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Com que
frequência você sente raiva? Se você respondeu que sempre ou quase sempre,
fique tranquilo! Isso porque a raiva é um sentimento humano básico e natural
que pode aparecer da ideia de que fomos injustiçados ou ainda quando uma regra
nossa é quebrada internamente. Entretanto, se a raiva saiu do controle, ela
pode afetar suas relações no trabalho, na família e com os amigos, o que
impacta na qualidade de vida em geral.
Segundo Carolina Marques, psicóloga e neuropsicóloga, a raiva é
um estado emocional que pode variar de uma irritação leve a uma fúria intensa.
A raiva causa uma liberação de neurotransmissores como a adrenalina e
noradrenalina e por esta razão, ela leva a mudanças fisiológicas, como aumento
dos batimentos cardíacos, elevação da pressão arterial, assim como deixa a
pessoa com mais energia e disposição.
“A raiva pode surgir por eventos internos ou externos. Podemos sentir raiva de
uma pessoa, de uma situação ou ainda de alguma memória traumática, que
desencadeia esse sentimento. De qualquer maneira, a raiva comunica que algo
está muito errado e precisa da nossa atenção”, diz Carolina.
A raiva nossa de cada dia
“Cada pessoa tem uma maneira particular para lidar com a raiva. Entretanto,
quem não lida bem com essa emoção tende a ser mais “esquentado”, sente raiva
mais facilmente e com mais intensidade. O mais agravante desta emoção é
que, frequentemente, gera algum tipo de agressão, e por esta razão suas
consequências podem ser irreversíveis”, diz Carolina.
Há ainda pessoas que não demonstram a raiva, mas se sentem cronicamente
irritadas e mal humoradas. Em geral, são pessoas com baixa tolerância à
frustração. Para Carolina, as explicações podem ser genéticas e socioculturais.
“Algumas crianças já nascem irritadas, mais sensíveis e propensas a sentir
raiva com mais facilidade. Esses sinais já podem ser notados inclusive nos
primeiros anos de vida. Em relação ao fator sociocultural, um exemplo é que em
muitas famílias, culturas e religiões a raiva é vista como um sentimento
negativo e que não deve ser expresso. Como resultado, essas pessoas não sabem
lidar com a raiva de forma construtiva”, explica Carolina.
Libere a raiva para não adoecer
A raiva não gerenciada pode se transformar em ressentimento, culpa, medo,
rejeição, frustração e em doenças físicas e psiquiátricas, sem contar os
prejuízos sociais quando a raiva vira agressão, que é um comportamento e não um
sentimento. Por isso, é preciso aprender a lidar com a raiva de forma positiva.
A neuropsicóloga explica que quando a raiva é expressa, o sistema nervoso
simpático é despertado e isso ajuda na produção de linfócitos e estimula as
respostas imunológicas em curto prazo. “No entanto, quando a raiva ou o
sofrimento não são expressos ou tratados de maneira construtiva, o cortisol
pode se elevar. Esse aumento do cortisol está relacionado com o estresse
crônico que enfraquece o sistema imunológico, deixando o organismo mais
suscetível a doenças cardíacas e ao câncer, por exemplo,”, cita a psicóloga.
“Quando a raiva é reprimida, o corpo e os sistemas permanecem despertos,
bioquimicamente estimulados. Ao se recusar a tomar consciência da raiva e não
expressá-la, você perde a oportunidade de consertar algo que está erado e
finalizar as respostas do corpo que foram desencadeadas. Como isso, é mais
difícil para o organismo acalmar a excitação e recuperar o equilibro para
voltar ao normal”, explica Carolina.
Como lidar com a raiva de maneira positiva:
1- Pense antes de falar:
No auge da raiva podemos falar coisas das quais vamos nos arrepender depois.
Então, nada melhor que esperar um pouco até se acalmar.
2- Expresse a raiva:
Por outro lado, não é bom esperar muito para resolver a questão. Portanto,
assim que você voltar ao normal coloque seus sentimentos para fora, fale,
converse a respeito, mas evite o confronto.
3- Gerencie o estresse:
A raiva muitas vezes pode aparecer devido ao estresse. Pratique atividade
física, coma de forma saudável, invista no seu lazer ou em qualquer atividade
que ajude a diminuir o estresse.
4- Identifique soluções:
Em vez de ficar com raiva da situação, procure pensar em maneiras de
resolvê-la, principalmente se são recorrentes. Lembre-se que a raiva não
resolve nada, mas atitudes sim.
5- Procure um psicólogo:
Se a raiva está impactando na sua vida profissional e pessoal, causando
prejuízos e você não sabe lidar com ela, o ideal é procurar ajuda de um
psicólogo.