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quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Criadores do transplante de útero vêm a São Paulo ensinar técnicas a ginecologistas e obstetras



 Médicos suíços pioneiros no procedimento estarão no X Congresso Paulista de Medicina Reprodutiva e I Jornada Internacional de Especialidades da SOGESP


Procedimento inovador já realizado em 12 pacientes em todo o mundo, o transplante de útero é uma alternativa ainda experimental às mulheres que não podem gerar seus filhos devido a algum problema ou ausência do órgão. O tema será destaque no X Congresso Paulista de Medicina Reprodutiva e I Jornada Internacional de Especialidades da SOGESP, em 9 e 10 de dezembro, no Maksoud Plaza Hotel.

Fruto da parceria bem sucedida da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo e a Sociedade Paulista de Medicina Reprodutiva, o evento debaterá, ainda, o que há de mais atual em infecções vaginais, anticoncepção e reprodução.

“Receberemos os suecos Mats Brännström e Pernilla Dahm-Kähler, criadores da técnica, que palestrarão um dia inteiro sobre como desenvolveram este tipo de transplante, as dificuldades enfrentadas, a possibilidade de colocar em prática aqui no Brasil e, provavelmente, estabelecer um relacionamento com algum grupo que tenha interesse em aprender a fazer e estabelecer em serviços nacionais”, adianta dr. Newton Busso, presidente da SPMR e tesoureiro da SOGESP.

Ainda segundo Busso, esta nova tecnologia abre uma porta muito interessante para sua introdução em solos nacionais e até mesmo para que um profissional da área possa atuar in loco. 

Ele traça um paralelo com o advento da fertilização in vitro, cujo primeiro registro data de 1978, na Inglaterra - no Brasil, o primeiro publicado foi em 1984.

“Naquela época, a implantação levou 6 anos; não sei se demorará o mesmo tempo, uma vez que hoje seguramente a velocidade do conhecimento é maior. Podemos falar em curto e médio prazo até alcançarmos o know how necessário para colocar essa técnica à disposição”, afirma.

Ao todo, são 12 casos já registrados no mundo, outros em andamento e que não foram publicados ainda. Até chegar ao sistema de saúde, tanto público (hospitais escola) quanto privado, ainda há um longo caminho de maturação.


Sobre o transplante

Aproximadamente 1 a cada 500 mulheres sofrem com problemas no útero. O número de histerectomias aumentou progressivamente, e com a chegada desta tecnologia elas têm a possibilidade de gerar o próprio filho. “Os aspectos emocionais envolvidos na gestação, sem precisar recorrer à outra pessoa, são importantes e merecem ser considerados. Do ponto de vista psicológico, proporciona bem estar e independência a esta mulher que não considerava conceber, diante da possibilidade de ser colocado em prática em um futuro breve”, explica. 

Esse novo tratamento abre a perspectiva de que essa mulher receba um útero transplantado e tenha uma gestação futura, à semelhança de receber um rim, um fígado, entre outros órgãos possíveis de transplante.”O que muda é a funcionalidade. Não basta implantar, checar rejeição e menstruação, mas deixá-lo em condições de engravidar, para que o bebê tenha um desenvolvimento adequado. A função dele é mais ampla, o que provavelmente dificultou a sua realização no passado – claro, a dúvida foi sanada, já existe bebê nascido após o procedimento. É essencial checar se é viável para fazer em grande escala”, alerta dr. Newton.

O procedimento é indicado às pacientes inférteis, que não conseguem engravidar em decorrência de um problema anatômico ligado ao útero, seja uma patologia ou sua ausência, o que é mais comum. Atualmente, no Brasil, a alternativa mais comum é a cessão temporária de útero, a famosa barriga de aluguel.



ESCASSEZ DE LACTOBACILOS NO ÚTERO ESTÁ RELACIONADA COM BAIXO RESULTADO REPRODUTIVO



  




  • Segundo estudo, 50% das mulheres inférteis submetidas ao estudo apresentaram baixa abundância de Lactobacillus
  • A taxa de implantação de embriões após tratamento de fertilização in vitro das pacientes com escassez de Lactobacilos foi de 23%, enquanto o grupo abundante em Lactobacilos atingiu 61%.
  • A taxa de aborto das pacientes com baixa presença de Lactobacilos no útero foi de 60%, comparado com 16% no grupo que apresentava um perfil dominante de Lactobacilos


Estudo publicado na revista científica internacional American Journal of Obstetrics and Gynecology confirma a existência de bactérias no endométrio (tecido interno do útero) e associa a baixa presença de Lactobacilos a uma maior dificuldade de engravidar.

A publicação do artigo “Evidence that the endometrial microbiota have an effect on implantation success or failure” foi realizada por cientistas da Igenomix, empresa espanhola de biotecnologia e genética, que identificou dois perfis microbianos de útero através da técnica de sequenciamento massivo: “Dominado por lactobacilos (LD)” e “Não dominado por lactobacilos (NLD)”.

Dra. Inmaculada Moreno, autora principal da pesquisa, explica que após constatar a presença das bactérias, o segundo passo foi questionar se elas influenciavam no prognóstico de gestação das pacientes de tratamentos de reprodução humana assistida. “Para responder essa pergunta precisávamos comparar as pacientes com a flora dominada por lactobacilos com as que tinham escassez do mesmo”, conta Dra. Inmaculada.

Participaram do estudo 35 pacientes de reprodução humana. Os resultados comparativos evidenciaram uma diferença drástica na taxa de implantação, que é a confirmação da gravidez através da fixação do embrião no útero materno. A população de Lactobacilos também mostrou relação com a incidência de abortos espontâneos.
A taxa de implantação dos embriões após tratamento de fertilização in vitro das pacientes com escassez de Lactobacilos foi de 23%, enquanto o grupo abundante em Lactobacilos atingiu 61%. Por outro lado, a taxa de aborto das pacientes com baixa presença de Lactobacilos no útero foi de 60% ao mesmo tempo que o grupo de comparação abundante nessas bactérias foi de 16%.

Ao concluir o estudo, nenhuma das pacientes com escassez de lactobacilos no endométrio deu à luz a um bebê, enquanto no grupo LD tiveram 10 nascimentos. “Estamos trabalhando intensamente nas pesquisas relacionadas ao endométrio, pois está constatado em diferentes âmbitos sua importância já que suas condições são fundamentais para o desenvolvimento de uma gestação”, explica Dra. Marcia Riboldi, diretora do laboratório Igenomix no Brasil.

“Mesmo quando o endométrio é morfologicamente normal e os embriões são saudáveis, o tratamento de Fertilização in Vitro pode fracassar. 25% das vezes isso acontece devido ao momento da transferência do embrião ao útero materno.  Estudando a expressão de 238 genes conseguimos ajudar a encontrar a solução para este problema com o teste ERA. Porém, percebemos que poderiam existir mais aspectos que ajudariam a melhorar os resultados dos tratamentos de infertilidade e por isso passamos a dedicar mais tempo e recursos para entender o endométrio. Esta dedicação nos possibilitou identificar as bactérias e detectar a influência da população de Lactobacilos no prognóstico de gestação”, conclui Dra. Marcia.

As pacientes que participaram do estudo realizaram o teste ERA de receptividade endometrial, confirmando que a elevada taxa de não implantação do grupo NLD estava diretamente relacionada ao microbioma do útero.

Tratamento para o útero com escassez de lactobacilos

Conhecendo o microbioma do útero da paciente é possível tratar sua flora no caso de bactérias NLD antes da transferência embrionária, aumentando consideravelmente as chances de sucesso do tratamento.

Os resultados da pesquisa apontam a necessidade de desenvolver um teste diagnóstico como parte dos exames que analisam a fertilidade do casal. Atualmente cerca de 20% das causas de infertilidade são de origem desconhecida (ESCA – Esterilidade sem causa aparente). A estabilização da flora endometrial, desconsiderada até o momento, poderia explicar e solucionar uma parte desses casos.
Além da Igenomix, participaram da investigação científica a Universidade de Valência e as empresas Biopolis, INCLIVA e Lifesequencing (Parque Científico da Universidade de Valencia).


IGENOMIX



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