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terça-feira, 1 de novembro de 2016

LUTO: A PERDA DE ALGUÉM QUE SE AMA E AS DIFICULDADES DO PROCESSO




O luto é um processo psíquico de elaboração de uma perda a partir do rompimento de um vínculo significativo.A dor pela perda de alguém que se ama é algo subjetivo e pessoal. Depende de uma série de fatores que mudam de relação para relação. Cada dor é única e como não se sabe exatamente o que acontece depois que alguém morre, quem fica tem o grande desafio de renascer de uma dor profunda. “A morte de um cônjuge, por exemplo, traz mudanças na vida do parceiro,que terá que aprender a conviver com a ausência física daquela pessoa. E as mudanças acontecem desde aspectos práticos do dia a dia, até os subjetivos que permeiam a relação”, explica a psicóloga Juliana Guimarães, especialista em luto e sócia da clínica EntreSeres.

Quando a perda é repentina, como no caso de acidentes, ou latrocínios, existe o fator do inesperado, que pode dificultar o processo de luto, pois quem fica não tem a chance de se despedir, de fechar ciclos, resgatar histórias passadas não digeridas, e outras oportunidades. “Essas oportunidades podem ajudar no processo de enfrentamento da perda, mas não se pode afirmar que a morte repentina é pior ou melhor do que uma longa despedida, no caso de alguém doente”, explica Juliana. “Cada luto é único, porque cada relação é única, e quando falamos em vínculo estamos falando de algo muito pessoal, como por exemplo, o lugar que aquela pessoa ocupava em cada uma de suas relações”.


As fases do luto
O conceito de fases do luto surgiu para ajudar na compreensão desse processo complexo que é o enfrentamento de uma perda. Diversos estudos científicos elencaram comportamentos e emoções que costumam ser comuns aos enlutados. “Nem todo mundo sente tudo, passa por ‘todas as fases’. O luto é um processo dinâmico e fluido”.  Mas dentre os comportamentos e emoções que costumam aparecer estão:


Negação: entorpecimento, com atitudes de choque, descrença e mecanismos de defesa da negação que costumam acontecer em um primeiro momento após a perda;

Protesto: na medida em que surge a consciência da perda estariam manifestações de raiva, protesto e busca pela pessoa perdida. Essa fase também pode ser marcada por desorganização, desespero, melancolia, raiva e culpa.

Reestruturação: quando o enlutado adquire mais tolerância às mudanças econsegue se reorganizar.    


O apoio social, de amigos e familiares, é um potente recurso nesse processo. “Oferecer ajuda na parte burocrática dos rituais, cuidados com alimentação e hidratação, disponibilidade para estar com aquela pessoa nos momentos em que ela precisar, manifestações de carinho, suporte no retorno à rotina, são movimentos que amigos de enlutados podem fazer para ajudar”, diz Juliana. “O enlutado precisa estar cercado de amor e de presenças que dêem a ele sensação de segurança, que é uma das coisas mais abaladas quando perdemos alguém ou algo muito importante para nós”.

O luto é um processo que transforma as pessoas, que pede delas uma revisão da vida,ressignificando alguns aspectos. Passar pelo luto não é fácil, mas é possível sair dele transformado, com mais aprendizado e com mais recursos para se enfrentar dores.






Juliana Guimarães - psicóloga, especializada em Teoria, Pesquisa e Intervenção em Luto e terapeuta familiar.


Sobre a EntreSeres
A Entre Seres das psicólogas Juliana Guimarães e LectíciaRapôso, é uma clínica que oferece psicoterapia individual, de casal ou família, em um espaço acolhedor na zona Sul de São Paulo. Ambas as especialistas consideram o papel do terapeuta como um facilitador do processo de ampliação das possibilidades de estar no mundo de relações. Além do atendimento terapêutico, a clínica também é um espaço de encontros reflexivos no projeto “EntreSaberes”. www.entreseres.com.br

Saudades, sim. Tristeza, não



Neste mês de novembro lembramos, de maneira especial, dos entes queridos que já partiram. É normal chorar o vazio da saudade. Mas, reviver as virtudes, os bons exemplos e o carisma de quem partiu é um grande estímulo para vivermos melhor, na certeza de que, com nossas almas purificadas, estaremos um dia juntos novamente. É essa certeza que deve sobrepor-se à tristeza e à dor da separação, acompanhada da consciência de que a vida neste mundo é finita.

Em geral, na medida em que vamos envelhecendo, adquirimos consciência de que devemos estar preparados para um dia encerrar nossa caminhada neste mundo. Envoltos em sonhos de conquistas e realizações, os mais jovens, como é natural, tendem a fugir dessa certeza de finitude, da qual somente se aproximam em momentos de perdas – do pai, da mãe, de um irmão, de amigos. E as separações são sempre mais traumáticas em caso de um acidente ou de doenças graves prematuras.

Jovens ou idosos, todos devemos ter a consciência de que ninguém vive para sempre – exceto nossas almas. Como o nascimento de uma criança é sempre fonte de grande felicidade para uma família, devemos estar certos de que a morte é o renascimento para a eternidade. É essa certeza, pregada por todas as religiões, que dá sentido à nossa vida aqui na Terra e alimenta nossa luta em busca da Verdade.

O grande autor e líder espiritual japonês Ryuho Okawa nos lembra, em Mensagens do Céu (IRH Press do Brasil), que “tanto Buda quanto Jesus ensinaram que a alma é nossa verdadeira natureza e que estamos vivendo neste mundo apenas temporariamente. Essas verdades nunca irão mudar” e apenas precisam ser transmitidas em linguagem atual às pessoas de nosso mundo materialista e consumista.

“O mundo precisa de conhecimento espiritual, isto é, saber de onde vêm as almas e para onde irão após a morte. É essencial para a nossa felicidade sabermos que somos seres espirituais”, diz Okawa. “Não importa o quanto acumulemos de conhecimento, não teremos sabedoria de fato e não encontraremos o caminho de casa se não soubermos de onde viemos e para onde vamos.”

Somente com essa fé na eternidade conseguiremos aceitar as marcas do tempo e nosso próprio fim. William Shakespeare, em seu Soneto 19, descreve de forma magistral o envelhecimento. Refere-se ao tempo como voraz, que “corta as garras do leão” e “arranca os dentes afiados da feroz mandíbula do tigre”, não evitando nem o “crime hediondo” de marcar “com as horas” a bela fronte de um amor. Mais lírico, o educador e poeta Rubens Alves diz que “Deus existe para tranquilizar a saudade. Quem é rico em sonhos não envelhece nunca. Pode até ser que morra de repente. Mas morrerá em pleno voo...”

Que este mês de novembro reavive em cada um de nós, idosos ou não, a consciência de que devemos estar sempre preparados para deixar este mundo, vivendo cada dia como se fosse o último, com fé, amor, confiança e tranquilidade. Em As Leis da Sabedoria, outro de seus mais de dois mil livros publicados, Ryuho Okawa ensina que, “depois da morte, a única coisa que o ser humano pode levar de volta consigo para o outro mundo é seu ‘coração’. Dentro dele reside a ‘sabedoria’”. O autor afirma que “é importante que você leve um tipo de vida que não seria motivo de vergonha ou desonra se você estivesse no mundo celestial” (do livro Trabalho e Amor).

Que a lembrança dos que já partiram renove nossa fé em uma vida eterna e nos estimule a imitar os bons exemplos e as virtudes cultivadas pelos entes queridos, realizando nossos próprios sonhos de felicidade. A lembrança de tudo o que eles fizeram de bom ao longo de sua vida é um grande estímulo em nossa caminhada. Saudades, sim. Tristeza, não.




 Kie Kume - gerente da editora IRH Press do Brasil, que publica em português as obras de Ryuho Okawa. Um dos autores mais prestigiados no Japão, Okawa tem mais de 2.100 livros publicados, ultrapassando 100 milhões de cópias vendidas, em 28 idiomas. (www.irhpress.com.br)



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