medidas mais drásticas, tem os pensamentos mais subversivos, terríveis, punks. Os instintos mais primitivos. O barulho vai corroendo as entranhas, tomando conta. Os obstáculos e situações estressantes se acumulam. Os problemas da cidade e a falta de controle e fiscalização chegaram a um nível insuportável e que afeta gravemente a nossa saúde. Que será preciso para que providências reais sejam tomadas para melhorar nossa qualidade de vida?

No momento, me perdoem, tenho dúvidas, inclusive, se a cidade está sendo habitada apenas por bananas; se ao meu redor só existem pessoas bananas, medrosas, já tão acostumadas a ser massacradas que ficam sem reação, não se defendem mais de nada, inertes, palermas.  Não reclamam, esperam que alguém o faça. A vida real está passando ao largo nesses tempos digitais.

Escrevo nesse momento com uma dor de cabeça daquelas, daquelas que irradiam, sabe? Se fosse uma sessão de tortura creio que entregaria até a minha mãe, confessaria coisas inconfessáveis, os segredos mais recônditos, desde que me prometessem o que venho considerando uma dádiva: o silêncio.

Estou, e claro não sou só eu, mas um monte de gente que mora aqui por perto, submetida a – escutem, por favor, tenham pena de mim – horas a fio, diárias, de uma britadeira em uma construção próxima. No meu prédio, mais próximo ainda, soma-se uma obra que já dura quase um ano e que alterna serra elétrica, bate-estacas e outros sons que vão se infiltrando na mente. Isso junto às sirenes de ambulâncias, buzinadas frenéticas, rota de helicópteros e aviões, latidos e ganidos de pobres cachorrinhos deixados sós o dia inteiro, criancinhas birrentas, funkeiros motorizados, entre outros sons, até como os vindos de revoadas de periquitos verdes chalreando.

Aí você sai de casa. Fora a vontade de usar colete à prova de bala, carregar arco e flecha, gás de pimenta e/ou outros apetrechos básicos para se defender, encontra a buraqueira nas ruas e calçadas. É tibum na certa. A falta de educação das pessoas que avançam como se você não existisse. Os motoqueiros que inventaram uma via imaginária entre os carros e querem que você encolha seu veículo como o daquela cena famosa do Gordo e o Magro. O carro fininho passando no cruzamento.
(Confesso: outro dia pensei seriamente em comprar uma máquina de choque elétrico para usar nesses casos. A ideia seria colocar a mão pra fora rapidinho no momento que um desses estivesse te apertando com aquela buzininha infernal. Bzzz, Bzzzz, fritado igual faz aquela raquete de pegar mosquito.)

Mas quero ainda focar em mais um detalhe: notaram como está (ou melhor, não está) a sinalização das vias? Quando há placas estão sujas, tortas, viradas, ilegíveis, cobertas, erradas. Tenta procurar um endereço. Um número na rua. Uma faixa pintada direito no chão. Não há Waze que resolva. Ao contrário, como aconteceu comigo esses dias, essezinho aí me fez andar inacreditáveis 35 quilômetros errados até um endereço que só achei quando o desliguei – um dos maiores alívios que senti nos últimos tempos. Até porque quem disse que ele funciona direito direto? Você está lá, seguindo, por exemplo, na frente de um viaduto que não sabe se é para pegar. E o que acontece? Zona morta, apagada, cinzenta, sem GPS, sem sinal, sumiu aquela vozinha para te orientar. Já era.

Ah, vá! Já aconteceu com você também, tudo isso, não é?




 Marli Gonçalves - jornalista – Para que me entendam melhor, pelo menos uma parte do problema, gravei. Ouça. Quem sobrevive a isso, durante dias, o dia inteiro? https://soundcloud.com/marli-gon-alves/sets/barulhos-infernais  
SP, insuportável, especialmente em fim de um ano como este aqui.




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