Pesquisa do BCG em parceria com a The Network afirma que 75% dos
brasileiros estariam dispostos a trabalhar no exterior. No universo dos 197
países e 366 mil participantes, porém, esse número cai para 57%
O brasileiro está mais propenso a buscar
oportunidades de trabalho fora do País. A conclusão é da pesquisa Decoding
Global Talent 2018, realizada pelo The Boston Consulting Group
(BCG) em conjunto com a The Network, que teve a Catho como parceira local.
Segundo a pesquisa, 75% dos 1.358 brasileiros entrevistados estariam dispostos
a trabalhar no exterior – há quatro anos, esse índice era de 63%. Os resultados
mostram também o Brasil na contramão da tendência mundial: na média, 57% dos
366 mil profissionais ouvidos em 197 países imigrariam em busca de
oportunidades profissionais, um número considerável, mas sete pontos
percentuais abaixo do registrado em 2014.
A queda na mobilidade é particularmente
sentida em algumas economias emergentes. Um exemplo é a China, onde apenas 33%
dos trabalhadores estão propensos a buscar oportunidades fora de seu país. Isso
representa um aumento significativo no poder de retenção de talentos em relação
a 2014, quando a mobilidade chinesa era de 61%. Uma das explicações para esse
fenômeno é o forte investimento do país em inovação, o que se mostra um
atrativo para os trabalhadores que desejam avançar em suas carreiras.
Profissionais da Polônia, Croácia, Eslovênia e Romênia também reverteram a
tendência de quatro anos atrás, ficando agora abaixo da média de mobilidade
global. Eles estão entre os países da Europa Central e Oriental cujas economias
decolaram e que agora oferecem melhores oportunidades de trabalho.
Dentre as razões que motivam os profissionais
brasileiros a saírem do país estão, por ordem de importância: adquirir
experiência de trabalho; ampliar a experiência pessoal; encontrar melhores
oportunidades de carreira; ter oportunidade de vivenciar uma nova cultura; e
conquistar um melhor padrão de vida. Vale destacar, ainda, que o Brasil também
não é um destino relevante para os outros países – está em 23º lugar no ranking
global (em 2014, ocupava o 22º). Somos mais atrativos para moradores do Peru,
da Angola e da Argentina.
“Os números mostram que jovens e
profissionais com maior nível de estudo não enxergam o Brasil como a melhor
opção para desenvolver suas carreiras e que esse problema ultrapassa nossas
fronteiras, já que também temos dificuldade de atrair estrangeiros. Para lidar
com esses desafios e garantir um crescimento sustentável, as organizações
precisam mais do que nunca conhecer a fundo os desejos e as expectativas desses
profissionais”, ressalta Manuel Luiz, sócio do BCG líder da prática de Pessoas
e Organizações.
A pesquisa também apontou que os destinos
preferidos dos brasileiros são: Estados Unidos, Canadá, Portugal, Austrália,
Alemanha, Espanha, Reino Unido, Itália, França e Argentina. Já o top 10 dos
destinos mais atrativos no ranking global é composto por Estados Unidos,
Alemanha, Canadá, Austrália, Reino Unido, Espanha, França, Suíça, Itália e
Japão. Embora os EUA ainda sejam o destino de trabalho mais popular em todo o
mundo, agora é menos atraente — em meio à volatilidade de sua política
nacional. Outros pontos de destaque da pesquisa são a perda de popularidade do
Reino Unido (de segundo para quinto lugar) e a ascensão da Alemanha (de quarta
para a segunda posição).
Além do Brasil, a vontade de trabalhar no
exterior aumentou substancialmente nos Estados Unidos e no Reino Unido e está
acima de 70% em grande parte da África e de 90% na Índia. Outro recorte
relevante é que 67% de especialistas em áreas como design de interface de
usuário, desenvolvimento de aplicativos móveis e inteligência artificial ou
aprendizado de máquina dizem que estariam dispostos a se mudar. Isso é dez
pontos percentuais acima da média global.
A pesquisa destacou, ainda,
uma realidade que deve ser considerada pelas empresas: a ênfase que os
profissionais colocam globalmente no bom relacionamento com colegas e
superiores e em questões que envolvem o equilíbrio entre vida profissional e
pessoal. As prioridades apontadas por eles para ter satisfação em seus
empregos, por ordem de importância, foram: boas relações com colegas; bom
balanço entre vida profissional e pessoal; bom relacionamento com o superior;
oportunidades de aprendizado e treinamento; desenvolvimento de carreira;
estabilidade financeira do empregador; estabilidade no trabalho; compensação
financeira; apreciação do seu trabalho pela empresa; e um trabalho interessante.
The Boston Consulting Group (BCG)