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quinta-feira, 28 de julho de 2016

Judicialização




Têm sido reiterados os comentários sobre a judicialização da política brasileira. Houve tempo, não muito distante, em que o tema "justiça" não era parte de nosso temário político. Acostumados, pelo regime militar, a considerar a justiça algo secundário e opresso, governos que se lhe seguiram, mesmo após o advento da Constituição de 1988, continuaram a produzir leis sem dar a mínima à Constituição e aos Tribunais. Foi o período de predomínio dos economistas. Segundo seus defensores, uma boa ideia econômica não poderia ser limitada por uma lei. Poderíamos lembrar a doutrina da superestrutura. Antes das demais instituições, está a realidade econômica. A crise prolongada do capitalismo contemporâneo demonstra que o direito é melhor dominado pelos cérebros - mais exatos - que a economia, que balança como a relva ao sabor dos ventos.

Se os destinatários da Constituição fossem comprometidos com seus preceitos, não haveria intervenção do Poder Judiciário. Como é corriqueiro, este somente intervém se uma lei é violada ou supostamente violada. Uma vista sobre a história recente do STF e a inconstitucionalidade das leis, nos permite dizer que o STF interveio, em maior escala, para resolver conflitos de competências. Inconstitucionalidade meramente formal.

Começa-se com as medidas provisórias. A maioria é inconstitucional, porquanto as matérias que regulam não são urgentes e relevantes. O STF fez vistas grossas a esses requisitos, transferindo-os ao próprio Legislativo. Os governos democráticos governam em sentido adverso ao Estado Democrático de Direito. O governo provisório de Michel Temer já agiu por meio de um número predominante de medidas provisórias. Visto que travam as pautas do Congresso, são aprovadas a toque de caixa. Nesse processo agitado, passam muitas leis inconstitucionais.

Nosso ordenamento jurídico prevê ações declaratórias diretas de inconstitucionalidade, de constitucionalidade, e arguições de descumprimento de preceito fundamental. Estas últimas entraram indevidamente na moda, como se todos os preceitos, princípios e garantias da Constituição fossem fundamentais.

Poucas vezes o STF examinou inconstitucionalidades relativas aos direitos humanos. Por sua repercussão maior, entretanto, geram uma falsa impressão. A repercussão do não recebimento, pelo atual sistema Constituicional, de lei de imprensa, que a amordaçava, é várias vezes maior que a de uma demanda que trata de violação do princípio federativo.

Fala-se que dar-se legitimidade às associações de âmbito nacional e aos sindicatos de trabalhadores para provocar o exame de constitucionalidade é um erro. Erro de quem assim se pronuncia. Faça-se justiça do Ministro Gilmar Mendes, que, recentemente, em sessão do Plenário, prestigiou o sistema, com a observação de que as ações não os incomodam, antes os auxiliam no cumprimento de seu papel histórico, uma vez que o Tribunal não pode agir "ex officio" ("nemo iudex sine actore"). E que a legitimidade para as demandas dessas entidades deveria ser ampliada, posto que, hoje, somente podem cuidar de seus interesses corporativos. Infelizmente, há os que não gostam de julgar e, portanto, pretendem retirar essas prerrogativas das supramencionadas entidades. Ademais, a judicialização só ocorre se o Tribunal acolher o pedido, julgando procedente, em todo ou em parte, a demanda. É a decisão, não a petição inicial, que judicializa.

Em resumo, a judicialização é um mal, ao implicar na confusão de competências entre os poderes. Não, porém, a ponto de criar crise institucional. Basta que os políticos, encarregados de fazer as leis, deixem de ouvir o que diz a Constituição Federal e as Constituições Estaduais como um canto de sereia.





Amadeu Garrido - advogado e poeta. autor do livro Universo Invisível, membro da Academia Latino-Americana de Ciências Humanas. 

Dor: Passado, Presente e Futuro



Neurocirurgião especialista em dor faz um panorama dos tratamentos da dor e antecipa inovações do futuro

Segundo a IASP (International Association for the Study of Pain), a dor é uma experiência sensitiva e emocional desagradável, associada com lesão tecidual atual ou potencial. Ela afeta a maioria das pessoas ao longo de suas vidas, de forma aguda ou crônica, e quando contínua, de longo prazo, compromete funções laborativas e sociais dos indivíduos, com consequências muitas vezes irreversíveis, com perdas familiares e de sustento. Diante disso, a dor, que até então tem sido objeto de estudos científicos por anos para seu melhor entendimento e desenvolvimento de tratamentos que visem amenizar seus sintomas, parece agora vislumbrar outros horizontes, onde ela possa nem mesmo existir na maioria dos casos.

Como explica o neurocirurgião especialista em dor, Dr. Claudio Fernandes Corrêa, no passado, a dor era traduzida como expressão de alguma agressão ou, ainda, no contexto teológico, como fonte de sofrimento e punição que deveria ser aceita como tal. Com o passar do tempo e os devidos esclarecimentos obtidos a respeito da biologia humana, suas doenças e as suas consequências no estado físico e emocional, a dor passou a ter um foco diferenciado de atenção para a sua contenção. “Se antes ela era vista como uma consequência natural de alguma disfunção, acidente, destino, com a obtenção de novos conhecimentos médico-científicos foi possível contextualizar a sua existência como algo tão importante quanto à doença de base que a gerava e a permanente necessidade de cuidados especiais que, inclusive, ajudassem no tratamento desta”, relata dr. Claudio.

O caminho para o futuro neste campo, no entanto, prevê mais que a amenização ou cura da dor, mas fazer com que ela seja de fato, prevenida na maioria dos casos.

Tendo como parâmetro a idade média, onde predominava os procedimentos ablativos (de corte) fomos evoluindo gradativamente.

“Um exemplo de técnica rudimentar, era o uso da trepanação para o tratamento de dores de cabeça, e que consistia em abrir um buraco no crânio do paciente com uma broca neurocirúrgica. Apesar de assustador e bastante invasivo, os médicos da época acreditavam que o procedimento ajudaria a aliviar a pressão que causava o quadro doloroso. Hoje, sabendo que existem mais de 150 tipos de dores de cabeça, com gatilhos de crise bem conhecidos, percebe-se o quanto evoluímos com o desenvolvimento de medicamentos inteligentes, orais e injetáveis, bem como com o apoio de procedimentos operatórios, além das terapias mentais e físicas para o seu alívio”.

Em um processo evolutivo, desde então, temos os procedimentos cirúrgicos cada vez menos necessários e menores, conhecidos como minimamente invasivos. Do ponto de vista medicamentoso, o aprimoramento do manejo de opioides tem garantido mais qualidade de vida, com segurança, a pacientes crônicos e terminais. Neste contexto, bombas de infusão abastecidas periodicamente pelo médico responsável e administradas pelo próprio paciente têm se mostrado bastante eficientes.

Outro destaque é a neuroestimulação cerebral profunda, em que um eletrodo implantando em pontos estratégicos no cérebro do paciente consegue regular suas ondas cerebrais para o controle da dor.

Para o futuro tratamento da dor, alguns estudos apontam para linhas bastante inovadoras e promissoras, tais como:

- Scanneamento de bebês para mapeamento do seu DNA, identificando a predisposição ao desenvolvimento de doenças futuras, e cujo tratamento seria o recorte destes genes. Esta técnica também é conhecida como Photoshop Genético e também poderá ser utilizada por casais que planejam ter filhos, com mapeamento e cruzamento prévio de seus próprios genes antes de engravidarem.

- Diagnóstico Portátil: uma escova de dente, com dispositivos eletrônicos, identificará vírus e bactérias antes mesmo de eles se manifestarem no organismo, tornando a profilaxia prévia do indivíduo. 

- Fonte da Juventude: doenças degenerativas típicas do envelhecimento e que são as maiores responsáveis pelas dores crônicas poderão ser contidas com terapias de rejuvenescimento celular.

“Em resumo, ainda que não seja possível prever traumas, acidentes e alguns adventos agudos que geram a dor, a medicina se prepara para cada vez mais absorver casos em que ela seja previsível no médio e longo prazo, especialmente como consequência de doenças já conhecidas, e, desta forma, poder antecipar e aperfeiçoar tratamentos antes mesmo de ela se instalar”, finaliza o especialista. 




  
Dr. Claudio Corrêa - Com mais de 30 anos de atuação profissional, Dr. Claudio Fernandes Corrêa possui mestrado e doutorado em neurocirurgia pela Escola Paulista de Medicina/UNIFESP. Especializou-se no tratamento da dor aliado a neurocirurgia funcional – do qual se tornou uma das principais referências no Brasil e também no Exterior. É também o idealizador e coordenador do Centro de Dor e Neurocirurgia Funcional do Hospital 9 de Julho, serviço que reúne especialistas de diversas especialidades para o tratamento multidisciplinar e integrado aos seus pacientes. Currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4734707Z5

Por que o brasileiro é apaixonado por açúcar?



 Parte da cultura e história do mundo, o ingrediente se mantém até hoje como umas das principais fontes de alimento e de renda no País 


Pesquisa realizada com pacientes do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia no âmbito da Campanha Doce Equilíbrio identificou que 71% da população consome açúcar habitualmente e, desse total, 26% ingere alimentos açucarados todos os dias. Os dados reforçam a forte ligação do brasileiro com o açúcar, o que já vem de muitos séculos. Além de ser a principal fonte de energia utilizada pelo cérebro, o ingrediente traz a sensação de bem-estar e ainda tem um papel muito importante na culinária.
Esses fatores compõe um cenário histórico e cultural relevante conhecido também como a Rota do Açúcar. Decorrente do processamento da cana, que tem seu primeiro registro há cerca de 12 mil anos, o produto chegou ao Brasil com as caravelas de Cabral, no século XVI, época do Descobrimento. Os portugueses estabeleceram engenhos de cana no País e trouxeram a tradição dos doces e da utilização do ingrediente em diversos pratos.
O produto foi a principal fonte de renda do Brasil no período colonial, e até os dias atuais tem forte presença na economia e na rotina alimentar dos brasileiros, principalmente nos preparos culinários de doces e bebidas. Como mostra a pesquisa feita no Instituto Dante Pazzanese, 88% dos que consomem açúcar afirmam utilizar o ingrediente no chá ou café, enquanto 62% preferem adicioná-lo em sobremesas e bolos.
Segundo o antropólogo e autor do livro Caminhos do Açúcar, Raul Lody, “o paladar doce é extremamente cultural, foi desenvolvido a partir do costume português de acrescentar o produto aos diversos alimentos e usá-lo em diversos tipos de celebrações. Deste modo, o brasileiro criou uma memória baseada nesta tradição.”
Na Idade Média, o açúcar foi considerado uma especiaria. Mais caro que o grama do ouro, era utilizado como medicamento e entregue como presente para papas, reis e nobres. Além de sua raridade, que provocava cobiça, associava-se aos produtos do Éden, aproximando homens e deuses.
Raul Lody explica que, por esses motivos, até hoje o doce é valorizado como um presente ou uma experiência gastronômica de grande valor. “Formou-se no mundo um entendimento de que tudo aquilo que chega do açúcar da cana está repleto de significados, de alegria a prazer”, afirma.

Equilíbrio:
Nos dias atuais, um dos assuntos mais discutidos em torno do ingrediente é a sua relação com algumas questões de saúde. A boa notícia é que o açúcar pode ser consumido normalmente, levando sempre em conta a recomendação da nutricionista Marcia Daskal, de que a ingestão deve ser feita de forma equilibrada.

“As
pessoas gostam de comer produtos açucarados e não há problema se isso acontecer diariamente, desde que se avalie a quantidade. Precisamos parar de eleger vilões e resgatar o prazer pela comida. Olhar para o alimento não isoladamente, mas num contexto de vida”, salienta a especialista.
Com séculos de história, o uso do açúcar e das demais especiarias fez nascer e crescer uma gastronomia com centenas de criações. “O ingrediente não só dá prazer, mas também auxilia o organismo a ser mais produtivo. Por este motivo, é uma paixão mundial, não devendo ser excluído do cardápio e sim valorizado”, complementa Marcia. 
Sobre a pesquisa: “Consumo equilibrado: uma nova percepção sobre o açúcar”
A pesquisa realizada pelo Instituto Dante Pazzanese para a Campanha Doce Equilíbrio tem o objetivo de compreender os hábitos e comportamentos de quem consome açúcar. Foram realizadas 1.199 entrevistas com homens e mulheres de 18 a 85 anos – pacientes do ambulatório do hospital e pertencentes às classes A, B e C – durante os meses de setembro e dezembro de 2015.


Sobre a campanha Doce Equilíbrio:
A Campanha Doce Equilíbrio é uma iniciativa da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA) e tem como objetivo promover a informação sobre o equilíbrio na alimentação e estilo de vida. Equalizando o debate sobre o açúcar como componente que pode e deve fazer parte de uma vida saudável, a campanha visa o bem-estar da sociedade. Nas plataformas de blog (http://www.campanhadoceequilibrio.com.br/), Facebook (www.facebook.com/campanhadoceequilibrio) e Instagram (http://instagram.com/campanhadoceequilibrio), o público pode acompanhar e participar interativamente dos conteúdos relacionados ao universo do açúcar. O projeto conta ainda com o apoio da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (SIAMIG), do Sindicato da Indústria de Fabricação de Etanol do Estado de Goiás (SIFAEG) e do Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool do Estado da Paraíba (SINDALCOOL).

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