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sexta-feira, 7 de abril de 2017

A aldeia do desassossego



Da sétima economia mundial encolhemo-nos numa aldeia. Amigos, pobres, ricos, remediados, quer-se recomeçar a viver numa planície minimamente aprazível.  Outros não deixam sua terra. Não falamos em pátria, já que não passa de um símbolo equívoco e o patriota, dizem, geralmente é acometido de males psíquicos. Só nos resta fazer de nosso desassossego nossa felicidade paradoxal.

Como o fez Fernando Pessoa. Certo que todos os momentos da vida, para ele, até mesmo o momento único do dia em que uma costureira dobrava a esquina de sua casa, eram poéticos, ainda que sem o saber com certeza, num mundo diferente, Pessoa ia escrevendo suas impressões em anotações amarrotadas no primeiro papel que encontrava, um recibo do leiteiro, um pedaço de jornal, parte de um recado que lhe mandara o patrão Vasquez, e os depositava numa famosa arca. Lá foram envelhecendo, amarelecendo, sem que Pessoa os publicasse. Fê-lo com alguns, mas a maioria foi póstuma, porque as pessoas, que verdadeiramente amaram um dos maiores poetas da humanidade, cuidaram da prática.

Hoje, a arca editada pode ser sua "magnum opus", genial, boa e má, ao gosto do freguês, como Pessoa gostaria de dizer. Podemos ter acesso ao calhamaço numa livraria brasileira. Essa foi sua vida, de casa para os baixios, de volta à casa, na janela da Rua dos Douradores, na contabilidade do patrão Vasquez. Pessoa, homem franzino, óculos desproporcionais, chapéu que envolvia, talvez, sua timidez natural. Não se dava nada por ele. Amores são possíveis, mas ele guardou em outra arca. Se de cá para lá, ou de lá para cá, não o sabemos. Se encontradiços, também não. As desventuras naturais da vida  o poeta assimilou em lágrimas que formam palavras e versos. No mais, Lisboa, sua amada Lisboa. Não temos notícia de amor tão desmedido por sua cidade que o de Pessoa por Lisboa.

Não viajava, raramente a Cascais, de trem, distância que atravessamos em momentos de automóvel. Morava Pessoa num mundo que era a linguagem. O conjunto de símbolos que nos tornaram humanos; responsáveis por nossa evolução. Comunicamo-nos como por milagre, a língua é nossa mãe, e Pessoa só odiava quem atentasse contra ela. Suas viagens eram literárias. Podemos mesmo perguntar: o que é melhor? Ler uma história sobre tapetes voadores ou ir a Istambul a vê-la, para apregoar nossos conhecimentos. Alguém que viaja ao Oriente será que percebe que, lá, o céu e as estrelas são mais baixos?

Pessoa foi, sem o saber, o reizinho de Lisboa num momento político parecido com o nosso. Podre. De conflito entre o povo e os políticos ou, melhor dizendo, entre os políticos e o povo. Dominadores com suas artimanhas, dominados com suas lágrimas sinceras. As democracias só têm um fundamento crucial: a mentira, sem a qual nenhuma delas sobrevive. Ainda assim, fala-se que o homem conquistou a lua, mas não conseguiu construir um sistema político melhor que a democracia. Mal quebra um galho para vivermos, diríamos.

Se a linguagem era sua mãe, Pessoa não podia admitir que a tisnassem. Por ela conhecia o mundo inteiro. Não sei o que diria de nossos digníssimos arquitetos das redes sociais e de suas mensagens. Dos que viajam o mundo inteiro e não conseguem descrevê-lo; dos que param minutos frente à Torre Eiffel ou ao Louvre e saem satisfeitos, ansiosos pelo almoço. Dos que não conseguem ser monoglotas, mas acessam um arremedo de inglês para dar alguma conta em suas viagens maravilhosas. Temos de sair do País, e gastar muito, para mostrar que somos poderosos brasileiros. Se disser "para mim fazer", não há problemas. Entendemo-nos. O último governo queria oficializar os desacertos, a ponto de editar livros escolares com timbres oficiais encapando edulcorações dolorosas, mas "politicamente corretas".

"Tudo para nós está em nosso conceito de mundo; modificar o nosso conceito de mundo é modificar o mundo para nós, isto é, modificar o mundo, pois ele nunca será, para nós, senão o que é para nós. Aquela justiça íntima pela qual escrevemos uma página fluente e bela, aquela reformação verdadeira, pela qual tornamos viva nossa sensibilidade morta - essas coisas são a verdade, a nossa verdade, a única verdade." (Livro do Desassossego). 

Amigos, nesta quadra melancólica, ao verem os noticiários, a cada dia mais uma denúncia, sempre a mesma justificativa, reiterada, estereotipada, finjam,  finjam tão completamente, e deixem-se a fingir que é dor, a dor que deveras sentem.







Amadeu Roberto Garrido de Paula - Advogado e sócio do Escritório Garrido de Paula Advogados, com uma ampla visão  sobre política, economia, cenário sindical e assuntos internacionais. 



2017: ANO DO REFLEXO DA CRISE. É TEMPO DE FORTALECER AS HABILIDADES E AS COMPETÊNCIAS



Não será em 2017 que o país sairá da crise, mas a expectativa por uma reação favorável na economia tem melhorado.
A taxa Selic começa a cair mais acentuadamente, porém ainda existe uma certa indisponibilidade de crédito por medo da inadimplência, e consequentemente, os juros continuam exageradamente altos devido ao spread aplicado pelo setor financeiro.
Trazendo o ditado popular “vamos arregaçar as mangas”, pois é um novo ano, um novo começo, e que deverá ser somente o reflexo da crise: façamos uma corrente positiva. Quando todos tiverem pelo menos um pouco de otimismo, a situação pode melhorar, mas quando todos falam em crise, fortalece a crise. Cito uma antiga frase britânica, cuja tradução é: “Não devem ser ouvidos os que costumam dizer que a voz do povo é a voz de Deus, pois a impetuosidade do vulgo está sempre próxima da insânia.”
Agora é o momento para os profissionais fortalecerem suas habilidades e suas competências. Em época de crise, existe uma grande demanda de vagas no mercado de trabalho por profissionais diferenciados e atualizados.
Qual é o perfil de profissional que as empresas procuram? As empresas se interessam por atitudes específicas no momento de selecionar um colaborador. São elas: habilidade de comunicação, interesse, facilidade de trabalho em equipe, estar pronto para aceitar desafios diferentes, além de ser comprometido e competitivo. O motivo das empresas em contratar funcionários competitivos é porque eles têm desejo de se superar e não apenas de exibir seus conhecimentos técnicos, o que é muito peculiar à geração Y.
Por outro lado, os profissionais que estão trabalhando – hoje, mais do que nunca – continuarão nas empresas aqueles que realmente fizerem a diferença. As atitudes e as ações contam mais do que a descrição exata do cargo.
Os profissionais aperfeiçoados, reciclados, flexíveis, responsáveis, criativos para superar situações difíceis, capazes de trabalhar em equipe e de agregar valor à marca estarão com os empregos garantidos, principalmente, aqueles que poderão assumir funções dos que já saíram. Os que pensam “não ganho a mais para fazer isso” ou “isso está longe das tarefas que exerço” estão negando o reconhecimento como um bom profissional e estarão rapidamente amargando um desemprego.
Nesta linha é bom frisar que nas empresas, as funções continuam as mesmas, contudo em menor número de pessoas para executá-las.
São constantes as atualizações dos organogramas e nenhum colaborador pode se dar ao luxo de ficar restrito ao que sempre fez nos tempos das “vacas gordas”, quando os custos absorviam os erros, incompetências e desperdícios. Os tempos são outros, a crise mudou a perspectiva das empresas e ninguém é mais exclusivo. Todos devem sair do seu quadrado e ter uma visão horizontalizada da empresa, pois a visão vertical, não tem mais espaço no mundo corporativo.
Esteja pronto para desempenhar as qualidades destacadas e ser um profissional que toda empresa deseja. Pondo-as em exercício, o crescimento e o sucesso serão conduzidos à você naturalmente.




Norberto Chadad - Engenheiro Metalurgista pela Universidade Mackenzie, Mestre em Alumínio pela Escola Politécnica, Economista pela FGV, Master em Business Administration pela Los Angeles University e CEO da Thomas Case & Associados – www.thomascase.com.br


Maioria dos brasileiros conhece alguém que perdeu o emprego, aponta Fiesp



Hábitos de consumo anterior à crise não devem ser retomados após recuperação

O cenário econômico ainda tem impactado fortemente a vida dos brasileiros. Em março, 72% das 1.200 pessoas ouvidas pela pesquisa Pulso Brasil afirmaram conhecer alguém que perdeu o emprego no último ano. O dado representa alta de 14 pontos porcentuais em relação a 2016, quando essa fatia representava 58% dos entrevistados. O número daqueles que conhecem pessoas que perderam o emprego e ainda não conseguiram recolocação também subiu, passando de 21% para 31%. A pesquisa foi encomendada pelo Departamento de Pesquisas Econômicas (Depecon), da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e Ciesp junto ao Instituto Ipsos Public Affairs.

Entre os entrevistados que estão empregados e sentem medo de perder sua ocupação, houve aumento dos que desistiram de contrair novas dívidas ou estão tentando reduzir seu endividamento: de 44% em 2016 para 61% em 2017. Em paralelo a esta tentativa, há redução do número de pessoas que conseguiram mudar seus hábitos de consumo em favor da poupança, saindo de 25% para 13%, indicando que os brasileiros não conseguem reduzir ainda mais seu nível de consumo atual, que já está em patamar baixo por conta da crise econômica.
“Essa mudança de hábito de consumo das famílias é natural, apesar de ser ruim para a demanda. É um comportamento visto principalmente por quem passou por dificuldades. O consumidor está arredio a voltar a hábitos anteriores. É uma sociedade que está atemorizada quanto à ocupação”, analisa Paulo Francini, diretor do Depecon.

Entre os que estão sem emprego, por demissão ou saída voluntária, aumentou o número dos que têm procurado outra fonte de renda (24% para 35%). Destaque também para o recuo de pessoas sem emprego que conseguiram reduzir seus hábitos de consumo (27% para 9%).

Sobre a situação atual de emprego, 57% dos entrevistados declararam permanecer no emprego em que estavam no ano passado. Por outro lado, 12% da população permanece sem emprego e 5% foram demitidos no último ano e não conseguiram recolocação. 

No grupo dos sem emprego estão também 1% das pessoas que pediram demissão e não conseguiram recolocação. Os que optaram por “outras condições” de emprego somaram 20% dos entrevistados.


Expectativa

Quanto ao futuro, 38% dos brasileiros acreditam que a situação do emprego em 2017 continuará ruim e 37% sustentam esperança de melhora.

Em caso de recuperação da economia ainda este ano, a pesquisa aponta uma retomada bastante lenta e gradual do consumo, com 25% dos brasileiros afirmando que não pretendem voltar aos hábitos de consumo que tinham antes da crise, 22% retomando apenas alguns hábitos e 21% retomando os antigos padrões de forma gradual.



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