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terça-feira, 11 de abril de 2017

Aumento da violência muda os hábitos dos brasileiros



Segundo especialista em segurança, Glauco Splendore, consumo e tráfico de drogas impulsionam crimes

 

A sensação de insegurança vivida pela população parece crescer a cada dia. Pesquisa recente, denominada “Retratos da sociedade brasileira – Segurança Pública”, realizada pelo IBOPE em 141 municípios brasileiros revela que quase sete em cada dez brasileiros (68%) consideram a situação da segurança no Brasil ruim ou péssima (eram 51% em uma pesquisa similar realizada em 2011). O percentual é ainda mais alto se levada em consideração a percepção dos moradores das cidades periféricas (80%). Comparando com três anos, 60% acreditam que a situação no país, em 2017, está pior. Os reflexos: os cidadãos e as próprias entidades têm buscado alternativas para garantir a proteção, seja individual ou coletiva.

O levantamento, encomendado pela Confederação Nacional da Indústria (CDI), mostrou que quatro em cada dez famílias tiveram alguma vítima de assalto no último ano e que 86% dos brasileiros atribuem às drogas o aumento da violência nas cidades. Além disso, sete em cada dez pessoas afirmaram ter mudado hábitos para se prevenir contra a violência.

Para o especialista em segurança e sócio da Splendore Blindagem – empresa que atua no segmento de blindagem de veículos -, Glauco Splendore, as pessoas estão mais cautelosas e têm evitado, de diversas formas, a exposição ao risco. “As famílias têm equipado suas casas e veículos buscando algum tipo de blindagem contra o terror. Instalam alarmes, grades e a contratação de diversos seguros extras, além de investir, cada vez mais na blindagem veicular”, destacou. 

Segundo ele, o aumento do tráfico e consumo de drogas, sobretudo o crack, tem trazido uma onda de assaltos e agressões em proporções inéditas. “Basta dizer que hoje, há um crescimento bastante significativo de assaltos a veículos e latrocínios (roubo seguido de morte) justamente para sustentar o vício. Também nota-se, sob esta mesma lógica argumentativa, uma altíssima incidência relacionada ao roubo de celulares e residências”, diz. 

Dados recentes da Secretaria de Segurança Pública (SSP), em São Paulo, apontam que, somente no mês de fevereiro de 2017, foram registrados 296 casos de homicídio - um aumento de 3,14% em referência ao mesmo mês de 2016. Já os latrocínios, subiram bem mais. São 34 casos, contra 24. Mais de 40% de elevação, se comparados a fevereiro de 2016. 


Blindagem veicular

Uma das grandes mudanças, detectadas pelo especialista em segurança, Glauco Splendore, acerca das medidas tomadas pela sociedade para garantir a proteção, é a blindagem de veículos. Além de investimentos crescentes de empresas públicas e privadas neste procedimento, é cada vez mais frequente a participação das famílias brasileiras.

Segundo informações obtidas junto ao Exército Brasileiro, em 2016, foram blindados 18,5 mil veículos. São Paulo é responsável por 70% desta frota. “Antes, a blindagem era um privilégio exclusivo de artistas e da classe política. Hoje, empresários e famílias de classe média têm optado intensamente por esta prática”, destaca Splendore, que afirma que o segmento de blindagem deverá ter um crescimento de até 20% em 2017.

O especialista esclarece, ainda, que a blindagem mais comum é o nível III-A, que protege contra qualquer armamento de mão e exige a autorização do Exército. Ele não indica a blindagem para todo o tipo de veículo. “É aconselhável que o automóvel tenha um motor mais potente (a partir de 1.4), pois o veículo fica em torno de 160 quilos mais pesado”.

A blindagem veicular resolve a sensação de insegurança?

Segundo Splendore, a blindagem, desde que bem feita, traz uma tranquilidade à medida que garante a sobrevivência de quem transita em um carro, mas a segurança plena só é possível com políticas públicas que enfrentem o tráfico de drogas e a criminalidade de forma eficaz.

 

 

Inadimplência cresce no primeiro trimestre, com aumento de 900 mil brasileiros negativados, mostram SPC Brasil e CNDL



No final de março, o número era de 59,2 milhões de consumidores brasileiros nas listas de inadimplência. 39% da população adulta está inadimplente


O número de pessoas físicas inadimplentes mostrou crescimento no primeiro trimestre do ano. No final de março o número era de 59,2 milhões de consumidores brasileiros nas listas de inadimplência. Frente à estimativa de dezembro de 2016, que mostrou cerca de 58,3 milhões de consumidores inadimplentes, houve um saldo de 900 mil novos nomes nas listas de inadimplência neste ano. Os dados do indicador do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) mostram que, em termos percentuais, 39,36% da população adulta, entre 18 e 95 anos, estão com o nome sujo.

A série histórica do indicador mostra que, após atingir a marca dos 59 milhões em setembro de 2016, a estimativa seguiu mostrando pequenas quedas, permanecendo entre os 58 e 59 milhões de consumidores. No início de 2017, entretanto, o número absoluto de negativados no país voltou a apresentar alguma alta, ainda que permaneça no patamar dos 59 milhões.

“Embora a estimativa tenha crescido no primeiro trimestre, o ritmo de crescimento é menor do que o verificado no início da crise”, afirma o presidente da CNDL, Honório Pinheiro. “Essa desaceleração do crescimento da inadimplência ocorre desde o segundo trimestre de 2016 e reflete tanto a recessão econômica, que reduziu a capacidade de pagamento das famílias, quanto a redução da tomada de crédito por parte dos consumidores e sua propensão a consumir. O consumidor tem tido maior cautela com o consumo, além de maior dificuldade para conseguir crédito. Assim, ele se endivida menos e, com isso, torna-se mais difícil ficar inadimplente”, explica.

Na variação anual do número de pessoas físicas inadimplentes, o indicador mostra queda de -0,36% em março, em comparação com março de 2016. Após crescer a taxas próximas a 5,0% entre o final de 2015 e início de 2016, mostrou sucessivos recuos ao longo do ano passado, sendo a primeira vez, desde o início da série histórica, em 2010, que o indicador mostra queda anual. Na passagem de fevereiro para março, a inadimplência mostrou alta de 0,44%.

A estimativa por faixa etária indica que é entre 30 e 39 anos a maior frequência de negativados, uma vez que em março metade dessa população (50,12%) estava com o nome incluído em listas de proteção ao crédito - um total de 17,1 milhões de pessoas. Vale destacar ainda que uma quantidade significativa das pessoas entre 40 e 49 anos está inadimplente (47,15%), bem como entre os consumidores de 25 a 39 anos (46,83%).

Região Sudeste concentra maior número absoluto de negativados

De acordo com a estimativa, a região Sudeste é a região que concentra, em termos absolutos, o maior número de negativados, somando 25,10 milhões de consumidores, o que representa 38,52% da população adulta da região.

Em seguida aparecem o Nordeste, que conta com 15,57 milhões de negativados, ou 39,14% da população; o Sul, com 8,34 milhões de inadimplentes (37,44%); o Norte, que, com 5,31 milhões de devedores (45,55% - o maior percentual entre as regiões); e o Centro-Oeste, com um total de 4,84 milhões de inadimplentes (42,28% da população).




Dívidas em atraso caem -4,42% em março, na variação anual

Em março, o indicador do SPC Brasil e da CNDL também analisou uma variação negativa de -4,42% no volume de dívidas em nome de pessoas físicas na comparação com o mesmo mês de 2016. Esta foi a menor variação de toda a série histórica.

Os dados por setores revelam que todos segmentos investigados apresentaram recuo no número de dívidas. O setor de comunicação teve a maior queda, com -18,10% na comparação com março de 2016. Em seguida aparecem o segmento do comércio (-6,11%), água e luz (-1,53%) e bancos (-0,05%).

O levantamento também aponta que os bancos concentram a maior parte das dívidas no país (48,90% do total), com o comércio (20,05%) e o setor de comunicação em seguida (13,09%).

Metodologia

O indicador de inadimplência do consumidor sumariza todas as informações disponíveis nas bases de dados às quais o SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e a CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) têm acesso. As informações disponíveis referem-se a capitais e interior das 27 unidades da federação.








 

GILMAR MENDES IN CONCERT



        Não sei de onde me veio a ideia de que o STF fosse local de infatigável labor. Talvez do exíguo número de ministros, apenas onze para aquelas montanhas de processos. O mais recente dado que encontrei mencionava 77 mil deles. "Uma pela outra" como se dizia antigamente, dá algo como sete mil processos por gabinete. Não há como cumprir essa tarefa sem imensa dedicação ao trabalho, mormente se todos tiverem consciência de que qualquer atraso nas decisões é um freio de mão puxado na justiça ou um acelerador pisado na injustiça. Sempre há algo essencial para todos, para muitos ou para alguém, pendente de decisão. Essa imagem que eu fazia do STF como local de trabalheiras e canseiras se reforçava com a convicção de que as estantes repletas de processos aguardando vez através dos anos, não raro das décadas, haveria de causar angústias no ânimo funcional da Corte e de seu quadro de servidores. Carmem Lúcia, atual presidente, confirmando esse sentimento em recente programa de TV, desabafou: "São onze ministros sem poder parar".

        Talvez ainda se agregasse, para formar a imagem de um local de febril agitação, o numeroso cortejo de servidores. São 1135 efetivos em atividade e aproximadamente 1200 terceirizados, totalizando 2335 pessoas; novamente "uma pela outra", 212  por ministro. Tudo a um custo previsto de R$ 687 milhões, conforme Orçamento Geral da União para 2017.

        Pois bem, outro dia, olhos grudados na TV assistindo o julgamento pelo TSE do recurso contra a chapa Dilma/Temer (matéria que há mais de dois anos tramita naquele órgão da Justiça Eleitoral), fiquei sabendo que, junto com o prazo adicional pedido para apresentação de novas provas, o retardo seria ainda maior em virtude de viagem do ministro Gilmar Mendes. Não se iluda, leitor. 
Não se trata de um bate-volta de Sua Excelência, com assento nas duas cortes (ele preside o TSE e é ministro do STF). Não, Gilmar faz uma conferência em Portugal e acompanhará as eleição francesa, ficando vários dias fora do Brasil graças a esses dois importantíssimos e inadiáveis compromissos internacionais. O ministro está em férias? Não, leitor. Os dois meses de férias a que têm direito os magistrados seguem outra agenda e ela não coincide com os feriados prolongados nem compromete o recesso de duas semanas no final do ano. 

        Não meço titulares de poder como se fossem servidores públicos. Não são.

      Por isso não recebem vencimentos, mas subsídios. Mas o excesso de regalias escancara a porta para abusos e saracoteios como esse do ministro Gilmar Mendes. Enquanto promove encontros em Lisboa para discutir Direito, levando junto Dias Toffoli e três ministros do STJ, a Justiça se arrasta no Brasil pelo caminho tão ajardinado quanto lento da leniência dos prazos nos tribunais superiores. O evento é uma iniciativa periódica do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), do qual Mendes é fundador, e do Instituto de Ciências Jurídico-Políticas da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Tem patrocínio da Associação das Empresas de Saneamento Básico Estaduais (Aesbe), Itaipu Binacional e Federação do Comércio do Rio de Janeiro e apoio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), FGV, Fundação Peter Härbele, Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe). 

        Em primeiro lugar, Gilmar Mendes In Concert. O Brasil fica para a volta.




 Percival Puggina - membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.





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